• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 3 REESCRITA DE OBRAS POR MEIO DE MÍDIAS DIGITAIS:

3.4 REESCRITA ANIMADA

Reflexões advindas das queixas dos alunos sobre a impossibilidade de utilização plena dos balões de fala motivaram a mudança de ambiente virtual para a realização da proposta de trabalho que envolvia as reescritas.

Repensada a prática docente, o projeto passou, então, a ser realizado no PowerPoint, programa que permite a criação e exibição de apresentações de temas

múltiplos, possibilitando a inserção de imagens, sons e textos que podem ser animados de diferentes maneiras.

Se antes, por meio do Hagáquê, o clima lúdico dominava o ambiente de aprendizagem, o PowerPoint incrementou ainda mais a proposta de trabalho, pois a reescrita deixou de ser estática e passou a ser animada.

Os alunos entusiasmaram-se ainda mais e não estavam satisfeitos com as imagens prontas da internet. A partir disso, começaram a criar as personagens, utilizando sites que tornavam possível a montagem de bonecos, trocavam os bonecos entre os colegas, introduziam efeitos entre as cenas e entre os diálogos ocorridos entre as personagens e buscavam sempre o melhor plano de fundo para ilustrar as suas cenas.

Seguem alguns slides de um dos trabalhos realizados no segundo ano de confecção desta proposta de trabalho, produzidos pelos alunos Rafael Correia Laxer (14 anos) e Victor Camillo Palandi (14 anos):

Figura 11 – Slide de apresentação das personagens montadas pelos próprios alunos13

Figura 12 – 6º slide – Início da conversa entre as personagens que iniciam a narrativa do livro O Médico e o Monstro – 1ª parte

13

Figura 13 – 6º slide – Continuação da conversa entre as personagens que iniciam a narrativa do livro O Médico e o Monstro – 2ª parte

Figura 14 – 6º slide – Continuação da conversa entre as personagens que iniciam a narrativa do livro O Médico e o Monstro – 3ª parte

Figura 15 – 6º slide – Continuação da conversa entre as personagens que iniciam a narrativa do livro O Médico e o Monstro – 4ª parte

Figura 16 – 7º slide – Narração da cena que gera a conversa inicial exposta no primeiro capítulo da obra O Médico e o Monstro – 1ª parte

Figura 17 – 7º slide – Narração da cena que gera a conversa inicial exposta no primeiro capítulo da obra O Médico e o Monstro – 2ª parte

Figura 18 – 7º slide – Narração da cena que gera a conversa inicial exposta no primeiro capítulo da obra O Médico e o Monstro – 3ª parte

Figura 19 – 7º slide – Narração da cena que gera a conversa inicial exposta no primeiro capítulo da obra O Médico e o Monstro – 4ª parte

A qualidade das produções, tendo em vista a faixa etária dos alunos de 13 ou 14 anos e seu conhecimento de informática, foi inquestionável. A cada aula, os alunos queriam melhorar o que tinham produzido na aula anterior e produzir mais para poderem exercitar sua criatividade, demonstrando que seguiam envolvidos pelo projeto mesmo terminada a aula.

Além disso, a troca de informações entre eles era fantástica. Se alguém descobria um jeito para melhor demonstrar o que acontecia na cena original do livro, essa pessoa era solicitada para ensinar a descoberta à turma.

Buscando o apoio teórico de Chartier (1998, p. 152), lembra-se que “a relação da leitura com um texto depende, é claro, do texto lido, mas depende também do leitor, de suas competências e práticas, e da forma na qual ele encontra o texto lido ou ouvido”.

Alguns alunos empolgaram-se tanto que eles adiantavam parte da proposta em casa para aproveitar melhor o trabalho conjunto com os outros discentes no laboratório. Assim, a construção foi coletiva:

[...] no texto inscrevem-se elementos que vêm de fora dele e que os sujeitos que se encontram no texto – autor e leitor – não são pura individualidade. São atravessados por todos os lados pela história: pela história coletiva que cada um vive no momento respectivo da leitura e da escrita, e pela história individual de cada um; é na interseção destas histórias, aliás, que se plasma a função autor e leitor. (ZILBERMAN & RÖSING, 2009, p.104)

No segundo ano de execução do projeto, faz-se importante relatar também, que alguns educandos trouxeram para a proposta escolar traços de afinidades pessoais. Em um determinado momento, por exemplo, uma dupla solicitou à professora de Língua Portuguesa se poderia utilizar os bonecos pré-fabricados do msn ao longo do trabalho. Segue o exemplo:

Figura 20 – 1ª parte do 10º slide do trabalho das alunas Ana Beatriz P. Tavares (13 anos) e Gisele Viviane Gercwolf (14 anos)

Figura 21 – 2ª parte do 10º slide do trabalho das alunas Ana Beatriz P. Tavares e Gisele Viviane Gercwolf

Na mesma semana de trabalho, outro grupo propôs utilizar os planos de fundo encontrados nos seus jogos de videogames favoritos, para a proposta de reescrita. A tarefa era trabalhosa, mas como os alunos estavam motivados nem perceberam que eles teriam muito mais trabalho.

Figura 22 – 1ª parte do 3º slide do trabalho confeccionado pelos alunos Gabriela Tavares Vicente (14 anos) e Murillo dos Anjos de Jesus Santos (13 anos)

Figura 22 – 2ª parte do 3º slide do trabalho confeccionado pelos alunos Gabriela Tavares Vicente e Murillo dos Anjos de Jesus Santos

Figura 23 – 1ª parte do 20º slide do trabalho confeccionado pelos alunos Gabriela Tavares Vicente e Murillo dos Anjos de Jesus Santos

Figura 23 – 2ª parte do 20º slide do trabalho confeccionado pelos alunos Gabriela Tavares Vicente e Murillo dos Anjos de Jesus Santos

Vê-se, desta forma, que os alunos estabeleceram relação entre a proposta solicitada na escola e os seus gostos pessoais.

O trabalho foi mais significativo e prazeroso, assim como a leitura da obra solicitada foi realizada com maior profundidade uma vez que os discentes descobriram que quanto mais conhecessem da obra mais poderiam explorar os recursos da informática e, inclusive, perceberam que o conhecimento amplo da narrativa permitia que as criações se tornassem mais originais.

A leitura, assim, ganhou um novo significado. Além disso, ela foi prazerosa. Outra comprovação de que o projeto atingiu êxito é que, ao término da leitura do livro solicitado para a execução do trabalho, por livre e espontânea vontade, alguns alunos procuraram ler outras obras do mesmo autor.