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Capítulo I Percursos formativos na prática supervisionada

2. Enquadramento teórico

2.3. Tipos de famílias

As famílias são constituídas das mais diversas formas, não existe já um pai e uma mãe como base de uma família sólida, hoje, temos perante nós um vasto leque de novas situações familiares que é importante compreender, para que também as crianças que se inserem nessas situações familiares sintam na escola e na sociedade em geral, respeito e reconhecimento do seu modelo familiar. O ambiente familiar é um local onde deve existir harmonia, afetos, proteção e todo o tipo de apoio necessário na resolução de conflitos ou problemas de algum dos membros. São as relações de confiança, segurança, conforto e bem-estar que proporcionam a unidade familiar.

Os diferentes tipos de família são entidades dinâmicas com a sua própria identidade, compostas por membros unidos por laços de sanguinidade, de afetividade ou interesse e que convivem por um determinado espaço de tempo durante o qual constroem uma história de vida que é única e irreplicável. (Giddens, 1999; 2004; Amaro, 2006: 71; Alarcão & Relvas, 2002 cit in Dias 2011, p.143)

Identificamos, em seguida, os mais destacados tipos de famílias existentes na actual sociedade e que analisamos junto das crianças no contexto do presente estudo:

1-Familia tradicional nuclear – parte de uma primeira união entre e o homem e a

mulher, de onde surgem, depois, os filhos. “Também designada de família simples. Classicamente, é-lhe atribuída grande estabilidade, de facto, tradição ou sociedade”. “Cada membro tem um papel pré-estabelecido de dentro da sociedade, consoante o género ou faixa etária, conservador no tempo e atitude”. (Caniço et al., 2010, p.36) Até meados dos anos 50 do passado século, o pai era considerado único responsável pelo sustento da família, enquanto a mãe responsabilizava-se por todas as atividades referentes ao lar e à família. Esse modelo de organização familiar permanece até hoje

transformações que a família vem sofrendo ao longo do tempo (Lamb, 1975; Parke, 1998; Crepaldi et al., 2006 cit. in Borsa&Nunes, 2011, p.35).

2-Família monoparental – composta por apenas um dos progenitores: pai ou mãe.

Os motivos que possibilitam este tipo de estrutura assentam em causas como: morte, abandono, divórcio, separação ou por opção (Ex: adoção solteira). “A entidade monoparental, pode advir do abandono do lar, da morte de um dos cônjuges, ou de ser uma mãe solteira que decidiu ou que teve que cuidar sozinha das crianças, como também uma adoção unilateral por pessoa solteira, ou seja, há a ausência do outro progenitor.” (Silva, 2016, p.33)

3-Familia Ampliada ou extensa – Consiste na família nuclear, mais os parentes

diretos ou colaterais, existindo uma extensão das relações entre pais e filhos para avós, pais e netos, tios e sobrinhos; “A família ampliada ou extensa é aquela formada por parentes, no qual, a criança tem vínculo de afetividade e afinidade, como por exemplo, a criança que vive com os avós ou tios.” (Silva, 2016, p.12).

4-Família Numerosa- Neste tipo de família incluem-se as famílias, em que os

progenitores têm três ou mais filhos. Algumas destas famílias, quando mais desfavorecidas, necessitam de ajuda externa e de apoios económicos. “Trata-se de uma família que exige apoio social e grande versatilidade dos cuidadores (pais, avós ou outros) quer devido ao número de crianças e jovens que habitualmente é elevado, quer às diferentes exigências de cada grupo etário” (Caniço et al., 2010, p.20)

5-Família Homossexual – constituídas por um casal homossexual formado por

dois homens ou duas mulheres e os filhos. Alguns destes casais têm as suas famílias tendo em conta relações anteriores heterossexuais. “Após a separação com prole, o pai ou a mãe que tem a guarda dos filhos resolve assumir sua orientação sexual e passa a viver com alguém do mesmo sexo”. (Dias, 2005, p.52) Outras formas de formação destas famílias são com recurso a barrigas de aluguer, adoção, ou fertilização in vitro, recorrendo a bancos de esperma, no caso dos casais lésbicos.

