• Nenhum resultado encontrado

Renata

Idade: 50 anos Estado Civil: Casada Profissão: Jornalista Nº de filhos: 2

Renata, ao iniciar o relato de sua história, se refere ao lugar onde nasceu e a condição da família.

Nasci no Interior do estado de São Paulo, terceira filha de pais humildes que muito lutaram para manter os filhos bem.

De acordo com o que discutimos no capitulo sobre Identidade, o ser humano desde que nasce, torna-se um membro efetivo da sociedade, ao participar de relações com as pessoas mais próximas, os "outros significativos", os quais são os responsáveis pelos cuidados necessários à sua sobrevivência e ao seu desenvolvimento, bem como responsáveis por transmitir os significados produzidos pela coletividade (BERGER e LUCKMANN, 1976)

Renata aparece como filha-de-pais-humildes-lutadores, que adquire a capacidade de interiorizar um acontecimento objetivo, percebendo-o, interpretando-o

de maneira subjetiva e dotando-o de sentido e identificando-se aos modelos apreendidos. (BERGER e LUCKMANN, 1976)

Na tentativa de um emprego melhor meu pai resolveu mudar para São Paulo. Passamos muitos meses numa situação muito difícil, até que ele conseguiu um bom emprego que nos deu sustentação e suporte financeiro melhor. Lembro-me que tinha 7 anos de idade quando iniciei meus estudos num colégio público. Papai iniciou seu trabalho num restaurante onde mais tarde com seu trabalho duro conseguiu uma casa. Era simples mas aconchegante. Mamãe o ajudava muito com seu trabalho artesanal para que pudéssemos ter uma vida melhor. Mamãe fazia pintura em tecido e cerâmica.

Renata se percebe como sujeito histórico na medida em que relembra sua infância com carinho. Faz uso da memória para apreensão de sua própria identidade (CIAMPA, 1984/1992).

Vivi os primeiros anos de minha vida numa fazenda em Indaiatuba onde meus pais trabalhavam. Tirava leite das vacas, colhia frutas e brincava no café que ficava secando no chão. Apanhava com vara de marmelo quando fazia algo errado.

Para que sua identidade seja reconhecida ela historiciza o lugar da coletividade primeira em sua história. Foi criada dentro de um grupo, a família na qual é socializada e apreende valores coletivos.

Na socialização primaria, para Renata, tanto o pai quanto a mãe foram referências de vida, tendo apreendido o zelo, os cuidados dispensados a saúde. Seu

universo simbólico foi dotado de referenciais positivos. Apresenta-se agora como Renata-criança-bem-cuidada.

Lembro-me ainda do zelo de minha mãe para comigo, principalmente quando tinha algumas crises de vomito, pois meu fígado era muito sensível, tudo o que comia fazia mal.(...) Sempre gostei de estudar, tinha muitos sonhos quanto ao meu futuro.

Renata começa a traçar sua biografia como uma pessoa que gosta de estudar que tem sonhos; apresenta-se como Renata-sonhadora-sensível.

Aos quatorze anos iniciei um curso de desenho e pintura influenciada pela minha mãe. Aos quinze anos fiz teatro. Ah! como eu gostava de representar. Fui a “Camélia” uma vez. Foi lindo, fui muito aplaudida. Fui vestida como uma flor, parecia uma flor, branquinha como a camélia, declamava –“ sou a camélia delicada de uma alvura divinal, mesmo sem ser perfumada sou formosa e angelical”.

Renata conta sua história de vida, por meio de personagens que vai encarnando durante sua infância e adolescência, a partir de novos papéis de que se apropria.

Segundo Habermas (2002) o sujeito incorpora inicialmente aquilo que as pessoas de referência esperam dele, passando em seguida a integrar e a generalizar através da abstração as expectativas múltiplas. Essa instância da consciência significa um grau de individuação que exige uma diferenciação de papéis.

O indivíduo ao se expressar legitima os papéis apreendidos. Vai delineando sua história de vida, apropriando-se dos atributos e predicados como elementos constituintes da sua identidade. O desempenho de papéis pressupõe a interiorização da normatividade social que define a expectativa de certas condutas com sentido próprio.

Renata segue construindo novas personagens, agora se apresenta como Renata-jogadora.

