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Questionário para avaliação do ambiente térmico

No documento Carolina de Oliveira Buonocore (páginas 41-46)

2.2 Percepção térmica humana em ambientes naturalmente

2.2.1 Questionário para avaliação do ambiente térmico

A avaliação do ambiente térmico é feita, basicamente, por meio de questões sobre a sensação térmica; a preferência térmica; a aceitabilidade térmica; e o conforto térmico, em um ou mais momentos determinados pelo pesquisador. A essas questões, são oferecidas respostas pré estabelecidas, com base em escalas ímpares (nas quais há um ponto central) ou em binários (duas opções de resposta), a depender da particularidade de cada estudo.

A sensação térmica é representada por meio da escala de sete pontos (seven-point scale), ou escala sétima da ASHRAE Standard 55 (2013). Essa representação da sensação é adotada pela grande maioria dos estudos sobre o ambiente térmico (questão 1 na Figura 1). Além dela, existe uma escala de nove pontos que possui duas opções a mais, uma em cada extremo da escala (“very hot” e “very cold”, as quais deveriam ser traduzidas para o português como algo mais extremo do que “com muito calor” e “com muito frio”, respectivamente).

A preferência térmica pode ser expressa por escalas de três, cinco ou sete pontos, a depender do grau de detalhamento proposto na análise. Basicamente, as respostas se baseiam em um ponto central (preferência por permanecer “assim mesmo”) e em preferências por maior aquecimento e por maior resfriamento, separadas pelo ponto central (questão 2 na Figura 1).

Figura 1 – Referência de questões relacionadas ao ambiente térmico

Fonte: De Vecchi (2015)

A aceitabilidade e o conforto térmico podem ser avaliados por meio de binários (respostas “aceitável” / “inaceitável” e “confortável” / “desconfortável”, tal como representado na Figura 1, ou em escalas de sete pontos que vão de “muito desconfortável” a “muito confortável”. As pesquisas mais recentes vêm adotando cada vez mais a escala gráfica, na qual os usuários podem indicar graficamente a “localização” do voto de aceitabilidade e/ou conforto (Figura 2).

No geral, entende-se que a ampliação do leque de respostas para as questões térmicas (até nove pontos em uma mesma escala), por oferecer mais opções de respostas variando-se a intensidade do

parâmetro avaliado, é uma tentativa de obter análises mais detalhadas sobre a percepção térmica, especialmente quando se relaciona essas respostas às variáveis ambientais em questão. No entanto, pondera-se que uma quantidade mais limitada de opções de resposta torna a participação dos usuários mais simples e objetiva, o que é fundamental considerando a proposta de coleta de dados por meio de questionários. Figura 2 – Referência de questões de sensação e conforto térmicos

Fonte: traduzido de Zhai et al. (2017)

Em estudos que abordam a umidade e o movimento do ar, é comum encontrar questões sobre a sensação, a preferência e/ou a aceitabilidade quanto a esses parâmetros. Quanto à umidade do ar, percebeu-se que a avaliação está muito associada às questões térmicas (SCHIAVON et al., 2016), o que fez com que a possível inclusão em um modelo próprio de questionário para esta pesquisa fosse descartada. Na pesquisa de Cândido et al. (2010), cujo destaque foi a avaliação do movimento do ar em salas de aula naturalmente ventiladas de Maceió, adotou-se uma escala de cinco pontos para a aceitabilidade e a sensação (na mesma questão) quanto à velocidade do ar, conforme apresentado na Figura 3. A preferência referente ao movimento do ar adotada foi uma escala de três pontos: “maior movimento do ar”, “manter assim mesmo” e “menor movimento do ar” (CÂNDIDO, 2010; DE VECCHI, 2015).

