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SUMÁRIO CAPÍTULO 1

1.4 O Neoliberalismo, Políticas Públicas e Educação: as bases do debate.

1.4.1 A reforma da educação superior

Outra face dos ajustes e desregulamentações, segundo Soares25, é o “assalto às

consciências”. A Nova Ordem desejada pelo capital, a construção de uma nova hegemonia, a produção de consensos em torno das reformas em curso só podem ser feitas à custa de um

25 SOARES, Maria Clara Souto. Banco Mundial: Políticas e Reformas. In: TOMMASI, L. WARDE, M. HADDAD, S. O Banco Mundial e as Políticas Educacionais. São Paulo: Cortez, 1996.

violento processo de amoldamento subjetivo: perdem-se os direitos sociais à cidadania, mas convence-se de que, no horizonte, existe um mundo tecnologicamente mais desenvolvido.

Encontram-se os indicadores do “assalto às consciências e do amoldamento subjetivo” na política para a educação na América Latina, a partir do “Consenso de Santiago”, abril 1998,26em que a Educação é colocada como central nos acordos internacionais.27 Estas estratégias visam cobrir a dívida social produzida pela Primeira Geração de reformas emanadas desde o “Consenso de Washington28”.

26 Nos dias 18 e 19 de abril aconteceu em Santiago do Chile, a 2º Reunião de Cúpula das Américas, com a presença de 34 chefes de Estado do continente, para dar continuidade ao processo de discussão da constituição da ALCA - Associação de Livre Comércio das Américas. Segundo Júlio MIRAGAYA - Analista Econômico da CEDEPLAN e Presidente do Sindicato dos economistas do DF-, trata-se de uma articulação envolvendo os distintos interesses econômicos nacionais e que resultará em expressiva repercussão nas respectivas economias, assim como nas condições de vida dos povos das América A ALCA é a resposta Americana à ofensiva dos alemães na Europa (Tratado de Maastrich - União Européia) e japoneses na Ásia (APEC - Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), Associação de 13 países Asiáticos e ainda, México, Canadá, Chile e EUA. Seu objetivo e estender o mercado criado inicialmente pelo NAFTA - North American Free Trade Association) que engloba EUA, México e Canadá, até a Patagônia. Isto significa somente na América Latina de um PIB global de 2,73 trilhões de dólares, equivalente ao PIB da China ou 2,5 vezes superior ao PIB dos Tigres Asiáticos (Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura). A América Latina conta com uma população aproximada de 500 milhões de pessoa. Nestes acordos não são discutas as CARTAS SOCIAIS, que estabelecem a manutenção e avanços nos direitos sociais dos trabalhadores.

27 Segundo o Embaixador dos Estados Unidos no Brasil - Melvin LEVITSKY”A Parceria Educacional entre Brasil- EUA preparou o terreno para fazer da Educação um dos temas centrais da agenda hemisférica em Santiago. Esse acordo de parceria regerá nossa abordagem bilateral da educação em cinco áreas temáticas, incluindo padrões de avaliações educacionais, tecnologia educacional, desenvolvimento profissional, parceria entre comunidade e empresas e intercâmbio. A parceria é fundamental para a iniciativa educacional entre EUA e o Brasil. Ela deverá assegurar o acesso aos instrumentos para a prosperidade econômica do século XXI. A agenda comum para as Américas centra esforços em uma agenda comum de renovada ênfase na educação.

