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RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO EXERCÍCIO DE 2020 Senhor Acionista e Demais Interessados:

Em cumprimento às disposições legais e estatutárias e em linha com as melhores práticas de governança corporativa, apresentamos o Relatório da Administração da BNDES Parti- cipações S.A. (BNDESPAR) relativo ao exercício encerrado em 31 de dezembro de 2020.

1. BNDESPAR

A BNDESPAR é uma sociedade por ações, subsidiária integral do Banco Nacional de De- senvolvimento Econômico e Social (BNDES), que tem por objetivo apoiar as empresas brasileiras através de instrumentos de renda variável.

A BNDESPAR está presente em todos os estágios de crescimento das companhias, apoian- do empresas nascentes, iniciantes ou até pré-operacionais com forte viés inovador, por meio de fundos de investimento administrados por gestores de mercado escolhidos através de um rigoroso processo de seleção. Empresas em estágios mais avançados de maturida- de podem ser apoiadas por meio de fundos de Private Equity ou da subscrição de valores mobiliários (participação direta), como ações ou debêntures conversíveis. A figura a seguir ilustra a atuação da BNDESPAR em todos os estágios de crescimento das empresas:

A Política de atuação em Mercado de Capitais prevê metodologias alternativas e/ou com- plementares de avaliação de preço para tomada de decisão de investimentos e desinves- timentos, enquanto a anterior priorizava o uso do método do fluxo de caixa descontado. Desde 2019, a BNDESPAR vem realizando desinvestimentos de ativos de renda variável, conforme estabelecido no Plano Trienal 2020-2022 e com o intuito de realocar os recursos em outras atividades, bem como de reduzir o grau de exposição da carteira da BNDESPAR à volatilidade do mercado.

2. CENÁRIO MACROECONÔMICO

O ano de 2020 foi marcado pela pandemia de Covid-19. Como consequência da doença e das medidas de controle de propagação adotadas – quarentenas, cancelamento de voos, fechamento de fronteiras e de lugares públicos, e proibição de eventos –, o mundo expe- rimentou uma interrupção do fluxo cotidiano de suas atividades. A pandemia impactou negativamente a economia tanto do lado da oferta – fechamento de unidades produtivas, cortes na produção e disrupção da cadeia produtiva – como do lado da demanda – incer- teza, queda no consumo de serviços, redução drástica de viagens –, o que levou a uma significativa redução na atividade econômica mundial.

A projeção de normalização das atividades econômicas a médio prazo, conjugada com o estímulo aos investimentos em ativos produtivos e infraestrutura nos Estados Unidos e na

China e com a rápida retomada econômica chinesa, resultou em um aumento da demanda mundial por commodities agrícolas. Merecem destaque a soja, com alta nos preços inter- nacionais da ordem de 40% no ano, e o minério de ferro, com alta da ordem de 60% no ano. As estimativas para o PIB mundial, que chegaram a registrar, ao longo de 2020, uma queda de 6,5% na média das expectativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Organiza- ção para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Banco Mundial, foram progressivamente revistas para cima a partir de julho e indicavam, ao fim do ano, uma queda esperada de 4,3% em 2020. Para 2021, estima-se crescimento do PIB mundial de 4,5% pela média das expectativas.

O mercado internacional de divisas viveu também um ano de instabilidade, com migra- ção de capitais para títulos soberanos de risco mínimo e aplicações de maior liquidez. A melhoria de cenário trazido pelo início da vacinação e redução das incertezas ao final do ano levou à redução na tendência de aversão ao risco nos mercados globais, significando menor pressão sobre o câmbio na maior parte das econo mias emergentes. Nesse contex- to, o Real experimentou um processo de apreciação da ordem de 8% ao longo do quarto trimestre, fechando 2020 com desvalorização acumulada de cerca de 30%.

