• Nenhum resultado encontrado

4.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DA MEDIAÇÃO NOS CONFLITOS

4.2.7 Reconhecimento das emoções

Vantagem latente para os conflitos familiares, a mediação reconhece que as emoções são parte dos conflitos e devem ser levadas em consideração para uma melhor condução até a resolução do litígio.

Os conflitos familiares são na maioria das vezes mais desgastantes e exigem um olhar mais específico para o caso concreto, o que requer do Judiciário maior sensibilidade para se obter um resultado mais eficaz e que não cause tantas consequências na vida familiar já abalada pelo conflito existente. (CABRAL; CARVALHO; SOUZA; PERES. [2015]).

Segundo Cachapuz (apud SEBBEN, 2016, p. 49), a mediação pode auxiliar o Judiciário, cumprindo função de resolver o conflito familiar, reduzindo o uso de artifícios legais para expressar os sentimentos que não podem ser reprimidos. Os conflitos de casais, antes de serem de direito, são emocionais, e a mediação reconhece que emoções são parte integral do processo de resolução, e por isso tem de ser atendidas, para que se tornem ações revisionais.

Novamente, diz Cachapuz (apud CABRAL; CARVALHO; SOUZA; PERES. [2015]) que a mediação traz o propósito de amparar na letra fria da lei a base emocional do ser humano, com o intuito de conhecer em seu próprio interior as causas que desajustaram o relacionamento e assim encontrar uma nova forma de vivência.

Observa-se, portanto, o reconhecimento da presença das emoções das partes no processo, e a necessidade de atendê-las. Ao resolver o conflito sem se considerar as emoções envolvidas, podem estas trazerem posteriormente inconsistência da solução imposta ou alcançada, devido ao sentimento de incompreensão dos reais desejos e vontade das partes, É com a observância dessas emoções que se encontra a raiz do conflito e assim se consegue

solucioná-lo de maneira eficaz. “O sucesso da mediação não resultará apenas do acordo firmado mas também na forma que se age no emocional do indivíduo na busca de algo justo e não atitudes motivadas por vinganças e ressentimentos.” (CABRAL; CARVALHO; SOUZA; PERES. [2015]).

4.2.8 Impedir ou diminuir os desgastes emocionais

Os litígios, sejam eles familiares ou não, e a tentativa de resolvê-los, levam as pessoas a um enorme desgaste emocional. Isso ocorre em especial nos processos judiciais, onde a competitividade e a morosidade do processo aumentam a tensão e o desgaste das partes.

Para Oliveira (apud LEITE, 2008), a vantagem mais relevante da mediação se refere à diminuição dos desgastes emocionais, por não estimular a contradição, procurando clarear as diferentes percepções das partes.

Para família não é diferente, é uma importante vantagem da mediação a diminuição ou até mesmo o impedimento desse desgaste. Nas palavras de Brasil (2016, p. 50) “acredita-se que a maior vantagem de se ter a mediação familiar, seria de impedir que uma família se desgaste com procedimentos judiciais, evitando aborrecimentos e objetivando reestruturar a entidade familiar afetada pelo conflito”.

4.2.9 Evitar ruptura familiar / manter relações familiares

Acerca da mediação, dispõe Cabral et al ([2015]): “sua aplicação é fundamental na tentativa de evitar a ruptura da estrutura familiar e uma maior reflexão das relações, talvez seja na área familiar que a mediação mais atua e apresenta maiores vantagens, pois é um método abrangente com resultados comprovadamente positivos.”

Quando se trata da mediação para os conflitos familiares, tem-se como importante vantagem a preservação das relações familiares, evitando a ruptura da estrutura familiar, que pode ocorrer após processo não consensual. A mediação, por meio do restabelecimento da comunicação e a autonomia das partes em tomar suas decisões, alcança soluções mais efetivas o que corrobora a manutenção e preservação da relação familiar após o fim do conflito.

Especial vantagem da mediação está no Direito da Infância e da Juventude e de Família, já́ que outra característica da mediação é que ela tende a preservar a relação das partes no futuro. Não é difícil perceber que a briga das partes perante tribunais, digamos, por exemplo, pela guarda de uma criança, provavelmente as afastará ainda mais, diante de sentimentos de competição e ódio recíprocos. (ISSLER, 2013, p.86).

