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PUBLICIDADES E PROPAGANDAS

No documento EDUCAÇÃO FINANCEIRA NA EDUCAÇÃO BÁSICA (páginas 90-94)

3 EDUCAÇÃO FINANCEIRA E NOSSA RELAÇÃO COM O DINHEIRO

2.2 PUBLICIDADES E PROPAGANDAS

Para finalizar esse tópico que trata sobre educação financeira e dinheiro, não podemos deixar de refletir sobre o quanto as publicidades e propagandas instigam as pessoas a consumir e, muitas vezes, gastar dinheiro sem necessidade. Muitas propagandas são criadas justamente para as pessoas ficarem com o desejo de comprar.

Os autores Buaes, Comerlato e Doll (2015) apontam que muitas publicidades prometem que é muito fácil comprar. Com a propaganda a pessoa observa que pode adquirir o objeto e pagar em muitas parcelas, o que gera a impressão de caber no orçamento pessoal ou familiar, como o uso de expressões “apenas 59,90 por mês”, “menos de 20 reais por mês”, entre outras estratégias de publicidade.

Em outras publicidades podemos observar que o pagamento pode ser realizado mais tarde caso você não tenha dinheiro no momento da compra, como

“pague só depois do carnaval”, “compre agora, mas só pague daqui a 60 dias”, entre outros. “É bom saber um pouco como a publicidade trabalha para entender como ela consegue provocar desejo em nós. Tanto que a gente, às vezes, não consegue se conter” (BUAES; COMERLATO; DOLL, 2015, p. 16).

Primeiramente, a publicidade busca mostrar o produto com uma boa aparência, lindo, sem problemas, em uma imagem perfeita. Os publicitários e seus fotógrafos trabalham muito para apresentar um produto bonito, geralmente muito mais bonito que na realidade, porém, para provocar esse desejo forte, precisa-se de algo a mais. Vendem a ideia de que, com o produto e somente com esse produto, as pessoas serão felizes, atraentes e bem-sucedidas. Por isso, a propaganda vincula o produto a uma sensação, a uma emoção. Na verdade, muitas vezes, o que compramos é a emoção, essa que produz a sensação de prazer, e, geralmente, a gente não se dá conta desta estratégia de venda, só sente à vontade de comprar (BUAES; COMERLATO; DOLL, 2015, p. 16-17).

Como foi comentado anteriormente, o CONEF (2014) destaca que um dos benefícios da educação financeira é o julgamento crítico que se pode aprender a fazer com relação à publicidade. Os autores apontam que o campo de publicidade procura aumentar a eficiência das mensagens de consumo e provocar o desejo de adquirir determinados produtos, e que, ao aprender a fazer uma leitura crítica de mensagens publicitárias a respeito de produtos e consumo, as pessoas tomam decisões com mais autonomia e com mais consciência das pressões externas e de acordo com as suas reais necessidades.

Introdução à Educação Financeira Introdução à Educação Financeira Capítulo 2

As crianças são um alvo importante da publicidade, pois são um público mais fácil de ser convencido. Do mesmo modo que acontece com os adultos, as crianças acabam consumindo porque os produtos “vendem características” que elas desejam a si mesmas. É muito comum as crianças terem o desejo de ter o brinquedo do momento, ou, até mesmo, algumas querem algum objeto para serem aceitas em determinados grupos ou para se destacar entre os amigos.

Com isso, as crianças incentivam os adultos a comprar para elas os produtos que são lançamentos no mercado (BUAES; COMERLATO; DOLL, 2015).

FIGURA 9 – CONSUMISMO INFANTIL

FONTE: <http://www.recicloteca.org.br/noticias/consumismo-infantil-proibida-a-propaganda-voltada-para-as-criancas/>. Acesso em: 26 abr. 2020.

Além das “armadilhas do desejo” produzidas pela publicidade, os anúncios se preocupam em destacar quais elementos eles querem que chame mais a atenção das pessoas, selecionando as informações que eles querem que as pessoas vejam para tomar uma decisão de consumo. O jogo de cores e o tamanho das letras favorecem que o nosso olhar se volte às frases de efeito e para o baixo valor a ser pago mensalmente, escondendo o valor total do produto (BUAES;

COMERLATO; DOLL, 2015). Veja os exemplos a seguir.

