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Quais os padrões de utilização e que motivação apresentam para o uso do Facebook?

A rede social Facebook, como plataforma de comunicação e interação social, assume-se como um canal eficaz para os utilizadores disseminarem informação, desenvolverem e manterem relações sociais. O Facebook constitui-se como um espaço digital capaz de atrair e ocupar um lugar de destaque nas rotinas de milhões de utilizadores, transversal a várias faixas etárias, numa escala mundial.

Através dos dados recolhidos da nossa investigação apura-se que a maioria dos estudantes possui conta no Facebook há mais de três anos, que acede diariamente a esta rede social mais do que três vezes, despendendo em média de cada vez que acede ao Facebook cerca de 45 minutos, o que constitui um indicador do nível de envolvimento no Facebook. Comparando com os dados obtidos que se prendem com os itens 9 -Tempo de duração média de cada vez que acedo ao Facebook e 10 - O meu número de amigos no Facebook e que sendo da mesma natureza dos itens que se prendem com a utilização, apontam para o envolvimento dos sujeitos no Facebook e também para a modalidade do seu uso indicando que alguns dos estudantes se demoram nesta rede social enquanto outros a usam durante alguns minutos. No que respeita às tecnologias utilizadas para acederem ao Facebook, poder-se-á afirmar que a grande maioria dos estudantes recorre ao computador e ao telemóvel.

Para além da utilização do Facebook os inquiridos também utilizam as redes sociais YouTube, Instagram, Google + e Twitter. Quanto aos principais momentos em que acedem ao Facebook, grande parte dos inquiridos refere fazê-lo ao final do dia e a partir de casa. No que concerne às funcionalidades mais valorizadas no Facebook, constata-se que as cinco principais atividades referidas remetem para conversar no chat, ver as notificações, ver o mural, gostar de itens e ver/ comentar posts, fotos, música, imagens e vídeos de amigos. A investigação de Cohen et al. (2012) junto de jovens americanos entre os 15 e 25 anos, comprova que as atividades online com maior proeminência recaem no envio de mensagens, na partilha de atualizações ligadas ao estado pessoal e fazer postagens ligadas a atividades e interesses pessoais.

Evidencia-se no nosso estudo, como já mencionado, que grande parte dos inquiridos afirma que o que postam no Facebook é visível para todos os “amigos”, contrapondo ao que Gross e Acquisti (2005) referem, ou seja, em certas ocasiões os indivíduos querem que as informações pessoais sejam conhecidas somente por um círculo

muito limitado de amigos chegados, noutros casos, revelam informação a pessoas que não conhecem, mas não àqueles que os conhecem melhor.

Relativamente às motivações que levam os inquiridos a usar esta rede social, a maioria dos estudantes declara usar o Facebook para manter contacto com os antigos amigos e colegas e apenas 12% (43) revela usar esta rede para conhecer novas pessoas e fazer novas amizades. Estes dados vão ao encontro do que Lampe et al. (2006) e Ellison et al. (2007) evidenciam, ou seja que o Facebook é usado para manter as relações offline ou manter o contacto com os amigos e fortalecer as relações já existentes. Em Lampe, Ellison e Steinfield (2006) a maioria dos inquiridos indicou manter o contacto com os amigos da universidade e querer ficar a saber mais sobre as relações offline, ao passo que conhecer pessoas online para encontros offline foi relatado como uma improvável motivação para o uso do Facebook pelos entrevistados.As motivações da utilização das redes sociais pelos jovens prendem-se, em Colás, González e Pablos (2013) com a partilha de experiências com os amigos, para terem conhecimento daquilo que os amigos referem acerca do upload que fazem das fotos e para fazerem novos amigos.

No nosso estudo a maioria dos estudantes tem como principais “amigos” pessoas amigas e colegas com quem estão frequentemente, seguindo-se de pessoas amigas e colegas com quem não estão frequentemente e de pessoas da família. Esta constatação é indicadora de que o Facebook ajuda a manter os relacionamentos offline, como se as pessoas se deslocassem de uma comunidade offline para online. Reforça-se a ideia de que o Facebook é usado essencialmente para comunicar/socializar com pessoas que já fazem parte dos círculos de amizade offline dos sujeitos. Em boyd e Ellison (2007) a originalidade dos sites de redes sociais prende-se com a possibilidade de articular e de tornar visível as suas redes sociais e não com a possibilidade de os indivíduos conhecerem estranhos. Isto resulta das conexões entre os indivíduos e dos laços latentes de quem partilha alguma conexão na esfera “real”. Em muitos dos grandes sites de redes sociais, os utilizadores não estão necessariamente em rede ou querendo conhecer novas pessoas, em vez disso, querem comunicar com pessoas que já fazem parte da sua rede social alargada (boyd e Ellison, ibidem).

Dos inquiridos do nosso estudo poucos são os que indicam ter “amigos” ou contactos que se prendem com instituições de solidariedade social, associações ambientais/defesa dos direitos dos animais, organizações não-governamentais, ativistas/comentadores políticos e organizações de movimentos civis. Para boyd e Heer (citados por Young e Quan-Haase, 2009) o que atrai os jovens a aderirem às redes sociais

online é a sua capacidade de conversar com os amigos, partilhar artefactos digitais, ideias e a conectarem-se a vastas redes de pessoas. Para Notley em Colás, González e Pablos (2013) os jovens escolhem juntar-se às redes online para participarem na sociedade estando subjacentes os interesses pessoais, relacionamentos, necessidades e as competências ligadas às TIC.