INSTRUMENTAÇÃO E RECOLHA DE DADOS
5.4 AVALIAÇÃO PROTÓTIPO MESH-‐T EM AMBIENTE CONTROLADO
5.4.2 METODOLOGIA DE CONCEPÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO PROTÓTIPO AVALIADO
5.4.2.2 PROTOTIPAGEM DE ALTA-‐FIDELIDADE E FUNCIONALIDADES AVALIADAS
Assim, após os protótipos iniciais de baixa fidelidade, foram feitas diferentes experiências relativamente à User Interface (UI) a ser implementada, assim como se selecionou um conjunto de funcionalidades para serem implementadas em profundidade. As diferentes versões da interface constituíram um processo de refinamento iterativo, como é patente na Figura 79.
FIGURA 79 – DIFERENTES VERSÕES DA INTERFACE DO PROTÓTIPO
Posto isto, foi possível chegar a um protótipo de alta-‐fidelidade, que constitui a parede interativa touchless que foi alvo de experimentação no presente estudo. Com efeito, os protótipos de alta-‐ fidelidade são usados em fases mais avançadas do desenvolvimento, recorrendo já a software, resultando num protótipo já próximo do que será a versão final do produto. É assim adequado para “vender” ideias e testar eventuais problemas técnicos. Ainda, a prototipagem de alta-‐fidelidade pode assumir duas tipologias: prototipagem horizontal, em que se oferece um grande número de funções mas com pouco detalhe; e prototipagem vertical, em que se desenvolve em grande detalhe somente algumas funções (Preece et al., 2002). No caso da presente investigação, incluiu-‐se um protótipo de
96 O projeto QREN mesht-‐t: tecnologias pervasivas, ubíquas e sensíveis ao contexto no turismo estruturou-‐se num consórcio
transdisciplinar, incluindo como parceiros académicos a Universidade de Aveiro, especificamente o Centro de Estudos das Tecnologias e Ciências da Comunicação (CETAC.MEDIA) e o Instituto de Engenharia Electrónica e Telemática de Aveiro (IEETA) e como parceiro tecnológico a empresa Ubiwhere.
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alta fidelidade vertical, em que se ofereceu um conjunto de funcionalidades desenvolvidas em detalhe, completamente interativas, com o “look-‐and-‐feel” do produto final, e adequando-‐se aos propósitos da avaliação.
O protótipo foi implementado de modo a disponibilizar duas secções, acessíveis a partir de um menu inicial -‐ a secção “como foi”, permite uma exploração de fotos de locais da cidade de Aveiro em diferentes épocas; a secção “explore”, foca-‐se na apresentação de pontos de interesse da cidade de Aveiro, através da apresentação de um mapa da cidade, dividido por zonas, permitindo o acesso a informação detalhada sobre os pontos de interesse distribuídos no mapa. As restantes secções não foram implementadas.
Posto isto, o menu inicial permite o primeiro contacto do utilizador com a aplicação. Para iniciar a calibração e reconhecimento de gestos do utilizador, este tem que acenar direcionado para o sensor, uma guideline indicada pela Microsoft (Microsoft Corporation, 2013), que designa este gesto por “wave to engage”. É um gesto que terá que ser ensinado antes dos utilizadores iniciarem a interação, que embora não sendo inato, é um gesto natural, que permite determinar e reconhecer a intenção do utilizador em interagir com a aplicação. A posição da mão do utilizador passa assim a ser representada por um circulo vermelho ou verde, de acordo com o estado – modo de espera entre input ou modo de receber input, respetivamente. Realizada esta calibração inicial, a interação pode assim iniciar-‐se. Com uma simples animação de hover – que faz aparecer uma fotografia sobre a secção selecionada, o utilizador pode selecionar/entrar em uma das duas secções implementadas, através do gesto “point-‐ and-‐wait”, isto é, o utilizador coloca a mão sobre a área que pretende escolher e espera até que a sua ação se execute. Dam, Møller & Nielsen (2011) designam este gesto que permite a seleção mantendo a mão/cursor sobre o elemento da interface pretendido durante alguns segundos até que a ação seja levada a cabo por “point-‐and-‐wait”. No protótipo mesh-‐t, assim que o utilizador deixa o cursor, representado por uma mão nesta ação, imóvel sobre um elemento, completa-‐se um circulo em torno do cursor, durante aproximadamente 2 segundos.
Na Figura 80 está patente o menu inicial da aplicação mesh-‐t, com destaque para a secção “Como foi”, que foi a primeira a ser explorada na avaliação.