O repasse da variação do câmbio para a inflação foi inferior ao registrado em outros mo- mentos, em parte por conta da desvalorização nos preços internacionais do petróleo ao longo do ano (da ordem de 20%) e de uma retomada ainda incipiente do dinamismo da economia brasileira. Com exceção dos setores de tradables (bens comerciáveis interna- cionalmente) com preços diretamente relacionados aos de commodities e de alimentos, os efeitos da pandemia sobre os preços ao consumidor no Brasil em 2020 foram de modo geral limitados. A inflação medida pelo IPCA encerrou 2020 em 4,52%. Para 2021, a expectativa é de que o índice fique em 3,34%, abaixo da meta de 3,75% definida pelo Banco Central. O Índice Bovespa, que encerrou o ano em 119 mil pontos, chegou a atingir 63 mil pontos no fim do primeiro trimestre, causando relevante desvalorização da carteira de renda variável da BNDESPAR.

Para mitigar os efeitos recessivos decorrentes da pandemia, a Selic foi reduzida nos meses de maio (0,75% p.p), junho (0,75% p.p) e agosto (0,25% p.p), chegando ao patamar de 2,0% ao ano, que representa sua mínima histórica e que seguiu vigente até o fim de 2020. Os analistas de mercado esperam uma retomada gradual do processo de elevação dos juros ao longo de 2021, com uma taxa Selic de 3,25% em dezembro.

Os efeitos adversos da pandemia sobre o ritmo da atividade econômica reverteram a tra- jetória de queda da taxa de desemprego, que chegou a 14,6% em setembro de 2020 – o maior nível já registrado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), iniciada em 2012 –, retrocedendo a 14,3% no trimestre encerrado em outubro. Para a retomada consistente da economia, o nível de investimentos no Brasil e a demanda por recursos do BNDES deverá seguir se expandindo em 2021, deixando para trás a traje- tória de queda observada até 2019. Contribuirá para este aumento na demanda por desem- bolsos do Banco o contexto observado no mundo (e também no Brasil) de juros baixos com perspectiva de manutenção em patamares reduzidos pelos próximos anos, e estruturas a termos de taxas de juros com maior inclinação.

Nesse contexto, em atuação complementar aos seus produtos de financiamento, o BNDES seguirá disponibilizando apoio às empresas brasileiras mediante instrumentos de renda variável, por meio de sua subsidiária BNDESPAR. A estratégia da instituição envolve o in- vestimento em fundos de crédito para micro, pequenas e médias empresas, para inovação e para infraestrutura, atendendo a companhias em diferentes estágios de crescimento, em sintonia com as diretrizes do Plano Trienal 2020-2022. A despeito do contexto macro- econômico, o processo de desinvestimento previsto vem sendo executado, com cerca de R$ 22,6 bilhões de vendas realizadas pela BNDESPAR no ano de 2020.

(continua)

3. DESEMPENHO ECONÔMICO FINANCEIRO

A BNDESPAR apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 11.926 milhões, um crescimento de 14,1% diante do lucro líquido ajustado do ano anterior, explicado sobretudo pelo maior volume de alienações de participações societárias. Detalharemos a seguir os principais destaques do desempenho da BNDESPAR para o ano de 2020.

As informações financeiras detalhadas, bem como os principais indicadores apresentados, foram preparadas de acordo com as disposições da Comissão de Valores Mobiliários.

3.1. Principais Indicadores

R$ milhões, exceto percentuais

2020 2019 Δ(%) 4T20 4T19 Δ(%)

Resultado

Resultado com Participações

Societárias (RPS) 2.457 10.117 (75,7) 1.208 1.205 0,2 Resultado com Operações

Financeiras 1.285 664 93,5 411 702 (41,5) Outras Despesas (líquidas) (1.407) (928) 51,6 (455) (239) 90,4 Tributos sobre o Lucro (564) (2.475) (77,2) (269) (406) (33,7) Participação dos Empregados

no Lucro (77) (42) 83,3 (77) (42) 83,3

Lucro (Prejuízo) Líquido 1.694 7.336 (76,9) 818 1.220 (33,0)

Outros Resultados Abrangentes 6.237 11.050 (43,6) 9.532 6.278 51,8

Lucro (Prejuízo) Abrangente 7.931 18.386 (56,9) 10.350 7.498 38,0

2020 2019 Δ(%) 4T20 4T19 Δ(%)

Resultado Ajustado

Resultado com Participações

Societárias Ajustado1 18.679 14.958 24,9 9.156 1.227 646,2

Resultado com Operações

Financeiras 1.285 664 93,5 411 702 (41,5) Outras Despesas (líquidas)

