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Capítulo I Percursos formativos na prática supervisionada

6. Reflexão final da PES em 1ºCEB

Com o culminar de mais uma etapa, neste caso a última etapa da PES do mestrado em educação pré-escolar e ensino do 1º ciclo do ensino básico, é com nostalgia e de coração cheio que recordo todos os bons e maus momentos destes 2 anos de mestrado. Foi um caminho longo, que custou a percorrer, mas do qual levo grandes recordações e, essencialmente, muitas aprendizagens. Antes de iniciarmos a PES, sentia que apesar de já ter uma Licenciatura sentia que estava muito “verdinha”, a Licenciatura reunia um plano de estudos que assentava muito na parte teórica tendo existido poucas oportunidades de prática “no tereno”.

Comecei este mestrado sem saber muito bem o que esperar, apenas ouvia colegas dizer o como era difícil, as noites que passavam sem dormir, e não percebia a razão. Hoje, terminado este ciclo, também eu passei muitas dessas noites sem dormir, também prescindi de muitas coisas em prol de uma dedicação efetiva a este momento de aprendizagem mas, agora terminando, encaro esse esforço com orgulho.

Nestes últimos dois anos, essencialmente, aprendi o que era estar do outro lado, deixar de ser a aluna e passar a ser a “professora”, passar a ser a “responsável”, foi difícil aprender a conter tudo o que digo e como digo, passar a ser aquela que deve dar o exemplo, a todo o momento, e não a ser a repreendida, não foi fácil, mas se não mostrarmos aos alunos que somos um exemplo, jamais teremos deles o mesmo respeito.

Penso que educar é isso, colocar os alunos como a nossa prioridade, tentar acordar todos os dias com motivação, para que os consigamos motivar também a eles, e deixar todos os problemas à porta da sala de aula. Aquele é o momento deles e as horas e horas que passamos a planear aulas só temos esperança que produzam boas práticas, que visem a melhoria das suas aprendizagens e os tornem cidadãos responsáveis e sensatos.

Cabe ao professor a função de promover oportunidades equitativas, apoiando-se numa pedagogia estruturada e organizada de forma sistemática e intencional. Esta tem em vista a construção de uma aprendizagem integrada dos alunos. Neste entendimento, a integração do estudante-estagiário num contexto real de ensino, o EP1, revela-se uma ótima oportunidade para a aquisição destas competências. Ribeiro (2012, p.25)

Mas as aprendizagens e a aquisição de competências práticas e teóricas não seriam possíveis sem as pessoas com quem nos deparamos neste percurso, professores que nos ensinaram a nós, para podermos ensinar os outros, alunos que nos incentivaram a ser melhores, pais que depositar em nós a confiança de educar os filhos, auxiliares que

nos ajudam das mais diversas formas, que tornam a nossa prática mais fácil e nos ensinam baseados na sua experiência.

Escrevo esta reflexão, com o sentido de dever cumprido, não foi fácil, houve muitos contratempos e dificuldades no percurso, muitas coisas que podia ter feito melhor e outras que até correram melhor do que esperava. Mas no fundo sinto que foram todas aprendizagens. Só aprendemos a fazer as coisas bem errando e depois tentando de novo, sem desistir. Por vezes, coisas que pensávamos que seriam um sucesso, não o são, e coisas que pensamos que não tinham tanta relevância, tornam-se momentos chave da aula, é preciso refletir sobre isso, perceber a turma e as diferentes personalidades que temos perante nós. Claro, é sempre impossível agradar a todos, mas temos, sempre, de fazer essa tentativa de estimular o máximo possível de alunos para a aprendizagem. É o feedback que recebemos dos alunos que nos incentivam e motivam para as aulas, momentos inesperados e contratempos, que integram qualquer prática docente e que a enriquecem.

Em termos do decorrer da investigação, consegui durante as minhas semanas de implementação realizar todas as atividades que tinha previsto. Algumas, por causa do tempo letivo dado a cada disciplina, ficaram um pouco aquém do que era o meu objetivo. Posto que existe sempre uma pressão muito grande de conseguirmos abordar todos os conteúdos e depois não é possível fazer as atividades planeadas da forma espectável, porque existe um horário a cumprir e, no meu caso, a investigação ocupava praticamente todo o tempo destinado à disciplina do português, sendo difícil, quando não conseguíamos terminar uma tarefa, nesse dia, conclui-la posteriormente.

Em jeito de conclusão, aponto o tempo limitado de realização da PES, associado à vontade de desenvolver/explorar as temáticas recorrendo a estratégias e materiais diversificados e à organização rígida dos horários do 1ºciclo estipulados para as áreas curriculares, como o maior entrave, durante a minha implementação. Estas contingências limitam a flexibilidade e o aprofundamento na implementação das atividades programadas. Senti que no decorrer da PES em educação pré-escolar foi possível “moldar”, flexibilizar e adaptar as atividades de uma forma mais adequada quer para a minha experiência profissional quer para as necessidades das crianças.

Capítulo II – O projeto de investigação no contexto da

prática supervisionada

1 . Identificação e justificação do tema

A escolha do tema deveu-se a uma preocupação pessoal com a temática da aceitação da diferença, sob a forma de uma tentativa de sensibilização de questões como a descriminação e o preconceito, em relação aquilo que foge à norma da sociedade, nomeadamente a organização de categorias de famílias que não se enquadram no modelo ainda dominante das representações sociais da nossa cultura.

Tendo em conta a nova legislação que consagra a possibilidade de coadoção pelo cônjuge ou união de facto de indivíduos do mesmo sexo (anexo 5) e assistindo-se a uma multiplicidade de novos modelos e conceitos de família, reconheci ser importante trabalhar este tema para que as crianças possam compreender e analisar diferentes realidades familiares, contribuindo para desconstruir o estereótipo associado à representação de um modelo único de família.

Por outro lado, considerando o papel da família no processo de desenvolvimento da criança é importante entender as questões familiares, tendo em conta a forma como aquilo que acontece na família se reflete no trabalho da sala de aula e da vivência do aluno na escola.

Sendo a família durante grande parte da vida ou durante toda a vida o microssistema mais relevante, tal como acontece com a escola, onde as pessoas passam uma grande parte da sua vida, é importante destacar este assunto, pelo papel relevante que essas instituições assumem na educação e na construção das representações dos conceitos e estereótipos nas crianças.

No entanto, a abordagem destes assuntos acarreta algumas dificuldades, pois tratam-se de assuntos complexos e que algumas vezes envolvem a intimidade do aluno. Nasce aqui a escolha da abordagem ao tema através da literatura infantil. A literatura ajuda a generalizar a temática, tornando-a passível de aproximação dos alunos às diferentes realidades através de personagens fictícios.