6-Familia reconstituída ou reconstruída - Constituídas pela família de origem do

primeiro casamento ou união de facto e a família do novo companheiro, com ou sem descentes de relações anteriores. “Para estas famílias tem sido usada a expressão famílias reconstruídas, pretendendo-se com a palavra reconstruída dar ênfase à «destruição» familiar anterior” (Gameiro, 1997, p.19) “Aquilo que, desde, cedo, é específico nas famílias reconstituídas é o facto de, na atual configuração, existirem pessoas que, num passado mais ou menos próximo, tiveram outras famílias (nucleares, entenda-se), em parte agora reunidas neste novo sistema.” (Alarcão, 2006, p.206). A maioria dos casos existentes de famílias reconstituídas deve-se a divórcios, separações ou viuvez. “A situação que ocorre com mais frequência, será uma mulher com filhos de um relacionamento anterior que passa de um período de monoparentalidade, para uma situação em que volta a ter um homem que poderá ou não ter filhos”. (Teixeira, 2014, p.16) “Novas figuras aparecem como atores suplementares na cena familiar, que

impõe uma nova forma de intervenção. Os novos pais aparecem na maioria das vezes não como pais mas como amigos” (Gomes, 2015, p.19)

7-Familia adoção- Constituída por um pai e uma mãe, dois pais, duas mães, ou um

pai ou uma mãe, e pelo filho/ filhos, sem laços consanguíneos, fruto de um processo de adoção. “As famílias adotivas caracterizam-se hoje, na sua maioria, pelo facto de acolherem no seu seio crianças e adolescentes que não têm laços de sangue com aqueles pais, mas que lhe estão ligados por laços afetivos e legais.” (Alarcão, 2006, p.220). “Nestas famílias, podem co-habitar filhos biológicos. A impossibilidade de descendência biológica pode ser a motivação para a adopção, ou esta ocorrer após um luto de um filho. Por outro lado, a adopção pode significar um desejo por si só.” (Caniço et al., 2010, p.29)

8-Família institucional – Constituída por crianças que vivem em instituições, com

outras crianças e adolescentes, com um corpo diretivo e administrativo e auxiliares (cuidadores) que se responsabilizam pelo seu bem-estar e com os quais criam laços familiares vinculativos. Bowlby (1981, 1984, 1998 cit. in Pinhel et al., 2009, p.509) ” Definiu vinculação como um sistema inato de comportamentos de aproximação do bebé às figuras cuidadoras, no sentido de adquirir a protecção de que necessita. Resultante de uma propensão biológica inata para o desenvolvimento de laços afectivos “. Normalmente fazem parte deste leque de famílias crianças que foram retiradas aos pais por não terem condições de as criarem, por motivos de maus tratos, abusos sexuais, falta de condições socio emocionais ou incumprimento dos direitos legais impostos nos direitos das crianças. Outros episódios estão relacionados com situações de rejeição ou de abandono pelos progenitores que as entregam às instituições ou a casos de crianças órfãs.

Além da tradicional estrutura familiar denominada nuclear, as transformações sociais e culturais, proporcionam a existências de diferentes estruturas familiares. A família não é mais a mesma que de há uns séculos atrás, a sua forma e estrutura têm mudado substancialmente. Apesar de algumas das representações familiares aqui retratadas já existirem há décadas, e não fazerem parte das “novas famílias”, como o caso das famílias de adoção e de instituição, estas foram aqui representadas por terem feito parte da literatura integrante da investigação e serem também muito importantes quando o contexto a perscrutar é a família, uma vez que estas constituem duas das formas mais antigas do desenvolvimento das crianças fora da família nuclear biológica.

2.4. O papel da literatura infantil na desconstrução de estereótipos