A mediação, por ser maneira menos hostil de tratar o conflito, por meio do consenso, tem como vantagem permitir a preservação das relações interpessoais, principalmente àquelas que envolvem sentimentos após o fim do casamento, para que possa manter a parentalidade sadia. (BRASIL, 2016, p. 51).

Nota-se que a mediação familiar facilita a manutenção das relações continuadas, propondo uma verdadeira mudança de paradigma. Este processo incentiva as partes a observarem positivamente os conflitos, amenizando-os e entendendo-os como fatos naturais. A partir destas transformações, os parentes passam a conviver melhor, evitando novas contendas. (CACHAPUZ apud CABRAL; CARVALHO; SOUZA; PERES. [2015])

Portanto, em virtude da ausência de briga das partes em tribunais — presente o diálogo e a comunicação — de sentimentos hostis de competição — manifesta autonomia das partes — , com observância dos conflitos de forma positiva, a mediação possibilita a preservação das relações pré-existentes a longo prazo, após finalizado o litígio.

4.2.10 Sigilo

Por fim, pode ser elencada como vantagem do uso mediação o sigilo pertinente a esse meio de resolução de conflito. Conforme dispõe Cabral (2008, p. 85): “Várias são as vantagens da Mediação de Conflitos, dentre as quais têm-se: [...] confidencialidade do conflito, pois através da Mediação é assegurado sigilo total às partes”.

O sigilo é capaz de manter as partes seguras para se manifestar durante o ato, expondo suas emoções e suas opiniões, e garante que as partes e a família mantenha sua intimidade resguardada. Segundo Bortolli e Funes (apud Araújo, 2017), o sigilo é uma das mais importantes vantagens, sendo essa importância destinada a garantir a confiabilidade e segurança.

4.3 VANTAGENS DA MEDIAÇÃO E OS CONFLITOS QUE ENVOLVEM MENORES

Para Cachapuz; Gomes (2006, p. 282), os problemas familiares:

antes de serem de direito, são afetivos, emocionais e relacionais, antecedidos de sofrimento e dor. Dizem respeito a casais que, além da ruptura, devem imperativamente conservar as relações de pais, em seu próprio interesse e no interesse das crianças. Abrangem a questão da parentalidade – guarda, visitas, alimentos e afeto (novo paradigma do direito de família contemporâneo) – e da conjugalidade – separação e divórcio e outras conflitos que decorrem da área da família.

Dentre as vantagens apontadas, podem ser aproveitadas ao conflitos familiares que envolvem os filhos menores a superação da lógica ganhador-perdedor, a facilitação do diálogo

e o restabelecimento da comunicação, a preservação das relações familiares, a diminuição dos desgastes emocionais e a autonomia, empoderamento e valorização das partes, este último com ressalvas.

É especial vantagem para os conflitos que envolvem menores a superação da lógica ganhador e perdedor, desse sentimento de competitividade, comum ao processo litigioso, pois os pais, por vezes, utilizam os filhos como ferramentas para disputar e atingir o ex-cônjuge, numa verdadeira competição.

Numa separação, por exemplo, o estresse e o sofrimento são inevitáveis, podemos ver famílias travando verdadeiras guerras, os filhos muitas vezes são usados como instrumentos de agressão, desta forma parece improvável que essas questões sejam eliminadas nos tribunais de família. (CABRAL et al, [2015]).

Quanto à facilitação do diálogo e ao restabelecimento da comunicação são elas vantagens que tornam a mediação importante ferramenta para que os pais consigam definir questões de direito e interesses do menor, como guarda, exercício do poder familiar, alimentos e direito de visitas.

Em questão de guarda dos filhos, é fundamental que os pais possam se comunicar eficientemente sobre detalhes do exercício do poder familiar. Situações como o direito de convivência (“visitas”) e eventuais controvérsias sobre a divisão do tempo com a criança podem ser bem equacionadas se houver clareza, consideração, respeito e empatia entre os interessados.

Acerca do método de solução consensual da mediação diz Cordeiro e Gouveia (2018, p. 146) que é adequado para conflitos em que a relação deverá se prolongar no tempo, como nos litígios familiares em que há filhos em comum, e por isso, se sugere o diálogo, com a finalidade de manter a relação pré-existente ao conflito, favorecendo o saudável desenvolvimento da criança.

