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Região sul do Município de São Paulo

No documento Andréa Paula Peneluppi de Medeiros (páginas 43-47)

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.3. Poluição do ar e crescimento urbano

2.3.2 Região sul do Município de São Paulo

A Região Sul do Município de São Paulo é formada pelos seguintes distritos: Campo Limpo, Capão Redondo, Cidade Ademar, Cidade Dutra, Grajaú, Jardim Ângela, Jardim São Luís, Parelheiros, Pedreira, Socorro, Vila Andrade, Marsilac, Campo Grande, Jabaquara e Santo Amaro, e esses três últimos pertencem à Subprefeitura da Região Centro-Sul (ANEXO 1).

O centro e as periferias da metrópole paulistana são traduções territorialmente distintas da desigualdade de oportunidades urbanas que define as cidades brasileiras. Muito mais que as diferenças econômicas e sociais, há grandes implicações na forma e no funcionamento das cidades. A expansão da população em periferias precárias tem levado as pessoas à necessidade de viagens que atravessam a cidade para se ter acesso a emprego, a oportunidades econômicas, culturais, etc (ROLNIK, 1999).

O rodoanel metropolitano (FIGURA 3) está em construção, seu traçado passa, em sua maior parte, pelas áreas dos mananciais, principalmente nos seus trechos sul e norte. A duplicação da antiga estrada Parelheiros (atual Avenida Teotônio Vilela) e da Estrada M’boi Mirim foram fatores decisivos na orientação da expansão urbana de São Paulo no vetor sul (VENTURI, 2004).

A expansão e o adensamento da cidade na periferia trazem como conseqüência a degradação dos atributos naturais do cenário urbano, dentre eles a vegetação. As cidades que perderam sua cobertura vegetal, como São Paulo, poderiam reorientar suas políticas básicas (moradia, sistema viários, meios de transporte, áreas de lazer, etc), incorporando os benefícios advindos da cobertura vegetal, e assim, qualificando seu ordenamento territorial (FURLAN, 2004).

FIGURA 3. Traçado do trecho sul do rodoanel5.

Na periferia urbana de São Paulo, o crescimento populacional é positivo, e se estende para além dos núcleos antigos como Penha, Nossa Senhora do Ó, Santana, Santo Amaro e Pinheiros. Atualmente, há uma mobilidade territorial de populações em direção à Cantareira e à Região das represas, ao sul do município, áreas que até bem pouco tempo eram tidas como inabitáveis. Na região das represas, os loteamentos ilegais começaram nos anos de 1970, atualmente essa região tem mais de um milhão de habitantes, caracterizando uma ocupação massiva que se formou nas últimas três décadas. Santo Amaro, um bairro antigo, em geral, serve de passagem dos habitantes da área do manancial para demais regiões do município (SEABRA, 2004).

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A região Sul tem grande incidência de usos residenciais horizontais de médio e alto padrão como no alto da Boa Vista (FIGURA 4). Há uma grande concentração de usos comerciais e serviço nas Avenidas Santo Amaro e João Dias e no Centro de Santo Amaro ao redor do Largo 13. O uso industrial nessa região ocupa localizações tradicionais ao longo da Avenida Marginal do Rio Pinheiros, principalmente nas áreas mais próximas às barragens das Represas Billings e Guarapiranga. O Sul Extremo apresenta alta incidência de usos residenciais, principalmente, horizontais de baixo padrão. Não se localizam grandes concentrações, observando-se praticamente todos os usos dispersos pelo território. Paralelamente à ocupação de alto padrão horizontal às margens da Av. Robert Kennedy, observa-se uma ocupação por residências horizontais de baixo padrão, em área de proteção aos mananciais. Essa ocupação é induzida, principalmente, pela consolidação da Avenida Teotônio Vilela e Estrada de Parelheiros. Observa-se ainda ao extremo sul do Município, algumas manchas dispersas de ocupação, principalmente de baixo padrão6 .

