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5.1 ANÁLISE DOS DADOS

5.1.7 Quanto aos materiais produzidos

Neste segmento deitaremos nosso olhar para os materiais que a turma produziu ao longo do período letivo e que se relacionam com as atividades de uso das TIC: aqui estão incluídas as fotografias da atividade sobre este tópico, bem como a atividade de produção de um vídeo sobre a Primeira e Segunda Guerra Mundiais. O que nos interessa enfocar, nesse segmento, são os produtos propriamente ditos, os materiais que resultaram das atividades didáticas e dos estudos que conduzimos no período de nossa pesquisa. Eles incluem as TIC em seu processo de pesquisa e de elaboração final e foram pensados como formas de aplicação prática do conhecimento sobre a tecnologia, voltada para a disciplina de História.

Em termos estruturais – ou seja, em termos de forma e de conteúdo –, as produções condizem com o que se espera do uso das TIC: a turma conseguiu realizar as atividades sem grandes dificuldades no nível técnico. Para tanto, os estudantes fizeram uso de materiais próprios: as câmeras fotográficas dos aparelhos celulares e as câmeras de vídeo e software de edição de vídeo também instalados nos celulares.

Para efetuar a elaboração dos materiais, foram feitas orientações presenciais em sala de aula, nas quais explicamos os tipos de materiais e os formatos que esperávamos encontrar nas produções da turma.

Salientamos, desde o início, que era necessário atentar para as questões de forma – que incluem linguagem, roteiro, a “gramática” utilizada pelo meio de comunicação, o acabamento final – e de conteúdo – o trabalho de pesquisa conceitual prévio, o tipo de resposta encontrada para a tarefa proposta, a consistência da argumentação apresentada – e que ambos os aspectos estavam sendo avaliados pelo professor, assim como questões ligadas à pontualidade e à participação efetiva nas atividades.

As produções fotográficas foram efetuadas na viagem de estudos que realizamos à cidade de Panambi, quando visitamos o Museu Militar. Nossa intenção era aplicar a uma tarefa concreta os fundamentos da linguagem fotográfica e ver como a turma se envolveria e realizaria a atividade. O produto final desse processo foram as fotografias elaboradas pelos alunos, uma amostra da qual pode ser conferida na Figura Y;

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Figura 14 - Fotografia produzida na visita ao Museu Militar de Panambi – RS

Fonte: Allana Viegas.

Na figura abaixo, temos outra amostra do material produzido e postado na rede social Facebook.

Figura 15 - Imagem inicial da apresentação das fotografias

Fonte: Gabriel Sampaio.

Também solicitamos à turma que produzissem vídeos a partir do tema da Primeira e Segunda Guerra Mundiais. Aqui tivemos contribuições muito interessantes, que já começaram a

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ser efetuadas aquando da atividade com fotografia. Um dos grupos pelo menos fez a atividade com o uso de software de edição de imagens, o que deu a ela um caráter híbrido, entre a fotografia e o vídeo.

A nosso ver, isso demonstra o quanto as linguagens se complementam e se conectam em nossa época, o que nos remete ao conceito de convergência, abordado na revisão de literatura (JENKINS, 2009).

Nas atividades com o vídeo, sentimos uma participação maior, com resultados que revelam a criatividade da turma e o uso dos conhecimentos históricos que foram previamente estudados. Talvez isso se deva à interação havida entre os alunos para produzirem os vídeos, já que era uma atividade em grupo. Talvez também pelo fato de a interação ocorrer presencialmente, com as orientações sendo feitas e as dúvidas sendo tiradas em sala de aula. Ou talvez ainda se deva ao roteiro (SARAIVA; CANITO, 2004) construído previamente, que serviu de guia para a elaboração dos vídeos e cuja discussão em nível conceitual abordamos previamente. A pesquisa histórica que embasou as narrativas produzidas teve certamente um papel relevante no produto final.

No Diário de Bordo, registramos algumas observações sobre a experiência com o vídeo:

Vejo que a produção de vídeo agrega muita aprendizagem de diferentes formas: primeiro precisam interpretar o texto para a produção. Os alunos vão ler, rever, sem isso não vão ter capacidade de produção, criando uma cronologia e detalhamento na produção. Segundo, farão pesquisa para incrementar, usando fotografia, tabela e maneira de distribuição. Terceiro, a montagem final, os detalhes, o emprego da voz, forma correta de dicção, contribuem para autoavaliar. Quarto, aprendem a fazer roteiro e, neste caso, uns sobressaem sobre outros dentro do grupo com as tecnologias, mas todos acabam aprendendo. O trabalho produzido permite ser visto por várias pessoas, e a satisfação para os alunos mostra que valeu o trabalho, porque o retorno chega, e os enche de orgulho (Diário de Bordo, 12/07/2019).

O fato é que sentimos que nessa fase de nossa pesquisa as coisas realmente fluíram de maneira mais tranquila, e os materiais produzidos são a prova disso. A Figura 16, abaixo, mostra um vídeo que foi produzido por grupo de alunos já na atividade de fotografia.

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Figura 16 – Vídeo produzidos para a atividade de fotografia

Fonte: Captura de tela do Facebook.

Aqui tivemos iniciativa por parte de um dos grupos de alunos em mostrar a produção já na linguagem do vídeo, o que avaliamos de forma positiva, já que demonstra iniciativa e criatividade por parte dos alunos envolvidos. Foi o que registramos no Diário de Bordo:

Na segunda tarefa, de produção com fotografia, teve um grupo que fez mais do que o solicitado, entraram na dinâmica e produziram um vídeo. Mostra a capacidade do grupo de exercer a criatividade, sendo útil o conhecimento aprendido fora da escola, em tecnologia, como os cursos de informática em empresas particulares. Agora pode agregar à produção e incentivar outros alunos a buscar. Faz-se útil, antes seria usado somente quando entrasse no mercado de trabalho. Agora, ao contrário, vai levar mais esse conhecimento. No mercado de trabalho, a exigência, no sistema de automação que se amplia a cada momento, vai colocar um valor a mais no seu currículo. A escola passa a colaborar naquela tarefa de atender às exigências de mercado na informatização de produção industrial (Diário de Bordo, 13/05/2019).

O registro demonstra nossa grata surpresa com a iniciativa do grupo, que foi além do que era pedido no enunciado da atividade, trazendo já o vídeo e sua linguagem para a atividade com a fotografia. A convergência apontada por Henry Jenkins (2009) parece ter se manifestado nesse ponto.

O elemento didático que parece ter contribuído mais para que alcançássemos o resultado positivo foi, a nosso ver, a organização das instruções e a interação dos alunos. Isso nos remete às palavras de Salman Khan (2013), quando projetava uma escola para o futuro: atividades que envolvam a turma de forma a solucionar questões práticas. Se o engajamento

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não foi plenamente obtido nas discussões que conduzimos via Facebook, por outro lado foi plenamente alcançado nas atividades que envolviam o fazer prático e presencial. O desafio parece ser levar o mesmo tipo de atividade para a esfera online, ajustando os mecanismos que permitem interação nesse ambiente.

De qualquer forma, só o fato de disponibilizarmos os produtos das atividades nas redes sociais já aponta para a conexão possível entre o mundo “real” e o mundo “virtual” (LÉVI, 1996; RECUERO, 2009).