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Quadro C15 Excertos e comentários que remetem para a componente de Animação

C o m p o n e n te d e A n im a çã o S o c io e d u c a ti v a /S o c io c u lt u ra l

Quadro C7 Quadro C8 Quadro C9 Quadro C10 Quadro C11 Quadro C12 Quadro C13

Desenvolver atitudes de respeito, sentido crítico e vontade de defender e melhorar o mundo que nos rodeia. Atividades incluídas no campo sociocultural: atividades de lazer; prática de pedagogias ativas, não diretivas…cruzamento dos aspetos social, educacional e cultural.

Conjunto de práticas sociais que têm como finalidade estimular a iniciativa, bem como a participação das comunidades no processo do seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida sociopolítica em que estão integrados. O impacto da natureza, no desenvolvimento socioeducativo das crianças/jovens. Promoção de estilos de vida saudáveis à luz da Educação para o Desenvolvimento Sustentável. Analisar e argumentar sobre a noção de desenvolvimento sustentável e do papel preponderante de cada indivíduo na sua construção quotidiana, através de um comportamento amigo do ambiente, ou seja, de um comportamento de cidadania.

Estas ações compreendem atividades de informação, participação pública, sensibilização e educação ambiental (não formal) de intervenção comunitária, promovidos por entidades da sociedade civil sem fins lucrativos da área da juventude e do Ambiente.

Operacionalização de um conjunto de atividades que permitam quer na teoria quer na prática, refletir a importância do exercício da animação, sensibilizando os alunos para a construção continuada da sua identidade pessoal nas dimensões saber, saber ser, saber fazer e saber estar.

Levar à prática programas de intervenção que tenham como objetivos construir aprendizagens, favorecer a criação e a diversão, incrementar a participação social e desenvolver a personalidade de todos e cada um dos cidadãos e cidadãs participantes.

Oferta educativa e formativa diversificada nos ensinos básico, adequada aos interesses dos alunos e das famílias e articulada com a demais oferta existente ao nível local e regional. Desenvolvimento de mecanismos de aproximação e de colaboração com os órgãos da administração, as instituições económicas, empresariais, associativas, sociais, culturais, educativas e científicas, tendo em vista a realização de projetos e ações que contribuem para o desenvolvimento sustentado e a coesão social. Integração de redes de parceria de âmbito regional, proporcionadoras de troca de ideias, experiências e projetos, facilitadoras de boas práticas e que permitem a consolidação do espírito de cidadania.

Reconstrução de quadros de referência educativos, sociais, culturais e éticos, promotores dos direitos humanos. Superação das rotinas através de processos energéticos, envolvendo as diferentes gerações, divulgando experiências e revalorizando as culturas de todos os grupos sociais. Animar e animar- se, partilhando poderes/saberes e valores que criam um novo estilo de cidadania ativa. Decorrente do paradigma destes âmbitos, não podemos olhar para a árvore, esquecendo a floresta, isto é, a Animação para ser Sociocultural incorporaram-se as suas dimensões intrínsecas – educativa, social, cultural e política – num projeto mais amplo de desenvolvimento social.

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O Quadro A6 refere-se a uma síntese da componente de animação socioeducativa/sociocultural, nos projetos A, A1, A2, A3, A4 e A5, da autarquia A.

O Quadro B7 refere-se a uma síntese da componente de animação socioeducativa/sociocultural, nos projetos B, B1, B2, B3, B4, B5 e B6, da autarquia B.

O Quadro C14 refere-se a uma síntese da componente de animação socioeducativa/sociocultural, nos projetos C, C1, C2, C3, C4, C5 e C6 da autarquia C.

O Quadro C15 refere-se a uma síntese da componente de animação socioeducativa/sociocultural, nos projetos C7, C8, C9, C10, C11, C12 e C13, da autarquia C.

Os projetos nos quais identificamos componentes de animação socioeducativa são: Autarquia A – Escola Municipal de Educação Rodoviária (Quadro A); Autarquia A Mexe (Quadro A1); Atividades de verão para os mais novos (Quadro A2); Escolinha de Futebol (Quadro A4).