28 O Bloco capitalista, controlado pelos Estados Unidos, seguindo os ditames da Conferência de Bretton Woods (ocorrida em 1944 com a presença de 44 paises), construiu um novo sistema de instituições internacionais, estabelecendo regras de competitividade econômica, liberalizando e intensificando o comércio internacional. Neste sistema o Banco Mundial tem a função de reconstruir economias capitalistas, o FMI - Fundo Monetário Internacional -, para monitorar desequilíbrios cambiais e monetários dos Estados capitalistas e o GATT-General Agreement on Tariffs and Trade para administrar o Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio.(Ver mais In: SOARES, M.L.Q. MERCOSUL _ DIREITOS HUMANOS, GLOBALIZAÇÃO E SOBERANIA. Belo Horizonte. Inédita, 1997.) O Consenso de Washington diz respeito a submissão do conjunto das economias à batuta de Washington/EUA - Significa a política do “Big Stick”- A América para os Americanos. São políticas que se inscrevem num modelo de integração econômica baseado numa estratégia de política multinacional, segundo a qual o “livre comércio” eqüivale a liberdade de exploração máxima, pela via de desregulamentação, flexibilização. Significa ainda, a destruição da política do Welfare State que possibilitou crescimento econômico atrelado a relativa eficácia na concretização de direitos sociais.

Pode-se encontrar indicadores precisos do “assalto às consciências e do amoldamento subjetivo” na política para a Educação da América Latina e especificamente no ensino superior no Brasil,29 último reduto de resistência para a implementação dos ajustes educacionais.

Em 16 de dezembro de 1996, o Ministro da Educação Paulo Renato, em Seminário sobre Ensino Superior, realizado em Brasília, pronunciou-se sobre os eixos centrais da Política do Governo para o Ensino Superior, que traz em si as recomendações do Banco Mundial, reconhecidas no documento “El desarrollo en La Practica: La Enseñanza superior - las lecciones derivadas de la experiencia”.30

Declarou o Ministro: “desde que assumiu o Governo, o presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou os pilares de sua política em relação ao Ensino Superior. Três são os pontos centrais desta política: Avaliação (Lei 9.131/novembro de 199531 - Avaliação Institucional e Exame Nacional de Cursos “Provão”), Autonomia Universitária Plena (PEC 370) 32 e Melhoria do Ensino (PNG Edital Nº04/97 SESu/MEC e PID - Artigo 6º da MP 1657-18, PEG - Programa de estímulo a Graduação ou ao atual GED - Programa de Gratificação e estimulo a Docência)33.

Ao defender tais pilares perante os reitores34, o governos redefinem a essência da relação entre o Estado e o Sistema de Ensino Superior. Redefine-se aí a própria institucionalidade das relações entre Estado e Universidade. A questão da Educação Superior passa também, como a

29 Segundo COGGIOLLA a política de privatização eqüivale, para nós, à destruição de toda e qualquer pesquisa...estamos diante de uma ofensiva de destruição do ensino superior. Ver mais In: COGIOLLA, O. A Crise Capitalista e a Universidade Brasileira. XVII Congresso do ANDES/SN (Fevereiro de 1998) (mimio.)

30 BANCO INTERNACIONAL DE RECONSTRUCCIÓN Y FOMENTO/ BANCO MUNDIAL. El Desarollo en la practica. La enseñanza superior: las lecciones derivadas de la experiencia. 1st ed. ISBN 0-8213-2773-9.

31 O Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras - PAIUB, foi criado pela Secretaria de Educação Superior do Ministério de Educação e do Desporto. Em Dezembro de 1993 a SESu/MEC lançou e Edital convidando as Universidades interessadas a apresentar projetos para o período de 94/95. Ao todo foram aproximadamente 60 (sessenta) universidades com projetos. Sua promulgação na forma de Decreto Lei nº 2.026 data de 10 de outubro de 1996 que “Estabelece procedimentos para o processo de avaliação do cursos e instituições de

ensino superior”

32 A respeito da PEC 370-A/96 a direção nacional do ANDES/SN apresentou em março de 1997 um texto com detalhes das Conseqüências da PEC 370-A/96 sobre a Autonomia Universitária.

