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Questionário de Exclusão Social e Violência Escolar (QEVE) (Díaz-Aguado et al., 2004; adaptação de Martins, 2005, 2009)

O Questionário de Exclusão Social e Violência Escolar (QEVE) (Díaz-Aguado et al., 2004; adaptação de Martins, 2005) (vide anexo 5) é uma versão reduzida e adaptada do Cuestionario de Evaluacion de la Violencia entre Iguales en la Escuela y en el Ocio (CEVEO) de Diaz-Aguado, Arias e Seoane (2004). Este é um instrumento de autorrelato constituído por três subescalas. Cada uma destas subescalas é composta por um bloco de 15 itens, que avaliam, respetivamente, as condutas de vitimização, as condutas de agressão e as condutas de observação de vitimização/agressão na escola. Estes blocos de 15 itens incluem quatro itens que avaliam a exclusão social ou vitimação/agressão indireta (e.g., ignorar alguém, falar de alguém); dois itens que avaliam a agressão verbal (e.g., insultar, chamar nomes) e nove itens que a avaliam a vitimação/agressão física de vários níveis de gravidade (e.g., bater, ameaçar para meter medo, ameaçar com armas).

O instrumento apresenta ainda oito itens que pretendem avaliar o tipo de pessoas às quais as vítimas (ou observadores) podem ajudar nas situações de bullying. Além destes itens apresenta também sete itens que avaliam as representações das atitudes dos professores face ao bullying e ainda um grupo de 7 questões que avaliam as atitudes do próprio jovem participante do estudo relativamente às situações de bullying perpetradas pelos colegas. As respostas ao questionário são fechadas, de escolha múltipla, numa escala de likert que varia entre 1 (Muito mal) a 7 (Muito bem) dos itens 1 ao item 12. O questionário apresenta as mesmas caraterísticas do item 13 ao item 79, à exceção dos

pontos de likert (4 pontos, desta feita) entre 1 (Nunca) e 4 (Quase sempre) (conseulte-se Martins, 2009).

As 12 questões iniciais do QEVE pretendem aceder ao modo como os adolescentes se sentem em diferentes lugares e situações e ainda acerca das relações que estabelecem com pessoas significativas nas suas vidas, nomeadamente pais, amigos, colegas e professores. De seguida o questionário avalia em que medida o adolescente foi vítima de agressão (física, verbal, ou exclusão social). Os quatro primeiros itens desta escala aludem a situações de exclusão social; os dois itens seguintes apontam para situações de agressão verbal, os cinco itens seguintes correspondem a situações com agressão menor e dois itens seguintes concernem a situações de violência com agressão grave. O questionário abarca ainda um conjunto de 30 itens semelhantes aos anteriores mas que pretendem avaliar em que medida o adolescente assumiu o papel de agressor nas situações de bullying descritas anteriormente (segundo bloco de 15 itens) ou de observador (terceiro bloco de itens) (Martins, 2009).

Tendo por base o objetivo do presente estudo, detemo-nos apenas nos três blocos que compõem a escala que permitem avaliar os comportamentos de agressão, vitimização e observação. Para tal foi tido em conta a proposta avançada por Martins (2010) e procedemos à divisão da amostra em quatro grupos – vítima, agressor, vítima- agressor e não envolvidos, respetivamente – através da soma das respostas das subescalas da vítima e do agressor.

Este instrumento oferece inúmeras vantagens comparativamente a outras escalas de avaliação do bullying, pois permite avaliá-lo nas suas várias vertentes (direto e indireto). Mais ainda, as questões não empregam a palavra bullying, que dificilmente tem equivalente no léxico erudito ou juvenil dos portugueses, nem as palavras agressor, vítima e observador (Fernandes, 2012).

4.4.Amostra

Para selecionar os participantes recorremos ao método de amostragem probabilístico por seleção racional. Segundo Freixo (2011), a amostragem por seleção racional baseia-se na seleção deliberada por parte do investigador dos participantes tendo em conta os objetivos do estudo.

A amostra desta investigação constitui-se de 368 participantes, com idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos (M=13.53; DP=1.06), sendo 41.8% (n = 154) dos respondentes do sexo masculino e 58.2% (n = 214) do feminino. 27.4% (n = 101) participantes frequentavam o 7º ano de escolaridade, 34.2% (n = 126) encontravam-se no 8º ano e cerca de 38.3% (n = 141) frequentam o 9º ano de escolaridade, sendo que todas as escolas foram selecionadas aleatoriamente nos distritos de Viseu, Vila Real e Porto. No que concerne ao percurso escolar dos alunos inquiridos, 80.6% (n = 295) revelaram sucesso escolar (nunca reprovaram) e cerca de 8.8% (n = 69) referiram já ter reprovado. Quanto ao nível socioeconómico da amostra, cerca de 38.8% (n = 114) alunos advinham de famílias de nível socioeconómico baixo, 32.3% (n = 95) provinham de famílias de nível socioeconómico médio e 28.9% (n = 85) eram provenientes de famílias de estatuto socioeconómico elevado. Relativamente ao grau educacional dos alunos, a maioria, cerca de 24.9% (n = 88) alunos frequentaram o 2º ciclo de escolaridade, 24.9% (n = 78) o 1º ciclo, 20.6% (n = 73) o 3º ciclo, 18.6% (n = 66) o ensino secundário, 2.8% (n = 10) frequentaram o ensino superior, 5.9% (n = 21) tinham licenciatura, 2.5% (n = 9) o mestrado e, por fim, 2.5% (n = 9) o doutoramento. No que respeita ao estado civil dos pais, a maioria dos participantes, cerca de 90.9% (n = 329) provinham de famílias intatas (pais casados) e, apenas 9.1% (n = 33) de famílias divorciadas. Quanto à posição ocupada na relação fraterna, 46.8% (n = 153) dos

