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Provimento nº 67/2018 do Conselho Nacional de Justiça

No documento Mediação nas serventias extrajudiciais (páginas 51-58)

4. A mediação nas serventias extrajudiciais no Brasil

4.2. Provimento nº 67/2018 do Conselho Nacional de Justiça

Como falado anteriormente, o Provimento nº 67/2018107, foi a norma que dispôs sobre a política de procedimentos aplicáveis à conciliação e à mediação nos serviços notariais e de registro no país. Nesse contexto, passa-se a observar a implementação das mediações e conciliações realizadas em serventias extrajudiciais, como também a utilização da atividade notarial e registral como instrumento essencial à desjudicialização.

De acordo como art. 1º da lei nº 8.935/94108, “notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são profissionais de direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro”. Assim, nos termos do art. 4º do provimento, “poderão solicitar autorização específica para que o serviço de mediação e conciliação seja prestado, sob supervisão do delegatário, por no máximo cinco escreventes habilitados” por serventia.

Ademais, as Corregedorias de Justiça presentes nos Tribunais, dentro de cada Estado, a partir do provimento, tem a possibilidade determinar sobre a atuação do serviço dentro do âmbito de sua competência, devendo, conforme o art. 3º, “manter em seus sites listagem pública dos serviços notariais e de registro autorizados para os procedimentos de conciliação e de mediação”. Dessa lista deve também constar o nome dos mediadores e conciliadores disponíveis para a prática de tais atos, ficando estes livres a serem escolhidos pelas partes. Ressalta-se, de acordo com El Debs, que “tal regra está em

105MELO, Michelly Pereira – Desjudicialização e acesso à justiça: mediação e conciliação nas serventias extrajudiciais, p. 94.

106MELO, Michelly Pereira – Desjudicialização e acesso à justiça: mediação e conciliação nas serventias extrajudiciais, p. 94.

107CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA - Provimento nº 67 de 26 de março de 2018.

108BRASIL - Lei n° 8.935 de 18 de novembro de 1994.

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52 consonância com o art. 8º da Lei 8.935/1994, que determina ser “livre a escolha do tabelião de notas, qualquer que seja o domicílio das partes ou o lugar de situação dos bens objeto do ato ou negócio jurídico"109.

Destaca-se que, de acordo com o art. 5º, “o procedimento da mediação e conciliação serão fiscalizados pela CGJ e pelo juiz coordenador do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) da jurisdição a que estejam vinculados os serviços notariais e de registro”.

Adicionalmente, os tabeliães e registradores deverão buscar a formação adequada para a prática dos atos de mediação e conciliação, “somente poderão atuar como conciliadores ou mediadores aqueles que forem formados em curso para o desempenho das funções, observadas as diretrizes curriculares” estabelecidas, com base no art. 6º.

Além disso, o referido artigo estabelece que “o curso será custeado pelos serviços notariais e de registro e será ofertado pelas escolas judiciais ou por instituição de ensino formadora de mediadores judiciais, nos termos do art. 11 da Lei nº 13.140/15”.

Neste sentido, Loureiro determina que “contrariando o espírito de simplicidade que deve revestir os mecanismos alternativos de solução de conflitos, o Provimento n.67 cria exigências que suscitam formalismo exagerado. É o caso, por exemplo, da exigência de frequência a cursos específicos de formação em escolas judiciais, além de cursos de atualização”110.

Em relação aos princípios, em seu art.7º o Provimento faz referência aos

“princípios e regras previstos na Lei n. 13.140/2015, no art. 166 do CPC e no Código de Ética de Conciliadores e Mediadores”. Com isso, o provimento não elencou expressamente os princípios, apenas citou as normas a serem observadas.

