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Fase 5 Análise crítica dos resultados e avaliação do contributo desta tecnologia para a concretização dos objectivos da política energética nacional em termos de:

3 Caracterização nacional dos resíduos orgânicos

3.1.2 Resíduos biodegradáveis com origem doméstica, comercial e industrial

3.1.2.2 Recolha e destinos

Os resíduos domésticos e equiparados, até 1.100 l /dia são recolhidos pelos serviços de recolha municipal. As tarifas pagas pelos cidadãos são incorporadas nas facturas de outros serviços prestados pelas autarquias. Encontra-se prevista a publicação de um diploma legal que venha normalizar as tarifas entre os diferentes municípios e garantir a igualdade dos cidadãos no acesso a estes serviços.

Já os resíduos das unidades comerciais e industriais, que ultrapassem os 1100 l/dia são em geral recolhidos por operadores privados que os encaminham para aterro ou para compostagem, fazendo repercutir o custo da deposição para o cliente, ao qual acresce o custo de prestação do serviço. No entanto, o PERSU II previa o cancelamento das autorizações temporárias para deposição de RIBio (resíduos industriais biodegradáveis) em aterros de RSU durante o ano de 2009. Significa que tanto produtores como operadores têm que procurar outras soluções para encaminhamento dos seus resíduos.

A organização geradora do resíduo podia até 2009, negociar com o município local, a respectiva recolha, sujeitando-se ao tarifário definido e às condições definidas pela autarquia.

No entanto, cada sistema multimunicipal possui um tarifário próprio. Tal significa que uma empresa com unidades localizadas em diversos pontos do país, podia suportar custos e soluções de encaminhamento diferenciadas.

Em média o custo de recolha e encaminhamento pode variar entre os 10€ e 150€ por tonelada de resíduo, dependendo da actividade de origem, do recolhedor, das quantidades recolhidas, do local de destino, entre outros factores.

Em alternativa aos aterros de RSU encontram-se licenciados em Portugal sete aterros para Resíduos Não Perigosos, apresentados na Tabela 3.6.

Tabela 3.6 Aterros para Resíduos não Perigosos de Unidades Industriais

Denominação Localidade - ano de licença

AterrodaRESILEI–TratamentodeResíduosIndustriais,S.A. Leiria - 2006

AterroderesíduosnãoperigososdeCasteloBranco Castelo Branco - 2004

RIBTEJO–AterroderesíduosnãoperigososdaChamusca Chamusca – 2004

AterroderesíduosnãoperigososdeAlenquer–CMEÁguas,S.A. Alenquer - 2008 AterrodoCITRI–CentroIntegradodeTratamentodeResíduosIndustriais Setúbal - 2005

AterroderesíduosnãoperigososdeBeja Beja - 2004

VALOR-RIB–IndústriadeResíduos,Lda. Vila Nova de Famalicão - 2009

Fonte: Lista de Aterros Licenciados ao abrigo do Decreto-Lei 152/2002, de 23 de Maio

Espera-se num futuro próximo o agravamento dos tarifários de deposição em aterro ou de outras formas de tratamento, disponibilizadas pelos sistemas multimunicipais devido a:

• Saturação dos aterros antes da data prevista

• Aplicação da regulamentação referente à redução dos resíduos orgânicos em aterro

Esta situação, tem pressionado os produtores a procurarem soluções menos dispendiosas para o encaminhamento dos seus resíduos orgânicos.

Os contratos de recolha e encaminhamento de resíduos podem ser estruturados de diversas formas:

Via directa:

O produtor de resíduos transporta os resíduos até à central de tratamento. A central de tratamento, realiza a recolha junto do produtor de resíduos: Através de frota própria

Através da subcontratação de recolhedores disponíveis no mercado

Via indirecta:

Os operadores de resíduos no decurso da sua actividade transportam os resíduos até à central, tendo no entanto que se definir critérios de aceitação rigorosos, sob risco de se comprometer a actividade de digestão anaeróbia e consequente produção de biogás.

Neste contexto, as centrais de biogás podem assumir-se como alternativa aos destinos disponibilizados pelos referidos sistemas e revelar-se como objecto de interesse por parte de diversas entidades como hipermercados, unidades industriais e cadeias de restauração.