33 O Movimento grevista nas IFES/98 - docentes, estudantes e técnico-administrativo -, com amplo apoio popular e parlamentar, veio rejeitando as políticas do governo e suas iniciativas, mas foi traído por negociações espúrias realizadas pela Direção do ANDES-SN Gestão 1998-2000, junto aos setores do governo, quebrando a democracia interna, a autonomia e vontade política das bases do Movimento.

escolarização de todos, pelo projeto político de sociedade, passa pela forma como o Estado define o tipo e a forma desse investimento.35

Para implementar a sua concepção de autonomia universitária o MEC enviou ao Congresso, em 1996, uma proposta de emenda constitucional (PEC 370-A)36 que consagra o processo de privatização interna das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), descomprometendo gradualmente o Estado com o seu financiamento, indicando claramente o caminho para a inserção das Universidades e CEFETEs na lógica capitalista de mercado, com a venda de serviços na área de pesquisa e extensão comunitária, com a cobrança de anuidades ou mensalidades aos alunos.

Analisando os Programas que o Governo vem propondo às Universidades, como o PRONEX (Programa de Apoio a Núcleos de Excelência)37, PID (Programa de Incentivo a Docência - Artigo 6º da MP 1657-18 rejeitado pelo Congresso em 12/05/98, por força do movimento grevista nas IFES), o PNG (Programa Nacional da Graduação, Edital Nº 04/97 SESu/MEC em implementação nas IFES), reconhecem-se os indicadores da estratégia do governo que é estabelecer a dissociação entre ensino, pesquisa e extensão, a separação entre as próprias Universidades - de ensino, de pesquisa, de extensão, concentração de pesquisa em centros de excelência, com alta performance de qualidade e produtividade e, gestão flexível de

35 Ver mais sobre Necessidades Educacionais In: SOUZA, J.F. Os desafios Educacionais no Nordeste e a responsabilidade dos Centros de Educação e suas Universidades Públicas. Cadernos Do Centro de Educação. Ano 1, Março de 1997.

36 Segundo o Parecer da Comissão Especial destinada a apreciar a Proposta de Emenda à Constituição nº 370/96 esta representa um desdobramento da Proposta de Emenda Constitucional nº 233-A de 1995 que “modifica o artigo 34 e

o capitulo III Seção I da Constituição Federal e o artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias”.

A PEC 233-A remetia à Lei Ordinária a regulamentação da autonomia universitária, pela adição da expressão “na forma da lei” ao Caput do Art. 207 do Texto Constitucional. A PEC 233-A abordava dois aspectos, um relativo a autonomia universitária e outro relativo à abertura de nova fonte de receita para as universidades publicas, permitindo a cobran’;ca de mensalidades. Por necessidades de aprofundamento recomendou-se a tramitação independente do item Autonomia Universitária. Com nova proposição tramitou como nº 370/96 tendo sido criada uma Comissão Especial sob a presidência da deputada Marisa Serrano. Por necessidade de aprofundamento efoi apresentado um substitutivo à proposta de Emenda à Constituição nº 370/96 que passou a tramitar com o nº 360- A/96.Aquestão da autonomia traz a baila questões como modelo de educação superior, expansão do sistema, financiamento, controle de qualidade, avaliação institucional, credenciamento, gestão, indissociabilidade entre ensino-pesquisa-extensão, entre outros. O novo texto a PEC 370-96 foi no sentido de suprimir a expressão “na forma da lei”, pois que, uma vez disciplinada por lei ordinária, a autonomia pode ser modificada por qualquer lei ordinária, perdendo, a proteção do texto Constitucional - “desconstitucionalização” da autonomia.

37 Das 451 propostas candidatas apenas 77 foram contempladas, o que corresponde a 17,1% de aprovação. 374 ficaram fora. Das contempladas 80,5% concentram-se na região Sudeste (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espirito Santo) e, 16,9 % na região Sul (Paraná 3 projetos, Santa Catarina 2 projetos, Rio Grande do Sul 13 Projetos) As regiões Norte e Centro Oeste não tiveram nenhum projeto aprovado, o Nordeste somente dois. Ver mais In: Jornal ADUNICAMP. Publicação da Associação dos Docentes da UNICAMP, Campinas/SP Ano XV Setembro/97.

recursos humanos vinculados a projetos específicos, desinstitucionalizando recursos e pesquisadores, abrindo o caminho acelerado à privatização, “sintonizando a Universidade com a Nova ordem Mundial, a lógica do mercado”.