FIGURA 4. Padrões de usos residenciais horizontais de médio e alto padrão Alto da Boa Vista

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SÃO PAULO. Prefeitura do Município de São Paulo. Atlas ambiental. Disponível em:

A população da Região Sul do Município de São Paulo, no ano 2000, era de aproximadamente 2.211.101 habitantes, cerca de 21,2% da população do município7. A densidade demográfica do Município de São Paulo é de 7.286,3 habitantes/ Km2, a qual se encontra semelhante para determinados locais da Região Sul. No ano de 2004, os distritos de Marsilac, Parelheiros, Grajaú, Socorro e Santo Amaro apresentavam até 4.500 habitantes/Km2; entre mais de 4.500 e 8.000 no Jardim Ângela, Cidade Dutra, Pedreira e Campo Grande e com mais de 15.000 habitantes / Km2 no Capão Redondo, Campo Limpo e Cidade Ademar, o que pode ser verificado no Anexo 2. No ano 2000, essa Região continha 1.006 favelas, contabilizando 49,8% do total correspondente do município. A distribuição dessas favelas é bem heterogênea entre os distritos, por exemplo, enquanto no Jardim Ângela, o número pode chegar a 153, em Santo Amaro são três e no Marsilac há uma favela7.

Apesar das melhorias das condições de moradia e do saneamento básico, a população ainda sofre com os aspectos sócioeconômicos de uma sociedade concentradora de rendas. Dentre os distritos que concentram grande parcela da população excluída estão: Jardim Ângela e Grajaú (IZIQUE, 2003).

A taxa de mortalidade infantil no município, no ano 2006, foi de 12,8%o nascidos vivos, verificando-se que do total de 96 distritos do município, 45 distritos apresentavam taxas entre 11,0 e 17,0 %o e em 35 distritos, essas taxas estavam entre 5,0 e 11,0%o nascidos vivos. Na Região Sul havia, na mesma época, um predomínio na faixa entre 11,0 e 17,0 %o nascidos vivos, com exceção de Parelheiros que apresentava uma taxa entre 17,0 e 25,0%o nascidos vivos e os distritos de Socorro, Pedreira e Marsilac com valores entre 5,0 e 11,0%o nascidos vivos (ANEXO 3). No mesmo ano, a taxa de mortalidade neonatal (óbitos em menores de 28 dias

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SÃO PAULO. Secretaria municipal de Planejamento. Informações gerais. Disponível em:

de vida) foi de 8,26%o nascidos vivos para o município e variou entre 6,7 e 11,1%o nascidos vivos na Região Sul (ANEXO 3).

Atualmente, o contexto sócioeconômico de São Paulo parece acumular, no curso de sua história, vários problemas ambientais, especialmente nas áreas dos mananciais da RMSP, onde ausência de saneamento, os desmatamentos e deslizamentos de encosta, a crise de abastecimento de água e o agravamento da violência formam um cenário sócioambiental complexo.

Há uma desordem urbana? A partir da realidade das cidades industriais do século XIX, observa-se que, na verdade, houve uma substituição de uma ordem urbana por outra, a ordem capitalista que se traduz como desordem (doenças, trânsito, poluição, etc.) (CHOAY, 2001). No entanto, essa desordem é a ordem típica e própria do modo de produção capitalista. Diante de uma visão funcionalista e organicista de cidade, a ocupação de algumas áreas poderia ser considerada como desordenada ou caótica em sua aparência, adjetivos esses que não explicam a essência do processo. Tais ocupações podem ser consideradas como “a expressão espacial da falência do poder público como gestor do território e gerador de políticas sociais; como a expressão espacial das relações conflitantes e assimétricas entre os segmentos de representação da sociedade civil, governo e iniciativa privada”. Um exemplo dessa situação são os traçados das ruas que não seguem uma ordenação e não possuem uma boa estruturação. Uma infra-estrutura física, como água encanada, luz e asfalto, não havia, pelo menos, no início das ocupações. Da mesma forma, o estabelecimento de instituições sociais como escolas e postos de saúde, eventualmente, surge depois, mediante pressões da demanda social e das comunidades organizadas (VENTURI, 2004).

No documento Andréa Paula Peneluppi de Medeiros (páginas 43-47)