O art. 9º do referido provimento estabelece que ao atuar como conciliadores e mediadores serão aplicadas as regras de impedimento e suspeição nos termos do CPC/15 e da Lei de Mediação, devendo, quando constatadas essas circunstâncias, ser informadas as partes envolvidas para interrupção da sessão. Quanto a isso, Loureiro pontua que:

Cabe observar que não constitui motivo de suspeição ou impedimento legal para a mediação, o fato de o notário já ter intervindo em ato ou negócio jurídico realizado pelas partes no exercício de suas competências funcionais. Por isso, ao nosso ver, como qualquer contrato, aquele contido em escritura pública pode estabelecer cláusula compromissória, pela qual as partes optam pela resolução extrajudicial de eventual conflito dele surgido. Como as partes são livres inclusive para escolher o mediador, poderiam eleger como tal o próprio

109EL DEBS, Martha; EL DEBS, Renata; SILVEIRA, Thiago - Sistema Multiportas - a mediação e a conciliação nos cartórios como instrumento de pacificação social e dignidade humana, p. 170.

110LOUREIRO, Luiz Guilherme - Manual de direito notarial: da atividade e dos documentos notariais, p. 517.

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notário autorizou a escritura pública, desde que tenha sido autorizado a exercer a atividade111.

Por sua vez, quanto as partes presentes na mediação, o art. 10 estabelece que poderão ser “a pessoa natural absolutamente capaz, a pessoa jurídica e os entes despersonalizados a quem a lei confere capacidade postulatória”. Quanto a este ponto, Cabral refere que “na realidade, verifica-se ter ocorrido aqui um evidente erro material, já que não se trata de capacidade postulatória, que é a aptidão para postular em juízo, conferida a advogado legalmente habilitado, mas, sim, de capacidade civil (de fato), relativa à aptidão para o exercício de direitos e obrigações”112. Essa capacidade civil encontra-se definida no art. 70, CPC/15: “toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo”.

Além disso, o referido artigo esclarece que “a pessoa natural poderá ser representada por procurador devidamente constituído, mediante instrumento público ou particular com poderes para transigir e com firma reconhecida”. Ainda, no §2º determina que “a pessoa jurídica, o empresário individual e os entes despersonalizados poderão ser representados por preposto113 autorizado, munido de carta de preposição como poderes para transigir e com firma reconhecida, sem necessidade da existência de vínculo empregatício”. Por fim, no §3º determina que em relação a pessoa jurídica, será necessária a apresentação da prova da representação através da exibição dos seus atos constitutivos.

O art. 11 estabelece ainda que “as partes poderão ser assistidas por advogados ou defensores públicos munidos de instrumento de mandato com poderes especiais para o ato”. Esse artigo praticamente reproduz o art. 10 da Lei de Medição, facultando às partes a assistência por advogado ou defensor público; contudo, exige que, “comparecendo uma das partes acompanhada de advogado ou defensor público, o mediador suspenda o procedimento até que todas estejam devidamente assistidas”, conforme determina o seu parágrafo único. Trata-se de medida que busca garantir o princípio da igualdade e equilíbrio entre as partes.

Em contrapartida, Arruda defende que, apesar da menção no Provimento sobre a necessidade de suspender o procedimento, “(...) entende-se que caso as partes se sintam

111LOUREIRO, Luiz Guilherme - Manual de direito notarial: da atividade e dos documentos notariais, pp. 518-519.

112CABRAL, Trícia Navarro Xavier - Permitir que cartórios façam conciliação e mediação é iniciativa bem-vinda. Revista Consultor Jurídico, 2018.

113Prepostos são as pessoas que representam uma empresa, por delegação da pessoa competente, denominada preponente, através de outorga de poderes. Este instituto é regulamentado pelo Código Civil brasileiro no art. 1.169 e seguintes.

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54 seguras e tenham interesse em prosseguir mesmo desassistidas por advogado, o procedimento poderá́ ter curso, mormente em se tratando de partes capazes e que envolva direitos disponíveis”114.

Em relação ao objeto da mediação e conciliação nas serventias extrajudiciais, o provimento, em seu art. 12, determina que estas podem incidir sobre “direitos disponíveis e os indisponíveis onde haja a possibilidade de transação”, podendo abranger o conflito como um todo ou apenas uma parte. Em relação a este ponto, Dalla e Mazzola pontuam que:

Em relação aos indisponíveis não transacionáveis, das duas uma ou haverá uma expressa norma proibindo o acordo, ou haverá flagrante violação a direito fundamental, o que deverá ser apreciado pelo magistrado no caso concreto (...).

