1. Casa e família
1.4. Regras
1. 4.1. Sim, não, depende
A esmagadora maioria das crianças entrevistadas (80%) responde que existem regras
em casa no que toca o acesso ou o uso da internet – sobre tempo de utilização (51%),
sites visitados (47%) ou pessoas com quem se pode comunicar (30%) . Contudo, nem
todas se referem a regras “explícitas”. Uma palavra-chave surge nos seus discursos: a
“confiança” que os pais depositam nelas – “os meus pais confiam em mim, sabem que
eu não vou assim fazer esse tipo de coisa”
,“eles confiam”, “sabem que eu não vou” (a
sites impróprios, por exemplo). Uma outra representação nítida que ressalta dos seus
testemunhos é a de uma família em que os pais controlam os filhos sobretudo pela via
do diálogo: dizem as crianças que em casa se fala abertamente sobre os perigos
potenciais da internet, para os quais os pais parecem ser alertados pela comunicação
social.
Q.1.41.1. Existência de Regras
n
%
Sim
124
79,5
Não
32
20,5
Total
156
100,0
Eis alguns testemunhos de crianças que, ao mesmo tempo que se referem a um uso sem
regras da internet (“não é muito rígido, podemos fazer o que queremos”), explicam essa
liberdade pela “confiança” que os pais depositam nelas…
eles também confiam em mim Não, eles julgo que eles também confiam em mim, regras como ir a sites ou não? Eles também sabem que não sou daqueles de ir a sites por aí além, tenho acesso a filmes ou assim, mas não (C13 - 6 - Barreiro - F - LN – D)
Não me importava que fosse ao contrário, mas a minha mãe dá-me muita liberdade
Não [há regras]. Não, até às vezes sou eu que vou perguntar, mãe posso-me inscrever neste site, mãe posso fazer isto...? Mas não foi ela que disse, tu é que ficas na dúvida e vais perguntar? Sim, sim. Tu concordas que seja assim, que tenhas essa liberdade? Achas bem? Não me importava que fosse ao contrário, mas a minha mãe dá-me muita liberdade, em relação a isso... Não te importavas que fosse ao contrário, como assim? Que houvesse algumas regras? Não, não me importava, não me fazia diferença, porque eu sei que a minha mãe ia fazer o mesmo, ia dizer que podia ser. (C15 - 9 - Barreiro - F - LN – D)
temos liberdade. Também não nos
vamos pôr a ver coisas do outro mundo Não. Às vezes o meu irmão começa a ficar com os olhos muito vermelhos, a minha mãe pede para ele parar. E ele “Oh mãe mas estou mesmo a acabar o jogo” e a mãe “Ah então está bem”. Mas depois ele sai, começa a ficar mesmo com os olhos muito vermelhos. (…) A mãe a mim não me diz nada. O Bernardo é que fica com os olhos vermelhos e às vezes começa mesmo a ficar com dores de cabeça. (…) Sim, temos liberdade. Também não nos vamos pôr a ver coisas do outro mundo assim... Não sei mas... (C36 - 6 - C Moderno - M - LS – B)
podemos ir aos sites que queremos
Não, por norma não é assim muito rígido, podemos ir aos sites que queremos, fazer aquilo que quisermos (C65 - 9 - C Moderno - F - LS – B)
Eu não tenho esse tipo de regras! Que eu saiba não [há regras]… Sites que não possas ir, coisas que não possas ver, coisas que não possas fazer na internet…? Algum tipo de regras nesse sentido? Eu não tenho esse tipo de regras! Não? É a própria pessoa que sabe? Sim!(C66 - 9 - C Moderno - M - LS – B)
Eu acho que eles confiam em mim Eu acho que eles confiam em mim, eles dizem para ter atenção no que eu vejo, mas acho que eles confiam em mim, senão eles impunham mais regras.(C43 - 9 - G Vasco - M - LN - C)
os meus pais confiam em mim, sabem
