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Regimen hygienico durante o alleitamento

A mãe.—A mulher que amamenta necessita de toda a tranquillidade d'alma esocego d'espirito em virtude da influencia que a actividade moral exerce sobre a secreção do leite ; segundo Cooper toda a anciedade d'espirito, qualquer noticia desagradável, um accesso de cólera, etc., pôde diminuir a secre- ção do leite e até alterar-lhe as suas propriedades.

D'ArJenne cita o facto d'uma creança que, sen- do amamentada pela mãe, pouco depois d'esta ter experimentado um violento medo, morreu alguns instantes depois no meio de fortes convulsões.

Merlicor observou ataques epileptiformes n'uma creança, cuja mãe tinha experimentado grandes af- flições, e reconheceu por meio d'analyses que o leite d'esta se tinha tornado extremamente acido.

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Vcrnois e Becquerel, tendo analysado o leite d'uma mulher e sendo ella pouco depois acomet- tida d'uma forte commoção reconheceram n'uma segunda analyse, que elle continha mais agua e matérias albuminóides tendo diminuído considera- velmente a quantidade d'assucar, saes e sobretudo de manteiga, que estava reduzida quasi a \ das suas proporções normaes.

É conveniente que a mulher dê passeios mode- rados e pretira os alimentos de mais fácil digestão para que a sua nutrição seja activa e reparadora. O seu regimen alimentar não deve ser exclusi- vamente animal ou vegetal, dando sempre prefe- rencia áquelles alimentos que constituíam a sua alimentação habitual.

As bebidas alcoólicas e outras excitantes como chá ou café devem ser usadas com moderação porque do seu abuso podem resultar graves incon- venientes tanto para a saúde da mãe como para a do filho.

Os peitos devem merecer-lhe cuidados particu- lares ; logo que a creança acabe de mamar é con- veniente lavar os mamillos com agua tépida para evitar que alguma quantidade de leite alli possa ficar depositada; porque da sua fermentação pôde resultar a producção d'uma espécie de cogumellos que passam facilmente para a mucosa boccal da creança.

de qualquer espécie d'attrito ou compressões exa­ geradas; porque d'aqui podem resultar engorgita­ mentos ou abcessos da glândula e fendas ou ex­ coriações do mamillo, etc.

As relações conjugaes devem ser raras, porque ainda mesmo que não sejam seguidas de prenhez, pôde da sua frequência resultar graves inconve­ nientes para a secreção láctea.

■ Ainda debaixo do ponto de vista therapeutico é digna d'attender­se a hygiene do alleitamento, por isso que existe um certo numero de medicamen­ tos, como são o sulphato de magnesia e de soda, saes de ferro e chumbo, iodeto de potássio, etc., que são eliminados pelo leite; porém ao medico compete dirigir o tratamento tanto em relação á mãe como ao filho.

O filho. —A natureza sempre previdente des­ tinou o leito para o primeiro alimento do recem­ nascido ; com effeito é este o único que lhe con­ vém attendendo ás condições de pouca resistência e funcionalismo, que nos offerecem os seus órgãos digestivos anatómica e physiologicamente conside­ rados.

Salvos casos excepcíonaes só passados os oito ou nove primeiros mezes é que o estômago da creança está apto para poder supportar uma ali­

mentação mixta.

A ausência dos dentes é uma prova evidente de que o recem­nascido deve beber e não comer.

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Posto isto vejamos quando hade a -creança ma- mar pela primeira vez.

E prática geralmente seguida dar agua assu- carada á creança durante as primeiras vinte e qua- tro horas depois do nascimento, sem que nada pos- sa justificar a crença vulgar de que a creança não deve mamar na mãe sem que se desenvolva n'esta a febre do leite. Ë este um preconceito que só pôde acarretar prejuízos tanto para a mãe como para o filho.