Autarquia B – 1º Atelier de Fabrico de Brinquedos Tradicionais (Quadro B); 2º Atelier da Azeitona: do florescer ao fio de azeite (Quadro B1); Atelier do Folclore (Quadro B2); 4º Atelier de Jogos Tradicionais (Quadro B3); Atelier de Trabalhos Manuais (Quadro B4); 5º Atelier de Expressão Dramática (Quadro B5).

Autarquia C – Ecoteca (Quadro C); Projeto Rios (Quadro C1); Eco escolas (Quadro C2); Recolha Seletiva de Pilhas/Concurso de pilhas “Toca a juntar para trocar” (Quadro C3); A minha escola dá valor ao lixo (Quadro C4); Mostra de Espantalhos (Quadro C5); Ações Temáticas: Resíduos, Água, Energia, Alterações climáticas (Quadro C6); Dia verde (Quadro C7); Feira da caça (Quadro C8); Feira da floresta Autóctone (Quadro C9); Dia da floresta (Quadro C10); À descoberta da Biodiversidade da minha escola – Andorinhas (Quadro C11); II Encontro Concelhio Eco Escolas (Quadro C12); A floresta Abraçada (Quadro C13).

Os projetos nos quais reconhecemos componentes de animação sociocultural são: Autarquia A – Feira do Livro (Quadro A3).

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5.6. Projetos em rede?

Importa, agora, perceber se os projetos socioeducativos desenvolvidos pelos municípios são realizados em rede com outras entidades/indivíduos, ou se se trata apenas de colaborações pontuais.

Através das leituras efetuadas (Carrilho, 2008; Carvalho, 2003; Castells, 1999; Lima, 2007; Portugal, 2007), com base em conceitos de trabalho em rede, anteriormente assinalados, tentaremos fundamentar dados da nossa pesquisa.

A análise dos textos dos projetos permite ver que a grande maioria, se não todos eles, se desenvolvem com a intervenção de distintas entidades, pois neles intervêm atores locais (podendo haver parceria com intervenientes externos), tais como Instituições particulares de solidariedade social (Santa Casa da Misericórdia), Associações de Pais, Associações Locais (academias, centros de desenvolvimento, entre outros), Bombeiros Voluntários, Forças de Segurança, Tecido Empresarial, Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, Conselho Municipal de Educação, e outros.

Os projetos pretendem fomentar o contacto direto dos mais novos com a vida ativa, incutindo-lhes valores cívicos e responsabilidades, assim como melhorar o conhecimento da realidade onde se inserem, designadamente, nas vertentes cultural, educativa e social.

Concretamente, da entrevista realizada à vereadora da educação do município A, conseguimos perceber que existem vários parceiros a colaborar nos projetos socioeducativos, através da questão nº3: “Quem são os parceiros que colaboram na realização de alguns projetos?”, à qual respondeu: “Os parceiros são vários, desde a DREN, ao AEGM; a SCMB, o GDB, a Segurança Social, ao CS, à GNR, …”. Desde a Direção Regional de Educação do Norte, ao Agrupamento de Escolas, Santa Casa da Misericórdia, Grupo Desportivo, Segurança Social, Centro de Saúde, Guarda Nacional Republicana, são várias as entidades envolvidas nos projetos em causa. Verifica-se a existência de partilha de recursos físicos e intercâmbio de informação, possibilitando uma melhor organização do trabalho nomeadamente com a possibilidade de:

- Definição de diferentes níveis de acesso à informação consoante o nível etário dos utilizadores;

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- Supervisão e controlo do trabalho em rede, por parte dos intervenientes com responsabilidade a esse nível;

- Constituição de grupos de trabalho, de acordo com os projetos em causa; - Calendarização de tarefas, etc.

Ficámos também a perceber através da questão nº 4 (“São entidades internas ou externas ao concelho?), da entrevista realizada à vereadora da educação, do município A, que a autarquia mantém relacionamento com entidades internas ao concelho em causa, tais como: o Agrupamento de Escolas, a Santa Casa da Misericórdia, o Grupo Desportivo, entre outros. Existe também um trabalho de cooperação em rede, com instituições externas ao concelho, tais como: a Direção Regional de Educação do Norte, a Direção Geral de Viação e o Ministério da Segurança Social e da Solidariedade.

