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Regionalização dos municípios segundo a tipologia do IICA Brasil,

Regionalização dos municípios segundo a tipologia do IICA Brasil, 2015

3.1.3. As Regiões Rurais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

O Projeto Regiões Rurais, lançado em 2015, “tem por objetivo elaborar a divisão do Brasil a partir da dinâmica geográfica traçada pela produção agroindustrial no território nacional” (IBGE, 2015, p.5). Constitui a etapa final do Projeto Atlas do Espaço Rural Brasileiro17 e a fase inicial de uma linha de investigação que acompanhará a dinâmica territorial da agroindústria do país18. A necessidade de atualização dos recortes sub-regionais do espaço rural brasileiro decorre do expressivo aumento da

17

Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca. Acesso 06/12/2016.

18

A proposta é que as Regiões Rurais componham uma base adequada para a divulgação das estatísticas agropecuárias.

Quadro 2

Regionalização dos municípios segundo a tipologia do IICA Estado de São Paulo, 2015

Habitat Trabalho Condições de Vida Econômicas Demográficas

Tipo 6

Cerrado Paulista (167 municípios, 82.856,9 km², 4.474.897 hab.)

Alta densidade muito concentrada em habitat urbano; distâncias para cidade de maior nível de serviço pequenas; socialibilidade no âmbito de um grande número de sedes municipais e de muitas áreas urbanas isoladas.

A agricultura familiar é muito pouco expressiva; a proporção da população ocupada em atividade agropeucária pesca e florestal é muito baixa na zona rural e na zona urbana

Alta instrução, alta renda, alto nível de equipamentos domésticos em meios de comunicação

O valor agregado pela produção agropecuária é baixo nas eoconomias locais

Crescimento baixo, baixa imigração em habitat rural, razão de sexo moderadamente desequilibrada, há muitos idosos Tipo 16 Oeste Paulista, Triângulo Mineiro/Goiás, Norte e Oeste Paranaense, Sul

Mato-Grossense (511 municípios, 222.287,5 km², 6.661.314 hab.) Baixa densidade concentrada em habitat urbano; distâncias para cidade de maior nível de serviço pequenas; sociabilidade concentrada em sedes e áreas urbanas isoladas A agricultura familiar é pouco expressiva; a proporção de população ocupada em atividade agropecuária, pesca e florestal é média na zona rural e na zona urbana.

Alta instrução, média renda, alto nível de equipamentos domésticos em meios de comunicação

O valor agregado pela produção agropecuária é médio nas economias locais

Crescimento baixo, média imigração em habitat rural, razão de sexo equilibrada, há uma proporção média de idosos

Tipo 17

Sul da Bahia, Jequitinhonha, Mucuri, Rio Doce, Campo das Vertentes (Minas Gerais), Noroeste Fluminense, Vale do Paraíba e Vale do Ribeira (SP), Centro Sul Paranaense, Campos de Lajes, Curitibanos, Joaçaba (SC) e Vacaria (RS) (542 municípios, 333.758,8 km², 7.940.449 hab.) Baixa densidade concentrada moderadamente em habitat rural; distâncias para cidade de maio nível de serviços média; sociabilidade no âmbito de muitas vilas

A agricultura familia é pouco expressiva; a proporção da população ocupada em atividade agropecuária, pesca e florestal é alta na zona rural e média na zona urbana

Baixa instrução, baixa renda, nível médio a baixo de equipamentos domésticos em meios de comunicação

O valor agregado pela produção agropecuária é médio nas economias locais

Crescimento muito baixo; baixo imigração em habitat rural; razão de sexo equilibrada; há uma proporção média de jovens

Tipo 19

Entorno do Rio de Janeiro, Juiz de Fora, Viçosa, Belo Horizonte, São Paulo, Leste Paranaense, Catarinense e Velhas Colônias Gaúchas (406 municípios, 111.726,9 km², 8.180.471 hab.) Média densidade concentrada moderadamente em habitat urbano; distâncias para cidade de maior nível de serviço pequenas; sociabilidade das sedes e muitas áreas urbanas isoladas A agricultura familiar é medianamente expressiva; a proporção da população ocupada em atividade agropecuária, pesca e florestal é pequena na zona rural e muito pequena na zona urbana (polivante)

