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Reflexão sobre os resultados obtidos nos ensaios de resistência ao gelo e de

No documento Estudo experimental da pedra de xisto (páginas 169-172)

5. Estudo de algumas propriedades físicas e mecânicas da pedra de xisto de construções

5.10. Reflexão sobre os resultados obtidos nos ensaios de resistência ao gelo e de

e de resistência à compressão

No decorrer do ensaio de resistência ao gelo, a inspeção visual feita às amostras revelou que a maioria das amostras apresenta uma integridade material muito satisfatória e porque apenas começou a apresentar sinais de dano mínimo a partir do ciclo número 16, mantendo esse registo até final do ensaio. A única exceção foi a Amostra 43 que se partiu no sentido de um estrato, em duas metades.

Analisando os resultados obtidos no ensaio à compressão, é possível afirmar que a pedra de xisto antiga existente em edifícios tradicionais do concelho de Peso da Régua apresenta uma maior resistência à compressão (73 MPa e 70 MPa) perpendicularmente aos estratos da pedra do que paralelamente aos estratos (45 MPa e 40 MPa). Esta ocorrência verificou-se tanto no caso das amostras intactas como no caso das amostras envelhecidas.

No caso das amostras intactas, obteve-se uma resistência à compressão média perpendicular aos estratos, obtida experimentalmente, de 73 MPa, enquanto a

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resistência à compressão média foi de 45 MPa para a aplicação da carga paralelamente aos estratos.

Relativamente às amostras envelhecidas, obteve-se uma resistência à compressão média perpendicular aos estratos, obtida experimentalmente, de 70 MPa e na resistência à compressão média paralela aos estratos de 40 MPa.

Estes resultados demonstram claramente que existe uma variação significativa da capacidade resistente à compressão em função da orientação dos estratos, o que corrobora a anisotropia associada a este material. Paralelamente, convém relembrar que as pedras de xisto são aplicadas em obra de modo a que a sua capacidade de resistência à compressão perpendicular aos estratos seja explorada ao máximo.

Relacionando agora os resultados das amostras intactas com os das amostras envelhecidas, verifica-se que houve uma degradação do material, nomeadamente da capacidade resistente à compressão da pedra de xisto, sob o feito de ciclos de gelo e degelo previstos no ensaio de resistência ao gelo. Verifica-se que a degradação da capacidade resistente à compressão das amostras de pedra de xisto antiga foi de 4,1% para a força de compressão perpendicular aos estratos e de 11,1% para a força de compressão paralela aos estratos. Conclui-se que a degradação da capacidade resistente à compressão das amostras foi mais acentuada no plano paralelo aos estratos do que no plano perpendicular aos estratos, Figura 5.48.

Figura 5.48 – Comparação entre as tensões de rotura à compressão das amostras intactas e das envelhecidas

145 Contudo, em termos mecânicos, a degradação material ocorrida não parece ser expressiva, o que reforça a ideia de que a pedra de xisto antiga existente neste concelho ainda parece ter capacidade de durabilidade elevada, e por isso, pode manter-se em obra ou ser reutilizada em construções novas. Para um melhor conhecimento das questões de durabilidade, os ensaios de resistência ao gelo deverão ser realizados por um período superior de tempo.

De forma a complementar esta reflexão, na Tabela 5.13 encontram-se expostos os valores de resistência à compressão de diferentes tipos de pedra de xisto existentes em Portugal disponibilizados na bibliografia consultada [6, 34–35].

Nestes casos, foram utilizadas amostras de pedra de xisto intacto porque foram recolhidas de blocos de pedra de xisto extraídas de pedreira. Por isso, estas amostras de pedra de xisto são novas e não foram sujeitas a um processo natural de envelhecimento antes da realização dos ensaios à compressão. Em contrapartida, as amostras de pedra de xisto ensaiadas neste trabalho de investigação são antigas. Estiveram em serviço durante muitos anos e como elementos constituintes de paredes de alvenaria de pedra de xisto, sujeitas às intempéries, aos gradientes térmicos anuais e a ações mecânicas.

Tabela 5.13 – Resistência à compressão de diferentes tipos de pedra de xisto

Tipo de xisto Intacto Envelhecido >,AB° (MPa) >,B° (MPa) >,AB° (MPa) >,B° (MPa) Barrancos [34] 43,7 - 37,5 - Mourão [34] 40,0 - 33,6 - F o z C ô a Casal Moura [35] 114,0 - 127,0 - ORNABASE [35] 144,0 - 127,0 - Solicel [35] 46,5 - - - Tanha [6] 110,0 - - -

Antigo do Peso da Régua 73,0 45,0 70,0 40,0

Na Tabela 5.13, a designação envelhecido é correspondente a amostras de xisto ensaiadas testadas no ensaio de resistência ao gelo.

É de referir que a bibliografia [6, 34–35] não faz referência à orientação dos estratos da pedra. Assume-se que o valor apresentado corresponde ao máximo (independente da orientação dos estratos) para efeitos comparativos com os resultados obtidos neste trabalho de investigação.

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Assim, pode-se afirmar que a pedra de xisto antiga proveniente de edifícios de pedra de xisto, do concelho de Peso da Régua, apresenta uma resistência à compressão superior em relação ao xisto de Barrancos [34], de Mourão [34] e ao xisto de Foz Côa (segundo os valores da Solicel [35].Por sua vez, é inferior ao xisto proveniente de Tanha [6] e em relação ao xisto de Foz Côa (segundo Casal Moura [35] e ORNABASE [35] ).

É importante referir que o xisto de Tanha [6] é proveniente de uma pedreira existente na freguesia de Vilarinho dos Freires do concelho de Peso da Régua. Pode-se por isso considerar que este tipo de xisto é a versão jovem do xisto estudado neste trabalho. Focando-se agora na degradação da resistência à compressão após o ensaio de gelo, constata-se que existe um efeito prejudicial dos ciclos de gelo e degelo na pedra de xisto em todos os casos e tal como também aconteceu neste trabalho de investigação. Apenas é exceção o caso de Casal Moura [35] em que se obteve um resultado oposto porque houve um acréscimo de capacidade resistente à compressão após o efeito de envelhecimento.

Esta comparação entre diferentes resultados de capacidade resistente À compressão da pedra de xisto permite reafirmar que a pedra de xisto antiga dos edifícios tradicionais do concelho de Peso da Régua aparente ter as propriedades materiais adequadas para serem mantidas em serviço e também dão prova de apresentar uma durabilidade adequada.

No documento Estudo experimental da pedra de xisto (páginas 169-172)