Assim sendo, caso o juiz entenda que as partes se excederam e avançaram sobre matéria que não se encontra dentro de sua esfera de disposição, deverá recusar a homologação115.

Já em relação aos direitos indisponíveis transacionáveis, entende-se que não irá se operar sobre os direitos indisponíveis em si, mas a respeito de situações a eles conexas.

Assim, destaca-se que a possibilidade de transacionar relativiza o caráter de indisponibilidade de um direito. Trazendo-se esse aspecto para seara do direito de família observa-se esta possibilidade, por exemplo, em relação ao direito de alimentos, caracterizado como um direito indisponível. Logo, não pode haver renúncia deste direito, entretanto, cabe transação a respeito de aspectos econômicos e condições de cumprimento das obrigações116.

Em relação aos direitos indisponíveis, que admitem transação, Murillo dispõe que

“o rol de direitos indisponíveis inclui o direito à personalidade, direito à vida, cuida-se de direitos os quais o seu titular não pode se desfazer por vontade própria, há uma ingerência estatal, não cabendo a disposição ou renúncia por parte do seu titular”117.

Adicionalmente, o referido art. 12 determina que, quando se tratar de “direitos indisponíveis, mas transigíveis, deverão ser homologados em juízo, na forma do art. 725, VIII, do CPC e do art. 3º, §2º, da Lei n. 13.140/2015”, ressaltando-se ainda a importância da participação do Poder Judiciário em alguns casos. Nesse sentido, Cabral esclarece que:

114ARRUDA, Larissa Águida Vilela Pereira de - Mudanças no paradigma do Acesso à Justiça: A Mediação de Conflitos por Meio das Serventias Extrajudiciais. R. EMERJ, Rio de Janeiro, v. 22, n. 2, 2020, p. 290.

115DALLA, Humberto, MAZZOLA, Marcelo - Manual de mediação e arbitragem, p. 127.

116MARQUES, Thatiana Biavati Silva e Marques - Da admissibilidade de transação envolvendo direitos indisponíveis - necessária análise frente aos meios alternativos de resolução de conflitos. Instituto Brasileiro de Direito de Família. 2020.

117MURILLO, Fernando - Direitos indisponíveis e disponíveis: o que são e como são aplicados.

JusBrasil. 2018.

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Assim, na autocomposição envolvendo direitos disponíveis não se exigirá a homologação judicial, cabendo às partes optar por transformar o título executivo extrajudicial em judicial, nos termos do artigo 515, III, do CPC. Já o acordo envolvendo direitos indisponíveis, mas transigíveis, deverá ser obrigatoriamente homologado, cabendo ao cartório providenciar a remessa ao juízo competente e, após a homologação, entregar o termo homologado às partes (artigo 12, parágrafos 1º e 2º)118.

O art. 13 estabelece que “o requerimento de conciliação ou de mediação poderá ser dirigido a qualquer serviço notarial ou de registro de acordo com as respectivas competências”, com base no art. 42 da Lei nº 13.140/15. Neste ponto, quanto a mediação realizada nos cartórios de notas, Pinheiro destaca que:

Cabe tecer uma consideração importante. Ao afirmar que os requerimentos serão dirigidos às serventias extrajudiciais, “de acordo com as respectivas competências”, poder-se-ia entender que haveria certa limitação na atuação de notas. Ocorre que, de todos os de legatários dos serviços notariais e registrais, este é o único profissional que poderá atuar em demandas envolvendo qualquer objeto. A razão disso é o disposto na Lei Federal nº 8.935/1994 que, em seu art. 6º, inciso I, determina que compete aos notários formalizar juridicamente a vontade das partes. Sendo assim, como, na mediação e conciliação, as próprias partes chegam a um consenso, é a vontade delas que será formalizada, não havendo como um provimento do Conselho Nacional de Justiça limitar a competência estabelecida em Lei Federal119.

Ademais, o referido art. 13, dispõe também que o requerimento poderá ser elaborado individualmente ou em conjuntos pelas partes envolvidas, desde que conforme os requisitos mínimos dispostos no art. 14 do provimento.