O investimento em “nichos tecnológicos” em detrimento dos investimentos em uma ampla base de competência educacional, científica & tecnológica nacional pode ser a diferença entre a vida e a morte num mundo onde o crescimento depende do conhecimento científico & tecnológico.38

A investida mais persistente e violenta contra a Universidade Pública é a destruição da autonomia universitária – A constituição de 88 garante em seu Artigo 207 a Autonomia Universitária. O Governo através de Mensagem nº 1078 de 15 de outubro de 1995 busca alterar o artigo da constituição, mas, as investidas do governo contra a Universidade pública não são novas. Não só o governo de FHC como os que o antecederam investiram contra o processo de democratização interna, contra a Autonomia universitária, através de várias ações e propostas entre as quais se destaca:

1982 – Governo Figueiredo, Ministério de Esther Figueiredo Ferraz Avisos Ministeriais 473 e 474;

1983 – MEC e CRUB recuperam avisos ministeriais e transformam em Projeto de Lei; 1985 – PL 4985, iniciativa do Executivo Governo e assumido pelo GERES ( Grupo executivo para a reestruturação do Ensino Superior. Acentua-se a proposta dos Centros de excelência;

1991 – Governo Collor, Ministro Chiarelli, proposta “Uma Nova Política para o Ensino Superior” parte do Projeto de Reestruturação Nacional”;

1991 – Também no Governo Collor, Ministro Goldenberg apresenta proposta de modelo de financiamento para as IFES.

1991 – Governo Collor PEC 56B/91 – defende o enquadramento das IFES num novo ente jurídico, com gestão independente de recursos humanos – retira docentes e servidores do Regime

38 Ver mais a respeito de “base de competência”In: SCHARTZ Gilson. Tecnologia ainda pode salvar os japoneses. Folha de São Paulo. Tendencias Internacionais 2-Dinheiro, domingho, 5 de abril de 1998.

Jurídico Único. Descompromete o estado com a Universidade. Idéia de orçamento global” nas IFES.

1992 – Senador Darcy Ribeiro apresenta projeto de LDB que atropela a LDB em tramitação que embutia a proposta de autonomia do Movimento Docente;

1995 – Governo defende LDB apresentada por Darcy Ribeiro ( LDB negociada) que acaba com RJU, carreira Única, extingue dedicação exclusiva, transforma as IFES em Organizações Sociais Autônomas;

1995 – Governo apresenta ao PEC 173/95 reforma Administrativa que rebate diretamente na universidade Pública no que se refere à Autonomia, regime jurídico, política de pessoal, isonomia, estabilidade, concurso público, carreira, e outros.

1995 – é apresentada a PEC 233-A/95 que deu origem a PEC 370-A/96 (autonomia concedida);

1995 – aprovação da LEI 9131/95 que institui o ‘Provão” e 9192/95 que institui a nova modalidade de escolha de dirigentes nas IFES são atentados a Autonomia;

1996 – MARE apresenta anteprojeto de Lei que define autonomia das IFES;

1996 – Insistindo na destruição o governo de FHC apresenta a PEC 370-A/96 desmembrada da PEC 233-A/95;

No bojo de uma proposta de reestruturação do ensino fundamental para viabilizar o “Fundo de desenvolvimento do Ensino Fundamental e valorização do Magistério - Fundão” o governo propôs alterações ao artigo 207 (Autonomia Universitária) e inciso IV do art. 206 (gratuidade do Ensino) da Constituição Federal.

A PEC 233/95, desmembrada na PEC 370-A/96, propõe nova redação ao artigo 207”As Universidades gozam, na forma da lei, de autonomia...O atual texto prevê gratuidade, a nova redação significa retirada da garantia da gratuidade, estabelecendo diferentes graus de autonomia. No substitutivo de Darcy Ribeiro consta “autonomia para as instituições que comprovem alta qualificação científica”. Atrela-se, com tal posição, a autonomia à conjuntura e à correlação de forças do congresso e aos projetos governamentais.