Em que pese a importância do diálogo entre os pais, para encontrarem melhor solução sem competições, também se faz necessário o diálogo entre pai/mãe e filho, e não somente o diálogo como a permanência de afeto e vínculo para a preservação da relação, outra importante vantagem da mediação.

A preservação da relação é característica ligada à mediação devido a promoção desta ao diálogo, à autonomia e à superação da lógica do ganhar e perder, o que torna a utilização desse método adequado e vantajoso aos conflitos que envolvem menores, pois o mais importante para estes é que após a solução do conflito não ocorra a ruptura da estrutura familiar, não se percam os laços afetivos e a relação com um dos genitores.

Dessa forma, a eficiência da mediação na solução dos conflitos de família pode ser percebida porque representa um espaço de comunicação segura e responsável e reorganiza a relação e a comunicação rompidas, por consequência, garante uma

convivência familiar harmônica especialmente para os filhos. (ALMEIDA, 2016, p. 1037)

Dispõe ainda Cabral et al ([2015]) acerca das partes garantir essa relação e convivência:

A administração do conflito proporciona às partes garantir uma relação futura. No âmbito familiar, esse fator é de grande importância, principalmente quando se trata de filhos. No processo de separação, vê-se, por exemplo, a questão de visitação, guarda, alimentos, enfim, diversos detalhes que vão demandar no decorrer da vida intervenção dos pais, e a boa relação certamente facilitará essa convivência, a mediação ameniza consequências negativas, tornando o ambiente familiar mais equilibrado após uma ruptura que é por si só um processo extremamente desgastante.

No tocante à diminuição do desgastes emocionais, é evidente que o filho menor é quem mais sofre com a ruptura da relação dos pais e a disputa pelos direitos e interesses decorrentes desses, e o processo para se chegar a solução do conflito e se alcançar os direitos necessários costuma causar ainda mais sofrimento e desgaste. Diminuir o desgaste emocional desse processo é fundamental para garantir a dignidade do menor e de extrema relevância para a manutenção da relação entre pais e filhos.

A diminuição dos desgastes emocionais das partes envolvidas direta ou indiretamente no conflito é considerada como vantagem da mediação de conflitos, pois o que se busca é demonstrar os diferentes pontos de vista dos mediados, por meio de um diálogo aberto entre as partes. A continuidade do relacionamento entre as partes envolvidas após o processo de mediação, por ter a participação ativa das partes, colocando suas opiniões de forma aberta e espontânea, facilita a obtenção da manutenção de um bom relacionamento de ambas. (CABRAL, 2008, p. 85)

O sigilo por sua vez vem preservar também o desgaste emocional que poderia ocorrer com a publicidade do conflito familiar. É de grande importância para o filho menor ter sua intimidade preservada nesse momento tão desgastante. Conforme já citado anteriormente, nesse momento de dissolução da família: “as partes envolvidas estão abaladas emocionalmente e não querem ver a sua intimidade familiar revelada a todos. [...] o sigilo no processo vai resguardar a criança ou o adolescente de qualquer comentário vexatório que interfira no seu bem-estar” (CABRAL, 2008, p. 82-83).

Por fim, a utilização da mediação em conflitos que envolvem menores tem como vantagem a autonomia das partes, pois é essa autonomia que permite aos pais decidirem o que acreditam ser melhor para os filhos, convencionando acerca de melhor horário para as visitas, os períodos de convivência, com quem deve permanecer a guarda e o valor de alimentos segundo suas possibilidades e a necessidade do menor, e assim cumprindo de maneira mais efetiva com o que cada um se comprometeu.

A ressalva nessa vantagem é nos casos em que os pais, devido a uma disparidade entre ambos ou não, não encontram solução pensando no melhor interesse dos filhos, motivo pelo

qual, ao tentar a homologação do acordo, deverá haver a intervenção do Ministério Público para garantir a preservação do melhor interesse e dos direitos do menor.

4.4 DESVANTAGENS DA MEDIAÇÃO E OS CONFLITOS QUE ENVOLVEM MENORES

Ainda que presentes muitas vantagens no instituto da mediação, há também desvantagens, ou casos em que não deve ser utilizada. São elas: 1) disparidade entre as partes; 2) casos que envolvem violência doméstica, maus tratos infantis ou dependência química.