Ajustada1 (2.126) (1.066) 99,3 (807) (239) 236,9

Tributos sobre o Lucro Ajustado1 (5.833) (4.066) 43,5 (2.851) (410) 594,8

Participação dos Empregados

no Lucro (77) (42) 83,3 (77) (42) 83,3

Lucro (Prejuízo) Líquido

Ajustado1 11.926 10.449 14,1 5.832 1.237 371,5

1 O Resultado com participações societárias e o lucro líquido ajustados consideram o efeito das alienações que deixou de ser

reconhecido no resultado líquido do exercício, a partir de 2018 com a adoção do CPC 48 (Instrumentos Financeiros).

31/12/2020 31/12/2019 Δ (%) 31/12/2020 30/09/2020 Δ (%) Posição Financeira

Ativo Total (AT) 116.775 122.994 (5,1) 116.775 104.273 12,0

Disponibilidades 38.923 31.463 23,7 38.923 31.230 24,6 Debêntures2 3.960 5.440 (27,2) 3.960 3.741 5,9 Participações Societárias (PS)3 70.688 82.377 (14,2) 70.688 65.554 7,8 Não coligadas 57.478 70.828 (18,8) 57.478 52.618 9,2 Coligadas 10.974 9.090 20,7 10.974 10.698 2,6 Fundos de Participações de Renda Variável 2.236 2.459 (9,0) 2.236 2.238 (0,1) Outros Ativos 3.204 3.713 (13,7) 3.204 3.749 (14,5) Outras Obrigações 13.172 15.972 (17,5) 13.172 8.188 60,9 Patrimônio Líquido (PL) 103.603 107.022 (3,2) 103.603 96.085 7,8 2 Líquidas de provisão.

3 No cálculo do indicador financeiro “Participações Societárias/Ativo Total”, o saldo de participações societárias contempla o

saldo de ativos não circulantes mantidos para venda, por tratar-se de participação societária.

31/12/2020 31/12/2019 31/12/2020 30/09/2020 Indicadores Financeiros

Patrimônio Líquido/Ativo Total (PL/AT) 88,72% 87,01% 88,72% 92,15% Participações Societárias/

Ativo Total (PS/AT)3 60,53% 66,98% 60,53% 62,87%

3 No cálculo do indicador financeiro “Participações Societárias/Ativo Total”, o saldo de participações societárias contempla o

saldo de ativos não circulantes mantidos para venda, por trata-se de participação societária.

31/12/2020 31/12/2019 4T20 4T19 Rentabilidade

Retorno s/ Ativos (LL/ATmédio)4 1,41% 10,93% 0,74% 7,17%

Retorno s/ Patrimônio Líquido (LL/PLmédio) 4 1,61% 10,73% 0,82% 6,84%

4 O cálculo do retorno considera a média aritmética dos saldos iniciais e finais do Ativo e do PL dos respectivos períodos e exclui

os ajustes a valor de mercado (líquido de tributos no caso do retorno sobre PL).

31/12/2020 31/12/2019 4T20 4T19 Rentabilidade ajustada pelas alienações

Retorno s/ Ativos (LL/ATmédio)

ajustado pelas alienações4 16,73% 15,57% 33,33% 7,27%

Retorno s/ Patrimônio Líquido (LL/PLmédio)

ajustado pelas alienações4 16,29% 15,28% 31,92% 6,89%

4 O cálculo do retorno considera a média aritmética dos saldos iniciais e finais do Ativo e do PL dos respectivos períodos e exclui

os ajustes a valor de mercado (líquido de tributos no caso do retorno sobre PL).

3.2. Resultado

A BNDESPAR registrou lucro líquido ajustado de R$ 5.832 milhões no 4T20, um aumento ex- pressivo de 371,5%, em relação ao lucro líquido de R$ 1.237 milhões no mesmo período do ano anterior, impactado, principalmente, pelo maior resultado com Participações Societárias, com destaque para o ganho líquido na venda de ações de Vale e Suzano.