Verifica-se aí a submissão do trabalho docente e de pesquisa a padrões e finalidades externas, determinados pelas exigências do mercado. Decreta-se aí o fim da Universidade pública como instituição, em geral, e como instituição democrática de garantia de direitos.

Reconhecem-se aí expressões da proposta do Banco Mundial, enquanto estratégia de reforma, que está sistematizada em quatro pontos:

1.) Maior diversificação dos tipos de instituição propondo instituições não universitárias para atender demanda de mercado e diminuir custos (op. cit.: p.31);

2.) Diversificação das fontes de financiamento das instituições públicas de ensino superior através de três iniciativas: a)ensino pago; b) doações e; c) atividades universitárias que gerem renda (op. cit.: p. 44);

3.) Redefinição da função do Estado no que concerne ao Ensino Superior cujo ponto central é autonomia financeira (op. cit.: p. 61);

4.) Adoção de políticas de qualidade e equidade, com nenhum ou pouco aumento dos gastos públicos (op. cit.: p. 74).

A proposta de Autonomia defendida pelo MEC propõe a sua constitucionalização e não a desconstitucionalização . Significa a não Autonomia vez que o seu conteúdo o conceito de autonomia está fundamentado na lógica do mercado, na qualidade e eficiência do sistema (produtividade e qualidade total); na avaliação quantitativa, para a concessão de dotação orçamentária Global ou orçamento Global, com controle finalístico, no empresariamento do ensino superior público através da captação de recursos no setor privado, na autonomia dos dirigentes mas com subordinação ao executivo.

O que se constata é que a própria LDB (9394/96) desrespeita preceito constitucional (Artigos 206 e 207). Fere, por exemplo, a isonomia.

Desvela-se aqui a farsa da autonomia, proposta pelas políticas do MEC para a Educação. O que se explicita é o centralismo e controle ideológico pela via das Diretrizes Curriculares, dos PCNs e da Avaliação finalística.

A idéia da “autonomia” financeira, coloca o sistema educacional na “lógica do mercado, dos parceiros, dos financiamentos externos, da privatização”, descomprometendo-se o Estado em

termos de recursos financeiros. As agências financiadoras internacionais tem interesses em tais mecanismos. Tanto é que, em momento algum, os PCNs tratam de questões do financiamento da educação e da formação continuada de professores, pontos centrais para implementação de Planos, projetos, programas e diretrizes. Ao contrário de tal política de destruição, a ANDES/SN defende um Projeto de Universidade com nexos históricos no Projeto Histórico socialista e que entende autonomia indissociável da democracia interna, do Padrão Unitário de Qualidade, socialmente referenciado, admitindo que do conceito de universidade depende a definição do financiamento, da carreira, da política de pessoal, do regime jurídico, do processo de escolha de dirigentes, da avaliação, entre outros. A universidade deve ter caráter público, deve ser gratuita, democrática, de qualidade socialmente referenciada, significando isto referência para a autonomia, didático pedagógica e científica. Por isto alia-se à Sociedade Civil na Defesa do Plano Nacional de Educação que prevê a ampliação do PIB, imediatamente, para aplicação na Educação, Ciência & Tecnologia.

Na política de subordinação e destruição do MEC merece destaque, também, o “Programa Nacional para a Graduação (PNG)”. Pode-se reconhecê-lo no quarto ponto das recomendações do Banco Mundial39.

O Programa Nacional da Graduação é “uma ação da política de Ensino Superior do MEC, conjunta com a SESu e o Fórum de Pró-Reitores de Graduação que objetiva “organizar novas diretrizes gerais dos currículos dos cursos de graduação”40. Tal Programa desdobra-se em duas linhas básicas, uma reconhecida como “Programa de Modernização41 e Qualificação do Ensino

Superior” e outra o PID - Programa de Incentivo a Docência, rejeitado pelo Congresso em 12/05/98, por força do movimento grevista nas IFES.