que eu não vou assim fazer esse tipo de coisa Não [há regras], como falei anteriormente, eu sou consciente tal como os meus pais e os pequeninos ainda não usam a internet, por isso... os meus pais confiam em mim, sabem que eu não vou assim fazer esse tipo de coisas (…) mas portanto está completamente á
vontade, os teus pais confiam em ti e sabem que tu és uma pessoa consciente na utilização da internet (c155 - 9 - AMP - F - LN – D)
Para outras, a supervisão dos pais existe e é reconhecida, mas adquire a modalidade
suave de um controlo remoto: as relações entre todos são ditas abertas, os problemas
são abordados e há “conversas” temáticas e “conselhos” à prudência, verificação do
histórico de sítios navegados, passagens-surpresa dos pais junto aos ecrãs:
desde que eu não use muito tempo Eles não se importam que eu use, desde que eu não use muito tempo, não esteja sempre lá com as minhas amigas ou assim… e não faça as outras coisas… desde que não esteja sempre pegada á internet, eles não se importam. (C11 - 6 - Barreiro - F - LS – B)
Desde que não vá ver coisas inapropriadas
Desde que não vá ver coisas inapropriadas, não. (…) Pornografia e isso tudo. (C16 - 9 - Barreiro - M - LN – D)
perguntamos sempre Só que lá há uma relação aberta entre todos, portanto, se existir algum problema, ou se nós quisermos fazer alguma coisa, perguntamos sempre. E geralmente quando eu vou à internet tenho sempre alguém ao pé de mim e… também não faz diferença, não estou a fazer nada que não possam…! (C18 - 9 - Barreiro - F - LN – D)
até o meu pai encontrar assim alguma coisa que não aprove Nesse caso o meu pai confia muito em mim e na minha irmã, tanto o meu pai como a minha mãe, mas é mais o meu pai que se envolve nesses assuntos, mas como nós... até o meu pai encontrar assim alguma coisa que não aprove, não há assim uma regra em específico. (…) Houve logo no início essa conversa. (…) Que não podia falar com pessoas estranhas, que tinha de ter muito cuidado com os sites a que acedia e, por exemplo, quando houvesse algum site que eu achasse mesmo positivo tinha de falar com os meus pais, etc., mas em termos de haver assim muito controlo, ou por exemplo, acho que agora há aquele... o meu pai é o administrador do computador e pode aceder aos sites que eu vejo ou assim, mas nunca me alertou porque eu também não costumo fazer assim muitas coisas. (C24 - 9 - C Moderno - F - LS – B)
o meu pai vai sempre ao histórico e fica lá a ver Depende, depende dos sites a que eu for, o meu pai vai sempre ao histórico e fica lá a ver, que agora já sabe mexer naquilo e então… (…) Pois é… estou a brincar, não é, porque eu nunca escondo nada dos meus pais, ele agora vai ver o que é que eu faço quando ele não está lá e eu: “Pai, não te preocupes, não vale a pena, podes confiar em mim”, e ele:” Nunca fiando…” e lá vê o histórico (C60 - 9 - Perafita - F - LN – D)
Eles aconselham, eles não dizem «prontos, agora não podes mexer nesses sites», mas aconselham a não entrar Não há assim regras explícitas, mas… (…) por exemplo, o meu pai diz para eu, por exemplo, não aceder a sites que não deva aceder, por exemplo sites para maiores de 18 anos que eu…(…) não deva aceder. Eles aconselham, eles não dizem «prontos, agora não podes mexer nesses sites», mas aconselham a não entrar. (…) Foi os meus pais [que decidiram], Por exemplo, vêem aquelas notícias na televisão e ficam alarmados e então passam-nos essas informações (C118 - 9 - Oeiras - M - LN – D)
Em outros contextos familiares, apesar de tudo em minoria, as regras e as proibições
são explícitas e as formas de controlo mais severas
o meu pai pôs nos dois computadores uma coisa Não, o meu pai pôs nos dois computadores uma coisa…para ver o que é que eu andei a ver. Ah, tem uma filtragem, é isso? Sim…acho que sim. Ou seja, tu não podes passar
