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Registo e Critério Utilizado no Tratamento dos Dados Recolhidos

Capítulo III Método Utilizado

III. l Descrição Geral

III.4 Observação e Avaliação

III.5.1 Registo e Critério Utilizado no Tratamento dos Dados Recolhidos

As sessões experimentais, tanto para a delineação das linhas de base como em todos os momentos de registo dos períodos de intervenção, foram feitas através de filmagens em vídeo, das 8h20m às 10h20m. A máquina de filmar foi colocada num tripé, em sistema de câmara fixa, ora quase na diagonal em relação ao aluno ora perto do seu lugar de trabalho, conforme o movimento de participação e envolvimento dos alunos e da professora, de forma a incomodar, o menos possível, pois trata-se de um grupo de trabalho, em que o método ensino/aprendizagem é muito activo e participativo, fugindo aos modelos tradicionais de sala de aula.

Posteriormente, todos os vídeos foram observados pelo observador/pesquisador onde foi constatado a ocorrência do movimento - balançar o tronco. Cada observação foi feita durante 5 segundos e registada nos 2 segundos sequentes, durante 2 minutos, em intervalos de 10 minutos nas 2 horas de filmagem, por dia. Este pequeno intervalo de tempo, foi fornecido ao pesquisador através de um pequeno gravador que, pelos auscultadores, dava dois tipos de sinais sonoros: um bater de palmas, anunciava o início dos períodos de registo propriamente ditos; um estalido, marcava o espaço de tempo em que o observador deveria olhar para a criança. Estes sinais eram ininterruptamente emitidos de acordo com uma sequência fixa de 2 minutos. Assim, o tempo de registo encontrava-se subdividido em ciclos de 7 segundos onde havia um período de 5 segundos para a observação e um outro de 2 segundos para a anotação do comportamento estereotipado.

Os registos observacionais (anexo 6), dependendo do tipo de actividade na qual a criança estava envolvida, indicaram o comportamento "na tarefa" e o "fora da tarefa". De acordo com os critérios definidos, "comportamento na tarefa" correspondia a todos os momentos em que o aluno executa a tarefa pré-definida pelo professor quer na presença do adulto ou de um dos seus pares quer sozinho, ouve as explicações da aula ou espera pela sua vez para participar. "Comportamento fora da tarefa" foi definido como todos os momentos de conversa informal, ouvir o que se passa na sala ou de 1er qualquer coisa que esteja ao seu alcance (eg. revista, papel escrito a Braille) (anexo 5).

O balanço foi definido como o movimento rápido e consecutivo do tronco para trás e para a frente. A resposta de balançar o tronco é registada se surgir durante o intervalo dos 5 segundos. Portanto, durante 2 minutos é possível registar o comportamento de balançar o tronco 17 vezes ou 170 vezes nas 2 horas.

A concordância das observações foi determinada e verificada através da avaliação da frequência dos comportamentos nas cassetes de vídeo. O pesquisador viu todas as filmagens enquanto que o segundo observador, depois de ter aferido e treinado a operacionalidade do sistema de observação, verificou

os níveis de comportamento estereotipado em 25% das filmagens. Utilizando a técnica de amostras por intervalo o segundo observador avaliou e quantificou os comportamentos estereotipados em todas as etapas de linha de base, intervenção e follow-up. A percentagem de concordância foi determinada, para cada fase, dividindo o número de concordâncias pelo número de concordâncias e discordâncias vezes 100. A fiabilidade resultou em 84% com a média a abranger entre um leque 76,5% a 90,1%.

III.5.2 Procedimentos

Os movimentos de balançar o tronco do aluno alvo eram de natureza prolongada (desde bebé) e portanto, acreditava-se que este "blindism" era de tal forma enraizado no seu comportamento habitual, que já não estava quinestesicamente consciente dele. Até ao início deste estudo a professora tinha, sem êxito, tentado corrigir este comportamento estereotipado de balançar o tronco através de comandos verbais, aproveitando o desejo que o aluno manifestava de "não abanar" mas sem o conseguir. Ao ser delineado o plano de intervenção, começou por se considerar que o padrão de intervenção/tratamento, que mais se ajustaria ao problema dos movimentos estereotipados de hábito motor na criança cega, seria do tipo A - B - A - B porque se considerava que tratando-se do modelo de intervenção/tratamento, dos mais antigos e mais utilizados nas pesquisas de casos singulares, que fosse o que melhor correspondesse às expectativas esperadas. Além disso, neste caso de mudança comportamental, parecia ser correcto, que ao proceder à fase Al, regressar às condições de linha de base iniciais, suspendendo a intervenção/tratamento B, o comportamento fosse reversível, mostrando assim a relação funcional entre as condições de intervenção e o comportamento. Pela literatura descrita, os padrões experimentais de intervenção são especialmente flexíveis e podem responder a uma variedade de questões práticas, seria então este o plano experimental eleito. Porém, mediante toda a informação recolhida do aluno e ao ser consciencializado

que o seu movimento de balançar o tronco era quinestésicamente inconsciente, considerou-se que não seria a melhor escolha. Ao surgir a fase de segunda condição de linha de base, onde seriam retirados todo o tipo de reforços e estímulos que estavam a ser aplicados, haveria o grande risco na falta dos procedimentos de lembrança e dos estímulos fossem promover o não alcançar dos objectivos. Era de toda a conveniência que se usasse um procedimento em que o factor "lembrar" prevalecesse, chamando a atenção aos momentos em que o aluno manifestava o comportamento indesejado. Assim, alterou-se o plano de intervenção/tratamento para o tipo A - B - C - A e m que a fase Al de "padrão de retirar" é substituída pelo "padrão de inverter", ou seja, utilizando o reforço do contacto físico e/ou verbal actue de maneira oposta, com atencionalidade e não nos momentos em que manifesta o comportamento desejado de "não abanar".

Fase A: Linha de Base - A Ia fase da linha de base durou 5 sessões, em

cinco dias seguidos de uma semana, no horário e com os procedimentos já descritos anteriormente. Nos ciclos de 7 segundos o observador registou a resposta alvo exibida na situação de "comportamento na tarefa" e "comportamento fora da tarefa".