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RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO EXERCÍCIO DE

O repasse da variação do câmbio para a inflação foi inferior ao registrado em outros momentos, em parte por conta da desvalorização nos preços internacionais do petróleo ao longo do ano (da ordem de 20%) e de uma retomada ainda incipiente do dinamismo da economia brasileira. Com exceção dos setores de tradables (bens comerciáveis internacionalmente) com preços diretamente relacionados aos de commodities e de alimentos, os efeitos da pandemia sobre os preços ao consumidor no Brasil em 2020 foram de modo geral limitados. A inflação medida pelo IPCA encerrou 2020 em 4,52%, com a média das medidas de núcleo registrando em 2,8% o fim do ano. Para 2021, a expectativa é de que o índice fique em 3,34%2, abaixo da meta de 3,75% definida pelo Banco Central.

Para mitigar os efeitos recessivos decorrentes da pandemia, a Selic foi reduzida nos meses de maio (0,75% p.p), junho (0,75% p.p) e agosto (0,25% p.p), chegando ao patamar de 2,0% ao ano, que representa sua mínima histórica e que seguiu vigente até o fim de 2020. Os analistas de mercado esperam uma retomada gradual do processo de elevação dos juros ao longo de 2021, com uma taxa Selic de 3,25% em dezembro.

Os efeitos adversos da pandemia sobre o ritmo da atividade econômica reverteram a trajetória de queda da taxa de desemprego, que chegou a 14,6% em setembro de 2020 – o maior nível já registrado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), iniciada em 2012 –, retrocedendo a 14,3% no trimestre encerrado em outubro.

Para a retomada consistente da economia, o nível de investimentos no Brasil e a demanda por recursos do BNDES deverá seguir se expandindo em 2021, deixando para trás a trajetória de queda observada até 2019. Contribuirá para este aumento na demanda por desembolsos do Banco o contexto observado no mundo (e também no Brasil) de juros baixos com perspectiva de manutenção em patamares reduzidos pelos próximos anos, e estruturas a termos de taxas de juros com maior inclinação. Em se concretizando uma retomada consistente da economia, será necessário atualizar, renovar e expandir o parque industrial de bens de capital em seg- mentos industriais variados, o que representará uma expansão na demanda pelos recursos e atividades da FINAME.

3. DESEMPENHO ECONÔMICO FINANCEIRO

A FINAME registrou redução de 63,8% em relação a ano anterior, provocada principalmente pelo aumento da provisão para risco de crédito, impactada pela revisão das classificações de risco decorrente do cenário de pandemia mundial da COVID-19, e das despesas gerais e admi- nistrativas, seguida também da redução do produto de intermediação financeira.

As informações financeiras detalhadas a seguir, bem como os principais indicadores apresen- tados, foram preparadas de acordo com as disposições da legislação societária e das normas do Banco Central do Brasil e do Conselho Monetário Nacional, bem como subsidiariamente com as normas não conflitantes da Comissão de Valores Mobiliários.

2. Boletim Focus de 8 de janeiro de 2021.

(continua)

3.1. Principais Indicadores

R$ milhões, exceto percentuais

Resultado 2020 2019 (%)

Produto de Intermediação Financeira 2.047 2.226 (8,0) Provisão para Risco de Crédito (PRC) (469) 60 (881,7) Despesas Administrativas e Gerais (722) (475) 51,8 Despesas Tributárias (97) (106) (7,8) Tributos sobre o Lucro (356) (655) (45,6) Participação dos Empregados no Lucro (35) (34) 2,9

Lucro (Prejuízo) Líquido (LL) 368 1.016 (63,8)

Posição Financeira 2020 2019 (%)

Ativo Total (AT) 90.090 92.990 (3,1)

Carteira de Crédito e Repasses, líquida 88.552 89.522 (1,1)

Disponibilidades 276 2.129 (87,0)

Créditos perante o Tesouro Nacional 595 1.026 (42,0)

Outros Ativos 667 313 113,1

Mútuos BNDES 73.795 76.214 (3,2)

Outras Obrigações 1.485 1.554 (4,4) Patrimônio Líquido (PL) 14.810 15.222 (2,7)

Índices Financeiros 2020 2019

Índice de Inadimplência (30 dias) 0,00% 0,00% Provisão/Carteira Total 0,99% 0,46% Patrimônio Líquido/Ativo Total (PL/AT) 16,44% 16,37%

Rentabilidade1 2020 2019

Retorno s/ Ativos (LL/ATmédio) 0,40% 1,01% Retorno s/ Patrimônio Líquido (LL/PLmédio) 2,45% 6,75% 1 O cálculo do retorno considera a média aritmética dos saldos iniciais e finais do Ativo e do PL dos respectivos períodos.

3.2. Resultado

A FINAME registrou lucro líquido de R$ 368 milhões em 2020, o que representou uma redução de R$648 milhões (63,8%) em relação a 2019, provocada principalmente pelo aumento da provisão para risco de crédito e das despesas gerais e administrativas, seguida da redução do produto de intermediação financeira, que passou de R$ 2,226 bilhões em 2019 para R$ 2,047 bilhões em 2020.

O resultado com provisão para risco de crédito, que passou de uma receita de R$ 60 milhões em 2019 para despesa de R$469 milhões em 2020, foi impactado pela revisão das classifi- cações de risco decorrente do cenário de pandemia mundial da COVID-19, além do efeito de variação cambial na provisão sobre operações remuneradas em moeda estrangeira.

