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Capítulo III Modelo de Gestão Escolar: Aplicação na Escola Pública Estadual do

3.4. Análise Descritiva dos Dados

3.4.5. Questionário aplicado aos alunos

Na intenção de descrever as percepções dos alunos das escolas públicas estaduais que participaram da pesquisa sobre o grau de eficiência e eficácia das gestões implementadas pelas escolas da qual fazem parte, implementou-se um questionário, cujo as respostas encontradas são traduzidas mediante gráficos logo a seguir.

A primeira pergunta buscou saber dos alunos como eles definem a gestão de sua escola (Apêndice 5). Para essa questão, esperava-se como resposta que os alunos definissem a escola como: excelente. As respostas dadas seguem no Gráfico 44:

Gráfico 44. Como os alunos definem a gestão de sua escola.

Fonte: Pesquisa realizada no mês de março (2009).

De acordo com o Gráfico 44, verificou-se que 8% dos alunos definiram como 2, ou seja, ruim a gestão de sua escola; 9% dos alunos definiram no nível 1, isto é, péssima; 40% dos alunos definiram como regular, nível 3; 28% dos alunos definiram como 4, ou seja, boa e 15% dos alunos definiram como excelente, ficando no nível 5. Realça-se o fato de que 40% é um percentual elevado, indicando que na definição dos alunos a gestão das escolas pesquisadas é regular, com nível 3, discordando com os 85% dos supervisores (Gráfico 16) que definiram a gestão da sua escola como boa.

8% 9% 40% 28% 15% RUIM = 2 PÉSSIMA = 1 REGULAR = 3 BOA = 4 EXCELENTE = 5

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Nesta variável, o desvio padrão se apresentou em 64,25, variando entre 39 e 89 pontos, sendo que sofreu menos variação o nível 2 e o nível 3 foi o que mais variou. Esses dados estão dentro do previsto, haja vista que o desvio padrão ficou entre os graus de variação.

Esse percentual denota a insatisfação dos alunos das escolas pesquisadas frente aos gestores de suas escolas que tem por obrigação ouvir as reivindicações dos alunos, denotando uma gestão democrática e participativa. Até porque o director da escola tem um papel altamente significativo para propiciar as condições que favorecem uma escola onde todos se sintam parte do processo tanto educacional quanto administrativo (GOMES, 2002).

Em relação à segunda pergunta teve como objectivo saber dos alunos se eles são chamados (as) para participar das decisões administrativas da escola (Apêndice 5). Para essa questão, esperava-se como resposta: sim. As respostas dadas seguem no Gráfico 45:

Gráfico 45. Os alunos são chamados a participar das decisões administrativas.

Fonte: Pesquisa realizada no mês de março (2009).

Conforme se verificou no Gráfico 45, 10% dos alunos responderam que sim, que chamados (as) para participar das decisões administrativas da escola; 74% dos alunos responderam que não são chamados a participar; 16% dos alunos responderam que só às vezes são chamados (as) para participar das decisões administrativas da escola.

10% 74% 16% SIM NÃO ÀS VEZES

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Cabe dizer que 74% é um percentual bastante elevado indicando que os alunos não participam das decisões administrativas das escolas pesquisadas, o que fere um dos princípios da gestão democrática que é aquele que prima pela liberdade dos sujeitos da comunidade escolar em dar opiniões e sugestões à direção da escola sem sofrer retaliações ou influências da mesma, caracterizando uma gestão participativa.

Quanto à terceira pergunta procurou saber dos alunos se os professores lhe dão a chance de expor seu ponto de vista sobre a escola, sua forma de administração, o sistema de ensino, e avaliação (Apêndice 5). Para essa questão esperava-se como resposta: sim. As respostas dadas são interpretadas no Gráfico 46:

Gráfico 46. Se os alunos têm chance de expor seus pontos de vista sobre a escola.

Fonte: Pesquisa realizada no mês de março (2009).

De acordo com o Gráfico 46, verificou-se que 26% dos alunos responderam que os professores lhe dão a chance sim de expor seu ponto de vista sobre a escola, sua forma de administração, o sistema de ensino, e avaliação; 41% dos alunos responderam que os professores não dão essa oportunidade e 33% que às vezes os professores dão essa chance ao aluno. Cabe ressaltar que 41% é um percentual elevado indicando que os alunos não têm chance de exporem para seus professores seus pontos de vista sobre a escola, sua forma de administração, o sistema de ensino e avaliação.

Esse fato pode estar relacionado ao próprio método de ensino do educador que não abre discussão a esse respeito ou mesmo não aceita esses pontos de vistas. Fato que denota que os alunos não possuem canal de comunicação entre eles e a direcção da escola, pois também cabe aos professores o papel de mediadores nessas questões

26% 41% 33% SIM NÃO ÀS VEZES

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orientando seus alunos a terem uma visão crítica e consciente dos mecanismos curriculares e administrativos da escola.