No acumulado de 2020, a BNDESPAR apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 11.926 milhões, um crescimento de 14,1% diante do lucro líquido ajustado de R$ 10.449 milhões em 2019, também explicado pelo resultado com alienações de participações societárias.

3.2.1 Resultado com Participações Societárias

O resultado com participações societárias ajustado no 4T20 foi um lucro de R$ 9.156 mi- lhões, dos quais R$ 1.208 milhões reconhecidos no resultado e R$ 7.948 milhões, referen- tes a alienações de instrumentos financeiros, registrados diretamente em lucros acumula- dos1. Este crescimento significativo em relação ao resultado com participações acionárias

ajustado de R$ 1.227 milhões registrado no 4T19 é explicado, sobretudo, pelo resultado com alienações, de R$ 7.948 milhões (R$ 582 milhões no período anterior).

No acumulado de 2020, esse resultado foi um lucro de R$ 18.679 milhões, sendo R$ 2.458 milhões reconhecidos no resultado e R$ 16.221 milhões registrados diretamente em lucros acumulados. O crescimento de 24,9 % diante do resultado ajustado de R$ 14.958 milhões registrado no ano anterior também é explicado pela melhora do resultado com alienações de participações societárias, em destaque, os ganhos com as operações de desinvestimen- to de Vale e Suzano.

Ressalte-se que em 2019, o resultado com participações societárias (ajustado) já havia sido impactado pela relevante operação de incorporação de Fibria pela Suzano, além do ganho com venda de ações da Petrobras.

A receita com dividendos e juros sobre capital próprio no 4T20 teve como destaque os dividendos recebidos da Copel, no montante de R$ 193 milhões. No acumulado do ano, a Vale, a Petrobras, a Eletrobras e a COPEL representaram 89% do total da receita com dividendos e JCP.

O resultado com equivalência patrimonial de R$ 17 milhões, em 2020, representa uma re- dução de 99,1% em relação ao R$ 1.750 milhões do ano passado e foi impactado pelo me- nor resultado de JBS. Além disso, com a alienação total das ações da Marfrig no 4T19, esta empresa deixou de contribuir para o resultado de equivalência patrimonial da BNDESPAR. Importante destacar que o valor de “outros resultados com participações societárias”, em 2019 foi impactado pela diferença entre o custo das ações de Fibria e o valor de mercado da Suzano, quando da troca de ações ocorrida no processo de incorporação, no valor de R$ 622 milhões, que foi em parte compensada pela constituição de provisão para perdas por impairment, no valor de R$ 335 milhões para uma empresa coligada no 4T19.

1. Desde 2018, com a adoção do Pronunciamento Técnico CPC 48 – Instrumentos Financeiros, o resultado das alienações de participações societárias mensuradas ao valor justo por outros resultados abrangentes e da amortização de cotas de fundos de investimento deixaram de transitar pelo Resultado do Exercício, sendo registrados diretamente em Lucros (Prejuízos) acumulados.

O ganho de R$ 773 milhões com derivativos de renda variável no 4T20 decorre majoritaria- mente dos efeitos oriundos do resultado positivo com o exercício de opção de compra de uma empresa do setor de logística e com à valorização do ativo objeto de outra empresa do setor de energia.

3.2.2. Resultado com Operações Financeiras

O resultado com operações financeiras alcançou R$ 1.285 milhões em 2020, o que re- presenta um crescimento de 93,5% em relação ao ano anterior. Esta variação é explicada principalmente pelo resultado positivo com debêntures. Ressalte-se que, em 2019, foi regis- trado ajuste a valor justo negativo de R$ 1.524 milhões em debêntures de uma determinada empresa, em consequência do pedido de Recuperação Judicial, o que impactou negativa- mente no resultado anual. No 4T20, o resultado, embora positivo em R$ 411 milhões, apre- senta queda de 41,5% em relação ao 4T19, sobretudo em função da menor receita com remuneração das disponibilidades, fruto da queda das taxas de juros, e da reversão parcial de provisão para redução ao valor recuperável registrada no 4T19.