Educação financeira na educação básica

FIGURA 10 – EXEMPLOS DE ANÚNCIOS COM ESTRATÉGIAS DE VENDA

FONTE: Buaes, Comerlato e Doll (2015, p. 18)

Esses anúncios são ótimos exemplos para os professores utilizarem em sala de aula. Apresentar, por exemplo, o anúncio do ferro de passar roupa e questionar aos estudantes:

• Qual informação nesse anúncio está em destaque?

• Quais informações estão faltando?

• O que vemos primeiro ao olhar o anúncio?

• É possível, ao ler o anúncio, ver que o ferro de passar roupa custa R$

59,85?

• Você compraria um ferro de passar roupa em 15 parcelas? Mais de um ano para pagar um ferro de passar roupa que custa R$ 59,85?

• Será que à vista o ferro custaria o mesmo valor?

Já com o anúncio das camisas polo listradas, o professor pode questionar:

• Você percebeu que os preços da camisas são “a partir de” R$ 39,90?

• O que significa “a partir de”?

• Na sua opinião, R$ 39,90 parece muito mais barato que R$ 40,00?

Por fim, podemos pensar também em alguns questionamentos como:

• Como perceber as estratégias da publicidade?

• Como avaliar, pensar e decidir uma compra?

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1 Vimos nesse tópico que cada vez mais as pessoas estão se endividando para satisfazer as suas necessidades de consumo.

Vimos também que esse problema está aliado à facilidade de contratar empréstimos, às compras parceladas e ao uso de cartões de crédito. Diante disso, destaque três consequências do endividamento. Depois, relate o que a pessoa deve fazer para evitar essa situação.

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• Como agir buscando o prazer e evitando o desprazer conscientemente?

• É comum você se arrepender depois que compra algo por impulso?

• Você já sentiu que “jogou dinheiro fora” ao adquirir algum produto ou objeto?

• Como você toma as suas decisões de consumo?

• O que você faz para não cair nas armadilhas de consumo?

Você, professor, pode propor um trabalho interdisciplinar sobre educação financeira com outras disciplinas, como língua portuguesa, na construção de textos sobre estratégias da publicidade, ou ciências, sobre o impacto ambiental diante do consumo exagerado e inconsciente etc.

Esses são apenas alguns questionamentos que podemos fazer aos estudantes ao abordar esse assunto em sala de aula. É importante também, caro acadêmico, refletirmos que, em alguns momentos, nos deixamos levar pelas armadilhas da publicidade. Muitas vezes, a publicidade constrói nas pessoas uma sensação de que aquela é uma oportunidade única, ou seja, se não comprar agora, não terá outra chance. “Ninguém quer perder uma oferta vantajosa ou adiar a satisfação e gratificação de obter o produto desejado [...] é aí que a publicidade nos pega com as suas armadilhas. No entanto, se uma compra não for bem pensada, ela nem sempre traz satisfação” (BUAES; COMERLATO; DOLL, 2015, p. 20-21).

Educação financeira na educação básica

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2 Cerbasi (2006) destaca as principais características comportamentais e o papel dos pais em cada idade da criança até a sua adolescência. Diante disso, segundo as características apresentadas pelo autor, analise as seguintes sentenças:

I. De 0 a 2 anos de idade as crianças já possuem desejos associados ao dinheiro. Nessa idade o papel dos pais é dar o exemplo através de seus comportamentos.

II. De 3 a 4 anos de idade: nessa idade os pais devem cultivar a independência dos filhos, permitindo que eles interajam com vendedores e utilizem o dinheiro em pequenas compras.

III. De 7 a 10 anos de idade as crianças compreendem a quantificação de valores com o aprendizado da matemática. Nessa idade os pais podem conversar com os filhos sobre dinheiro, sustento da família, objetivos dos estudos e a escolha da profissão.

Assinale a alternativa CORRETA:

( ) As sentenças I e III estão corretas.

( ) Apenas a sentença III está correta.

( ) As sentenças II e III estão corretas.

( ) Apenas a sentença I está correta.

No documento EDUCAÇÃO FINANCEIRA NA EDUCAÇÃO BÁSICA (páginas 90-94)