Este relacionamento foi entendido, da resposta dada à questão em causa: “Há entidades internas ao concelho, como o caso do AEGM, a SCMB, o GDB; mas também de carácter nacional como a DREN; a DGV, o Ministério da Segurança Social e da Solidariedade.”

Os municípios A, B e C desenvolvem os seus projetos

socioeducativos/socioculturais em parceria com as instituições/entidades descriminadas no quadro a baixo.Os dados do quadro foram obtidos a partir da análise do site do município C, e de informações adquiridas por mail (do município A e B), de resposta a questões sobre os parceiros existentes com as Câmaras Municipais.

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33 Parceiros das autarquias A, B e C

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Autarquia A Autarquia B Autarquia C

-Agrupamento de Escolas

-DREN (Direção Regional de Educação do Norte)

-Santa Casa da Misericórdia -MEC (Rede de Bibliotecas Escolares e o Plano Nacional de Leitura)

-Associação Bandeira Azul da Europa (no Programa Eco escolas) -Fundação Nadir Afonso

-Ministério da Solidariedade e Segurança Social

-ANMP (Associação Nacional de Municípios)

-IFAP (Regime de Fruta Escolar)- Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas(Ministério da Agricultura).

-DGV (Direção Geral de Viação) - Grupo Desportivo

-CLAS (Conselho Local de Ação Social)

- CME (Conselho Municipal de Educação)

-Agrupamento de Escuteiros 1096 -Agrupamento de Escuteiros 780 -Centro Escolar

-Associação Humanitária dos Bombeiros -Voluntários do município B

-Associação da Paróquia de Anreade - Miguelanjo

-Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente – “Portas P'ra Vida “

-Câmara Municipal B -Cáritas Diocesana de L. -Casa do Povo do município B -Casa do Povo de S. C.

-Unidade de Saúde do município B -Centro Distrital de Segurança Social de V.

-Centro Social Casa de S. José -Conferência de S. Vicente de Paulo -CRI – Centro de Respostas Integradas – V. R.

-Direção Geral de Reinserção Social - Equipa do Douro, Extensão de L.

Autarquias

Câmara Municipal do município C (adesão em 2000) Comissões Sociais Inter-Freguesias:

CSIF Nos Trilhos do Eco Turismo (adesão em 2011) CSIF AFRECIMAC + 5 (adesão em 2011) Junta de Freguesia do município C (adesão em 2011) Organismos/Institutos Públicos

Agrupamento Vertical de Escolas do município C (adesão em 2002) Centro de Emprego do município C (adesão em 2000)

Centro de Saúde do município C (adesão em 2006)

Centro Distrital de Solidariedade e Segurança Social do distrito (adesão em 2000) Centro Hospitalar do Nordeste, E.P.E. (adesão em 2002)

Delegação Regional do Norte do Instituto Português da Juventude, I.P. (adesão em 2006) Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (adesão em 2002)

Direção Regional de Reinserção Social/Equipa de Alto Trás-os-Montes - B. (adesão em 2000) Ecoteca do município C - Agência Portuguesa do Ambiente (adesão em 2005)

Equipa de Apoio às Escolas do Noroeste Terra Quente e Baixo Sabor (adesão em 2003) Guarda Nacional Republicana - Grupo Territorial do distrito (adesão em 2005)

Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P. – Centro de Respostas Integradas do distrito (adesão em 2008) Entidades de direito público sem fins lucrativos

ACIMC - Associação Comercial e Industrial do município C (adesão em 2002)

ADIMAC – Associação para o Desenvolvimento Integrado do município C (adesão em 2000) AIIM - Associação de Imigrantes de Trás-os-Montes (adesão em 2010)

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- CPCJ (Comissão Nacional de Proteção das Crianças e Jovens em risco)

- Unidade de Saúde do município A -GNR (Guarda Nacional Republicana)

-IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional)

Euronete - Produtor de Redes de Pesca, S.A.

