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CAPÍTULO II – ESTUDO EMPÍRICO

5. Procedimentos

5.1 Estudo 1

5.1.3 Recolha e tratamento de dados

Numa primeira fase, foi pedida à Reitoria da Universidade de Lisboa autorização para que o questionário fosse distribuído pelos alunos através da mailing list (Anexo A). Não tendo sido possível proceder-se dessa forma, o questionário foi enviado à direção das dezoito escolas da Universidade de Lisboa, de modo a ser pedida a sua colaboração, no sentido de enviar o questionário via email para todos os estudantes, de todos os ciclos de estudos, através da mailing list. Foi feito um pedido formal às

direções/presidências para o envio de um email aos alunos, informando que a colaboração seria fundamental na medida em que poderia contribuir para ajudar a obter uma melhor compreensão sobre o assunto em estudo, uma vez que “a carta de apresentação constitui uma parte importante para a recolha de dados, fomentando a legitimidade do estudo e a respeitabilidade do investigador” (Tuckman, 2005).

Algumas associações de estudantes da Universidade de Lisboa, bem como a Associação Académica, colaboraram na divulgação do questionário através das redes sociais. Foi garantida a tomada de conhecimento por parte dos órgãos de gestão das escolas e, ao mesmo tempo, a confidencialidade dos contactos dos estudantes, já que os endereços de email não passaram pelo investigador, exceto aqueles que, de livre vontade, deixaram o seu contacto eletrónico para poderem vir a ser selecionados para o Estudo 2.

No questionário foram fornecidas algumas informações importantes, como o facto de o questionário ser anónimo e de ter como finalidade recolher informações para um estudo científico sobre as relações entre os avós e os netos e o Bem-Estar Psicológico, já que isso acentuaria a natureza académica da pesquisa (Hill & Hill, 2009).

Tendo em conta os direitos dos participantes à privacidade, à não participação, a permanecer no anonimato e à confidencialidade (Tuckman, 2005), estes foram ainda informados de que a participação no estudo era facultativa e que alguns alunos que aceitassem participar neste estudo, poderiam vir a ser selecionados, posteriormente, para uma entrevista. Caso estivessem interessados em fazer parte do estudo numa fase posterior, bastaria deixarem o seu contacto de email num campo criado para esse efeito no questionário.

Em termos de análise, segundo Escofier e Pages (1992) os métodos de análise de dados multivariados têm demonstrado amplamente a sua eficácia no estudo de grande quantidade de informação. A estatística multivariada pode ser aplicada com diversas finalidades, mesmo que não se tenha previamente um quadro teórico rigorosamente estruturado acerca das relações entre as variáveis. A finalidade da sua aplicação pode ser a redução dados ou de simplificação estrutural, de classificação e agrupamento, de investigação sobre a dependência entre variáveis, de predição e de elaboração e teste de hipóteses (Johnson & Wichern, 1992).

Entre as várias técnicas de análise de dados multivariados, encontram-se a análise fatorial, que inclui a análise de componentes principais e análise dos fatores

comuns e é aplicada quando há um número grande de variáveis correlacionadas entre si, com o objetivo de identificar um número menor de novas variáveis alternativas, não correlacionadas e que, de algum modo, sumarizam as informações principais das variáveis originais encontrando os fatores ou variáveis latentes (Mingoti, 2005); e a análise de variância multivariada, também conhecida como Manova que permite verificar a semelhança entre grupos multivariados, explorando simultaneamente as relações entre diversas variáveis independentes e duas ou mais variáveis dependentes métricas (Hair et al., 2005; Janeiro & Soromenho, 2013). Há vantagens em considerar simultaneamente um conjunto de variáveis dependentes, particularmente se estão correlacionadas entre si e partilham de um significado comum (Pestana & Gageiro, 2003).

Aquilo que se pretendeu nesta análise foi verificar se havia significância estatística, isto é, se se verificavam diferenças e, em caso afirmativo, se as diferenças encontradas entre dois grupos de sujeitos (consoante a presença ou a ausência de contactos com os avós) não eram atribuídas meramente ao acaso. Para o efeito foram levados a cabo alguns testes estatísticos, nomeadamente testes paramétricos, como a Análise de Variância Multivariada (Manova). Esta decisão estatística teve como base o facto de se terem observado os requisitos para os testes paramétricos: as variáveis são numéricas, a normalidade da distribuição dos resultados e a homogeneidade da variância (Janeiro & Soromenho, 2013; Maroco, 2007; Pereira & Patrício, 2013) e também atendendo à dimensão da amostra.

A significância dos fatores sobre as variáveis foi avaliada com a Manova depois de validados os pressupostos de normalidade multivariada e de homogeneidade de variâncias-covariâncias. A análise estatística foi feita com o recurso ao software SPSS

- Statistical Package for the Social Sciences (versão 24). Uma vez que este programa

informático não produz testes à normalidade multivariada, este pressuposto foi avaliado com a normalidade univariada de cada uma das variáveis dependentes com testes de Kolmogorov-Smirnov (p≥ .05 para todos os grupos). O pressuposto da homogeneidade de variâncias-covariâncias em cada grupo foi avaliado com o teste M de Box.

Quando a Manova detetou efeitos estatisticamente significativos, procedeu-se à ANOVA para cada uma das variáveis dependentes, seguida do teste post-hoc HSD de Tukey. Considerou-se um nível de significância .05.

Aquando da inserção de dados, as respostas à Escalas Bem-Estar Psicológico (Novo et al., 1997) no SPSS (versão 24) foram devidamente pontuadas, acautelando a inversão da pontuação nos itens negativos (Anexo D). Foram levadas a cabo várias ações, nomeadamente a análise fatorial confirmatória (Anexo F), procedimento que serviu para apreciar a dimensionalidade dos instrumentos, no sentido de explorar os fatores ou a confirmação de hipóteses subjacentes, amplamente empregue ao longo dos anos (Almeida & Freire, 2003).

Foi também realizada a análise de consistência interna (alpha de Cronbach) (Anexo E) e testes estatísticos que forneceram informação relevante, tendo em conta tanto os objetivos do estudo como as questões de investigação e que se encontram no Capítulo III.