No tocante à disparidade entre as partes, ela pode ocorrer por diversos motivos. Em que pese a mediação ter como princípio a isonomia entre as partes e atender bem ao princípio da igualdade do direito de família, aquele só garante que as partes tenham a mesma ciência do procedimento e as mesmas informações, necessárias para o andamento da mediação, não impedindo que um desequilíbrio pré-existente atrapalhe a busca pela solução.

Nesse sentido pode ser notado como disparidade a questão econômica, na qual uma parte possui mais poder aquisitivo que a outro, e por vezes essa questão acaba por influenciar a adequada soberania da parte, que pode convencionar algo que o desfavoreça.

Mesmo a mediação oferecendo inúmeras vantagens, é possível identificar algumas desvantagens do uso deste método. Uma delas é o desequilíbrio existente entre as partes, por ser um método onde os indivíduos têm autonomia para dirigir o andamento da sessão, é possível haver algum tipo de desvantagens entre uma parte e outra, como por exemplo o poder aquisitivo de cada uma. (BRASIL, 2016, p.52).

No âmbito do direito de família pode se observar esse desequilíbrio quando não existente entre os pais uma relação de igualdade e respeito recíproco, ainda que se reestabeleça a comunicação e se consiga entrar em um consenso, pode uma das partes, e até mesmo o filho menor, sair prejudicado, por haver essa desigualdade no âmbito familiar, em que uma das partes acaba cedendo.

Apesar das vantagens da mediação familiar serem óbvias, existem situações nas quais tal processo não deve ser indicado nem utilizado: casos em que há grandes desníveis de poder entre os mediandos; quando entre os pais não existe uma relação de igualdade e respeito recíproco; [...] (LEITE, 2008).

Observa-se assim, na inexistência de respeito recíproco, prejuízos aos interesses do menor e à comunicação deste com seus pais. Ao tratar acerca da participação de crianças e adolescentes na mediação, dispõe Araújo e Souza (2017):

Se entre o casal a comunicação está prejudicada, não estão agindo pautados no respeito e boa-fé com o próximo, visando apenas magoar o outro, os interesses da criança restarão igualmente prejudicados, assim como a comunicação entre pais e filhos, podendo vir a comprometer as relações afetivas dos mesmos.

Nota-se que não deve ser utilizada a mediação no presente caso, em que há um desequilíbrio entre as partes que pode gerar prejuízo para os direitos e interesses do menor, sendo por óbvio, considerada um desvantagem do uso da mediação.

Ainda, no que se refere às desvantagens da mediação, há casos em que não deve ser indicada ou utilizada: nas palavras Leite (2008), “na incidência de violência doméstica, maus tratos infantis ou toxicodependência”. Deve, portanto, ser verificado cada caso específico, para que não corra a utilização de maneira equivocada. Acerca da restrição do uso da mediação em casos de violência doméstica ou abuso sexual, ainda dispõe Barbosa (2015, p. 69):

Uma regra fundamental que rege a mediação é o limite de sua indicação. Esta restrição ocorre quando houver, concomitantemente à ocorrência de violência física ou abuso sexual, o risco iminente de graves danos a algum dos integrantes da família. Essa situação exige medidas incisivas e coercitivas, cuja eficácia venha a inibir a repetição do comportamento.

Ferreira (apud CABRAL, 2008, p. 85) exemplifica casos, como a violência, em que a mediação pode não solucionar o conflito: “questões que tenham envolvido violência conjugal podem não ser mediáveis, se o marido era violento, e a mulher se tornou tão atemorizada que não consegue expor suas opiniões ou cuidar de seus interesses”.

Não sendo resolvidas por meio da mediação, essas situações podem ser cuidadas pelo procedimento judicial tradicional. Para cada caso há um método de resolução de conflito adequado, seja consensual ou não (LEITE, 2008).

4.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DA MEDIAÇÃO COMO MEIO DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS FAMILIARES QUE ENVOLVEM MENORES

Após todo o levantado, diante da complexidade dos conflitos nos relacionamentos familiares, em especial daqueles em que estão envolvidos os filhos menores, se observa ser vantajoso o uso da mediação como meio de resolução desses conflitos. É evidente ser mais vantajoso, em razão do número de vantagens encontrado frente às poucas desvantagens.