dali? Não…também não quero. E com a mãe também tens regras? Sim…é a mesma coisa…o pai também pôs lá. (C22 - 6 - C Moderno - M - LN – C)
essas coisas os meus pais não me deixam ter Quer dizer, nunca se impôs regras, mas por exemplo, eu não tenho Messenger nem Hi5, pronto, essas coisas os meus pais não me deixam ter. (C35 - 6 - C Moderno - F - LS – B)
eu estou na fase de estudar não, não posso ir Quando eu estou na fase de estudar não, não posso ir. Uma hora para, para lazer (…) Mas se não tiver escola, posso estar á vontade, Se for para o trabalho da escola mas, quando acabar o trabalho acabou a internet (C143 - 4 - AMP - M - LN – C)
De tempo e não só. Sou impedido de fazer compras pela internet, os meus pais fazem mas só em casos muito específicos, sou proibido de visitar alguns sites…(…) Sites pornográficos, sites de violência, tenho um programa instalado no meu computador, por acaso não me lembro do nome, mas que impede a utilização desses sites, pelo menos aqueles que são reconhecidos como sendo… (C56 - 9 - NS Rosário - M - LS – A) Quando estamos fazer trabalho na internet, tem de estar o mais velho presente. Nem que seja só com as amigas têm de estar o meu irmão. (…) A minha mãe [é que decidiu]! (C14 - 6 - Barreiro - LN – D)
Embora as diferenças entre crianças de meios sociais distintos aqui seja irrelevante, é
curioso registar que aquelas que se referem a “pedir licença” aos pais (para ir à
internet) provêm de famílias com capitais escolares mais elevados. Aliás, é nelas que se
revela particularmente intensa a preocupação permanente dos pais com a “necessidade
de estudar” e portanto uma atenção mais apurada ao equilíbrio entre usos lúdicos,
comunicacionais da internet e usos educativos. Aqui a mensagem parental é clara:
“Estuda e depois brincas”.
peço à minha mãe para ir ao computador para descontrair um bocado Não, eles deixam ir a todos os sites, mas tem horas que não posso, por exemplo depois de jantar. E em situação extrema na segunda-feira posso estar no máximo 2 horas. (…) Sim, depois só vou ao domingo. Porquê é que eles não te deixam ir aos outros dias por exemplo um quarto de hora? Deixam mas já não é assim uma hora, só posso ir assim dez minutos. Quando estou nos estudos e depois descanso um bocado posso ir á net. Estudo por exemplo duas horas e depois saiu e peço á minha mãe para ir ao computador par descontrair um bocado. (…) Sim, quando faço as coisas bem feitas (C54 - 6 - NS Rosário - M - LS – A)
se for para estudar posso usar o tempo que quiser Dizem que se for para estudar posso usar o tempo que quiser, mas se for para jogar, não posso jogar muito tempo porque depois fico viciada e nunca mais largo aquilo. (C88 - 6 - NS Rosário - F - LS – A)
Não. Mas a minha mãe diz...”estuda e depois brincas”. (C89 - 6 - NS Rosário - F - LN – A)
Eu pergunto à minha mãe se posso ir ao computador e ela pergunta-me “O que é que vais fazer?” E eu digo vou fazer os trabalhos de casa, vou ver se tenho mensagens. Vejo se tenho algum amigo online e falo com ele e vou ver a minha quinta ao Facebook e vou comentar umas fotos de uns amigos meus no Hi5. E a minha mãe diz: “Mas é só isso e depois desligas logo.” (C74 - 6º ano - Conde Oeiras - F - LS – B)
1.4.2. Quando existem, a que se referem as regras impostas pelos pais às crianças?
Desde logo, regras que estipulam tempos e calendários de acesso. Em parte, com o
objectivo de garantir que o trabalho escolar ou o sono não ficam comprometidos com
um excesso de tempo consagrado a actividades de outra natureza.