Logo que a creança desperta do primeiro so- mno consecutivamente ao banho, já nos revela a sensação da fome, quer pelos vagidos, quer pelos movimentos de sucção, que executa com os lábios, e quando a mãe não tenha ainda restaurado as fa- digas do parto, o que ordinariamente só acontece passadas cinco a seis horas, podemos, é certo, mi- nistrar á creança algumas colheres d'agua assu- carada com algumas gottas de leite de vacca ou melhor ainda de jumenta, até que a mãe se encon- tre em condições de poder amamental-a. Quando mesmo'o leite não tenha apparecido, a propria suc- ção da creança provoca um afíluxo de sangue ás glândulas mamarias, qua as predispõe para a se- creção do leite e concebe-se perfeitamente que uma creança estando vinte e quatro ou mais horas sem ser alimentada,"deve soffrer uma diminuição no seu peso inicial, que só tarde pôde recupar. Além d'isto o primeiro leite da mãe tem propriedades purgati-

vas que provocara a sahida do meconio que existe no canal intestinal do recém nascido e quando a se- creção do leite seja muito tardia então é mais con- veniente entregar a creança a uma ama do que su- jeital-a a um alleitamento artificial.

Durante os primeiros quinze dias, a creança deve mamar de duas em duas horas pelo menos e de três em três o máximo.

Passado o decimo quinto dia, já a creança ma- nifesta mais claramente que tem fome, e a partir do segundo mez adormece geralmente quando está satisfeita e desperta quando quer mamar, o que não quer dizer que se lhe deva dar de mamar to- das as vezes que despertar.

Á medida que ella vae crescendo, é conveniente ir distanciando os intervallos das horas de mamar; porque a creança, mamando cada vez, mais carece também de maior espaço de tempo para que a di- gestão do leite se faça d'um modo regular e com- pleto.

De noute basta que mame quando muito duas vezes, porisso que a mãe carece pelo menos de cinco a seis horas de descanço contínuo para se refazer das muitas fadigas, que a creação do filho lhe acarreta quando não accresce ainda o cumpri- mento das suas obrigações diárias.

A regularidade nos intervallos do alleitamento, é um preceito hygienico, que muito contribue para o desenvolvimento da creança tendo mesmo uma

determinada influencia sobre a sua educação phy- sica e moral, que por vezes é compromettida quan- do a mãe não faça da sua parte um esforço su- premo para deixar de amamentar o filho, sempre que elle chore.

É da observação de nós todos, o modo como a mãe se apressa em offerecer o peito ao filho sem- pre que elle chora,julgando que por este meio lhe minora todos os soffrimentos, quando mesmo es- teja convencida de que elle não possa ter fome porque mamou ha pouco tempo.

Esta pratica seguida pela maior parte das mães, quando não compromette a saúde dos filhos, col- loca-os no mau habito de se servirem mais tarde d'aquelle meio, para que lhe satisfaçam todos os seus caprichos e impertinências.

É preciso que a mãe se habitue a soffrer sem emoção os choros do filho.

Quando uma creanca chora, podemos affirmar, que ella tem uma necessidade, uma verdadeira dôr ou emfim um mal estar, mas è preciso que a mãe se revista d'um certo animo e sangue frio para poder procurar a causa dos choros; porque elles nem sempre são indicio de fome.

Se a creança está habituada a mamar a umas determinadas horas e o leite não é de má quali- dade ou em quantidade insulTiciente, deve a mãe verificar se as roupas ou a cama a podem magoar,

se é falta de sorano ou a temperatura do ambiente, etc., que lhe provocam o choro.

Em geral, as creancas choram pouco nos três primeiros mezes, que se seguem ao nascimento quando sejam convenientemente cuidadas e não ti- verem doença, mas choram ordinariamente mais proximo do quarto mez quando começa o trabalho da dentição.

Muitas vezes o mudar a creança de posição é bastante para a calar, collocando-a do lado es- querdo ou de costas se estiver deitada do lado di- reito e reciprocamente.

Tem-se tentado deduzir do rythma, do timbre e da duração do choro, o caracter das doenças, que o provocam, mas exceptuando as doenças das vias aéreas, o crup ou o edema da glote, que dão ao choro ou grito uma forma especial, parece-me im- possível dar a este uma significação symptomatica.

IV

Amamentação pela ama

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