3.2.3. Outras Despesas, líquidas

No acumulado de 2020, as outras despesas, líquidas, apresentaram crescimento de 99,3%, explicado principalmente por: (i) aumento de R$ 237 milhões nas despesas administrativas e de pessoal devido à elevação do percentual de rateio da BNDESPAR, de 23% em 2019 para 31% em 2020, no total das despesas administrativas do Sistema BNDES; (ii) despesa com atualização monetária dos dividendos pagos ao acionista único no montante de R$ 144 milhões; (iii) registro de provisão para perdas em Incentivos Fiscais de R$ 173 milhões; e (iv) maiores despesas com PIS/COFINS, no valor de R$ 719 milhões, em função das maio- res alienações do período.

Na comparação trimestral, o aumento de outras despesas está relacionado aos mesmos fatores acima descritos.

3.2.4. Tributação sobre o Lucro

Em 2020, observa-se a queda na despesa com tributos devido ao menor patamar de recei- tas tributáveis, notadamente em função do menor resultado com alienações de coligadas em relação ao ano anterior. Vale lembrar que o exercício de 2019 foi fortemente impactado pela operação de incorporação da Fibria pela Suzano.

Considerando os impostos incidentes sobre as alienações de instrumentos patrimo- niais, registrados em outros resultados abrangentes2, as despesas com imposto de ren-

da e contribuição social foram de R$ 4,1 bilhões em 2019 para R$ 5,8 bilhões em 2020.

2. Desde 2018, com a adoção do Pronunciamento Técnico CPC 48 – Instrumentos Financeiros, o resultado das alienações de participações societárias mensuradas ao valor justo por outros resultados abrangentes e da amortização de cotas de fundos de investimento deixaram de transitar pelo Resultado do Exercício, sendo registrados diretamente em Lucros (Prejuízos) acumulados.

(continua)

3.3. Posição Financeira

O ativo total da BNDESPAR atingiu R$ 116,8 bilhões em 31/12/2020, um crescimento de 12% em relação à posição de R$ 104,3 bilhões, de 30/09/2020, decorrente da valorização da carteira de participações societárias a valor justo. Na comparação anual, a queda de 5,2% decorre principalmente do pagamento de dividendos complementares sobre lucros de resultados anteriores, a despeito do ajuste positivo das ações mensuradas a valor justo no exercício.

3.3.1. Disponibilidades

O aumento de R$ 7.693 milhões (24,6%) no 4T20 foi decorrente do retorno das operações, principalmente, dos recursos oriundos das alienações de participações societárias, com destaque para Vale e Suzano.

Em 2020, o crescimento foi de 23,7% em relação ao ano anterior, em função do já citado efeito da entrada de recursos de venda de participações societárias, incluindo a alienação de Aes Tietê Energia realizada no 3T20. Atenuaram esses efeitos os pagamentos de divi- dendos complementares sobre lucros de resultados anteriores.

3.3.2. Debêntures

Em 2020, houve queda de R$ 1.480 milhões (27,2%) em relação ao ano anterior impactada por vencimento e conversão de debêntures. No 4T20, houve crescimento de 5,9% da car- teira de debêntures, em função da valorização dos ativos.

3.3.3. Participações Societárias

Em 31/12/2020, a carteira de participações societárias era de R$ 70.688 milhões, repre- sentando um crescimento de 7,8% em relação ao 3T20 em razão da valorização de ações como Petrobras, Vale, Eletrobras e Copel.

Em termos anuais, a redução foi de 14,2%. O ano de 2020, começou com uma forte des- valorização na carteira de ações em relação ao fim de 2019, dada a queda generalizada do mercado acionário atingido pela pandemia da COVID-19. Com a recuperação gradual do IBOVESPA, a partir do 2T20, a valorização das principais participações societárias em não coligadas, como Vale, Petrobras, Suzano e Eletrobras contribuíram para recuperação da carteira. A despeito do contexto macroeconômico, o processo de desinvestimento pre- visto pelo Plano Trienal 2020-2022 vem sendo executado, com cerca de R$ 22,6 bilhões de vendas realizadas pela BNDESPAR no ano de 2020, com destaque para Vale, Suzano, Aes Tietê Energia e Petrobras. Em 31/12/2020, a carteira de participações societárias em não coligadas da BNDESPAR, representado pelo valor justo, apresenta um ganho potencial de R$ 35.595 milhões3.

