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5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS POR CATEGORIAS

5.3 Análise das Entrevistas e do Diário de Campo

5.3.3 Motivação

5.3.3.3 Reconhecimento do trabalho

Em relação à pergunta “Você acha que o seu trabalho é valorizado e suas capacidades reconhecidas?” feita ao grupo dos assistentes em administração foram obtidas as seguintes respostas: sim – 05; parcialmente –

03; não – 03; pouco – 01; reconhecido, mas não valorizado – 01. Para a pergunta “Você considera que o trabalho do servidor é valorizado e suas capacidades reconhecidas?” feita às chefias, as respostas foram: sim – 01; parcialmente – 02; e duas responderam valorizar, mas não souberam responder em relação às demais pessoas da instituição.

Tabela 6 – Formas de reconhecimento e valorização do trabalho do servidor

ITENS DISCRIMINADOS FREQUÊNCIA ABSOLUTA

Através de elogios e feedback 7

Carinho e gratidão das pessoas 3

Recebimento de homenagens 3

Referência para orientações e solução de problemas 3

Tratamento respeitoso 2

Confiança e respeito no trabalho realizado 1

Chamado para a tomada de decisão 1

Fonte: Entrevistas com os assistentes em administração e gestores, exceto a Diretoria Nota: A soma das frequências é superior a dezoito, por ter sido possível aos entrevistados darem mais de uma resposta.

Elogios, públicos ou não, e feedbacks positivos (07) foram as formas de reconhecimento e valorização mais citadas pelos entrevistados, conforme a Tabela 6 e os depoimentos que se seguem. Uma servidora relatou não ter recebido elogios ou agradecimentos sobre o trabalho realizado, mesmo que tenha sido bem desempenhado.

Eu acho que sim. Até tive um feedback muito bom agora [...] Então isso aí até motiva a gente um pouco pra fazer melhor [...]. E é mais gostoso quando a pessoa fala não só diretamente para você, mas num ambiente onde tem muita gente, então isso eleva o seu ego. (A2)

Nas reuniões do Setor você percebe o tanto que o seu serviço é valorizado e é motivado, porque a Pró-Reitora ela comenta sobre o nosso serviço, como nós estamos melhorando, aperfeiçoando, [...] faz uma análise da porcentagem de diligências, acertos. (A4)

Todas as chefias acreditam ter o hábito de elogiar o trabalho bem realizado pelo servidor, e duas ainda destacaram que também dão o retorno quando o trabalho não foi bem executado. No entanto, esses momentos de feedback são pontuais, ocorrendo pela vontade e decisão de cada chefia, e não como uma prática institucional e periódica de análise do desempenho e

retorno dos resultados gerados, o que ocorre em apenas um caso, anteriormente revelado pelo Assistente 4.

Eu procuro elogiar, mostrar que está bom o trabalho. A gente faz destaque no trabalho que foi bem construído, foi bem elaborado. E quando também não está muito bom é a mesma coisa. (C2)

Eu sempre falo. Quando tem alguma coisa que eu acho que não está bem, eu falo opa nós estamos precisando melhorar isso aí, está esquisito. Ou por exemplo [...] falo parabéns viu, porque não sei se fosse eu se eu teria feito tão bem. (C6)

O recebimento de um elogio causa nos assistentes sentimentos positivos, como a satisfação por estar fazendo algo correto e que é reconhecido (05), o sentimento de realização (01) e o de dever cumprido (01). A congratulação vinda de uma chefia é inclusive considerada por alguns dos servidores (05) como um impulso para querer desenvolver um trabalho cada vez melhor:

Eu acho que é uma satisfação muito grande [...] isso [o elogio] faz um bem danado para gente em termos pessoais e profissionais. Te leva a querer melhorar sempre mais. (A1)

Além de elogios e feedbacks, o reconhecimento e a valorização do trabalho são percebidos pelos assistentes quando eles são procurados para fornecerem orientações ou mesmo para solucionarem problemas, de forma a demonstrar que são tidos como pessoas de referência pela experiência e domínio das atividades e trâmites burocráticos.

Meu trabalho é reconhecido. Sei pelas atitudes das pessoas que me procuram para obter orientação, informação [...] Mas eu já tive reconhecimento tanto em termos de palavras, quanto em atitudes das pessoas demonstrarem confiança e respeito no meu trabalho. (A1)

Até lá de Brasília a mulher me ligou dizendo que foi ótimo, que conseguiu resolver e já virei referência lá também. Quando eles têm problema lá, ela liga pra mim aqui. (A6)

O professor sempre busca o secretário, às vezes ele nem procura a chefia procura direto o secretário. (C2)

O recebimento de homenagens de alunos e da instituição (03), o recebimento de agradecimentos (03) e de um tratamento respeitoso (02) também foram formas de reconhecimento e valorização vivenciadas pelos servidores.

Em partes. [...] Eu vejo o carinho de alguns alunos [...] De professores também, de uma parcela, não é geral. [...] Eu vejo um reconhecimento mais de gratidão. [...] Eu fui agora pela segunda vez funcionária homenageada. (A3)

Pelo tratamento da comunidade e o respeito da comunidade [...] Elogios e também participação de honra ao mérito. Já recebi grandes homenagens [...]; gratidão dos alunos e funcionário homenageado pelos alunos. (A12)

Uma chefia declarou que demonstra valorizar o trabalho do servidor por meio do feedback e ao envolvê-lo no processo de tomada de decisão, atitude que revela um reconhecimento das capacidades e do potencial do servidor em produzir contribuições importantes para o setor.

Acho que quando chamo eles para tomada de decisão, até mesmo ressaltar que o trabalho foi bem feito. (C3)

Seguindo o mesmo ponto de vista, é justamente por não possuir representatividade no órgão colegiado e não participar das decisões do setor que uma assistente considerou que suas capacidades são pouco reconhecidas. Esse sentimento ainda pode ser reforçado pelas disparidades de tratamento, uma vez que os servidores técnico-administrativos têm direito a representação nos demais órgãos colegiados da Unidade (anotações do diário de campo).

Os servidores que responderam de forma negativa à pergunta (03) atribuíram o não reconhecimento e a desvalorização do trabalho à falta de preocupação da instituição em atualizar e capacitar seus servidores, a um distanciamento da chefia superior no que tange às questões do setor e, ainda, ao fato de o serviço ser considerado de pouca importância por uma parcela do segmento docente, essa última constatação também confirmada pela Chefia 6.

Não. Pela própria postura da Chefia Superior em não se preocupar da gente se atualizar [...] e ficar mais perto das decisões, não sabe muito o que acontece. (A7)

A gente não é valorizado pelo trabalho da gente [...] Você tem que lutar para mostrar que você é bom de serviço para você conseguir um pouco de respeito e confiança das pessoas. (A9)

Algumas pessoas valorizam, algumas pessoas demonstram que valorizam, outras valorizam e não demonstram. E tem outras que não valorizam, trata sempre como um trabalho menor, subordinado. (C6)

Observou-se que as pessoas reagem de maneiras distintas a um mesmo estímulo, uma vez que cada um possui sua noção de reconhecimento e valorização, sendo esses aspectos subjetivos, influenciados por valores e percepções individuais, conforme explica Kramer e Faria (2007).

Pode-se concluir que não existe na instituição uma política de reconhecimento e valorização dos servidores pelo desempenho, de maneira que eles ocorrem de forma arbitrária e a critério de cada chefia. Em se tratando de recompensas financeiras e remuneração, cabe recordar que a autonomia das universidades é limitada às leis federais que estabelecem os planos de carreiras para os servidores TAEs de todas as instituições federais de ensino.