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A evolução da Internet e dos sites de redes sociais direcionam-se para novos cenários de interação social. O Facebook, agregando vários aplicativos, transforma-se num espaço que cria não somente uma proximidade entre os utilizadores mas também um espaço interativo alargado a vários amigos, amigos de amigos e a comunidades de participantes, propiciando a participação ativa e pública dos utilizadores, para colaborar, trocar informações, reforçar laços sociais na rede e fora dela, (re)construir conhecimentos, permitindo promover e reconfigurar diversas formas de atividades no âmbito social, cívico e político.

Relativamente ao uso do Facebook e à participação cívico política dos jovens, os dados do nosso estudo, revelam que a maioria respondeu favoravelmente ao considerar que o Facebook os alerta para assuntos que de outra forma não prestariam atenção, contra apenas algumas opiniões contrárias. O RM mais elevado também foi atribuído a esta questão o que chama a nossa atenção para o facto de os jovens recorrerem ao Facebook como uma forma de obter informação, pois grande parte não consome notícias veículadas através dos modelos de comunicação mais tradicionais constituindo as redes sociais um meio que disponibiliza informação, que se encontra mais acessível aos jovens. Como já referido, de acordo com Cohen et al. (2012) as postagens do Facebook e tweets do Twitter da família e amigos constituem as fontes de transmissão das notícias e informações.

O Facebook não é visto particularmente como instrumento de contestação, ou defesa de causas mas e embora se tenha registado algumas respostas neutras, os sujeitos

referem ter usado esta rede para discutir assuntos da atualidade. A maioria dos estudantes concorda que os jovens usam pouco o Facebook para expressar as suas opiniões sobre a sociedade em que vivem, o que de algum modo revela que têm uma perspetiva crítica sobre este não uso da rede com essa finalidade. Considerando o estudo de Santos (2011), a relação que os jovens têm com as novas tecnologias sobretudo, a Internet e seus aplicativos, torna-os mais ativos e mais participativos na esfera social e política, dadas as inúmeras possibilidades de se manifestarem através desses meios. Ao contrário, o nosso estudo revela, que apesar de os jovens integrarem o Facebook nas suas práticas diárias para socializarem, interagirem e comunicarem com os amigos ou amigos de amigos, não utilizam o Facebook como espaço mediador para exercerem uma participação na vida cívico-política, o que denota o desinteresse dos jovens pelas questões cívicas e políticas. O nosso estudo vai ao encontro do que Smith et al. (2009) e de Kahne, Lee e Feezell (2012) mencionam, ou seja, os jovens utilizadores da Internet, revelam que apesar de responderem com facilidade às novas tecnologias e à comunicação em rede não tiram um aproveitamento dessas tecnologias para o campo político ou cívico. Ao contrário do nosso estudo, o estudo conduzido por Cohen et al. (2012) revela que alguns jovens recorrem aos media digitais para se envolverem significativamente na mudança socio-política e aproveitarem um conjunto alargado de práticas participativas no âmbito político.

De acordo com Livingstone citada por Santos (2011:383) a presença da Internet “nas questões cívicas é o caminho para despertar os interesses dos jovens que utilizam essas ferramentas” podendo ser um atrativo para promover participações socio- políticas, ainda referindo Livingstone em Santos (ibidem) “a motivação pelos interesses em questões cívicas irá depender do grau de socialização, interesse e experiência cultural dos jovens”. O envolvimento dos jovens com os novos média tem o potencial de fortalecer a sua participação no âmbito cívico e político, e neste sentido em Kahne et al. (2012), os jovens, ao se envolverem com as novas tecnologias digitais, confrontam- se com novas formas de comunicação e de interação online, podendo partilhar interesses e ser encorajados a uma participação ativa em questões cívicas e políticas. A utilização do Facebook e a aproximação dos jovens a esta rede social, relativamente à promoção de dinâmicas cívicas e políticas, sugere que os amigos destes jovens utilizam esta rede social para promover essas ações. Porém, no nosso estudo os jovens preferem utilizar a rede social Facebook numa esfera mais pessoal e essencialmente para comunicar/socializar com pessoas que já fazem parte dos círculos de amizade no

domínio offline dos sujeitos, como anteriormente já tivemos oportunidade de referir. Ou seja, não há grandes evidências de participação cívica dos jovens e ainda menos de participação política.

O conjunto de respostas concordantes, no nosso estudo, evidencia que uma parte significativa dos sujeitos considera que de facto, os amigos mais ativos cívica e politicamente usam o Facebook como instrumento para essa participação. O Facebook é usado como ferramenta, que favorece ações políticas, por aqueles que já participam a nível offline, indo ao encontro de Valenzuela, Park e Kee (2009) que demostram que a participação política offline se encontra associada à política online e a participação cívica offline está associada a grupos cívicos online. Pode-se salientar que as tecnologias de informação e de comunicação promovem a ação política nos casos em que os indivíduos já possuem interesse pelas causas em questão, como refere (Abílio citado por Santos, 2011).

O resultado do nosso estudo não se distancia da investigação de Cohen et al. (2012:vii) onde se regista que grandes proporções de jovens usam os média sociais online, regularmente, para se manterem ligados à família, amigos e perseguir interesses ou de Colás, González e Pablos (2013) segundo o qual os jovens utilizam as redes sociais para socializar. Porém, e como referem Cohen et al. (2012) aqueles que utilizam os novos meios de comunicação para defender os interesses, hobbies ou mesmo para jogarem podem estar a adquirir conhecimentos ou habilidades ligadas ao capital social digital, o que poderá contribuir para tornar provável um envolvimento na política participativa.

5. Qual a participação cívica e política dos jovens da amostra em contextos offline?