O crescimento das participações societárias em coligadas, tanto no 4T20 como no acumu- lado do ano, é explicado pela equivalência patrimonial das investidas.

3.3.4. Gerenciamento da Carteira de Investimentos

O gerenciamento da carteira de investimentos enfatiza a diversificação e o giro de ativos. Desde 2019, conforme já comentado, a BNDESPAR vem efetuando desinvestimentos de ativos de renda variável. Em 31 de dezembro de 2020, tal carteira compreendia títulos de emissão de 115 empresas (incluindo ações em 84) e de 41 fundos, conforme distribuição setorial abaixo:

3. Em 30/09/2020, o ganho potencial era de R$ 37.080 milhões, ressaltando que foram realizadas vendas que geraram um ganho bruto R$ 7.868 milhões no 4T20.

Distribuição setorial da Carteira de Investimentos

Ações Debêntures Fundos

Derivativos Isolados Total Petróleo e Gás 37,9% 0,0% 0,0% 0,2% 35,2% Energia Elétrica 17,5% 52,2% 0,0% 97,0% 18,8% Alimentos/Bebidas 18,6% 0,0% 0,0% 0,0% 17,2% Mineração 13,5% 44,8% 0,0% 0,0% 14,3% Papel e Celulose 3,0% 3,0% 0,0% 0,0% 2,9% Logística/Transporte 3,1% 0,0% 0,0% 0,0% 2,9% Fundos de Investimento 0,0% 0,0% 100,0% 0,0% 2,8% Sucroalcooleiro 1,5% 0,0% 0,0% 0,0% 1,4% Bens de Capital 1,4% 0,0% 0,0% 2,8% 1,3% Cadeia Automobilística 1,2% 0,0% 0,0% 0,0% 1,1% Saneamento 0,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,5% Outros 1,7% 0,0% 0,0% 0,0% 1,6% Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Adicionalmente, nesta mesma data, a BNDESPAR tinha representantes em 11 Conselhos Fiscais e em 30 Conselhos de Administração no universo de 84 empresas em que manti- nha participação acionária, além de Acordo de Acionistas em 38 empresas.

3.3.5. Outras Obrigações

O saldo de outras obrigações apresentou acréscimo de R$ 4.984 milhões (60,9%) no 4T20, devido, sobretudo, à constituição de tributos diferidos passivos sobre o ajuste a va- lor justo positivo da carteira de participações em não coligadas, no montante de R$ 2.360 milhões, bem como o registro dos dividendos mínimos obrigatórios sobre o lucro de 2020, no montante de R$ 2.832 milhões.

3.3.6. Patrimônio Líquido

O Patrimônio Líquido (PL) aumentou em 7,8% (R$ 7,5 bilhões) em 31/12/2020 em relação a 30/09/20, principalmente pelo lucro líquido ajustado no 4T20 de R$ 5,8 bilhões e pelo ajuste de avaliação patrimonial positivo de R$ 4,5 bilhões, líquido de tributos, oriundo, principalmente, da valorização da carteira de participações societárias em não coliga- das. Estes efeitos foram atenuados pelo registro dos dividendos mínimos obrigatórios de R$ 2,8 bilhões sobre o lucro de 2020.

No ano, considerando o pagamento de dividendos complementares sobre lucro de exercí- cios anteriores e a desvalorização de participações societárias em não coligadas acumu- lada nos primeiros nove meses do de 2020, houve uma redução de 3,2% do Patrimônio Líquido.

4. INSTRUÇÃO CVM 381/2003

Em conformidade à Instrução CVM nº 381/03, a BNDESPAR vem declarar que não possui qualquer tipo de contrato de prestação de serviços de consultoria com seus auditores independentes, Grant Thornton Auditores Independentes, caracterizando, assim, a ine- xistência de conflito de interesses ou comprometimento da objetividade desses auditores em relação ao serviço contratado.

5. AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos nossos colaboradores a dedicação e o talento, que nos permitem al- cançar resultados consistentes; aos nossos clientes, que nos motivam na incessante busca do desenvolvimento de nossos serviços; e ao mercado, pelo apoio e confiança indispensáveis.

(continua)