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PARTE 2 – ESTUDO EMPÍRICO

6. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS

6.2. E STUDO EMPÍRICO DA FORMA EM ING BEING

6.2.3. A realização sintáctica de being

Se em português sendo e ser registam um maior número de ocorrências do que estando e estar nos três corpora pesquisados, espera-se que a utilização de being com o sentido de sendo e ser no corpus Papers EN by PT registe a mesma tendência:

Corpora PalavrasNº de

Expressão de Pesquisa Sentidos de being

being sendo/ser estando/estar

Nº Oc. Oc. % Nº Oc. %

Papers EN by PT 312.224 187 185 99 2 1

Tabela 36 Comparação do número de ocorrências de sendo/ser e estando/estar no corpus Papers EN by PT

De facto, a utilização de being com o sentido de estando e estar é reduzida, registando apenas 2 ocorrências:

(66) Instead of being limited to a connection traffic contract, better quality of service could be obtained by exploiting the statistical nature of the network. (67) Being involved for the first time in such an umbrella type of project, we

thought it was worth trying to identify the most positive and negative non- -technical aspects of the project.

A razão por que being tem principalmente o sentido de ser ou sendo prende-se com o facto dos seus principais contextos sintácticos serem a forma progressiva, a oração adjectiva e a oração adverbial:

Forma progressiva Oração adjectiva Oração adverbial

Inside this zone it is assumed that a reduced part of the information is being continuously lost.

We will use agents as the management delegates inside BB, with specific capabilities being delegated on these agents.

Being involved for the first time in such an umbrella type of project , we thought it was worth trying to identify the most positive and negative non-technical aspects of the Project. Tabela 37 Contextos sintácticos de being no corpus Papers EN by PT

No caso da amostra das 100 primeiras ocorrências de being na secção W_ac_tech_engin do corpus BYU-BNC, a forma progressiva e a oração adjectiva são os contextos mais recorrentes desta forma. (Vide Anexo 14)

6.2.3.1. Being na forma progressiva

De acordo com Sinclair, o verbo be não é usado como verbo principal num tempo contínuo, excepto na descrição do comportamento de alguém numa determinada ocasião: ”You’re being very silly.” (cf. Sinclair, 1992: 88)

No caso particular da forma progressiva no contexto dos artigos de investigação técnicos, esta forma não se refere à descrição do comportamento de uma pessoa, mas sim de um processo ou de uma acção, como nos seguintes exemplos:

(68) The system is still being implemented at the time of writing of this paper, although some of the intended functionality is already working.

(69) In addition, SCCF is able to optionally create multicast trees at the same time that resources are being reserved in each node along the data path.

O verbo be é normalmente considerado um verbo estativo, ou seja, é um verbo que se refere a estados e não a acções e é raramente usado na forma progressiva. No entanto, por vezes pode ser usado na forma progressiva quando é usado para descrever uma acção.

Ao contrário do exemplo de Sinclair being não é seguido de adjectivo, mas de particípio passado, ou seja, ocorre no contexto da passiva. Por outras palavras, na pesquisa efectuada não se registam ocorrências do verbo “to be” como verbo principal num tempo contínuo, mas sim como verbo auxiliar, uma vez que o verbo principal está no particípio passado: <is/are + (advérbio) + being + particípio passado>.

No entanto, não se pode confundir a forma progressiva (também chamada de forma contínua) do verbo to be com as formas em -ing na passiva que passamos a descrever.

6.2.3.2. Being na oração adjectiva

Um dos contextos mais frequentes da forma em -ing being é numa construção na voz passiva, seja numa construção finita como na forma progressiva, que vimos anteriormente, seja numa construção não-finita: : <(is/are) + (advérbio) + being + particípio passado>. (Vide Anexo 15)

No exemplo (70), a oração adverbial introduzida pela forma em -ing na passiva não dá informação adicional sobre a frase, mas sobre o complemento que a precede “with specific capabilities” e é, por isso, uma oração subordinada gerundiva adjectiva:

(70) We will use agents as the management delegates inside BB, with specific capabilities being delegated on these agents.

O mesmo acontece no exemplo (71), sendo que neste caso a oração refere-se ao sujeito da frase:

(71) A packet being policed by a given token bucket may be classified as compliant or noncompliant to this bucket.

Thomson classifica esta construção como “passive gerund”. (cf. Thomson, 1986: 233) A co-ocorrência da passiva com a oração adjectiva está relacionada com o facto de a passiva imprimir ao discurso um cariz mais impessoal e de a oração adjectiva ter a função de dar informação acerca do seu referente:

“Academic prose, official documents, and prepare speeches are often focused on conveying information about particular referents in the text. Relative clauses are commonly used to perform this function.”

6.2.3.3. Being na oração subordinada adverbial gerundiva

Apesar de não ser tão frequente como nos contextos da forma progressiva e da oração adjectiva, being também introduz orações gerundivas:

(72) Besides this advantage, it should be noted that the final size of the application is rather modest, being 1Kb in this case.

Consideramos que being na frase (72) tem o valor de um gerúndio neutro, segundo a classificação de Móia & Viotti (2004: 724), uma vez que “a oração gerundiva identifica uma situação que, nem se relaciona temporalmente de modo definido com a situação expressa na oração principal, nem envolve implicação ou contraste.” Assim, a oração gerundiva serve para dar informação extra sobre o elemento que a precede, neste caso “the final size of the application”.

(73) Being involved for the first time in such an umbrella type of project, we thought it was worth trying to identify the most positive and negative non- technical aspects of the project.

Being na frase (73) tem o valor de gerúndio de sobreenquadramento, segundo a classificação de Móia & Viotti, dado que enquadra, contextualiza a acção. (Ibid.: 722)

Por outro lado, também poderá ter um valor causal, pois pode servir para explicar a acção da oração principal. Neste caso, a forma não-finita é usada para evitar uma oração subordinada a começar por since ou as. Quirk et al. (1985: 1124) referem que nas orações em -ing, os verbos estativos sugerem uma ligação causal. Swan (1995: 406) partilha do mesmo ponto de vista: “Note that -ing clauses can be made with verbs like be, have, wish and know, which are not normally used in progressive tenses. In these cases, the participle clause usually expresses reason or cause.” Contudo, uma vez que a oração não possui um conector para a desambiguar, os valores atribuídos ao gerúndio são ambíguos, pois dependem da sua interpretação. Neste sentido, Curme (1966: 179), a respeito da utilização ou não de preposições, reflecte sobre o efeito das mesmas na linguagem, nomeadamente na preferência do gerúndio no estilo científico, em detrimento do particípio: “The participle is a favourite in lively language since it is

more concrete and impressive. The gerund, on the other hand, is more precise, hence in scientific style more suitable.”