participantes eram filhos únicos, 30.1% (n = 101) eram irmãos mais novos, cerca de 18.3% (n = 60) eram irmãos mais velhos e apenas 4% (n = 13) são irmãos do meio.

Tabela 1.

Caraterísticas Sociodemográficas da Amostra (N = 368) Amostra M = 13.53; DP = 1.06 N % Idade 12 a 13 anos 185 (50.3%) 14 a 16 anos 183 (49.7%) Sexo Masculino 154 (41.8%) Feminino 214 (58.2%) Ano de Escolaridade 7º Ano 101 (27.4%) 8º Ano 126 (34.2%) 9º Ano 141 (38.3%) Distrito Viseu 114 (31%) Porto 175 (47.6%) Vila Real 79 (21.5%) Historial Escolar Reprovaram 69 (18.8%) Nunca Reprovaram 295 (80.6%) (cont. Tabela 1.) Nível Socioeconómico Baixo 114 (38.8%) Médio 95 (32.3%) Elevado 85 (28.9%)

Grau educacional dos Pais 1º Ciclo 88 (24.9%) 2º Ciclo 78 (24.9%) 3º Ciclo 73 (20.6%) Educação Secundária 66 (18.6%) Frequência no Ensino Superior 10 (2.8%) Licenciatura 21 (5.9%) Mestrado 9 (2.5%) Doutoramento 9 (2.5%)

Proveniência Famílias Divorciadas 33 (9.1%)

Posição na Fratria

Filhos únicos 153 (46.8%)

Irmãos mais novos 101 (30.1%)

Irmãos mais velhos 60 (18.3%)

Irmãos do meio 13 (4%)

5.Qualidades Psicométricas do Questionário de Exclusão Social e Violência Escolar (Díaz-Aguado et al., 2004; adaptação de Martins, 2005; 2009)

Neste ponto interessa analisar as qualidades psicométricas do instrumento utilizado tendo por base a amostra recolhida para a realização do presente estudo. Neste tópico objetiva-se abordar detalhadamente os procedimentos estatísticos a que o instrumento de autorrelato foi sujeito a fim de avaliar se as caraterísticas do instrumento são adequadas para a avaliação da amostra em estudo.

De forma a concretizar o objetivo supracitado recorreu-se à análise fatorial confirmatória para testar o modelo teórico avançado pela autora do instrumento utilizado - Questionário de Exclusão Social e Violência Escolar (QEVE). A análise fatorial confirmatória baseia-se no pressuposto da existência de uma estrutura, que após a respetiva análise, verifica ou não, em que medida os dados do estudo se lhe ajustam. O modelo do Questionário de Exclusão Social e Violência Escolar (QEVE) foi analisado através do programa EQS (versão 6.1), recorrendo-se ao método da máxima verossimilhança, tendo em conta um conjunto de índices de ajustamento, que se passam a descrever. O Comparative fit índex (CFI) que varia entre 0 e 1, com valores que ultrapassem .90 a serem considerados com indicadores de um ajustamento aceitável. O CFI constitui um índice de ajustamento que compara os resultados do modelo proposto com os de um modelo nulo. O Root mean square error of aproximation (RMSEA) analisa a discrepância entre as matrizes estimadas e observadas tomando em conta os

graus de liberdade. Geralmente devem ser excluídos os modelos que apresentem valores de RMSEA superiores a .1 e considerados aceitáveis modelos que apresentem valores que oscilem entre .05 e 0.08 ou inferiores. (Byrne, 2009). O Standardize Root Mean Residual (SRMR) examina a diferença entre a correlação observada e a correlação prevista, cujos valores aceitáveis se encontram abaixo de .08 (Bentler, 2006).

Além das análises fatoriais, o instrumento foi ainda objeto de avaliação no que respeita à consistência interna através do cálculo do valor de alfa de Cronbach. De acordo com Pereira e Patrício (2013), o Alfa de Cronbach permite avaliar se os itens de uma escala medem um mesmo constructo. Deste modo, na perspetiva destes autores os valores de Alpha de Cronbach, devem ser considerados bons quando variam entre .90 e 1.00, aceitáveis se situam entre .70 e .90 e quando oscilam entre .60 e .69, inaceitáveis. Nesta investigação, os valores de consistência interna foram avaliados através do programa estatístico SPSS (versão 20).