- Resinorte - Sistema multimunicipal de triagem, recolha, valorização e tratamento de resíduos sólidos urbanos do Norte Central -Agrupamento de Escuteiro. -Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do município A.

-Equipa de Apoio às Escolas Douro- Sul – L.

-Escola Profissional do município B (EsproR.)

-Escola Secundária do município B -Externato D. Afonso Henriques -Grupo de Ação Social de M. -Instituto Português da Juventude – Direção Regional do Norte

-Irmandade da Santa Casa da Misericórdia

-Irmandade S. Francisco Xavier -Juntas de Freguesia do município B. -Programa EPIS – Empresários Pela Inclusão Social (desde 2007). -PRODER-Programa de Desenvolvimento Rural

Associação de Pais e Encarregados de Educação das Escolas do Concelho do município C (adesão em 2000) Associação dos Diabéticos do Distrito do distrito (adesão em 2010)

Associação S. Judas Tadeu (adesão em 2006)

Centro Social de Nossa Senhora de Fátima (adesão em 2000) Centro Social e Paroquial de Grijó (adesão em 2009)

Centro Social e Paroquial de S. Nicolau de Cortiços (adesão em 2008) Centro Social e Paroquial de Santo André – Morais (adesão em 2004) Centro Social e Paroquial de São Geraldo – Carrapatas (adesão em 2004) Centro Social e Paroquial de Talhas (adesão em 2004)

CERCIMAC – Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados do município C (adesão em 2005) Cooperativa Soutos Os Cavaleiros (adesão em 2010)

Nuclisol Jean Piaget (adesão em 2004)

Santa Casa de Misericórdia do município C (adesão em 2000) Associação Cruzeiro de T. (adesão em 2011)

Instituições de Ensino Particulares

Instituto Piaget – Campus Académico do município C (adesão em 2002) Pessoas em nome individuais

Maria Teresa Salselas (adesão em 2007) Outras entidades

Comissão de Proteção de Crianças e Jovens do município C (adesão em 2000) Núcleo Local de Inserção – Rendimento Social de Inserção (adesão em 2011) Cooperativa NOS (adesão em 2011)

Projeto Laços - CLDS município C (adesão em 2011) FEE Portugal – Foundation for Environmental Education.

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De acordo com as informações obtidas, verifica-se que alguns parceiros são de expressão local (Ex: Agrupamento de Escolas e Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários) um ou 2 exemplos de cada), regional (Ex: DREN [Direção Regional de Educação do Norte], MEC [Rede de Bibliotecas Escolares e o Plano Nacional de Leitura], Centro Distrital de Segurança Social de V., CRI – Centro de Respostas Integradas – V. R., AIIM - Associação de Imigrantes de Trás-os-Montes, Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P. – Centro de Respostas Integradas do distrito), nacional (Ex: DGV [Direção Geral de Viação], CPCJ [Comissão Nacional de Proteção das Crianças e Jovens em risco]), e até de expressão internacional (FEE Portugal – Foundation for Environmental Education).

Concluindo, transformar a comunidade num parceiro da autarquia é uma estratégia que permitirá a todos olhar esse sistema organizacional como uma instância de resolução dos seus problemas e de resposta às suas expectativas, devolvendo-lhe uma função social através dos seus projetos de animação socioeducativa/sociocultural e de desenvolvimento local.

5.7. Articulação e liderança dos projetos em rede

Segundo Blanchard, Zigarmi e Zigarmi (1986: 97), as três aptidões mais importantes que os gestores podem utilizar, são a flexibilidade, o diagnóstico e o acordo. Ora, partindo do pressuposto de que “as redes implicam uma multiplicidade de conexões” (Carrilho, 2008: 83), importa perceber o enquadramento relacional que existe entre os atores intervenientes nos projetos socioeducativos da autarquia A.

