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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.4 Tratamento e Análise de Dados

Os dados obtidos foram submetidos à análise de conteúdo, técnica utilizada com intuito de se identificar o que está sendo dito a respeito de determinado tema. De acordo com Bardin (1977, p. 42), essa técnica permite produzir inferências de conhecimentos por meio de “procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens”. Trabalha com a palavra e seus significados, propondo o estabelecimento de categorias para a interpretação de um texto (CAREGNATO; MUTTI, 2006).

A análise de conteúdo pode ser utilizada em pesquisas de cunho quantitativo ou qualitativo, entretanto, a primeira enfoca a frequência com que emerge determinado elemento no conteúdo do texto, já a segunda preocupa-se com a presença ou a ausência de uma determinada característica ou de um

conjunto de características na mensagem analisada (BARDIN, 1977; CAPPELLE; MELO; GONÇALVES, 2003; CAREGNATO; MUTTI, 2006). Embora os índices da análise qualitativa não sejam obtidos pela frequência não significa que esta análise rejeita qualquer tipo de quantificação, pelo contrário, testes quantitativos podem ser utilizados em análises qualitativas (BARDIN, 1977).

Nesse sentido, foram seguidas as orientações de Bardin (1977) em fazer a análise em três fases: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretação. A primeira etapa – pré-análise – consistiu-se em organizar o material, escolher os documentos a serem analisados, realizar a leitura flutuante, formular os pressupostos e os objetivos e, ainda, elaborar indicadores que fundamentassem a interpretação final (BARDIN, 1977). Nessa fase foram escolhidos os documentos que seriam submetidos à análise, as entrevistas foram transcritas, as anotações do diário de campo organizadas e a leitura de todo o material realizada.

Na segunda fase – exploração do material – realizou-se a codificação que incluiu a decomposição dos textos das entrevistas e documentos em unidades de registro, a seleção das regras de contagem e a classificação e agregação das informações em categorias. Para fins deste estudo, tomaram-se como unidades de registro as palavras e como regras de contagem a presença dos elementos somada à frequência de aparição, relacionando a importância de uma unidade de registro com a quantidade de vezes que se repete (BARDIN, 1977). Cabe esclarecer que, apesar de determinadas unidades de registro aparecerem uma única vez – ou seja, ser citada por um único entrevistado – foram consideradas significativas em razão da importância de cada sujeito e de suas opiniões e perspectivas.

Por fim, na terceira e última fase – tratamento dos resultados obtidos e interpretação – os conteúdos manifestos e latentes contidos em todo o material coletado (entrevistas, documentos e observação) foram captados e tratados, tendo em vista a proposição de inferências, interpretação e confrontação com perspectiva teórica adotada (BARDIN, 1977; SILVA; FOSSÁ, 2013).

Foi realizada a análise categorial, como define Bardin (1977), tratando- se do desmembramento do texto em categorias, que, por sua vez, podem ser construídas de acordo com os temas que surgem do texto. “Para classificar os elementos em categorias é preciso identificar o que eles têm em comum,

permitindo seu agrupamento” (CAREGNATO; MUTTI, 2006). Trabalhar com categorias, segundo Minayo et al (1999, p.70), “significa agrupar elementos, ideias ou expressões em torno de um conceito capaz de abranger tudo isso”. Assim sendo, as três dimensões das competências - conhecimentos, habilidades e atitudes - orientaram a exploração do material, segunda fase da análise de conteúdo, e serviram de base para a elaboração das competências individuais.

O Quadro 2 apresenta as categorias e subcategorias estabelecidas à priori, com base no referencial teórico apresentado no capítulo anterior, para análise dos dados coletados.

Quadro 2 – As categorias e subcategorias da análise

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS

Rotina de Trabalho a) Atividades desenvolvidas b) Tipo de público atendido

c) Dificuldades enfrentadas no dia-a-dia Ambiente de Trabalho (Poder

agir)

a) Espaço físico e recursos disponíveis b) Treinamento e capacitação

c) Apoio e oportunidades para empregar as capacidades

d) Autonomia de decisão e flexibilidade de organização do trabalho

Motivação (Querer agir) a) Incentivo e apoio na busca de capacitação b) Interesse em aprender e se desenvolver c) Reconhecimento do trabalho

d) Estabelecimento claro dos resultados esperados Competências Individuais

(Saber agir)

a) Conhecimentos b) Habilidades c) Atitudes Fonte: Elaboração própria

Na primeira categoria, Rotina de Trabalho, buscou-se conhecer as atividades desenvolvidas pelos servidores, o tipo de público atendido e os problemas enfrentados na execução das atribuições. Na categoria seguinte, Ambiente de Trabalho, relacionada com o “poder agir”, reúnem-se informações referentes às condições de trabalho, favoráveis ou não à mobilização de competências pelos servidores. A terceira categoria, Motivação, retrata a disposição do servidor em desenvolver ou adquirir novas competências, bem como fatores que podem afetar positivamente ou negativamente sua motivação.

Na última categoria, Competências, está condensado o levantamento dos conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias aos servidores Assistentes em Administração e às suas atribuições.

Com base nos dados coletados através da análise documental, de entrevistas e de observação livre, foi construída uma lista de competências individuais dos Assistentes em Administração da EE/UFMG. A descrição das competências individuais foi realizada mediante a identificação dos comportamentos esperados e das dimensões da competência (conhecimentos, habilidades e atitudes) consideradas pelos servidores e gestores como necessárias para o desempenho adequado das funções dos Assistentes em Administração (BRUNO FARIA; BRANDÃO, 2003; PIRES et al, 2005).

Espera-se que os resultados obtidos possam contribuir para o processo de gestão de pessoas na instituição, em especial as ações de treinamento, capacitação e desenvolvimento, beneficiando tanto os servidores TAE quanto a Universidade. Para tanto, ao final da pesquisa, será entregue a diretoria da Escola de Enfermagem da UFMG um relatório com os resultados da pesquisa, que poderão, a critério da instituição, servir de subsídio para o desenvolvimento de um plano de capacitação e desenvolvimento dos Assistentes em Administração da Unidade.