Para a disposição de categorias referentes às atividades sedentárias exercidas e às peças de vestimenta utilizadas, recorreu-se aos apêndices A e B do projeto de norma contidos em Lamberts et al. (2013). No caso da vestimenta, essa referência é especialmente importante, pois contém a tradução de determinados trajes de roupa mais usuais em outros países (a exemplo dos Estados Unidos, cujas vestimentas típicas estão identificadas no apêndice C da normativa ISO

Com muito frio Com frio Levemente com frio Neutro Levemente com calor Com calor Com muito calor

Por favor avalie sua sensação térmica

Muito confortável Confortável Apenas confortável Apenas desconfortável Desconfortável Muito desconfortável

7730, 2005). Apesar disso, é preciso considerar que os índices de isolamento da vestimenta descritos nas referências são aproximações, podendo ter variações em função do material utilizado para a confecção das peças de roupa.

Figura 3 – Referência de questão de aceitabilidade e sensação quanto ao movimento do ar

Fonte: traduzido de Cândido (2010)

Para este trabalho, buscou-se referências de questões que abordassem a utilização de equipamentos de ar condicionado por parte dos usuários, tendo em vista o interesse em investigar o impacto da exposição prolongada em ambientes condicionados artificialmente sobre a percepção térmica. Os estudos de Cândido (2010) e de De Vecchi (2015) investigaram a quantidade de horas de exposição, os locais de exposição e a preferência dos usuários quanto a um modo de condicionamento (Figura 4).

Figura 4 – Referência de investigação sobre preferências e hábitos dos usuários quanto à utilização de equipamentos de ar condicionado

Fonte: De Vecchi (2015)

inaceitável aceitável inaceitável

Por motivo de baixa velocidade do ar Por motivo de alta velocidade do ar baixa velocidade do ar alta velocidade do ar velocidade do ar suficiente

Por fim, considerando a abordagem adaptativa em ambientes naturalmente ventilados, foram reunidos exemplos de questionários nos quais se perguntava sobre as possíveis ações tomadas em busca de melhores condições térmicas. Nos questionários das pesquisas de Damiati (DAMIATI et al., 2016; ZAKI et al., 2017), realizadas no sudeste asiático, foram investigadas as ações realizadas com a finalidade de alterar o ambiente térmico atual, em função de incômodos por frio ou por calor (Figura 5). O interesse por essa abordagem é devido à necessidade de entendimento sobre o grau de interferência (atuação) dos ocupantes sobre o próprio ambiente térmico e sobre a possível relação entre a interferência e a satisfação com o espaço edificado.

Figura 5 – Referência de investigação sobre ações realizadas ao longo do estudo de campo

Fonte: traduzido de Damiati et al. (2016)

Considerando o exposto, verificou-se que os modelos de questionários utilizados em pesquisas no contexto brasileiro são importantes referências para esta pesquisa, a ser aplicado em salas de aula na cidade de São Luís. Nesse processo, a objetividade das questões será prioridade, tendo como objetivo a redução do tempo de

Fechei ou abri cortinas / brises para propósito de sombreamento Ações adaptativas

Assinale, caso tenha realizado alguma das ações por motivo de sentir-se com calor / com frio neste momento (múltiplas opções são aceitas) Mudei a temperatura do ar condicionado Mudei a velocidade do ventilador

Mudei minha vestimenta (tirei meu casaco, usei uma jaqueta, usei meias etc.)

Bebi água ou sucos quentes / frios Descansei ou agi com menor vigor físico

Mudei minha posição no assento ou mudei de assento

Outros ( )

Fechei ou abri portas / janelas para propósito de ventilação

Lavei o rosto / as mãos Não fiz nada

preenchimento pelos alunos. Portanto, no espaço e no tempo disponíveis, há a necessidade de se contemplar os interesses de investigação desta pesquisa – a avaliação do ambiente térmico, os hábitos de exposição ao ar condicionado, as preferências quanto ao modo de condicionamento das edificações e as ações de adaptação ao ambiente térmico.

2.2.2 Condições de neutralidade, aceitabilidade e conforto térmicos

No documento Carolina de Oliveira Buonocore (páginas 41-46)