FIGURA 80 – MENU INICIAL DO PROTÓTIPO MESH-‐T
Após selecionar a secção “como foi”, é possível ter acesso a uma representação de uma grelha de fotos da cidade de Aveiro em diferentes épocas, permitindo ter uma visão geral/global das fotos disponíveis para exploração. A partir desta vista de grelha é possível selecionar uma foto à escolha do utilizador, através do gesto de “point-‐and-‐wait” (Figura 81).
FIGURA 81 – VISTA DE GRELHA DE FOTOS DA SECÇÃO “COMO FOI”
Ao selecionar a foto, o utilizador tem acesso a um zoom sobre a mesma, ficando esta em destaque no ecrã, e podendo a partir desta foto que selecionou, navegar para outras fotos que se encontrem ao
lado ou acima/abaixo da foto escolhida. A existência de fotos próximas é indiciada pela presença de um recorte da foto seguinte. Esta navegação pode ser feita através de “swipe” vertical e horizontal, que corresponde a um movimento de deslocação da mão no ar nos dois eixos referidos, um gesto que foi usado para a navegação entre itens também por Cremonesi, Rienzo, & Garzotto (2015). É também possível voltar à vista de grelha/vista geral das fotografias através da seleção do botão correspondente, assim como regressar ao menu inicial. As funcionalidades descritas estão patentes na Figura 82.
FIGURA 82 – VISTA DE DETALHE DE FOTO DA SECÇÃO “COMO FOI”
Como referido, outra das secções experienciadas pelos utilizadores durante o teste foi a secção “explore”, que tal como a secção “Como foi” é acessível através de uma seleção por “point-‐and-‐wait” a partir do menu inicial (Figura 83).
FIGURA 83 – MENU INICIAL > SECÇÃO “EXPLORE”
Nesta secção o ponto de partida é o mapa da cidade de Aveiro, dividido por quadrantes, que poderão ser selecionados e explorados. Posto isto, é possível selecionar uma zona/quadrante do mapa, para poder ter acesso a informação detalhada associada a esta localização. Para além desta funcionalidade,
é possível regressar de novo ao menu inicial, de forma consistente com a restante secção, assim como alternar entre a vista de estrada ou vista de satélite do mapa. Ainda, se o utilizador não pretender aceder a uma zona específica do mapa ou fazer uma exploração a partir da vista geral disponibilizada, poderá selecionar diretamente a funcionalidade “Ver pontos de interesse”, e ter assim logo acesso aos pontos de interesse (POI). Os gestos usados são consistentes com a restante aplicação (point-‐and-‐wait para selecionar) (Figura 84).
FIGURA 84 – VISTA GERAL DE MAPA DA SECÇÃO “EXPLORE”
Após ter selecionado uma zona do mapa, o utilizador tem à sua disposição a possibilidade de navegar por outras zonas do mapa que sejam contiguas à zona selecionada, devendo para isso usar o mesmo paradigma da secção “como foi”: swipe vertical e horizontal. Para além disso, e como é visível Figura 85 este pode selecionar pontos de interesse que se encontram distribuídos na zona da cidade que selecionou, e assim ter acesso a informação detalhada sobre o mesmo.
FIGURA 85 – ZONA DE DETALHE DO MAPA E SELEÇÃO DE POI
Posto isto, a zona de informação de detalhe sobre os POI pode ser acedida diretamente através da opção “Ver Pontos de Interesse”, ou através da seleção do ícone corresponde presente na zona do mapa. No ecrã dedicado aos POIs, patente na Figura 86, é possível navegar entre categorias de POI (Restaurantes, Entretenimento, Saúde, Pontos de interesse, Alojamento) através do swipe vertical ou
através de uma seleção no menu lateral; ainda, para aceder a outros POI dentro da mesma categoria, poderá usar o swipe horizontal. Tem ainda ao seu dispor algumas funcionalidades adicionais, como a consulta do percurso a pé ou de carro até ao local/ponto de interesse cuja informação em detalhe está a ser consultada (a localização do utilizador aparece no mapa associado a um departamento da Universidade de Aveiro, o local onde decorreu o teste) e ainda o regresso à vista de mapa.
FIGURA 86 – VISTA DE INFORMAÇÃO E NAVEGAÇÃO ENTRE POI
Todas as funcionalidades identificadas e ilustradas graficamente permitiram assim a elaboração do guião de tarefas adequado à natureza e características do protótipo em causa e à experiência de avaliação planeada. Os instrumentos que foram desenhados e aplicados na avaliação serão explorados de seguida, por ordem de utilização durante a aplicação do protocolo de teste.