À quinta questão feita à vereadora da educação do município A: “alguma destas entidades é líder”, apurámos que “o Município tem tido um papel mais interventivo, é o dinamizador destas atividades, dá o apoio logístico, técnico e financeiro para que elas se realizem e tenham êxito.” Significa que o líder dos projetos, é sem dúvida o município A. Todos os demais intervenientes, são meros parceiros, os quais adotam uma “predisposição para negociar e agir com base na mudança” (Carrilho, 2008: 90).

Considerando a existência de parceria, visto existir uma relação entre diferentes atores, tornou-se pertinente perceber como se articulam as várias entidades na realização

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dos projetos. A vereadora do município A esclareceu-nos, respondendo à sexta pergunta da nossa entrevista, que “normalmente é através de reuniões onde têm participação as várias entidades, desde o CME, ao CLAS, à CPCJ e também através de protocolos de parceria”. Acrescentou, dando exemplos: “no âmbito de um protocolo de parceria com a Associação Bandeira Azul da Europa, o município A financia a inscrição do AEGM neste projeto, que se destina à comparticipação de parte das despesas inerentes ao Programa; na RBE, o município A dá a colaboração técnica no domínio da organização, gestão e funcionamento das bibliotecas escolares, entre outras obrigações; as atividades de Verão são organizadas em parceria com a SCMB, que fornece as refeições às crianças e aos jovens e disponibiliza, por vezes, técnicos para trabalharem em conjunto com os técnicos da autarquia.”

Os resultados, segundo Carrilho (2008: 85), não decorrem de uma mera justaposição de tarefas, mas sim da sua articulação. Optamos por considerar que os representantes dos parceiros desenvolvem e articulam tarefas que se integram em determinado projeto.

Importou ainda ter em conta o ponto de vista da vereadora da educação do município A, relativamente aos “benefícios da parceria com outras entidades” (questão n.º 7). Encontramos um discurso apreciativo, dando um papel de relevo à parceria com outras entidades, considerada um contributo positivo na utilização conjunta de recursos disponibilizados. O argumento dado pela vereadora da educação foi que “por um lado há uma melhor gestão dos recursos existentes no concelho, por outro, mobilizando os diferentes setores da sociedade unem-se esforços no sentido de encontrar respostas para as necessidades e expectativas da comunidade.”

Em resumo, na perspetiva da entrevistada, as funções de liderança dos projetos socioeducativos do município A, cabem ao próprio município. Depende da autarquia a definição de objetivos dos projetos, a implementação de atividades ajustadas à fase etária do público-alvo diversas funções relacionadas com o estruturar, distribuir funções, orientar, coordenar, controlar, motivar, elogiar, punir, reforçar, etc. No entanto, a marca dum verdadeiro líder é ele saber descobrir colaboradores e utilizá-los de acordo com as suas aptidões (Blanchard e Zigarmi, 1986). Por tal, é primordial numa determinada

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organização, onde existem projetos em rede, criar laços de articulação com atores externos à organização em causa.

A articulação entre parceiros procura valorizar, incentivar e apoiar o município no desenvolvimento de ações que visem atos socioeducativos, em que o meio, os valores, as tradições, as realidades e saberes locais se expressem em projetos socioeducativos direcionados para uma educação plena e uma cidadania ativa (Lima, 2007).

5.8. Trabalho em rede ou cooperação?

O relacionamento entre as autarquias e os diversos parceiros pode ser considerado trabalho em rede ou, apenas, mera cooperação. Considerando anteriores referências à definição de “rede” (Carrilho, 2008; Lima, 2007; Portugal, 2007), podemos inferir que o trabalho em rede possibilita aos seus intervenientes meios para transformar positivamente as suas vidas e a vida da comunidade em que estão integrados e ainda crescer educacionalmente e profissionalmente.

Na Wikipédia, podemos perceber o significado mais comum, dado ao termo “cooperação”: “Cooperação, no contexto da economia e sociologia é uma relação baseada na colaboração entre indivíduos ou organizações, no sentido de alcançar objetivos comuns, utilizando métodos mais ou menos consensuais. A cooperação opõe-se, de certa forma, à competição”.

