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Apesar de exigir-se a participação dos Diretores e Coordenadores Pedagógicos entre 1994 e 1996, esta se referia, apenas, a ações de fiscalização certificadas com o carimbo e assinatura nas planilhas oficiais de PEA, mas não regulamentadas em Portarias específicas.

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A Evolução Funcional é um benefício concedido mediante solicitação do interessado atendendo a critérios relacionados ao tempo de serviço e à consecução de Títulos.

Os Projetos Especiais de Ação, somente sete anos após sua última regulamentação, concretizam-se, na gestão da prefeita Marta Suplicy (PT), como instrumentos integrantes da política de formação de professores do município. A Portaria nº 1.654, de 5 de março de 2004, em suas proposições iniciais, que justificavam as orientações relacionadas ao PEA, considerava “a política de formação de educadores em face das diretrizes da Secretaria Municipal de Educação: Democratização do Acesso e Garantia da Permanência; Democratização da Gestão e Qualidade Social da Educação” (SÃO PAULO, 2004) e assumia- os, oficialmente, como instrumentos destinados a formação em serviço dos professores.

No entanto, as alterações significativas corresponderam às concepções orientadoras da política educacional mais do que a mudanças na estrutura dos projetos (carga horária, frequência, abrangência da participação, dados mínimos). Os artigos e os parágrafos associavam as definições quanto à forma do PEA a conteúdos e metodologias correspondentes ao ideário político em que a portaria se fundamentava.

Um exemplo disso eram as especificações relacionadas às modalidade dos Projetos, que passaram a ser organizadas em dois grupos: Formação Permanente da Comunidade Educativa e Gestão Democrática, que se desdobravam em ações curriculares sistematizadas.

Essas ações curriculares, estruturadas em eixos no interior de cada um dos grupos, caracterizavam-se por conteúdos afinados com as teorizações de uma Pedagogia Crítica a partir das quais as escolas deveriam orientar suas reflexões e promover as transformações das práticas educativas.

Mesmo que as disposições estabelecidas pela Portaria nº 1.654 se justifiquem pela “necessidade de estabelecer critérios gerais para que as Unidades Educacionais possam elaborar, desenvolver e avaliar seus Projetos Especiais de Ação, em consonância com o Projeto Político Pedagógico” (SÃO PAULO, 2004), suas especificidades acabaram por desenhar um currículo bastante definido para a formação em serviço dos professores municipais.

Além disso, os programas realizados pela Secretaria Municipal de Educação15 deveriam ser considerados nos PEAs das escolas que os desenvolvessem. De qualquer maneira, filiadas ou não a esses programas, as escolas encontravam direcionamentos bem determinados sobre a concepção educacional e os conteúdos priorizados pela gestão municipal.

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Projeto Vida (Escola Aberta, Educom.rádio, Vamos combinar, Observação Escolar de Segurança Urbana); Recreio nas Férias; Círculo de Leituras; Orientação Sexual e Projeto Especiais.

Os PEAs configuravam-se como instrumentos promotores de “reflexão sobre o cotidiano vivido com o objetivo de transformação das práticas educativas” (SÃO PAULO, 2004). Uma reflexão, contudo, definida de antemão pelo estabelecimento dos referenciais teóricos, do enquadramento das ações curriculares e, até mesmo, das concepções sobre os elementos escolares16, que a inseriam dentro de um prospecto limitado de possibilidades. O currículo, por exemplo, deveria, de acordo com o parágrafo 1º do artigo 2º, ser compreendido como uma construção sociocultural e histórica, e os procedimentos metodológicos (investigação, problematização, sistematização), que orientariam o trabalho desenvolvido pelas escolas, seriam, também, determinados por essa Portaria.

Outros mecanismos de implantação das diretrizes municipais foram instituídos por essa Portaria. O Grupo de Acompanhamento da Ação Educativa (GAAE), composto por funcionários da Diretoria de Orientação Técnico – Pedagógica e Supervisor Escolar capacitados através de assessorias prestadas por universidades, deveria ser responsável pela análise, pelo acompanhamento e pela aprovação dos PEAs das unidades educacionais.

Esse grupo mediava o diálogo entre as escolas e os conhecimentos teóricos produzidos que referendavam as transformações propostas pela Secretaria Municipal de Educação. Sua atuação consistia em encaminhar e justificar ajustes a serem viabilizados pelas escolas em suas ações futuras, objetivando uma consonância cada vez maior com o ideário educacional do município, que se embasava na concepção de Qualidade Social da Educação. De modo que um dos critérios de análise para que o GAAE deferisse a aprovação de um Projeto correspondia à atualização da bibliografia.

Além disso, foram estipulados parâmetros específicos para embasamento das avaliações institucionais acerca do PEA. Esses parâmetros representavam critérios objetivos e levavam em consideração: a frequência e a pontualidade dos participantes; o cumprimento do cronograma apresentado; a obtenção dos resultados esperados descritos como atingidos totalmente, parcialmente atingidos ou não atingidos; o aproveitamento e a pertinência das referências bibliográficas; o registro detalhado das atividades17.

A Portaria nº 1.654, portanto, acomodou um discurso educacional renovado em uma fórmula para condução do trabalho coletivo, que sofreu poucas alterações. Sob uma perspectiva democrática, que valorizava a autonomia e a participação pública, acabou por

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O parágrafo 1º do artigo 2º determinava que o currículo devesse ser entendido como construção sociocultural e histórica. Outro exemplo se apresentava na delimitação dos procedimentos metodológicos sob os quais os PEAs seriam submetidos no interior das escolas: investigação, problematização e sistematização.

17 Os parâmetros são utilizados até a atualidade, incluindo-se o registro, no mínimo bimestral, das avaliações

desenhar as fronteiras das reflexões produzidas pela escola e definir, formalmente, o PEA como instrumento de implantação dos programas e diretrizes municipais através da formação dos professores. E mais: sofisticou os aparatos de controle através dos grupos de assessoria pedagógica, do detalhamento das concepções orientadoras dos Projetos e da especificidade dos métodos avaliativos.