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or que uma decisão tão especial como esta pode

No documento SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO (páginas 133-137)

acarretar, no futuro próxi-

mo, importantes mudanças

na estrutura de uma população?

Por que atualmente as mulheres

têm menos filhos em relação às

gerações passadas? Será que esta redu-

ção no número de filhos por mulher

atinge a população de todas as regiões

no mundo? Em que momento da história

mundial da população a fecundidade*

tornou-se elemento responsável por um

novo padrão demográfico?

Quadro 1 *Fecundidade: A fecun-

didade é entendida como o número médio de filhos que uma mulher teria ao longo de seu período re- produtivo (15 a 44 anos, ou 15 a 49 anos, ou ain- da 20 a 44 anos, segun- do as autoridades de diver- sos países). Do ponto de vista demográfico, a análise da fecundidade tenta medir em que grau e como vão ocorrendo os nascimentos. A importância está no fato de que estes vão determi- nando, conjuntamente com a mortalidade e as migra- ções, o crescimento e a es- trutura da população. Tam- bém, o número de filhos que as mulheres têm es- tá estreitamente relaciona- do com aspectos tais como a variação da idade de ca- samento, que, por sua vez, sofre influência de fatores culturais (religiosos), eco- nômicos (como crise eco- nômica e atraso da idade de matrimônio), e políticos (como a política demográ- fica da China, que penali- zava casais com mais de um filho).

Fonte: Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul. Disponivel em http://www. scp.rs.gov.br /ATLAS /atlas. asp?menu=302

Para responder estas questões e outras relacionadas ao crescimen- to da população, precisamos ir além dos números e das estatísticas. A população não é algo que fique reduzida apenas a números. É preci- so considerar as classes sociais que a compõem, seus conflitos e suas relações sociais, seu modo de vida e seu tipo de produção econômica. De acordo com as condições e as possibilidades de vida de cada país, cada nascimento assume um significado particular.

Antes de entrarmos no contexto da população brasileira, é neces- sário refletirmos sobre o contexto internacional organizado a partir do capital, ou do sistema capitalista. O nosso referencial é a Revolução Industrial, que foi um fenômeno muito mais amplo que o crescimento da atividade fabril. Toda a sociedade foi atingida havendo, a partir da- quele momento, profunda transformação institucional, cultural, políti- ca e social. (Veja o Folhas “A indústria já era?”).

Durante as primeiras fases da história, a população obedecia às leis gerais da natureza. O crescimento demográfico estava intimamente re- lacionado ao aumento do território, dos alimentos e recursos disponí- veis, bem como às formas de organização social e o domínio técnico que funcionavam com extrema eficácia como fatores limitadores des- te crescimento.

A partir do século XVIII, certo número de países sofreu uma profun- da transformação que alterou, significativamente, a vida da sociedade. Estas transformações foram desencadeadas pela chamada Revolução In- dustrial. Progressos técnicos na agricultura e na indústria emergente, au- mento da rede de transporte e outras transformações no espaço geo- gráfico, sobretudo nas cidades, modificaram substancialmente a vida do homem no ocidente. Lembremos que as cidades neste período tinham péssimas condições sanitárias, não dispunham de rede de água ou es- gotos nem mesmo nos bairros habitados pela burguesia. Aos poucos, a melhoria nas condições sanitárias e o conhecimento de antibióticos e va- cinas proporcionaram a redução das taxas de mortalidade.

Inicialmente homens, mulheres e crianças, trabalhavam nas indús- trias, os primeiros fazendo jornadas que chegavam a 80 horas sema- nais ou seja, mais de 11 horas diárias, sem descanso. Mais tarde, de- vido à organização dos trabalhadores em associações e depois em sindicatos, houve regulamentação da jornada de trabalho, além de ou- tras políticas trabalhistas que foram, aos poucos, determinando melho- res condições de vida, bem como proibindo o trabalho infantil. Apesar da proibição, ainda ocorrem práticas de exploração do trabalho infan- til como as existentes na carvoarias em Minas Gerais.

