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A formação continuada de professores é tratada por diversos autores como um grande de- safio que o profissional docente enfrenta para manter-se atualizado e desenvolver práticas pedagógicas eficientes. Da formação inicial às atividades práticas, o profissional docente deve estar consciente de que sua formação é permanente e integrada no seu dia a dia. Ao refletir so- bre sua prática poderá direcioná-la segundo a realidade em que atua, voltada aos interesses e às necessidades dos alunos. Nesse momento, o trabalho em equipe se revela importante com a finalidade de evitar que os professores conduzam seus trabalhos isoladamente em diferentes direções, pois a produção de práticas educativas eficazes surge de uma reflexão da experi- ência pessoal partilhada entre os colegas na prática docente. Existem situações conflitantes, desafiantes, que a aplicação de metodologias convencionais simplesmente não resolve. Não se trata de abandonar a utilização da técnica na prática docente, mas haverá momentos em que o professor estará em situações conflitantes e não terá como guiar-se somente por critérios técnicos pré-estabelecidos. Nesse sentido é necessário que dê continuidade a sua formação inicial.

Em 2003, o Ministério de Educação (MEC) criou a Rede Nacional de Formação Continu- ada de Professores, organizada em Centros de Pesquisa e de Desenvolvimento da Educação (CPDE). Em seu primeiro Edital (Edital 01/2003-SEIF/MEC), foram selecionados 20 projetos de Centros de Pesquisas. Em 2005, o MEC lançou o documento “Rede Nacional de Formação Continuada de Professores da Educação Básica: orientações gerais”, em que anuncia os obje- tivos das redes de ensino (MEC/SEB, 2005).

Atualmente, entre as Políticas Educacionais, o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR), instituído em 2009 e implantado em regime de colaboração en- tre a Coordenadoria de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (Capes), os estados, municípios, o Distrito Federal e as Instituições de Educação Superior (IES), objetiva fomentar a oferta de educação superior, gratuita e de qualidade, para professores em exercício na rede pública de educação básica. Os programas de formação procuram corrigir distorções entre os professo- res que estejam em exercício há pelo menos três anos na rede pública de educação básica e que atuam em área distinta da sua formação inicial para que possam obter a formação exigida

pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), e contribuam para a melhoria da qualidade da educação básica no País.

Falsarella (2004), ao analisar programas de formação continuada, assinala que a maio- ria das propostas apresentadas parece não suprir as necessidades e ensejos dos professores. Freire (1996) afirma que pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem é que se pode melhorar a próxima prática.

Nóvoa (2002) diz que o aprender contínuo é essencial e se concentra em dois pilares: a pró- pria pessoa, como agente, e a escola, como um lugar de crescimento profissional permanente. Para o autor, a formação continuada se dá de maneira coletiva e depende da experiência e da reflexão como instrumentos contínuos de análise. Comenta, ainda, que a troca de experiên- cias e a partilha de saberes consolidam espaços de formação mútua, nos quais cada professor é chamado a desempenhar, simultaneamente, o papel de formador e de formando (Nóvoa, 1997).

Acredita-se que a prática é a maneira de conhecer nem sempre sofisticada como a teoria formal, mas por vezes mais adequada ao dia a dia da sociedade que não pode apresentar para todo o momento uma teoria do momento (Demo, 2012). Entretanto, existem muitas propostas alternativas de metodologias de ensino, as quais estão restritas ao ambiente de uma determi- nada escola, que não tem o espaço, nem meios, para divulgar suas experiências para outras, ou seja, não ocorre um intercâmbio que seria importante para uma evolução em termos didático- pedagógicos. O autor comenta, ainda, que a ideia de metodologia alternativa pode ser banal, mas é uma necessidade essencial, porque corresponde não só ao cansaço das metodologias tra- dicionais, como, sobretudo, à busca persistente de caminhos novos diante de uma realidade que sempre é nova.

Nesse contexto, entendemos que, para atender às profundas transformações da sociedade, os professores são levados a repensar os valores e as atitudes da sua própria prática pedagó- gica. Nas escolas menos favorecidas de recursos financeiros faltam instalações adequadas, equipamentos, laboratórios de ciências e cursos de qualificação para os professores; mas por outro lado os alunos estão conectados à tecnologia, com informações em tempo real. Nesse sentido, a utilização de metodologias alternativas, as ditas não convencionais, propõe uma mudança significativa na prática pedagógica de educadores que pretendem ensinar ciências de uma forma alternativa aos métodos tradicionais.

3 Metodologia

Como metodologia entende-se como Demo (2012) que é o estudo dos caminhos, dos instru- mentos usados para fazer ciência, numa abordagem quantitativa de que a partir da amostra representativa da população, os resultados são tomados como se constituíssem um retrato real de toda a população alvo da pesquisa.

