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que leva as pessoas a saírem do seu local de origem? O

No documento SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO (páginas 103-108)

que elas sentem ao chegar

num lugar novo?

Mudam os tempos, mudam as vontades… Mas o motivo de ir e vir das pessoas é quase sempre o mesmo: sobrevivência. Se na épo- ca dos homens das cavernas esse era o principal objetivo do nomadis- mo, imagine hoje!

Pense nas pessoas que saem do campo para a cidade ou da cidade pa- ra o campo; de uma cidade do interior (Porto Vitória/Pr, Missal/Pr) para outra maior (Curitiba/Pr, Londrina/Pr) ou vice-versa, da cidade grande para a cidade do interior; de um país (Brasil) para outro (Estados Uni- dos, Japão) ou vice-versa. O que leva estas pessoas a saírem do seu local de origem? O que elas sentem ao chegar num lugar novo? Como se dá a relação daquele que chega com o morador do local? Como é a adaptação de quem muda de um lugar para outro?

O fenômeno migratório sempre esteve presente na história da hu- manidade. Ao abordar as razões desse deslocamento populacional, precisamos considerar os movimentos da população e as suas implica- ções na estruturação do espaço geográfico. Esses movimentos ocorre- ram com diferentes intensidades, nos diversos períodos históricos. Leia o quadro 1 para enriquecer seus conhecimentos.

Quadro 1

Na metade do século XX ocorreu uma das mais expressivas migrações forçadas, provocada por conflitos religiosos entre muçulmanos e hindus, após a Índia conquistar a sua independência, em 1947. Esse conflito cul- minou com a divisão do território da antiga colônia britânica em dois países: um para os muçulmanos, o Paquistão e outro para os hindus, a Índia. Mais de 17 milhões de muçulmanos viram-se forçados a abandonar as áreas em que viviam na Índia para irem morar no Paquistão.

Fonte: MEDICI, M. de C. Geografia: a população mundial. 2002. Texto adaptado.

Os grandes deslocamentos de pessoas provocaram povoamento de regiões e modificações nas relações sociedade-natureza e sociedade- sociedade nestes espaços.

De que maneira as migrações desencadeiam mudanças nessas rela- ções? Discuta com seus colegas e anote as conclusões.

Fazer referência aos movimentos populacionais (migrações) im- plica compreender a existência de um movimento de saída e um ou- tro de chegada. Esses movimentos podem ser internos, dentro de um mesmo país, ou internacionais, que são os que acontecem entre paí- ses: emigrantes – saem do país de origem; e imigrantes – entram em um país que não é o seu.

Os movimentos populacionais, internos ou externos, podem ser es- pontâneos, quando a migração é livre; ou forçados, quando as pessoas sentem-se obrigadas a migrar, como é o caso do tráfico de pessoas para a escravidão e das perseguições de ordens diversas: religiosas, políticas, étnicas ou ambientais. No Brasil temos, como exemplo de emigração forçada, as perseguições políticas que muitos brasileiros sofreram por ocasião da Ditadura Militar de 1964 (veja o quadro 02), condenando-os ao exílio.

Teoricamente, essa época deveria ser protagonizada pelo “silên- cio”, melhor dizendo, pela falta de liberdade de expressão (veja o qua- dro 2 – Ditadura Militar). Porém, nem os burocratas encarregados da censura conseguiram calar a criatividade da Música Popular Brasileira (MPB). Chico Buarque, cantor e compositor, cansado de ser persegui- do e ter suas canções censuradas, inventou um personagem, Julinho da Adelaide, com o qual assinou algumas composições. Outros auto- res também usaram letras de músicas para fazer protestos, muitas ve- zes velados, naquele momento político.

Quadro 2

Ditadura Militar (1964-1979): foi um movimento deflagrado em março de 1964, no estado de Minas Gerais, sob o comando do general Olímpio Mourão Filho, contra o governo instituído do presidente João Goulart, que perdeu o comando no dia seguinte. O movimento estendeu-se até 1985. Embora a abertura política tenha sido instaurada a partir de 1979, só em 1985 tomou posse um presidente civil, José Sarney, ainda eleito pelo Congresso Nacional de forma indireta. Apoiado por empresários, proprie- tários rurais e setores da classe média, o movimento reagiu principalmente às “reformas de base” propostas pelo governo com o apoio de partidos de esquerda, acusando o presidente de pretender estabelecer uma “repúbli- ca sindicalista”. O período caracteriza-se pelo autoritarismo, supressão de direitos constitucionais, perseguição policial e militar, e utilização da tortu- ra dos presos e seqüestrados que se opunham ao regime. A liberdade de expressão nos meios de comunicação foi suprimida mediante a adoção da censura prévia. Foi de extrema importância para os governos militares o papel desempenhado pelo Serviço Nacional de Informação (SNI), criado pelo general Golbery do Couto e Silva.