Aos dezesseis anos jogava handball no time do colégio. Quando jogava, achava estranho, pois me cansava muito mais do que minhas colegas, não conseguia jogar bem. Ficava ofegante sempre (...) Aos dezoito anos tirei carteira de motorista e me esforçava o máximo para entrar no curso de comunicação social da Usp. Às vésperas do vestibular tive uma forte dor no peito somada a um grande cansaço. Fui ao hospital das clínicas quando descobriram que eu tinha um problema no coração. Comecei a fazer tratamento e melhorei.

Juntamente com a Renata-jogadora aparecem outras personagens como a Renata-motorista, a Renata-universitária. O que o indivíduo vive de concreto no dia- a-dia diz respeito a objetividade da identidade. Contudo, a subjetividade da identidade está no "vir-a-ser" na forma de personagens possíveis - está na plasticidade. O ser humano pode projetar um "vir-a-ser" baseado nas experiências passadas, se de alguma forma, pretende-se preservar o sentido das mesmas. E, nesse processo estabelecer condições objetivas que garantam a possibilidade de recriar essas experiências no futuro. Renata se preparava para ser a jornalista, mulher casada, mãe e surge a cardiopata.

Mesmo encarnando a Renata-cardiopata ela continua apropriando-se de novos papéis, encarnando novas personagens, sem desanimar. Concretiza a identidade de jornalista, de mulher-casada e de mãe de dois filhos.

Entrei na universidade onde aos vinte e três anos consegui me formar.Acabei casando com um colega de turma. Hoje tenho dois filhos, um casal. Tínhamos um bom relacionamento.

As múltiplas personagens que Renata encarna durante a sua história, “ora se conservam, ora coexistem, oras se alternam” (Ciampa, 1987/2005). São as diferentes maneiras de se estruturar as personagens que indicam modos de produção da identidade.

Na última gravidez tive uma piora significativa em minha saúde. Fui internada no Instituto do Coração onde fiz uma cirurgia de válvulas por conta de uma insuficiência cardíaca. Depois dessa cirurgia minha saúde melhorou e minha qualidade de vida também.

Renata-cardiopata, segue sua vida criando ricas e criativas possibilidades de vida.

Viajava muito a trabalho, consegui progresso profissional, nas horas vagas sempre me dedicava às artes: pintura e porcelana, que me distraiam muito.

Juntamente com a Renata-cardiopata surge a Renata-traída e a Renata- separada, para concretização da identidade da Renata-cardiopata-separada.

Depois de dois anos mais ou menos comecei a ter problemas de relacionamento com meu marido. Sofri muito e acabei me separando. Hoje ele está casado com outra, na verdade ele me traiu e eu descobri. Já não dava mais pra agüentar. Fiquei sozinha com meus filhos. Acabei superando.

Renata-cardiopata-separada é uma mulher que supera os obstáculos, coloca- se como sujeito auto-ativo. Tornar-se uma pessoa individualizada significa adquirir competências que lhe permita orientar-se de forma autônoma, apropriando-se de sua própria vida com responsabilidade. Pois é no entendimento com os outros e consigo mesmo que a autonomia se desenvolve. Ser uma pessoa significa ser uma fonte autônoma do agir. (Habermas,1996, p. 184)

Sempre fui muito independente, exigente comigo mesma e com os outros e também muito perfeccionista. Gosto muito de movimento em minha vida, fazer esporte, dançar.

A identidade afirma-se no reconhecimento do outro e o entendimento se dá através da intersubjetividade do mundo da vida. O indivíduo situa-se nesse mundo, assimilando e compartilhando sua história de vida de forma consciente. Assim se reconhece Renata-cardiopata-cética-realista.

Fui criada no catolicismo, mas nunca pratiquei, nem freqüentei igreja. Aliás, sempre fui muito cética. Acredito que tudo o que ocorre na vida da gente é fruto de nossas ações e escolhas. Sempre recorri a mim, às minhas forças. Sou realista. Procuro analisar a situação e criar soluções. Gosto muito de ler e estudar. Considero-me uma pessoa bem informada. Tudo o que consegui na vida foi com muita garra e esforço. Acho que aprendi tudo isso com meus pais.

Renata tem consciência de suas escolhas e de suas forças, buscando soluções racionais para todos os obstáculos, apesar das dificuldades. Aparece a Renata-racional-que-luta-para-viver.