As despesas tributárias referem-se basicamente a PIS e COFINS sobre o produto da inter- mediação financeira, às alíquotas de 0,65% e 4%. A redução de R$ 8 milhões (7,8%) entre os exercícios de 2019 e 2020 acompanha a queda do produto de intermediação financeira. O aumento de R$ 246 milhões (51,8%) das despesas administrativas e gerais decorre de regis- tro de provisão para processos contenciosos judiciais e administrativos e de provisão para ajus- te ao valor recuperável (impairment) de investimentos. Esses efeitos foram parcialmente com- pensados pela queda da despesa com pessoal devido à redução da participação da FINAME no rateio das despesas administrativas do Sistema BNDES, apurado com base no resultado de intermediação financeira do ano anterior, que passou de 19% em 2019 para 14% em 2020. Em relação aos tributos sobre o lucro, observa-se queda de R$ 299 milhões (45,6%) em relação a 2019, seguindo a tendência do resultado antes da tributação, a despeito do aumento da alí- quota de contribuição social de 15% para 20% em 2020. Os créditos tributários registrados em 2020 estão relacionados à despesa com provisão para risco de crédito e à provisão para ajuste ao valor recuperável (impairment) de investimentos e de direitos relacionados a processos contenciosos judiciais e administrativos em discussão judicial.

3.3. Posição Financeira

O ativo total alcançou R$ 90,090 bilhões em 31/12/2020, registrando queda de R$ 2,900 bi- lhões (3,1%) em relação ao saldo em 31/12/2019 decorrente principalmente da redução das disponibilidades e da carteira de crédito e repasses devido à queda na demanda por novos investimentos. Os recursos disponíveis, originados das liquidações de operações de crédito e repasses em montante superior aos novos desembolsos, continuam sendo utilizados em liquidações antecipadas de mútuos com o BNDES.

A carteira de crédito e repasses, líquida de provisão para risco de crédito, alcançou R$ 88,552 bilhões em 31/12/2020, dos quais R$ 65,178 bilhões (73,6%) representados por operações indiretas, cujo risco de crédito é assumido pelos agentes financeiros repassadores de recursos, e R$ 23,374 bilhões (26,4%), por operações diretas, com risco da FINAME.

A queda de R$ 970 milhões (1,1%) da carteira reflete o efeito das liquidações ocorridas, que superaram as liberações de crédito realizadas em 2020 em R$ 9,429 bilhões, em razão da manutenção do cenário de redução da demanda de recursos para novos investimentos, ate- nuada pelos encargos apropriados e pela variação cambial da parcela remunerada em moeda estrangeira.

Reflexo do contínuo compromisso e zelo na aplicação dos recursos públicos, a carteira de ope- rações de crédito e repasses da FINAME permanece com excelentes indicadores. Do total da carteira, 99,98% estão classificados entres os níveis AA e C, considerados de baixo risco. Essa posição é superior à média de 91,0% do Sistema Financeiro Nacional (SFN) para a última data disponível (30/09/2020). Em 31/12/2020, a FINAME não apresentava créditos inadimplentes em sua carteira de crédito e repasses total e a inadimplência média do SFN foi de 2,23%. Os direitos vinculados ao Tesouro Nacional (TN) representam valores a receber referentes à equalização da remuneração de programas incentivados pelo Governo Federal, entre eles Pronaf, Revitaliza, Agrícolas e, principalmente, PSI. A redução de R$ 431 milhões (42,0%) em 2020 decorre do reconhecimento de direitos a receber em volume inferior aos pagamentos realizados pelo Tesouro Nacional em virtude da redução progressiva da carteira equalizável desde 2015.

Quanto às fontes de recursos, em 31/12/2020 os mútuos com o BNDES representavam a única dívida onerosa da FINAME. A redução de R$ 2,419 bilhões (3,2%) do saldo neste ano reflete efeito de liquidações antecipadas geradas pela queda no ritmo de desembolsos da FINAME, cujo efeito foi parcialmente compensado pela apropriação de encargos no montante de R$ 3,506 bilhões e pelo efeito positivo de variação cambial de R$ 4,749 bilhões, nos contratos em moeda estrangeira, resultante da valorização do dólar norte-americano no exercício.

O patrimônio líquido atingiu R$ 14,810 bilhões em 31/12/2020, um decréscimo de R$ 412 mi- lhões (2,7%) no ano, decorrente, principalmente, do reconhecimento de dividendos mínimos obrigatórios do exercício no montante de R$ 87 milhões e da aprovação de dividendos com- plementares referentes ao exercício de 2019 no valor de R$ 724 milhões, atenuado pelo lucro líquido de R$ 368 milhões apurado em 2020.

Em Assembleia Geral realizada em 30/04/2020, foi aprovado o aumento do Capital Social da FINAME em R$ 1,350 bilhão, mediante a capitalização do saldo total da Reserva para Futuro Aumento de Capital, no montante de R$ 465 milhões, e do “Aumento de Capital em Curso”, no montante de R$ 885 milhões. Com isso, o Capital Social da FINAME passou de R$ 12,834 bilhões em 31/03/2020 para R$ 14,184 bilhões em 30/06/2020, e se manteve em 31/12/2020. A distribuição do lucro líquido de 2020 contempla:

• constituição de reserva legal, no montante de R$ 18 milhões;

• proposta de dividendos mínimos obrigatórios, equivalentes a 25% do lucro líquido ajustado, no valor de R$ 87 milhões; e

• proposta de dividendos complementares, equivalentes a 75% do lucro líquido ajustado, no montante de R$ 262 milhões.

4. AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos nossos colaboradores a dedicação e o talento, que nos permitem alcançar resultados consistentes; aos nossos clientes, que nos motivam na incessante busca do desen- volvimento de nossos serviços; e ao mercado, pelo indispensável apoio e confiança.

(continua)

BALANÇOS PATRIMONIAIS

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2020