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Relacionamento e valorização da comunidade acadêmica

5.4 METATEXTOS

5.4.5 Relacionamento e valorização da comunidade acadêmica

O fator humano, a subjetividade e as relações estabelecidas são elementos indispensáveis à comunicação no ponto de vista de Kunsch (2016), ao falar da dimensão humana, uma das quatro dimensões elaboradas pela autora para tratar das dinâmicas inerentes à comunicação organizacional. Conforme abordado no capítulo 3, de acordo com a transmissão de mensagens por parte das organizações, podemos compreender se esta valoriza o relacionamento com seus públicos, se lhes dá espaço para expressar o que pensam e sentem. Em relação aos projetos de Memória Institucional, a categoria inicial Minha História na Universidade contém fragmentos das cinquentenárias UCS, UPF e Feevale. As três contemplam manifestações da comunidade em produtos de memória, como hotsites e vídeo.

Por acreditar que a história da UCS é a história das pessoas, a universidade criou o ambiente virtual “Minha História com a UCS – Compartilhe sua história e celebre os 50 anos da Universidade”. No hotsite, ao longo das celebrações do cinquentenário, pessoas e organizações puderam compartilhar suas histórias e experiências, enviando textos e fotos. Ao todo, houve 46 publicações. Outra ação, com organização do Instituto Memória Histórica e Cultura, criou uma exposição online com os quadros de formatura de diversos anos de cursos superiores. A universidade, então, comemorou a trajetória das pessoas que levam a marca da UCS no seu currículo, ampliando a visibilidade de itens que normalmente ficam

restritos aos corredores das faculdades e auxiliando a trazer as melhores lembranças do período vivido na instituição. Também no intuito de registrar e partilhar momentos decisivos para a história da universidade, foi criado o álbum UCS: 50 anos de uma universidade comunitária, com narrativas construídas a partir da memória de professores, egressos e de outros agentes.

Nos seus primeiros 45 anos de história, a Universidade de Passo Fundo convidou as pessoas a dividirem um pouco de sua experiência na instituição por meio de depoimentos e fotos no hotsite comemorativo. A ação repetiu-se em 2018, na celebração dos 50 anos.

Com o objetivo de promover a participação dos acadêmicos nas ações de comemoração aos 50 anos da Universidade Feevale, a instituição promoveu um concurso para a elaboração do selo comemorativo. O resultado contemplou um estudante de Design. Também foi criada uma área no site com testemunhos de egressos. Um documentário, com a participação de professores, reitores, alunos, egressos e prefeitos, entre outros membros da comunidade universitária e da região do Vale dos Sinos, integra o conteúdo do hotsite do cinquentenário.

As homenagens públicas a pessoas que contribuíram para a construção das instituições também configuram uma forma de valorização do relacionamento. Em sessão solene dos 50 anos da UPF, o Conselho Universitário reconheceu 50 profissionais, como o senhor Aristides de Campos Medeiros, de 80 anos. “Atuei como pedreiro, motorista, chefe de obra e fui encarregado da jardinagem. Criei todos os meus filhos trabalhando aqui e foi um prazer ser funcionário da universidade”, relatou o ex-funcionário. Além dele, também foi reconhecido o ex-reitor Rui Getúlio Soares pela sua atuação por dois mandatos. Na UCS, houve a construção de um memorial no campus sede em honra aos três fundadores e a entrega das medalhas Dom Benedito Zorzi – Mérito Educação, Reitor Virvi Ramos – Mérito Científico, e Prefeito Hermes Weber – Mérito Comunitário a 52 pessoas e uma entidade, integrando a programação do cinquentenário. No evento comemorativo principal, a “Condecoração Brasão da Universidade de Caxias do Sul” foi concedida aos oito ex- reitores – alguns in memorian – e às instituições fundadoras da UCS.

Ao abordamos a história ligada à identidade, no capítulo 2, Candau (2012), considera que na ausência da memória, há um esvaziamento do sujeito, incapacitando-o de reconhecer-se ao perder suas capacidades conceituais e

cognitivas. Sendo assim, memória é identidade, tanto pessoal quanto em relação à organização ou instituição da qual se faz parte.

Trabalhar, em datas comemorativas ou em ações permanentes, com recursos que aproximem a comunidade acadêmica por meio da valorização de fatos históricos e estímulo à manifestação espontânea, pode constituir-se em uma prática de Memória Institucional comunicada, uma memória que, embora seja veiculada pelos canais da instituição, com olhar dos gestores, traz as vozes e manifestações das pessoas que a integram ou integraram. Nesse sentido, Worcman (2004) considera que a história de uma empresa é também a história das pessoas que participaram de sua trajetória, e que transcende a preservação física de documentos e monumentos. As narrativas, as fotos e os vídeos disponíveis nos portais das ICES representam a voz de quem as constitui e constituiu, legitimando esse discurso.

Para Nassar (2008), existem inúmeras formas de as organizações serem lembradas, em especial, por meio dos indivíduos. O autor sinaliza que

Uma das formas mais importantes é definida pela história e pelas diferentes formas de memória dessa história que os protagonistas sociais têm das organizações como um todo e também em suas expressões individuais. As organizações, como os indivíduos, não existem fora da sociedade e, assim, são participantes, mesmo na omissão, dos acontecimentos sociais (NASSAR, 2008, p. 117).

Abrir espaço às expressões individuais de pessoas que compõem as universidades comunitárias, promover ações nas quais estas se sintam valorizadas, no nosso entendimento, aproxima estes indivíduos da instituição e reconhece o valor de cada um deles para a instituição e para a sociedade.