Fonte: Enciclopédia Encarta, 2001. Texto sistematizado pela autora.

No Quadro 3, leia a letra da música Sabiá, de Chico Buarque, e a poesia Canção do Exílio, de Gonçalves Dias.

Quadro 3 SABIÁ

Tom Jobim e Chico Buarque – 1968

Vou voltar

Sei que ainda vou voltar Para o meu lugar [...]

[...]

Sei que ainda vou voltar Vou deitar à sombra De uma palmeira Que já não há Colher a flor Que já não dá... [...] [...] Foi lá e é ainda lá

Que eu hei de ouvir cantar Uma sabiá

CANÇÃO DO EXÍLIO

Gonçalves Dias – 1847

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.

[...]

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá;

Sem que ainda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.

Na música de Chico Buarque explique que relação ela tem com os fatos que ocorriam naquele período. Analisando a Canção do Exílio e Sabiá, faça uma analogia entre as duas poesias escritas em períodos históricos diferentes. Você pode procurar a letra inteira da música e/ou ouví-la para auxiliar seu trabalho.

ATIVIDADE

As migrações espontâneas ou forçadas ainda podem ser controla- das, é o que acontece quando o Estado controla, ou tenta controlar, a entrada e/ou a saída de pessoas.

De maneira geral, os fluxos migratórios têm sido alvos de discus- sões polêmicas, haja vista os conflitos e problemas acontecidos nas áreas receptoras – questão de território X invasão de fronteiras X con- trole do Estado. Muito se tem discutido sobre os impactos no mercado econômico e na cultura das áreas de imigração.

Faça a leitura dos textos 1 e 2. Após a leitura, discuta as questões propostas. Apresente as conclusões.

ATIVIDADE

Texto 1

A ONU (Organização das Nações Unidas) calcula que, dentro de cinco anos (a partir de 2005), 50 milhões de pessoas vão ser consideradas refugiadas ambientais devido a proble- mas desta natureza nas regiões onde vivem. Estima, ainda, que hoje já existem tantos re- fugiados ambientais quanto pessoas que são forçadas a deixar suas casas por causa de distúrbios políticos ou sociais. Entre os problemas ambientais que deixam as pessoas refu- giadas estão: o esgotamento do solo, a desertificação, enchentes, terremotos e outros de- sastres naturais.

Fonte: ONU – Mundo terá 50 milhões de refugiados ambientais em 2010. Disponível em http://my.opera.com/RichardCooper/blog/ show.dml/42474. Acessado em 13/10/ 2005.

Texto 2

Em novembro de 2005, ocorreu um grave conflito social na França. Há 30 anos, o pa- ís estava aberto a uma onda maciça de imigração proveniente de países subdesenvolvidos. Sem uma política de controle da imigração, nem mesmo uma preocupação com as con- seqüências inevitáveis que essa chegada maciça de estrangeiros iria provocar nas esferas política, econômica e social, entraram na França cerca de 10 milhões de estrangeiros. Se- gundo as notícias divulgadas pelos meios de comunicação social, a maioria dos imigran- tes – árabes e negros – não se integrou à sociedade francesa, nem mesmo teve a intenção de fazê-lo, pois consideram seus bairros como territórios que lhes pertencem. A maior par- te dos habitantes dos subúrbios que sofreram distúrbios e incêndios apresenta uma atitude hostil ao Estado. Indiscutivelmente, a imigração maciça está no centro da crise social do pa- ís. Após os episódios de violência, as autoridades francesas perceberam o quão é impor- tante contar com políticas de controle da imigração. Espanha, Alemanha, Portugal e outros países da Europa não devem reproduzir os erros sofridos pelas primeiras gerações de imi- grantes, devem tirar lições da violência que sacudiu a França e rever a situação social dos imigrantes. A exclusão social foi a razão do conflito, além de outro fato agravante: se os es- trangeiros legais estão marginalizados nos subúrbios, imaginem a situação dos ilegais, mais expostos à armadilha da criminalidade.

Texto sistematizado pela autora

No documento SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO (páginas 103-108)