A indústria, desde sua fase inicial de expansão, em alguns países da Europa, necessitava de trabalhadores e de consumidores para os seus produtos. Muitas pessoas atraídas pelas novas perspectivas de traba- lho e pelos benefícios encontrados nas cidades, saíram do meio rural e se dirigiram às zonas urbanas, engrossando a população das cidades e reduzindo o número de habitantes do campo. As transformações tam- bém foram para o meio rural, aonde chegaram novas tecnologias pa- ra a produção agrícola. Isto favoreceu a liberação de trabalhadores ru- rais, que se dirigiram às cidades para ocupar novos postos de trabalho nas atividades urbanas.

Os primeiros países que se industrializaram foram também os primei- ros que se urbanizaram. Parte deles tornou-se, mais tarde, integrante do grupo dos países desenvolvidos, graças ao processo histórico que lhes possibilitou excelente nível de crescimento econômico e social.

Com o decorrer da Revolução Industrial na Europa, e com os avanços dela advindos, aconteceu o que muitos denominam de explosão demo- gráfica, ou seja, ocorreu um elevado crescimento natural ou vegetativo (CV) resultado da diferença entre o número de nascimentos e mortes.

Para se ter uma idéia, foram necessários milênios para que o contin- gente populacional mundial atingisse a marca de 1 bilhão de habitantes, o que ocorreu por volta de 1850. Este crescimento estava condiciona- do a fatores limitantes, tais como a fome, as doenças (peste) e a guerra. O índice de crescimento da população mundial, entre 1650 e 1750, foi de 0,3% por ano e, entre 1750 e 1850, de 0,5%. A partir de 1850 houve crescimento da população, em torno de 2% a 2,5% ao ano.

Ocorreu uma acentuada diminuição nas taxas de mortalidade, pro- vocando assim a explosão demográfica. Para muitos, esse crescimento populacional representava uma conquista do homem que, ao se adap- tar melhor à vida no planeta, conseguia viver cada vez mais. Para ou- tros, o crescimento populacional era motivo de preocupação e deveria ser combatido, pois anunciava grandes problemas futuros.

Quando a explosão demográfica ainda se anunciava, o pastor, economista e demógrafo inglês Thomas Robert Malthus (1766 - 1834), em sua obra “Ensaio sobre a população”, considerava que o cresci- mento populacional era tido como uma das principais limitações ao progresso da sociedade. Segundo ele, o crescimento ilimitado da po- pulação não se ajustava à capacidade limitada dos recursos naturais existentes no planeta.

Malthus afirmava que a população, quando não controlada, cresce numa progressão geométrica – PG; enquanto que os meios de subsis- tência crescem numa progressão aritmética – PA. A solução apontada por ele era a sujeição moral, isto é, o homem não deve se casar en- quanto não tiver recursos suficientes para sustentar a família. Conside- rava esta idéia como melhor argumento para se reduzir à natalidade, além disso, condenava as práticas de anticoncepção.

Quais eram as conseqüências do crescimento populacional apontadas na teoria de Malthus? Ele te- ve razão? Deram créditos às suas idéias na época? Faça uma pesquisa sobre isso.

PESQUISA

Ao lançar suas idéias, Malthus propunha ao poder público criar me- didas para controlar o crescimento da população. Ele também era con- trário à Lei dos Pobres, que existia na Inglaterra, que obrigava o Estado prover as necessidades humanas vitais aos menos favorecidos. Essa lei, para ele, estimulava o crescimento populacional descontrolado, pois amparava justamente aqueles que mais procriavam e menos tinham condições de sustentar os filhos que colocavam no mundo.

Malthus acreditava também que a redução da jornada de traba- lho e o aumento de “salário além do nível de subsistência incentiva- ria o ócio e o desperdício e seria gasto em bebedeira e esbanjamento.”

(ALVES e CORREA, 2003)

Você concorda que ter momentos para o lazer e um salário que permita alguns gastos extras leve ao ócio e ao vício?

Será que essa Lei dos Pobres tem alguma semelhança com os programas implantados no Brasil, como: Bolsa-Escola, Vale-Gás, Bolsa-Alimentação, Cartão-Alimentação, Vale-Leite? Esses programas incentivam mesmo a natalidade entre os pobres? E você, o que pensa desses programas?

No documento SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO (páginas 133-137)