Alta instrução; alta renda; nível alto de equipamentos domésticos em meios de comunicação

O valor agregado pela produção agropecuária é muito baixo nas economias locais

Crescimento alto; média imigração em habitat rural; razão de sexo equilibrada; há uma proporção média de idosos

Fonte: Extraído de BITOUN; MIRANDA (2014)

diferenciação interna do território nacional, processo captado ao longo de mais de “três décadas de pesquisas desenvolvidas em geografia agrária no IBGE” (IBGE, 2015, p.9).

O projeto substitui as antigas Regiões Agrícolas (DIRAs), criadas em 1968, orientadas por uma perspectiva mais setorial e horizontal de compartimentação do espaço. A Divisão Do Brasil em Regiões Funcionais Urbanas, de 1972, representou um primeiro passo de aproximação de uma abordagem teórica e metodológica preocupada em compreender as atividades rurais e urbanas de forma mais imbricada. No entanto, foi apenas em 2015, com o projeto Regiões Rurais, que essa abordagem tomou forma (IBGE, 2015). Nesse contexto, a mudança de nome de Regiões Agrícolas para Regiões Rurais expressa uma mudança de paradigma das proposições que nortearam essa regionalização, com reforço a uma perspectiva relacional (IBGE, 2015).

O intenso processo de urbanização extensiva, “através do qual a influência do ritmo e do modo de vida urbano atingiu e submeteu o campo à sua cultura e condições de consumo e produção”, exige uma interpretação mais unificada da “problemática regional/rural e urbana” (IBGE, 2015, p.12). Além disso, a centralidade dos “fluxos de comando e controle dos centros urbanos sobre o território nacional”, permitidos pela “comunicação instantânea entre grande parte das cidades e entre elas e o espaço rural”, impõe o desafio de se apreender regiões estruturadas tanto por redes de articulação entre empresas, como por fluxos que expressam uma solidariedade orgânica partilhada territorialmente (esse é o caso das Terras Indígenas e Unidades de Conservação) (IBGE, 2015, p.7-8).

O Projeto Regiões Rurais visa compatibilizar ambas abordagens, valendo-se de conceitos como o de território-rede (HAESBAERT, 2005 apud IBGE, 2015), para refletir a fragmentação do espaço decorrente da ação das empresas ligadas ao processamento de commodities, e de território-zona ou de uso contínuo (VELTZ, 1999

apud IBGE, 2015), para apreender a trama territorial característica dos espaços

delimitados legalmente para fins de conservação da cultura e da natureza. Ou seja, “a análise do espaço rural será marcada não somente pela dinâmica das grandes corporações, mas também pela força alcançada pela vertente ambientalista e de proteção da biodiversidade, que construiu sua própria malha territorial” (IBGE, 2015, p.26).

Em termos operacionais, a regionalização pautou-se nas informações da Produção Agrícola Municipal (PAM), da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), das Estatísticas do Cadastro de Empresas (CEMPRE) e das Regiões de Influência das Cidades (REGIC). No conjunto, as estimativas selecionadas visam oferecer uma melhor

aproximação da expressão territorial de uma ampla gama de agroindústrias, desde aquelas mais dispersas em território nacional (como a agroindústria da carne, da soja e do complexo milho-aves), “até os segmentos de especialização territorial mais definida, como os de carne suína, da agroindústria sucro-alcooleira, o de café, algodão, fumo […] e de diversos segmentos da fruticultura” (IBGE, 2015, p.30).

O Estado de São Paulo responde por 7 de um total de 103 regiões rurais: a área de influência da grande metrópole nacional de São Paulo, as áreas de influência das capitais regionais de São José dos Campos, de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Presidente Prudente, Marília/Bauru (abrange também o Nordeste do Paraná) e região rural da metrópole de Curitiba (porção Sudoeste paulista) (Mapa 8).

Mapa 8