No que se refere à quarta pergunta objectivou saber dos alunos se seus pais são chamados a participar da administração da escola (Apêndice 5). Para essa questão, esperava-se como resposta: sim. As respostas dadas seguem no Gráfico 47:

Gráfico 47. Se os pais são chamados a participar da administração da escola.

Fonte: Pesquisa realizada no mês de março (2009).

De acordo com o Gráfico 47, verificou-se que 32% dos alunos responderam que os seus pais são chamados, sim, a participar da administração da escola; 41% dos alunos responderam que seus pais não são chamados; 27% que às vezes seus pais são chamados. Cabe ressaltar, que 41% é um percentual elevado dentre os demais, indicando que os alunos entendem que seus pais não são chamados a participar da administração da escola.

Esse percentual concorda com os Gráficos 43 e 45, respectivamente, onde se verificou que 46% dos pais responderam que simplesmente não participam da administração da escola, sem sequer apresentar um motivo e que 45% dos supervisores disseram que os pais não participam da gestão da escola e mesmo solicitados se recusam.

Esse resultado aponta para o fato de que as relações entre a escola e os pais requerem um canal de comunicação a fim de poder atraí-los para a participação da administração da escola. Além disso, que os pais necessitam ater-se à importância que tem suas participações nas discussões e rumos da escola atendendo o seu chamado para reuniões e discussões que se relacionem com a qualidade do ensino de seus filhos.

32%

41%

27% SIM

NÃO

155

Nesse contexto, é flagrante o fato de que os alunos desconhecem a realidade que envolve a participação de seus pais na administração da escola, talvez por que não haja diálogos entre pais e filhos, conforme informação obtida no Gráfico 39, onde se verificou que 36% dos pais responderam que o principal problema de relacionamento existente entre pai/filho/escola é a falta de diálogo por que isso não existe entre as partes. Porém a gestão da escola não pode se curvar a esses fatores, pois uma gestão democrática visa à busca da integração da comunidade escolar, nas suas várias dimensões: aluno, professores, pais de alunos, supervisão, quadro administrativo, Conselho Escolar e demais instituições que se encontram afinadas com a escola (GOMES, 2002).

Nessa ótica, a quinta pergunta teve em vista saber dos alunos se a supervisora escolar lhes dá atenção quando solicitada (Apêndice 5). Para essa questão, esperava-se como resposta: sim. As respostas dadas seguem no Gráfico 48:

Gráfico 48. Se a supervisora dá atenção ao aluno quando solicitada.

Fonte: Pesquisa realizada no mês de março (2009).

Conforme se verificou no Gráfico 48, 37% dos alunos responderam que a supervisora escolar lhes dá atenção quando solicitada; 23% dos alunos responderam que a supervisora não lhes dá atenção quando solicitada; 17% dos alunos responderam que às vezes a supervisora lhes dá atenção; 23% dos alunos responderam que a supervisora lhes dá mais ou menos atenção quando solicitada.

Vale ressaltar, que 37% é um percentual elevado dentre os demais, indicando que os alunos entendem que a supervisora escolar não lhes dá atenção quando

37% 23% 17% 23% SIM NÃO ÀS VEZES MAIS OU MENOS

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solicitados, o que caracteriza a possível falta de integração dos supervisores, fato que não pode acontecer no interior de uma escola, sobretudo, quando norteada pelo princípio democrático. E que vai de encontro com os 55% dos supervisores (Gráfico 20) que responderam que a relação entre professores, directores, supervisores e alunos é boa porque existe interação.

Seguindo este mesmo pensamento, a sexta pergunta teve como objectivo, saber dos alunos o que eles acham da formulação das avaliações e que explicassem (Apêndice 5). Para essa questão esperava-se como resposta: boa, porque são bem elaboradas. As respostas dadas seguem no Gráfico 49:

Gráfico 49. O que os alunos acham da formulação das avaliações.

De acordo com o Gráfico 49, verificou-se que 15% dos alunos responderam que acham ruim a formulação das avaliações porque que elas são difíceis, ficando no nível 2; 10% dos alunos responderam que acham péssima a formulação das avaliações porque são mal elaboradas ou seja, predominando o nível 1; 43% responderam que acham regular a formulação das avaliações porque não são fáceis nem difíceis, nível 3; 24% dos alunos responderam que acham boas porque são bem elaboradas, nível 4; 8% dos alunos responderam que acham ótima a formulação porque são fáceis, alcançando o nível 5.