As principais vantagens encontradas para resolução de tais conflitos são a facilitação do diálogo e o restabelecimento da comunicação e a preservação das relações familiares. No tocante ao interesses e às necessidades do menor, é de suma importância que os genitores, “ex- casal” ou não, se comuniquem. E ainda mais importante que se preserve a relação entre pais e filhos.

É a falta de comunicação que gera desentendimentos e descumprimento dos pais com suas obrigações. Sem comunicação não se cumprem com horários e dias pertinentes às visitas, com data e valor do pagamento de alimentos, com os direitos e deveres à quem possui a guarda

e com a fiscalização de quem não possui. Portanto, além de dificultar, ou mesmo impossibilitar, a realização de um acordo, a ausência da comunicação costuma criar novos conflitos, fazendo com que seja necessária novamente a busca pelo Judiciário.

A preservação da relação familiar é fundamental, pois o vínculo entre pai/mãe e filho, conforme já dito, é eterno, e deverá ser mantida a relação e a convivência. Ainda é necessário manter o vínculo afetivo entre os pais e o filho menor, pois é por meio do afeto e cuidado recebidos que a criança e/ou o adolescente irá se desenvolver de maneira sadia.

O uso da mediação permite que se restabeleça a comunicação que não mais existia e facilita o diálogo, promovendo uma melhor decisão e acordo entre as partes e garantindo a inexistência de novos conflitos. Ainda permite que seja a relação preservada, havendo uma manutenção da relação continuada, que é esse vínculo eterno entre pai/mãe e filho, o que só tem a beneficiar o menor.

Outras vantagens trazidas que beneficiam o menor e são vantagens da utilização da mediação no conflitos que os envolvem é a diminuição do desgaste emocional e o sigilo. Ambas atuam no sentido de impedir que o processo de separação, já desgastante e conturbado, seja ainda pior.

A diminuição do desgaste emocional e o sigilo promovidos pela mediação são vantagens que garantem que os filhos, e também os pais, superem o fim da relação conjugal e os conflitos que resultaram, de maneira mais amena e na medida do possível. O sigilo impede que a criança e adolescente sejam expostos e tenham a sua intimidade e a dos pais reveladas. A diminuição do desgaste emocional em relação ao processo judicial auxilia na compreensão do conflito de forma positiva pelos pais, e consequentemente pelos filhos, ou ao menos auxilia em um menor efeito negativo sobre todos.

Referente à superação da lógica ganhador-perdedor, que também pode ser entendida como uma tentativa de superação da cultura do litígio, é uma vantagem que assiste em especial às partes, mas que aproveita ao menor, assim como a facilitação do diálogo e o restabelecimento da comunicação. É vantagem para as partes, ao não existir a competição, não terem a ideia de que haverá ao final, na resolução do conflito, um ganhador e um perdedor, tornando o caminho para a resolução mais simples e o cumprimento de um acordo celebrado muito mais efetivo. Consequentemente os filhos são diretamente afetados, pois por vezes são utilizados como “instrumentos de batalha” pelos pais, para atingir um ao outro, sendo deixados de lado seus interesses e necessidades. Assim, superada a competição, também não há utilização do menor para atingir o outro e “ganhar” o processo.

Quanto à autonomia das partes presente no uso da mediação, essa pode ser verificada como vantagem ou desvantagem nos conflitos que envolvem menores. Para definir a guarda, o direito de visitas e os alimentos após uma separação conjugal, é importante que se saiba a rotina dos ex-cônjuges e de seus filhos, bem como a real necessidade do que será alimentado e a real possibilidade daquele que será alimentante. Com a cooperação entre as partes e a boa-fé de ambos, o diálogo possibilita que se utilize da autonomia para encontrar a melhor solução que atenda a todos, em especial o menor.

No entanto, como desvantagem, a autonomia das partes pode ocasionar justamente o contrário do atendimento aos interesses do menor, sem a presença do Estado defendendo os interesses da criança e do adolescente. Os pais podem acabar por definir esses interesses à sua maneira, e, como foi visto, frente a uma desigualdade entre ambos, os interesses do menor pode não serem sopesados de maneira adequada.

Observa-se que poderia ainda, por meio da autonomia das partes, ser definida solução que não atenda aos interesses do menor, em especial a definição de valor de alimentos que não se adeque às necessidades da criança ou adolescente e/ou desrespeito ao direito de visitas com definição ínfima de convívio com um dos genitores. Isso pode acontecer mesmo que inevidente

Documentos relacionados