39 O Movimento Docente vem formulando criticas ao projeto Interveniente do Banco Mundial. Ver mais In: FIGUEIRAS, L.; DRUCK, Graça. O projeto do Banco Mundial, O Governo FHC e a privatização das universidades federais. Plural. Revista da Associação dos professores da UFSC - SSIND, V. 6 Nº 9 p. 15-27, Jan/Jun., 1997. 40 Oficio Circular Nº 019/98-GAB/SESu/MEC de 04 de março de 1998, informando sobre dotação de bolsas de incentivo associadas à dedicação e à avaliação da contribuição dos docentes para a melhoria do ensino da graduação. 41 Verificar a critica sobre MODERNIZAÇÃO tecida por CHAUÍ In: Em torno da Universidade de resultados e de serviços. Revista USP, São Paulo (25): 54-61, março/maio 1995.

As Diretrizes Curriculares Gerais para a Graduação, correspondem ao nível do Ensino Superior ao que são os Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Básica42. São

orientações do governo, através do Ministério de Educação, a respeito da Direção do Processo de Formação Humana nos Projetos de Escolarização do Sistema Nacional de Educação. Ou seja, representam a direção e a centralização da orientação curricular sob os auspícios do Estado.

O Convite Público - Chamada de Propostas - foi emitido pelo Ministério da Educação e Desporto em 10 de novembro de 1997 e estabelecia o prazo de 02 de março de 1998 para o envio de propostas. As Diretrizes estão integradas com os processos de renovação das autorizações e de reconhecimento dos cursos, a partir dos parâmetros de indicadores de qualidade, além de nortear processo de avaliação institucional, notadamente no âmbito do PAIUB43.

No documento convite, como “informações básicas” específica e esclarecer tópicos referentes a: 1) Perfil desejado do formando - visando garantir flexibilidade; 2) Competências e habilidades desejadas - enquanto linhas gerais para adaptar e integrar-se às dinâmicas condições do perfil profissional exigido pela sociedade; 3) Conteúdos obrigatórios - 50% percentual comum obrigatório; 4) Duração dos cursos - tendência a reduzir tempo de formação.

O tencionamento para a definição das Diretrizes Gerais dos Currículos de Graduação - o que significa rever/reformar projetos acadêmicos das IES -, decorre de quatro âmbitos:

42 Os PCNs, são uma LINHA DE AÇÃO ESTRATÉGICA do MEC. Decorre do âmbito de convênios internacionais assinados pelo Brasil - CONFERÊNCIA MUNDIAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS, PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS, estabelecido entre os nove (09) países mais populosos do mundo e com menores índices de produtividade em suas estruturas educacionais. Tais convênios desdobram-se no Brasil no ACORDO NACIONAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS e nos PLANOS DECENAIS DE EDUCAÇÃO, dos Estados, que introduz o MEC como formulador de diretrizes curriculares básicas/ mínimas e, por outro, do preceito constitucional (Artigo 210 da Constituição Federal/1988) e ainda, das formulações que culminaram na Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96).

43 O Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras - PAIUB-, foi criado pela Secretaria de Educação Superior do Ministério de Educação e do Desporto. Em Dezembro de 1993 a SESu/MEC lançou e Edital convidando as Universidades interessadas a apresentar projetos para o período de 94/95. Ao todo foram aproximadamente 60 (sessenta) universidades com projetos. Sua promulgação na forma de Decreto Lei nº 2.026 data de 10 de outubro de 1996 que “Estabelece procedimentos para o processo de avaliação do cursos e instituições de

ensino superior”. O Decreto assinado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso e subscrito pelo Ministro da

Educação Paulo Renato Sousa prevê procedimentos para análise do desempenho global do Sistema Nacional e desempenho Individual das instituições compreendendo todas as modalidades de ensino, pesquisa, extensão. Os indicadores de desempenho serão levantados pela SEDIAE _ Secretaria de Avaliação e Informação Educacional. O decreto prevê que a avaliação individual das instituições será conduzida por comissão externa à instituição e será