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2. Redes sociais definições e caracterização

2.1. Redes sociais quatro metáforas

Aguiar (2007) salienta que as redes sociais têm sido descritas através de quatro metáforas: árvore, malha ou trama, teia e rizoma.

Para Aguiar (2007) as redes sociais na Internet fazem sentido, justamente como agrupamentos complexos instituídos por interações sociais apoiadas em tecnologias digitais e de comunicação. Assim, na abordagem das redes sociais, requer-se ter em conta não apenas os fatores tecnólogicos mas também as pessoas que interagem umas com as outras pela mediação tecnológica. No mesmo sentido, Recuero (2009:36) identifica que “a interação mediada pelo computador é também geradora e mantenedora de relações complexas e de tipos de valores que constroem e mantêm as redes sociais na Internet”.

Aguiar (2007) evidencia, que as redes sociais representadas pela árvore, malha ou trama, teia e rizoma prendem-se com a forma como se processa a fluidez de informação entre os nós e os graus de interação entre esses nós.

Árvore corresponde a uma representação da rede, na qual a informação e a comunicação se ramificam até um limite ou indefinidamente, à medida que se inserem novos integrantes. Corresponde ao modelo de redes de telerradiodifusão (broadcast) da comunicação hierarquizada, controlada e unidirecional - de um para muitos. “A Internet serve de base para serviços de distribuição de informação personalizada, como o RSS e o podcast, quando para mensagens não solicitadas de e-mail (spams)” (Aguiar, 2007:5).

Malha ou trama é a metáfora para representar as ligações simétricas entre “nós”, como uma rede de pesca em que a informação flui por contágio, de nó em nó. Pode ser utilizada como tática para convocar petições online e mobilização para atos públicos. Este modelo vem sendo reaproveitado para as tecnologias sem fios, sendo cada computador receptor e transmissor ao mesmo tempo (ou roteador) de uma ligação à Internet para o computador mais próximo, formando uma rede ponto a ponto.

Teia pressupõe uma liderança, uma coordenação, um facilitador ou um centro irradiador que distribui mensagens recebidas de qualquer nó para todos os nós da rede, não havendo qualquer comunicação direta entre eles, na medida em que qualquer mensagem é enviada a um nó central (máquina ou pessoa) que a distribui para todos numa comunicação de um para todos. É o modelo mais utilizado nas redes organizacionais e interorganizacionais incluindo as ONGs, movimentos sociais e listas de discussão, pressupondo uma relação horizontal e não hierarquizada. A teia corresponde também ao padrão dos sites de redes sociais, em que “amigos” e “amigos de amigos” são adicionados a cada perfil ou página individual.

Rizoma representa o padrão mais complexo de rede e corresponde a uma multiplicidade de relações assimétricas de comunicação e de multidirecionalidade, ou seja, o fluxo de informações pode surgir de qualquer ponto podendo qualquer pessoa enviar mensagens para todos, simultaneamente. Os nós e vínculos são heterogéneos, na medida em que, as relações se estabelecem de diversos modos, com ruturas e mecanismos de auto-reorganização, com uma dinâmica própria. O rizoma corresponde às conexões interpessoais estabelecidas na vida quotidiana e na Internet. Castells (citado por Allen, 2012:s.p.) descreve as redes sociais como rizomáticas no sentido em que se encontram sempre ligadas, emergindo ou estando mais submersas: they are

underground, they emerge, they go down, and are connected all the time”. Castells refere-se ao termo rizomático para designar os movimentos surgidos nas redes, sem um líder ou um centro identificável. Contudo, é reveladora a existência de funções coordenadas pela interação de múltiplos nós. Daqui advêm os movimentos rizomáticos que equivalem a “roots of the new life spreading everywhere, with no central plan, but moving and networking, keeping the energy flowing,waiting for spring”, (Castells citado por Fuchs, 2012:782).

Para Ellison et al.(2009) os sites de redes sociais ou Social Network Sites (SNS) têm vindo a integrar-se nas práticas diárias dos utilizadores, sendo a sua utilização mais evidente entre os jovens, embora rapidamente se esteja a espalhar entre as faixas etárias mais velhas. Os sites de redes sociais constituem novas formas de comunicação permitindo digitalmente representar as conexões sociais gerando interatividades muito vastas, podendo até mesmo levar à criação de comunidades virtuais e provocar alterações de comportamentos nas massas. De acordo com Ellison et al. (2009), as redes sociais afiguram-se com potencial para mudar os padrões da interação tanto ao nível interpessoal como da comunidade, articulando explicitamente as conexões também para visualizar a rede social de cada um. O nível interpessoal prende-se com a informação dos perfis de cada utilizador, servindo para baixar as barreiras às interações sociais e estabelecer conexões entre os utilizadores. Ao nível da comunidade a organização dos sites das redes sociais orienta-se para a conexão entre aqueles que partilham interesses ou preocupações.

2.2. Fases e principais redes sociais

Para boyd e Ellison (2007), Colás, González e Pablos (2012), as redes sociais passam por diversas fases. A primeira fase desenrola-se entre 1997 e 2001 e caracteriza- se pela criação de comunidades virtuais muito numerosas, que oferecem aos utilizadores uma combinação diversificada de perfis. Em 2001 surge uma nova era das redes sociais ligadas aos negócios e às profissões, constituindo um poderoso instrumento para a economia global. A terceira fase corresponde aos nossos dias e caracteriza-se pelo facto de as redes sociais serem um alvo de atenção e objeto de estudo para os pesquisadores em diversas áreas. Neste contexto, Colás, González e Pablos (2012:16) referem”This has resulted in virtual social networks becoming privileged scenarios to carry out promissing lines of research”. Ajudando-nos, desta forma, as pesquisas sobre as redes sociais, a compreender melhor as práticas, as implicações, a cultura e os significados dos espaços virtuais. Na Figura 5 encontram-se representadas as fases das redes sociais.

Figura 5 - Fases das redes sociais, boyd e Ellison (2007) e Colás, González e Pablos (2012)

Colás, González e Pablos (2012) revelam que os jovens expressam-se cada vez mais através do sistema de comunicação virtual, povoando as redes sociais. As redes sociais, sendo cada vez mais utilizadas, de forma extensa e oferecendo um contacto pessoal direto, tornam-se numa forma relevante de comunicação, relativamente a outros meios mais tradicionais. Para boyd e Ellison (2007) as redes sociais virtuais constituem uma dimensão alargada de inter-relacionamentos entre grupos de vários quadrantes geográficos e linguísticos, variando de acordo com as suas características e com