…. “a coisa das horas”
À noite estou muito tempo e depois à hora de ir para a cama “Oh mãe já vou. Deixa-me só acabar aqui este joguito, de ver este vídeo, depois é que vou”. (…) É a minha mãe. (C38 - 4 - Perafita - M - LN – D)
É aquilo das horas. É só. (…) [Decisão] É o meu pai e a minha mãe. (…) Também não posso estar excessivamente no computador (C62 - 9 - Perafita - M - LN – D)
aquilo de não ficar muito tempo, certas coisas (…) Os meus pais não gostam que eu fique até mais tarde, mas ele também não vão controlar a que horas é que me deito, mas eu sei que tenho aulas de manhã, não é… (…)Que estava demasiado tempo lá e como há casos destes exactamente iguais… e que fazia mal às vistas. (…) Mas dizia que era para a matéria, que ia ter teste…mas diziam que fazia mal e eu também ainda não sabia mexer naquilo eles tinham medo que eu estragasse alguma coisa. (C129 - 9 - AMP - M - LN – C)
Sim, às vezes perguntam-me “O que é que estás a fazer...?” e eu mostro. (…) E depois é o horário. (…) Se fico assim muito tempo, às vezes fico assim, quando tenho assim à tarde livre, aos sábados à tarde... (…) É: “ Daqui a 5 minutos fecha o computador” e eu “ Está bem” , passado 5 minutos, “ Então o computador está desligado?” e eu começo a desligar… (C156 - 9 - F - AMP - LN – C)
Só a coisa das horas e mais nada (c154 - 9 - AML - F - LN – C) …calendários: semana vs. fim de semana, aulas e férias…
Às vezes, jogos on-line, por exemplo, em tempo de aulas, os meus pais dizem, depende dos jogos on-line, se for daqueles que é preciso estar sempre lá para aquilo evoluir, pronto, em tempo de aulas é raro, só quando já acabei os testes há pouco tempo, mas de resto, não posso, às vezes há outros jogos que é só ir lá uma ou outra vez para pôr a funcionar e chega. É só essa limitação. (C7 - 9 - Barreiro - F - LN – D)
Tínhamos. Só podia usar a internet ao fim-de-semana porque à semana só podia usar para trabalhos da escola. (C123 - 6 - AMP - M -LN – C)
É essa e de não usar de manhã... a Internet (…) . Ao fim-de-semana não usar de manhã. (C27 - 4 - Perafita - F - LN – C)
Só se joga computador aos fins-de-semana, durante a semana não há computador Nem para trabalhos? Só para isso (c158 - 6 - AMP - F - LN – A)
… um acesso sob condição: há outros deveres primeiro (a escola, as boas notas, os trabalhos domésticos)
Se eu tirar boas notas Se eu tirar boas notas, posso jogar na internet mais. Se não tirar, se eu não tiver boas notas tiram-me a internet e depois tenho que estudar. (…) Foi o meu pai e a minha mãe. (C69 - 6 - G Vasco - M - LN – C)
Se eu apresentar bons trabalhos Se eu apresentar bons trabalhos (…) Eles gostam. (…) Mas se, por exemplo, passar… as notas começarem a descer eles assim não vão gostar e são capazes de me tirar o computador…(…) Só quando as notas estão… baixam… (…) Dizem para eu utilizar
menos a internet e às vezes castigam-me. Tiram-me o computador. (C118 - 9 - Oeiras - M - LN – D)
castigo agora estou de castigo, não posso usar a Internet. (…) Concordar, não concordo, mas é um dos piores castigos. (…) Talvez. Ela [mãe] dá a sapatada mas depois já passou a dor. (…) Não, não adianta, eu às vezes peço e ela não deixa, se for com jeitinho ela às vezes deixa mas. (…) Levantar não, mantém-se. (c32 - 9 - Nª Sra Rosário - M - LN – A)
Nunca estar muito tempo na internet e só estar mais tempo quando são em trabalhos escolares e eles sempre vêem se são ou não. (c107 - 6 - G Vasco - F - LS – B)