Hoje estou bem, depois de tudo que ocorreu com minha saúde... quando fiz vinte e nove anos comecei a ter falta de ar, desmaios. Lembro que estava com meus filhos no shopping e desmaiei. Tive, depois disso, duas paradas cardíacas num espaço de tempo de mais ou menos 2 meses. Comecei a perder peso. Precisei me afastar do trabalho, pois o cansaço, mal estar e desânimo era muito grande, não parava em pé. Em seguida, fui diagnosticada com um problema grave no coração. O coração estava muito aumentado. Minha vida começou a ficar muito difícil, muito tratamento, muitos remédios para tudo, para pressão e outras coisas decorrentes do tratamento, meus rins não estavam bem.

Aparece novamente a personagem “bem-cuidada”, só que agora de forma diferente, depois de tantas personagens encarnadas. A Renata-que-precisa-de- ajuda encarna, juntamente com a Renata-cardiopata-racional-que-luta-para-viver, a Renata-bem-cuidada.

Pude contar com a ajuda de minha mãe que muita força me deu, inclusive para meus filhos.Precisei ser hospitalizada aos quarenta anos, quando o médico me comunicou que era caso de transplante, e que se eu não fizesse poderia durar muito pouco. Vi a morte na minha frente. Fiz exames horríveis, foi muito difícil, pois minha condição emocional era de muito medo. Tudo isso me deixou muito depressiva. Fui orientada pelos médicos e pela equipe multiprofissional quanto ao transplante, me explicaram tudo, todos os procedimentos. A internação foi longa. Sentia muita angústia.

Renata-cardiopata prepara-se para encarnar a Renata-transplantada, seu vir- a-ser possível, começando a aprender o que seria sua nova identidade. Embora o processo identitário já simbolize morte e vida, transformação, Renata agora se depara com a morte simbólica e com a iminência da morte biológica. Surge o medo diante da morte.

Imagine: parei tudo, trabalho, minhas aulas de dança, minhas caminhadas, vida social, diversão, meu trabalho artístico, minha vida estava correndo risco, me deparei com a possibilidade da morte. Fui advertida quanto ao tratamento pré e pós-operatório, remédios e procedimentos clínicos até o fim da vida, além de dieta, exercícios e muita disciplina. O efeito dos imunossupressores e outros medicamentos fragilizaram minha saúde. Minha estima estava baixa, eu estava magra, triste, preocupada e com muito medo. Pensava muito. Convivi com pessoas na mesma situação e talvez até pior.

Um fator psicológico importante do candidato ao transplante é a capacidade de suportar a dor diante da perda do seu órgão e a possível renuncia do seu estilo de vida para que haja adesão ao tratamento. Renata mostrou ter condições

psíquicas para suportar o que poderia surgir, caso contrário não seria uma candidata ao transplante. Renata se apegou ao avanço da tecnologia para tornar-se a Renata- candidata-ao-transplante e começa a gestar a nova identidade de transplantada. Como gosta de ler e é muito bem informada, Renata-candidata-ao-transplante, pesquisou a respeito da medicalização do paciente transplantado. Aparecem fantasias com relação a qualidades ou características dos doadores, mudança de identidade, sexo, medo de rejeição, mudança da expressão dos sentimentos pelo fato de o coração representar simbolicamente o centro dos afetos.

E o medo de não dar tempo de chegar um coração pra mim! Estava na fila. Houve um avanço de novas drogas que permitem uma sobrevida de pacientes por dois ou três meses enquanto esperam por um doador. A média de espera é de nove meses, tempo de gestação de uma vida. Comecei a ter paranóia. Se não desse tempo morreria. Queria muito um coração mas confesso que pensava bobagens do tipo: e se o coração que vier para mim for de um homem, será que ficarei masculinizada, com padrão de comportamento de homem? Queria continuar sendo eu. Pensava também que poderia não amar meus filhos como amo, a gente acha que coração é lugar dos sentimentos, dos segredos, das emoções. Meus questionamentos eram esses. E se fosse uma pessoa de outro pique, se fosse mais velho ou mais novo. Será que assumiria o jeito dele? Tudo isso me atormentava, até que dei um basta nisso. Resolvi só pensar na vida, em querer viver mais e acreditar na competência da ciência e na evolução médica. Não sei de onde veio tanta força. Acho que quando a gente precisa acessamos essa força.

