• Nenhum resultado encontrado

Rede leite: projetos, atividades desenvolvidas e principais resultados

2.2 Rede leite – busca do desenvolvimento da atividade leiteira – uma experiência

2.2.1 Rede leite: projetos, atividades desenvolvidas e principais resultados

As informações e dados registrados a seguir são disponibilizados pela Rede Leite e foram organizados de maneira a sintetizar o andamento das atividades desenvolvidas pela Rede, assim como os principais resultados já alcançados até o final do ano de 2010.

O primeiro passo desde a instalação e discussão da rede foi o Projeto de Pesquisa-Desenvolvimento em Pecuária Leiteira, que teve a EMATER-RS/ASCAR como a principal instituição coordenadora. Este projeto foi financiado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e foi executado nos anos de 2007 e 2008, quando foi finalizado.

O segundo projeto desenvolvido pelo grupo de parceiros foi a Pesquisa- Desenvolvimento em Sistemas de Produção com Pecuária de Leite na Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, com uma Concepção de Território tendo a Embrapa Pecuária Sul como instituição coordenadora e também como órgão financiador. Este projeto, ao contrário do anterior, ainda continua em andamento tendo seu período de execução iniciado em 2010 com término previsto para o ano de 2013.

Também no ano de 2010 tiveram início as atividades do Projeto de Produção de Forragem e Qualidade do Solo em Pastagens Perenes de Verão, Sobressemeadas com Forrageiras Hibernais e sob formas de Utilização. Esta pesquisa tem como instituição coordenadora a UNIJUÍ, e o seu financiamento fica a cargo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Seu término está previsto ainda para o ano de 2011.

Por fim, até o presente momento, também com a coordenação da UNIJUÍ, existe o Projeto de Sistemas Forrageiros Irrigados para a Produção de Leite no Noroeste do Rio Grande do Sul. O financiamento de suas atividades vem acontecendo pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul. Suas

atividades tiveram início no ano de 2009 e o encerramento está delimitado para o ano de 2011.

Quanto às atividades desenvolvidas, destaca-se o acompanhamento de aproximadamente 40 unidades de produção localizadas em toda a região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Este trabalho segue as perspectivas da PPD com a realização de visitas mensais a cada uma das propriedades onde são avaliados os aspectos socioeconômico-ambientais e o andamento da realização das práticas/processos adotados buscando a melhoria dos sistemas de produção.

O Projeto de Produção de Forragem e Qualidade do Solo em Pastagens Perenes de Verão desenvolvido inicialmente apenas junto ao Instituto Regional de Desenvolvimento Rural (IRDeR) atualmente também conta ensaios em algumas propriedades monitoradas pelo projeto abrangendo o campo experimental da pesquisa.

Como uma das proposições formuladas pelo PPD, vêm sendo realizados diversos dias de campo com intuito de observar e discutir os resultados obtidos tanto nas unidades experimentais das instituições parceiras quanto nas propriedades que são atendidas pelo projeto. Até o ano de 2010 já haviam sido organizados mais de 10 eventos com a participação de aproximadamente 2000 agricultores e profissionais ligados ao setor.

Entre as entidades parceiras acontecem constantemente reuniões técnicas e administrativas para o debate sobre as atividades que estão se desenvolvendo, como de possíveis dificuldades e entraves que possam inviabilizar o sucesso dos programas. Essas reuniões também têm sido importantes para a organização e gestão da própria Rede Leite.

Reuniões de trabalho igualmente têm acontecido com os produtores quando são trazidas por estes as observações sobre o andamento das atividades, bem como são realizados debates sobre os aspectos gerais dos sistemas de produção. Até o final do ano de 2010, já haviam sido organizadas mais de 10 reuniões com a participação de aproximadamente 400 pessoas.

Cursos de capacitação de produtores e técnicos em pecuária de leite vêm sendo realizados e organizados pela EMATER-RS/ASCAR. Vale ressaltar que, de acordo com os próprios técnicos deste órgão, este tipo de ação tem gerado resultados bastante positivos, especialmente na melhoria do manejo e na qualidade do leite, garantindo a diversas propriedades a melhoria na renda dessas famílias bem como a reprodutibilidade desta atividade.

A primeira etapa a ser cumprida originou o Zoneamento Agroecológico da Atividade Leiteira na Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, definindo três zonas com diferentes características produtivas e socioambientais. Este zoneamento permitiu a realização da tipologia dos sistemas de produção e, a partir destes, a identificação dos principais problemas enfrentados pelos produtores.

Outro resultado bastante positivo é a visível adequação e melhoria nas práticas e processos de diversas unidades de produção, permitindo a essas famílias melhor renda e consequente qualidade de vida. Foi passível de verificação nessas mesmas propriedades o aumento da sua sustentabilidade socioambiental.

Foi concluída, pelo menos em sua fase inicial, a criação de um banco de dados com as informações gerais sobre os sistemas de produção acompanhados, abordando os aspectos socioeconômico-ambientais. A conclusão desta etapa irá permitir aos técnicos e demais atores envolvidos nos projetos, além de uma maior acessibilidade às informações e características de cada propriedade, subsídios para o estudo, comparação e proposição de ações de melhorias e maior capacidade de reprodutibilidade de outras diversas propriedades em um tempo muito menor.

Foram desenvolvidos estudos do uso de consórcios forrageiros para formação de pastagens em diferentes condições ambientais e de manejo. Sob esta mesma preocupação de melhoria no manejo alimentar dos animais associada ao estudo da melhoria da fertilidade do solo, foi desenvolvido o trabalho sobre o manejo de pastagens perenes de tifton consorciadas com forrageiras de inverno, com ênfase na produção de forragem e na fertilidade do solo. Estes dois estudos têm uma importância muito significativa para a melhoria no manejo e para a redução dos custos de produção do leite, uma vez que as pastagens representam uma fonte mais

econômica para a alimentação dos rebanhos. Outro aspecto a considerar é que a produção de leite a pasto, além do menor custo em relação aos sistemas intensivos convencionais caracterizados pela adição de concentrados na dieta dos animais, também auxilia na preservação dos recursos renováveis.

A produção a pasto pode ser considerada mais sustentável sob os pontos de vista econômico, social e ambiental. Além disso, a produção à base de pasto, sob condições mais naturais, vem ao encontro da tendência atual dos mercados consumidores, que têm passado a exigir processos produtivos e o produto final de maior qualidade. O sistema de produção de leite a pasto pode, portanto, criar a possibilidade de se agregar valor ao produto e, ao mesmo tempo, contemplar todos os benefícios que podem ser proporcionados por este tipo de produção pecuária (SILVA, 2009). A seguir, ressaltando esta nova ótica da produção leiteira determinante da qualidade do leite, será discutida a importância da cadeia láctea ao desenvolvimento regional e do Estado do Rio Grande do Sul.