escola primeiro Não… não gostam que eu fique muito tempo e principalmente não gostam que eu fique no computador em vez de estudar, escola primeiro, se eu tiver a fazer trabalhos no computador não tem problema nenhum, se tiver a divertir-me e com trabalhos de casa por fazer ou testes por estudar não acham muita piada (…) normalmente perguntam se eu ainda tenho [trabalhos], e eu também não… acho que não vale a pena mentir, se não os fizer vai aparecer uma falta e aí ainda ficam mais chateados, quando tenho digo que ainda não fiz… (…) mas por norma costumam confiar em mim, se eu digo que não fiz eles sabem que eu vou fazer (C65 - 9 - C Moderno - F - LS – B)
fazer os trabalhos, ajudar a minha mãe na cozinha Há [regras], tenho os trabalhos para fazer (…) fazer os trabalhos, estudar, eu tenho duas gatas e tenho às vezes de limpar as caixas delas por causa dos xixis, às vezes tenho de limpar, às vezes tenho de ajudar a minha mãe na cozinha (…) fomos nós todos (c94 - 6 - G Vasco - F - LN – C)
Entre aqueles mais desfavorecidos, a questão financeira coloca-se. Os limites de tempo
prendem-se com a necessidade de controlar os custos:
Não agora não há, que não conseguimos pagar mesmo. (…) A minha mãe não gosta, eu quase não falo nada com ela sobre o que faço no computador mas, só que eu tento não fazer nada de errado. (C10 - 9 - Barreiro - M - LN – D)
Não exceder os limites. (…) Por exemplos, às vezes não é… o abaixa aqui, sabe o que é? (…) Sim. Paga-se muito para ter isso e ainda por cima para fazer os downloads. (…) O meu pai não deixa fazer isso porque isso aí é exceder os limites. (…) Paga-se muito (C59 - 6 - Perafita - M - - LN – D)
1.4.3. Para além de regras que os pais impõem no acesso, outras crianças referem-se a
directivas quanto ao tipo de actividades que as crianças podem desenvolver dentro da
internet, por que sítios podem navegar, com que pessoas podem ou não comunicar.
…sites para (não) ver
Coisas de sexo, filmes de terror Posso ir jogar, posso ver filmes e bonecos, o Dragon Ball e isso... ver coisas. (…) [não posso] Ver aquelas coisas de sexo e mais nada... ah e filmes de terror. (C2 - 4 - Barreiro - M - LN – D)
Lurdes, olha os sites Do género: “Lurdes, olha os sites, Lurdes olha as conversas, Aurora olha os amigos que fazes na internet, Auroras não vás para sites pornográficos, Aurora isto, Aurora aquilo”, é um bocado chato, mas eu sei que é para o meu bem, para eu aprender que um dia mais tarde vou agradecer por tudo o que fizeram, porque eu realmente tenho amigas que andam por aí perdidas e eu se calhar tenho mesmo que agradecer por isso aos meus pais. (C60 - 9 - Perafita - F - LN – D)
porque pode ser perigoso e são para eu não ir a sites demais para a minha idade. (C53 - 4º ano - Colégio NS Rosário - F - LN – A)
Nada de pornografia Nada de pornografia. (…) Hum, mas eu nunca pensei, não, aliás já pensei porque é que eu não posso ver, sempre foi um assunto, nunca levei o assunto, hum, não é um assunto leve porque leva ao abuso de mulheres. (…) Isso se lhe dissesse que tivesse sido sem querer ou mesmo propositadamente, uma curiosidade, e eu já vi, acho que qualquer adolescente. (…) Exacto. E disse ao meu pai, e o meu pai disse “está bem mas tens de ter cuidado com isso e se vires mais alguma vez diz-me” e eu sempre fui assim com o meu pai, se o meu pai pede a verdade eu digo sempre a verdade. (…) Ah, uma conversa que pareça minimamente imprópria, seja quem for, com amigos não, os amigos fala-se tudo entre aspas, hum, mas, com pessoas que não conhecemos por exemplos os fóruns são abertos ou os chatrooms, isso já fala comigo e com o meu irmão a dizer cuidado com as sala de gente e com os fóruns, porque pode ser dito o que as pessoas quiserem, má- língua, insultos e não há controlo. (…) e o assunto da pornografia também foi dita ao meu irmão. (C67 - 9 - C Moderno - M - LS – B)
Não ir a esses sites
Não ficar muito tempo… Acho que agora não estou…Não ir a esses sites… Mais isso. (C98 - 9 - G Vasco - M - LS – B)