A realização de protocolos de recolha com os serviços municipalizados ou com operadores privados pode revelar-se viável e interessante sob o ponto de vista da rentabilidade da central de biogás, porque:

• Transfere os custos associados às actividades de recolha para entidades externas (manutenção, salários, combustíveis).

• Evita custos associados à aquisição de viaturas de recolha e equipamentos complementares

Permite potenciar o Know-how dos recolhedores já instalados no mercado, que possuem já rotas de recolha definidas e clientela assegurada

• Permite impor regras de aceitação de resíduos e beneficiar de matérias de qualidade adequada ao processo de digestão.

Para os recolhedores a central assume-se como uma alternativa interessante aos sistemas multimunicipais, que actualmente colocam crescentes restrições à aceitação dos resíduos não urbanos e que têm vindo a agravar as tarifas de deposição / tratamento.

Para os sistemas multimunicipais a central pode complementar as estratégias locais de redução de resíduos orgânicos em aterro, ao realizar o tratamento dos resíduos orgânicos com origem industrial e comercial.

Os operadores de resíduos a operar em território português têm que se submeter a um processo de licenciamento. A lista de recolhedores de resíduos não urbanos, é publicada periodicamente pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Figura 3.3 Fluxos monetários e materiais na recolha municipal de resíduos orgânicos

Figura 3.4 Fluxos monetários e materiais na recolha de resíduos orgânicos

Fonte: Do autor

Em Vila Nova de Famalicão, por exemplo, o tarifário municipal em vigor para a remoção especial (estabelecimentos comerciais e industriais) variava entre os 15€ e os 18€ por tonelada recolhida, em 2007, conforme apresentado na Tabela 3.7.

Tabela 3.7 Tarifário municipal para remoção especial (Vila Nova de Famalicão)

Equipamento Toneladas

(aprox) Aluguer semestral Preço médio € / ton.

Contentor de 800 l 0,40 139,87 € Recolha 1 x semana 14,57

Contentor de 120 l 0,05 62,94 € Recolha 3 x semana 17,48

No entanto, estima-se que este tarifário venha a ser agravado, ou que seja condicionada significativamente a remoção especial, porque o encerramento do aterro de Riba d´Ave vai obrigar ao encaminhamento dos resíduos para os aterros de Boticas e Cabeceiras de Basto. O que implica uma maior distância em relação ao local de recolha.

A autarquia espera um agravamento dos custos de recolha de RSU em 500%, pelo que a curto prazo deixará de realizar as recolhas especiais ou tenderá a agravar fortemente as tarifas respectivas.

De igual forma outros municípios estimam um acréscimo de custos das recolhas e de deposição devido ao esgotamento precoce dos aterros.

Os dados recolhidos junto do INE e do IR (Instituto dos Resíduos) revela o seguinte cenário. Cerca de 63% dos resíduos foram em 2007 encaminhados para aterro. As fracções encaminhadas para

destinos mais nobres (valorização orgânica e recolha selectiva), não ultrapassam os 20% dos resíduos gerados. Considerando que a valorização energética é exclusiva de apenas dois tecnossistemas (Lisboa e Porto), conclui-se que grande parte dos resíduos gerados fica praticamente confinada à situação de aterro, em grande parte do território nacional.

Desta forma, possibilidade de minimizar a pressão da procura sobre os recursos naturais, através da reciclagem dos resíduos gerados em novas utilizações, fica largamente aquém do seu potencial.

Tabela 3.8 Resíduos urbanos por operação de gestão

Unidade: Toneladas

Regiões Total Aterro Valorização

Energética Valorização Orgânica Recolha Selectiva Portugal 2007 5 007 000 3 150 139 967 542 489 670 399 649 Portugal 2006 4 803 800 3 053 047 977 483 301 749 471 522

Fonte: INE Estatísticas de Ambiente 2007 (adaptado)

Resíduos urbanos por operação de gestão, em Portugal, 2007 63% 19% 10% 8% Aterro Valorização Energética Valorização Orgânica Recolha Selectiva

Figura 3.5 Resíduos Urbanos por operação de Gestão

(a) Inclui Resíduos Urbanos Biodegradáveis recolhidos selectivamente.

(b) Inclui recolha selectiva multimaterial (ecopontos e porta-a-porta) e recolha selectiva em ecocentros. (c) Não inclui dados da Região Autónoma dos Açores.

Fonte: INE Estatísticas de Ambiente 2007 (adaptado), baseado no SIRER/APA

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