Acrescenta-se que, nos termos do art. 15, “após o recebimento e o protocolo do requerimento, se, em exame formal for considerado não preenchido algum dos requisitos (...), o requerente será notificado, preferencialmente por meio eletrônico, para sanar o vício no prazo de 10 (dez) dias, marcando-se nova data para audiência, se necessário”.

Contudo, não sendo sanado o vício dentro do prazo estabelecido, o requerimento será rejeitado, ou ainda, se houver inércia das partes, arquivado, nos termos do §§ 1º e 2º, do referido artigo.

De acordo com o art. 18, “ao receber o requerimento, o serviço notarial ou de registro designará, de imediato, data e hora para realização da sessão de conciliação ou de mediação e dará ciência dessas informações ao apresentante do pedido, dispensando-se a notificação do requerente”. Além disso, o art. 19 determina que será realizada a notificação “por qualquer meio de qualquer meio idôneo de comunicação”. Assim, nos termos do art. 20, será enviada uma “cópia do requerimento à parte requerida,

118CABRAL, Trícia Navarro Xavier - Permitir que cartórios façam conciliação e mediação é iniciativa bem-vinda.

119PINHEIRO, Ygor Ramos Cunha - Arbitragem Notarial. Salvador: Juspodivm, 2020, p. 164.

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56 esclarecendo, desde logo, que sua participação na sessão de conciliação ou de mediação será facultativa e concederá o prazo de 10 (dez) dias para que, querendo, indique, por escrito, nova data e horário, caso não possa comparecer à sessão designada”.

A respeito da distribuição do requerimento, de acordo com o art. 17, “será anotada no livro de protocolo de conciliação e de mediação, conforme a ordem cronológica de apresentação”. Em relação ao pagamento de emolumentos, o art. 16 determina que “no ato do requerimento, o requerente pagará emolumentos referentes a uma sessão de até 60 (sessenta) minutos”. Em sessão específica, o provimento ainda estabelece que:

Art. 36. Enquanto não editadas, no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, normas específicas relativas aos emolumentos, observadas as diretrizes previstas pela Lei n. 10.169, de 29 de dezembro de 2000, aplicar-se-á às conciliações e às mediações extrajudiciais a tabela referente ao menor valor cobrado na lavratura de escritura pública sem valor econômico.

1º Os emolumentos previstos no caput deste artigo referem-se a uma sessão de até 60 (sessenta) minutos e neles será incluído o valor de uma via do termo de conciliação e de mediação para cada uma das partes.

2º Se excedidos os 60 (sessenta) minutos mencionados no parágrafo anterior ou se forem necessárias sessões extraordinárias para a obtenção de acordo, serão cobrados emolumentos proporcionais ao tempo excedido, na primeira hipótese, e relativos a cada nova sessão de conciliação ou de mediação, na segunda hipótese, mas, em todo caso, poderá o custo ser repartido pro rata entre as partes, salvo se transigirem de forma diversa.

3º Será considerada sessão extraordinária aquela não prevista no agendamento.

Art. 37. É vedado aos serviços notariais e de registro receber das partes qualquer vantagem referente à sessão de conciliação ou de mediação, exceto os valores relativos aos emolumentos e despesas de notificação.

Art. 38. Na hipótese de o arquivamento do requerimento ocorrer antes da sessão de conciliação ou de mediação, 75% (setenta e cinco por cento) do valor recebido a título emolumentos será restituído ao requerente.

Parágrafo único. As despesas de notificação não serão restituídas, salvo se ocorrer desistência do pedido antes da realização do ato.

Em contrapartida ao estabelecido pelo referido provimento, Pinheiro entende que:

(...) o critério de cobrança deve ser com valor econômico, pois o mediador ou conciliador atuará na tentativa de chegar a um acordo sobre direito patrimonial representativo de certo montante, o que leva à necessidade de adequada remuneração, além de levar em consideração o risco a que se submete o tabelião. Sobre a devolução, concorda-se com critério de devolução de 50% do valor já pago em quaisquer dos casos em que não se chegue ao termo do acordo120.