Nunca fales com pessoas estranhas Sim, a minha mãe costuma dar-me regras, “Bárbara, nunca vás para sites desconhecidos… Nunca fales com pessoas estranhas, tem cuidado com…” tipo, há sempre aqueles sites que tem aquele “coiso” que é receber outras mensagens, e acho que às vezes são vírus e minha mãe diz “Nunca carregues nisso que depois pões vírus no computador e depois nós não sabemos arranjar e depois estragas o computador e depois choras depois”… Depois o meu pai costuma ter umas conversas comigo sempre que sabe do filho de algum amigo dele vem-me contar e diz “Vês Mafalda, devias ver as tuas costas nas dele, tens de te por no lugar dele para ver …” e eu digo “Pai, não tens de te preocupar porque sou uma pessoa segura de mim, sei o que valho portanto não vou naquelas conversas”. (C139 - 9 - NS Rosário - F - LN – A)
…dar informações pessoais, aceitar amigos, falar com estranhos
Nunca dou informações Sim, não dou informação minha a ninguém, os hi5 só aceito convites no hi5 de quem eu conheço ou quem sei que é amigo de um amigo, msn não aceito mails de quem não conheça, ou aceito vejo de quem é, se desconheço apago o email, nunca dou informações e nada de sites para maiores de 18 anos. (C6 - 9 - Barreiro - F - LN – D)
Só, não ir para os sítios que não são apropriados. (…) Ah, como aqueles de publicidades, perguntar dados pessoais sobre, sobre nós (C17 - 9 - Barreiro - M - LN – D)
Não falemos assim com outras pessoas Desde que não fiquemos lá muito tempo, porque também depois é mau para nós ficarmos lá… ou desde que não falemos assim com outras pessoas que não conhecemos acho que não… (…) A mãe e o pai, acho que foram os dois. (C11 - 6 - Barreiro - F - LS – B) Os dados pessoais Aquelas que eu já fui dizendo, os dados pessoais... tudo aquilo que eu disse há pouco. (…) Tempo não porque normalmente eu não tenho muito tempo, eu sou uma pessoa que tem muitas actividades e dificilmente arranjo um bocadinho. (C92 - 9 - NS Rosário - M - LS – A)
Não podemos aceder a chats Claro que não podemos aceder a chats, a… (…) Não podemos falar com pessoas estranhas…(…) Foram… Foram-nos dizendo que não podíamos fazer isso, que não… Os pais foram dizendo que não podiam fazer essas coisas… Sim! Não andam lá a controlar mas… Sim, sim, sim… Mas dizem as coisas que não podem fazer… (C81 - 9 - Oeiras - F - LS – A)
…o que (não) se pode fazer
Não me deixa jogar Poker Sim, o meu pai não me deixa jogar Poker, que é de dinheiro, e isso ele não me deixa jogar. E quando ele está fora peço à minha mãe para jogar e a minha mãe deixa-me. (C48 - 4 - Perafita - F - LN – D)
Não podemos… Não podemos ir para jogos de luta, não podemos ir para jogos de pistolas, não podemos fazer downloads, não podemos entrar nos jogos dos outros, e mais nada (C122 - 4 - AMP - M – LN)
Meteram uma parede Hum… houve os meus pais que meteram uma parede, não jogar jogos online, não fazer registos em jogos nenhuns porque podem tirar informação pessoal das outras coisas (C4 - 6 - Barreiro - M - LS – D)
Não clicar naqueles telemóveis Para não clicar naqueles telemóveis, para não clicar naquele do hi5, e já não me lembro. (…) Não estar muito tempo. (…) No máximo, para aí vinte minutos. (…) No mínimo acho que é cinco. (c29 - 4 - Nª Sra Rosário - M - LS – A)
1.4.4. Entre as crianças, há aparentemente uma aceitação consensual das regras
sugeridas ou impostas pelos pais, conforme se pode notar no quadro seguinte.
Q.1.4.4.1. Cumprimento de Regras
n
%
Sim
80
51,6
Não
55
35,5
Não existem
20
12,9
Total
155
100,0
É importante saber usar a internet com limites (de tempo e de conteúdo).
…apesar de algumas se sentirem divididas
Por um lado concordo, mas por outro não