No intuito de organizar as ações da rede foram escolhidos, entre os municípios, cinco polos de atuação dos cursos e atividades propostas, sendo eles: Pelotas (somando as cidades, ao entorno, de Arroio do Padre, São Lourenço do Sul, Capão do Leão e Turuçu); Piratini (somando as cidades de Aceguá, Pedras Altas e Pinheiro Machado); Santa Vitória do Palmar (somando as cidades de Chuí, Rio Grande e São José do Norte); Canguçu (somando as cidades de Morro Redondo, Amaral Ferrador e Santana da Boa Vista); Jaguarão (somando as cidades de Pedro Osório, Herval e Cerrito).

Cada Polo possui um espaço, denominado Espaço Ciência, destinado à recepção das inscri- ções dos professores nos cursos de formação continuada e atendimento à demanda das pales- tras, que permite a construção de um espaço pedagógico de divulgação científica de interação com a comunidade local e das cidades em seu entorno. Os cursos demandados acontecem nos cinco polos.

A análise dos dados obtidos baseia-se nas etapas e procedimentos adotados que iniciaram com uma pesquisa, com caráter quantitativo e a definição de uma população-alvo. Para isso, foram convidados os professores egressos dos cursos de formação continuada oferecidos nos

cinco polos da Rede Regional de Ciências, para participar de um questionário com questões fechadas. Os participantes receberam juntamente com o questionário aplicado, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A partir daí, foi possível identificar que o público-alvo a ser entrevistado representava um universo de 553 professores, sendo que aceitaram participar da pesquisa 202 professores, equivalente a 37% do universo pretendido. Os professores eram egressos de duas edições da Rede Regional de Ciências, 2010/2012 e 2013/2014, cada edição teve a duração de 18 meses; e em dez cursos oferecidos às Secretarias Municipais de Educação, dos quais foram escolhidos até três cursos por Polo (tabela 1). Os cursos que apresentaram maior demanda repetiram-se nos Polos. Cada curso teve a duração de no mínimo 40 horas e no máximo 80 horas, com opção de 25% da carga horária à distância.

Tabela 1: Número total de professores participantes da Rede Regional de Ciências Cursos/atividade Objetivo da atividade (Resultados alcançados (número de profes-

sores e alunos impactados) 1. Ciências na Educa-

ção Infantil Formação continuada 112 professores e 2.240 alunos atingidos(112 professore x 1 turma s x 20 alunos ) 27 professores e 810 alunos atingidos (27 professores x 1 turma x 30 alunos) 2. Ciências nos Anos Fi-

nais do Ensino Funda- mental

Formação continuada 106 professores e 15.900 alunos atingidos (106 professores x 6 turmas x 25 alunos) 23 professores e 2760 alunos atingidos (23 professores x 4 turmas x 30 alunos) 3. Matemática nos

Anos Iniciais do Ensino Fundamental

Formação continuada 19 professores e 1140 alunos atingidos (19 professores x 2 turmas x 30 alunos) 4. Matemática nos

Anos Finais do Ensino Fundamental Texto

Formação continuada 133 professores e 13.300 alunos atingidos (133 professores x 4turmas x 25 alunos) 5. Produção de Textos

Científicos Formação continuada 29 professores e 3480 alunos atingidos (29professores x 4 turmas x 30 alunos) 6.Práticas Experimen-

tais no Ensino de Ciên- cias: ênfase nos concei- tos físicos.

Formação continuada 38 professores e 5700 alunos atingidos (38 professores x 5 turmas x 30 alunos) 66 professores e 7 920 alunos atingidos (66 professores x 4 turmas x 30 alunos) 7. Colóquio de Professo-

res da Rede Regional de Ciências

Divulgação Científica 230 professores da rede pública de ensino Elaborada pela autora Inicialmente, os cursos foram disponibilizados pelo PRONECIM às Secretarias Municipais de Educação, para divulgação e após as inscrições iniciou-se a execução dos cursos escolhidos conforme demanda. Os mesmos foram realizados nos polos, em salas oferecidas pelas SMEDs, e formatados de maneira que a carga horária prevista pudesse ser distribuída em dias alter- nados previamente estabelecidos, de acordo com a possibilidade de liberação dos professores por parte das escolas. O produto dos cursos constituiu-se em didático-pedagógico a ser apre- sentado em evento científico - Colóquio de Professores da Rede Regional de Ciências, que é des- tinado à divulgação científica dos professores da Rede. Este evento ocorre anualmente como parte integrante do Simpósio Sul-Rio-Grandense de Professores de Ciências e Matemática.