Ainda importante mencionar que o art. 39 determina, com base no art. 169, § 2º, do CPC/15, que “os serviços notariais e de registro realizarão sessões não remuneradas de conciliação e de mediação para atender demandas de gratuidade, como contrapartida da autorização para prestar o serviço”. O referido artigo acrescenta também que “os tribunais determinarão o percentual de audiências não remuneradas, que não poderá ser

120PINHEIRO, Ygor Ramos Cunha - Arbitragem Notarial, p. 165

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57 inferior a 10% da média semestral das sessões realizadas pelo serviço extrajudicial nem inferior ao percentual fixado para as câmaras privadas”.

Em relação aos locais onde serão realizadas as sessões, de acordo com o art. 21,

“os serviços notariais e registrais manterão espaço reservado em suas dependências para realização das sessões de mediação e conciliação”. Assim, “na data e hora designados para realização da sessão (...), realizado o chamamento nominal das partes e constatado o não comparecimento de qualquer delas, o requerimento será́ arquivado”. Entretanto, presente os requisitos do §2ª, nomeadamente: “I - pluralidade de requerentes ou de requeridos; II- comparecimento de ao menos duas partes contrárias com o intuito de transigir; III - identificação formal da viabilidade de eventual acordo” e sendo cabível o procedimento entre os presentes, o procedimento não será arquivado e no caso de acordo este terá efeitos somente entre as partes que dele participaram121.

Após a obtenção de acordo entre as partes, com base no art. 22, “será lavrado o termo de conciliação ou mediação (...). Finalizando o procedimento, o termo será arquivado no livro de conciliação e de mediação”. Ainda, o parágrafo único determina que será entregue a cada uma das partes uma via do termo, sendo este “considerado documento público com força de título executivo extrajudicial, nos termos do art. 784, IV, do CPC/15”122. Por fim, o art. 23 determina que “a não obtenção de acordo não impedirá a realização de novas sessões de conciliação ou de mediação até finalizada as tratativas”.

Contudo, se houver solicitação de desistência do pedido de qualquer das partes, nos termos do art. 24, “o pedido será́ arquivado, independentemente da anuência da parte contrária”, podendo ser realizada a solicitação a qualquer tempo e requerida na forma escrita. Nesse sentido, havendo a solicitação da desistência, o requerimento será arquivado em pasta própria. Ressalta que isto não substitui “a obrigatoriedade de sua conservação quando for microfilmado ou gravado por processo eletrônico de imagens”, com base no §1º do referido artigo. Além disso, o §2ª determina que, há presunção de

“desistência do requerimento se o requerente, após notificado, não se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias.

121ARRUDA, Larissa Águida Vilela Pereira de - Mudanças no paradigma do Acesso à Justiça: A Mediação de Conflitos por Meio das Serventias Extrajudiciais, p. 293.

122SANTOS, Luis Ricardo Bykowski; Mollica, Rogerio - As empresas, os consumidores e a novel normatização da conciliação e mediação nas serventias extrajudiciais, p. 758.

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58 Enquanto, segundo o art. 25, “em caso de obtenção do acordo ou de desistência do requerimento antes da sessão de conciliação ou de mediação, o procedimento será arquivado pelo serviço notarial ou de registro, que anotará essas circunstâncias no próprio livro de conciliação e de mediação”, de forma a registrar os termos da não realização da sessão ou do acordo.

O provimento também determina a forma que ocorrerá o registro dos atos que ocorrem nas serventias registrais e notariais. Assim, estabelece o art. 26 que “os serviços notariais e de registro que optarem pela prestação do serviço criarão livros de protocolo específico para recebimento de requerimentos de conciliação e de mediação”. Ademais, o art. 27, § 1º dispõe que “os termos de audiência de conciliação ou de mediação serão lavrados em livro exclusivo, vedada sua utilização para outros fins”.

Por fim, o art. 32 indica que “o livro e qualquer documento oriundo de conciliação ou de mediação extrajudicial deverão permanecer no ofício e quaisquer diligências judiciais ou extrajudiciais que exigirem sua apresentação serão realizadas, sempre que possível, no próprio ofício, salvo por determinação judicial”. No mais, estes documentos

“observarão o prazo mínimo de cinco anos para arquivamento” nos serviços notariais e de registro, com base no art. 35.

4.3. Especificidades da mediação nas serventias extrajudiciais

No documento Mediação nas serventias extrajudiciais (páginas 51-58)