O percentual de 43% dos alunos que acham regular a formulação das avaliações aponta para o fato de que eles não acham as avaliações nem fáceis nem difíceis, fato que denota que a avaliação escolar vem cumprindo suas funções, pois ela não visa demonstrar a incapacidade dos alunos apresentando perguntas impossíveis de serem respondidas, nem visam apresentar perguntas fáceis demais onde o aluno nada adquira

15%

10%

43% 24%

8%

RUIM, PORQUE SÃO DIFÍCEIS PÉSSIMA, PORQUE MAL ELABORADA

REGULAR, NEM FÁCIL, NEM DIFÍCIL

BOA, PORQUE SÃO BEM ELABORADAS

ÓTIMA, PORQUE SÃO FÁCEIS

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de conhecimento. Embora a avaliação possua função somativa, ela também visa à formação do aluno através de um diagnóstico de seus desempenhos, onde são aplicadas outras das suas funções como a diagnóstica e a formativa (HAYDIT, 2007).

Nesse contexto, torna-se razoável dizer que os resultados encontrados podem apontar para o fato de que as avaliações embora nem difíceis nem fáceis, entendidas como regulares, sejam antipatizadas pelos alunos, devido o rigor científico imposto, sem levar em conta a dimensão existencial do aluno, que não é explorada com insistência e pertinência, fazendo com que eles se apliquem aos conteúdos didáticos, sem uma relação mais direta com suas realidades socioeconômicas que requerem respostas mais imediatas, embora 54% deles achem que estão sendo preparados para o mercado de trabalho (Gráfico 50) e 69% dos pais (Gráfico 38) acreditem que a escola esteja preparando bem seus filhos para competir em pé de igualdade nesse mercado, no futuro.

Essa observação é pertinente na medida em que denota que a qualidade da educação passa pelo sistema de gestão da escola que pode dar respostas ou mesmo provocar as mudanças no contexto da escola com relação à qualidade do ensino, nesse caso, o redirecionamento das avaliações para uma perspectiva mais voltada para a questão socioeconômica do aluno, e sua inserção e permanência no contexto escolar, sem perder de vista as exigências da Secretaria de Educação do Estado, no que tange à modalidade de ensino e seus currículos.

Assim, a sétima pergunta procurou saber dos alunos se eles acham que estão sendo preparados para o mercado de trabalho de forma positiva e que justificassem suas respostas (Apêndice 5). Para essa questão, esperava-se como resposta: sim, porque a escola é boa. As respostas dadas seguem no Gráfico 50:

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Gráfico 50. Se os alunos acham que estão sendo preparados para o mercado de trabalho.

Fonte: Pesquisa realizada no mês de março (2009).

De acordo com o Gráfico 50, verificou-se que, 54% dos alunos acham que sendo preparados para o mercado de trabalho de forma positiva porque a escola é boa; 34% acham que não porque os professores não ensinam bem e 12% acham que estão sendo preparados mais ou menos para o mercado de trabalho porque compreendem que também depende deles, já que a aplicação no estudo faz perceber a qualidade do ensino.

Cabe dizer que 54% é um percentual elevado, indicando que os alunos entendem que estão sendo preparados para o mercado de trabalho de forma positiva porque a escola é boa. Esse dado se harmoniza, apesar de em maior magnitude, com os 69% dos pais (Gráfico 38) que acreditam que a escola está preparando bem seus filhos para competir em pé de igualdade no mercado de trabalho no futuro.

Sobre esse assunto, deve-se alertar para o fato de que os Parâmetros Curriculares Nacionais preconizam que na discussão sobre a relação entre escola e trabalho o que se afirma é que, garantir aos alunos sólida formação cultural, favorecendo o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes de cooperação, solidariedade e justiça, contribui significativamente tanto para a inserção no mercado de trabalho quanto para a formação de uma consciência individual e coletiva dos significados e contradições presentes no mundo do trabalho (BRASIL, 1997, p. 344).

Quanto à oitava pergunta teve como objectivo saber dos alunos se a educação que lhes está sendo ofertada condiz com suas realidades sociais e econômicas e por que

54% 34%

12%

SIM, PORQUE A ESCOLA É BOA

NÃO, PORQUE OS

PROFESSORES NÃO ENSINAM BEM

MAIS OU MENOS, PORQUE TAMBÉM DEPENDE DE MIM

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(Apêndice 5). Para essa questão, esperava-se como resposta: condiz, por fazer parte do cotidiano. As respostas dadas seguem no Gráfico 51:

Gráfico 51. A educação ofertada condiz com a realidade sócio-econômica dos alunos.

Fonte: Pesquisa realizada no mês de março (2009).