A cooperação é ainda vista por muitos indivíduos (Baixinho, 2008; Carrilho, 2008; Lima, 2007; Magalhães, 2004) “como a forma ideal de gestão das interações humanas, pondo a tónica na obtenção e distribuição de bens e serviços em detrimento da sua confiscação ou usurpação. Para esse fim, coopera-se através da troca ou pela partilha altruística.”

Analisando a entrevista à vereadora da educação do município A, pudemos constatar que, do ponto de vista expresso pela vereadora através da resposta dada à questão número 8 (Existe partilha de informação ao longo de todo o processo?), existe partilha,

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sendo esta “feita até muitas vezes em primeira linha, de forma informal, pela proximidade, pelo conhecimento e relações interpessoais dos vários intervenientes.”

Através da observação direta, tivemos oportunidade de acompanhar, estando diretamente relacionadas, tanto profissionalmente, como pessoalmente, alguns destes projetos. Verificamos que as relações de proximidade existentes entre os diferentes atores têm aspetos positivos, mas também têm configurações negativas. É positivo, na medida em que facilmente todos os intervenientes discutem aspetos a melhorar, a modificar, fazendo uma avaliação informal sempre que existem momentos de contacto pessoal. No entanto, as relações de proximidade também constrangem, por vezes, os atores na abordagem de aspetos negativos de procedimento, pois sentem-se muitas vezes limitados, pelas relações de amizade.

Carrilho sugere (2008: 88) que a “relação entre atores, decorrente de pressupostos- chave, tem tradução prática em elementos-base da intervenção cuja dinâmica consiste na inter-relação de alguns níveis”, entre os quais a “definição e concretização de tarefas que possibilitam o alcance dos objetivos na base da disponibilização e partilha de recursos humanos, financeiros e materiais”.

Partindo do pressuposto que o trabalho desenvolvido pelas autarquias pode ser considerado um trabalho em rede, no qual, existe partilha de recursos (questão número 9 - Existe partilha de recursos no desenvolvimento do projeto?), questionamos a vereadora da educação do município A, para percebermos se as práticas municipais confirmam as conjeturas do trabalho em rede.

Apesar de ser dito que de facto existe partilha de recursos, ficou alguma ambiguidade quando se afirmou que “essa é uma das principais finalidades das parcerias, evitar a sobreposição e dispersão dos recursos existentes, diminuindo os custos e aumentando a eficácia.”

Segundo Lima (2007: 164-165), “diversos autores têm-se virado para um novo modelo de regulação das políticas públicas: o das redes de governação”, como forma de superar dificuldades e limitações, “ao acentuarem a necessidade de um forte controlo intraorganizacional, da gestão por objetivos e dos incentivos à competição, as reformas gerencialistas inspiradas pela doutrina da Nova Gestão Pública, as quais, conduzem a

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ignorar ou a menosprezar a necessidade de cooperação e de relações de confiança entre os atores.” Relativamente a este aspeto, questionamos a autarquia sobre o surgimento de hipotéticas dificuldades (questão número 10 - Que dificuldades surgem na parceria com outras entidades?), na parceria com outras entidades, salientando a vereadora da educação do município A, que “muitas vezes, a principal dificuldade é a falta de recursos humanos, os técnicos que trabalham nestes projetos têm um trabalho acrescido”. Na perspetiva da autarquia, existem técnicos com tarefas acrescidas, na prática dos projetos socioeducativos, prevendo-se uma menor eficácia na sua concretização, em virtude da falta de apoio humano. Significa que o protocolo com outras instituições e os laços de parceria com outras entidades não têm reforçado o apoio necessário à autarquia, no desenvolvimento dos seus projetos socioeducativos.

Partindo do pressuposto que a entrevistada percecionava diferenças entre trabalho em rede e cooperação, questionámo-la, no sentido de clarificar essas diferenças relativamente aos projetos autárquicos.

Lembramos o conceito de rede, aplicado à gestão pública, segundo Carvalho (2003:2) na gestão e condução de políticas e programas sociais em rede, sendo uma “riqueza democrática de parcerias com outros atores sociais” que “pressupõe uma vocação cooperativa, uma forma de organização horizontal.” A mesma autora (2003:3) assume a

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