De acordo com o Gráfico 51, verificou-se que 58% dos alunos responderam que a educação que lhes está sendo ofertada condiz com suas realidades sociais e econômicas porque faz parte de seus cotidianos; 42% dos alunos responderam que não condiz porque têm coisas que nunca viram. Deve-se dizer que 58% é um percentual elevado, indicando que os alunos entendem a educação ofertada como condizente com suas realidades sócio-econômicas, o que denota que através de suas visões as escolas pesquisadas possuem modalidades de ensino voltadas para a realidade sócio-econômica de seu público, tendo em conta a diversidade e pluralidade regional.

Por outro lado, não é possível desconsiderar os 42% dos alunos que responderam que a educação que lhes está sendo ofertada não condiz porque têm coisas que nunca viram, demonstrando, por isto, que através de suas percepções, existe distância da grade curricular e da articulação dos conteúdos por parte dos educadores, com o seu contexto sócio-econômico, o que caracteriza verdadeira dialética no âmbito da escola, pois estar de posse de conteúdos é uma coisa e saber articulá-los no contexto da sala de aula, frente a vários alunos cada qual com suas peculiaridades psicossociais e socioeconômicas, é outra bem diferente.

Desse modo, a nona pergunta teve em vista saber se na opinião dos alunos a escola possui uma estrutura condizente com suas necessidades e por que (Apêndice 5).

58% 42%

CONDIZ, PORQUE FAZ PARTE DO COTIDIANO

NÃO, PORQUE TÊM COISAS QUE NUNCA VI

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Para essa questão, esperava-se como resposta: sim, porque dá para estudar. As respostas dadas seguem no Gráfico 52:

Gráfico 52. Se a escola possui estrutura condizente com as necessidades dos alunos.

Fonte: Pesquisa realizada no mês de março (2009).

Conforme o Gráfico 52 verificou-se que, 40% dos alunos responderam que a escola possui sim, uma estrutura condizente com suas necessidades porque dá para estudar; 60% dos alunos responderam que não possui porque falta muita coisa. Cabe ressaltar, que 60% é um percentual elevado indicando que no entendimento dos alunos a escola não possui uma estrutura condizente com suas necessidades, um dado que é reforçado pelo exposto no Gráfico 40, onde se verificou que 38% dos pais responderam que o aspecto no qual a escola deveria mudar seria no da estrutura física.

Sobre o assunto, destaca-se que esses resultados indicam que na visão dos alunos a estrutura física de uma escola deve contar com espaços amplos e específicos para a realização de suas atividades pedagógicas, administrativas, de lazer e desportivas. Além disso, deve contar em seu interior com equipamentos novos, conservados, como computadores com Internet, DVD, televisão e demais recursos tecnológicos que atendam às necessidades dos alunos pondo-os em estreita relação com o processo de ensino-aprendizagem, o que por sua vez denota uma gestão de qualidade.

Finalmente, a décima pergunta objectivou saber dos alunos se seus pais fazem parte do Conselho Escolar e que eles justificassem sua resposta (Apêndice 5). Para essa questão, esperava-se como resposta: sim. As respostas dadas seguem no Gráfico 53:

40% 60%

SIM, PORQUE DÁ PARA ESTUDAR

NÃO, FALTA MUITA COISA

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Gráfico 53. Se os pais dos alunos fazem parte do Conselho Escolar.

Fonte: Pesquisa realizada no mês de março (2009).

De acordo com o Gráfico 53 verificou-se que, 2% dos alunos responderam que suas mães fazem parte do Conselho Escolar; 3% dos alunos responderam que seus pais são tesoureiros do Conselho Escolar; enquanto 93% dos alunos responderam que seus pais não fazem parte do Conselho Escolar.

Cabe salientar, que 93% é um percentual elevado, indicando que um grande número de pais de alunos das escolas pesquisadas não fazem parte do Conselho Escolar, o que não está de acordo com os 55% dos supervisores que responderam que os pais de alunos participam da gestão da escola através do Conselho Escolar (Gráfico 22).

Esse resultado pode estar associado ao fato de que muitos desses pais interpretam essa importante instituição como mero processo burocrático, sem utilidade no desempenho da melhoria do ensino, o que pode ser apontado como um erro grave, pois a qualidade da educação pública depende, sobretudo, do grau de participação, exigência e controle democrático que a sociedade civil, vier a exercer sobre a escola (CARVALHO; TURRA, 2008).

Pensando, destaca-se que o Conselho Escolar é uma instituição de caráter jurídico, com “(...) significado próprio, inerente à natureza da escola. É um instrumento de tomada de decisões coletivas, que proporciona melhorias para a escola através de uma gestão democrática, onde todos participam ajudando a promover um ensino educacional com qualidade social” (SEMEC, 2009, p. 4).

2% 3%

93%

2%

SIM, MINHA MÃE FAZ PARTE DO CONSELHO DE PAIS

SIM, MEU PAI É TESOUREIRO

SIM, MINHA MÃE É SECRETÁRIA DO CONSELHO

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