Renata-de-força-que-superou-o-medo-de-morrer mostra que tem recursos psíquicos suficientes para enfrentar as adversidades da vida. Sua crença na ciência e na tecnologia deu-lhe forças para superar o momento de incertezas.

Cheguei a sair do hospital, mas com muitos cuidados e fiquei esperando o coração em casa, sendo cuidada pela família. Esse período de espera foi terrível porque não podia fazer nada, pois estava sem condições físicas. Sorte que tinha uma reserva de dinheiro.

É na interação com o outro que houve uma minimização do sofrimento devido ao aconchego de uma nova amizade. Além de ser cuidada pela família também se sente cuidada por um amigo. Para Habermas, as soluções dos problemas são relevantes, não só subjetiva, mas também intersubjetivamente (2002).

Conheci um médico no hospital muito interessante, atencioso e que me deu muita força. Ficamos muito amigos e próximos. Quando estava mal ligava pra ele. Quando me telefonaram, depois de uma espera de sete meses, falaram que iriam me buscar em casa, pois existia a possibilidade de fazer o transplante, ele estava comigo e me levou para o hospital. Fiquei feliz e culpada ao mesmo tempo, pois torcia para que alguém morresse.

Renata-transplantada-racional deposita na tecnologia médica, na medicalização, a sua salvação. Quando chegou a hora utilizou seus recursos psíquicos, se refugiando na técnica, protegendo-se de seu sofrimento. Parece que para Renata não existia espaço para outro pensamento que não o técnico.

Quando chegou a hora deu pânico. Sabia que eu tinha chances de sair vitoriosa, pois querer é poder, mas poderia não dar certo! Bom,

deu tudo certo, graças ao avanço técnico e a competência dos médicos. Coloquei neles a minha salvação.

Renata após a cirurgia concretiza a Renata-transplantada, mas temporariamente deixa de ser Renata-racional,

Quando acordei da cirurgia comecei a me sentir estranha, com amnésia e confusão mental que durou alguns dias, ainda bem que durou pouco. Depois senti alegria por estar viva.

Como foi citado anteriormente, Blacher (1972) aponta fatores que contribuem para o desencadeamento de um quadro próprio do pós-operatório, em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com exposição do coração. O alto nível de pânico pode desencadear essa situação, devido ser insuportável para os pacientes conceberem seus corações serem cortados e ainda quando acordam não estão mais com seus corações “originais”, mas sim com um órgão de outro batendo em seu peito e cuja origem é desconhecida.

Agradeci muito aos médicos a força que me deram, a minha família e ao Sergio que foi muito importante para mim. Ouvia meu coração batendo forte, uma sinfonia, uma orquestra que já não ouvia há muito tempo. Senti gratidão! A sensação que eu tinha é que estava dentro de mim algo estranho, mas que estava funcionando. Acho que foi um período que precisei me adaptar a outra situação. Sabe, era como se tivesse mais um dentro de mim. Lembrei de quando estava grávida e sentia o nenê mexendo.

Metaforicamente a gravidez biológica é comparada com o processo de enxerto, pois:

quem vive no próprio corpo a presença de outro precisa acolher este acontecimento e encontrar sentido para esse encontro. Tarefa particularmente difícil para os homens e extremamente ameaçadora para mulheres que já se deixaram fecundar outras vezes e que, no momento do transplante, fazem-no com um desconhecido

(Ramminger,2000 apud Pereira 2006).

Assim, Renata segue a gestação simbólica de um outro dentro de si.

Aos poucos essa sensação foi dando lugar a outras. Hoje sinto esse coração como meu. Era pra mim. Eu sou esse coração e esse coração sou eu. Tive sentimentos de nostalgia com relação ao velho coração. Onde estaria? Serviria para pesquisa ou para o lixo?

Renata demonstra sentimentos de luto em relação ao órgão perdido, mostrando inquietação quanto ao destino de seu antigo coração. Mas supera as dúvidas e assume sua nova identidade: Renata-transplantada-que-começou-a- sentir-Deus.

Recebia várias visitas no quarto e uma situação me marcou muito, foi quando um padre muito jovem foi me visitar durante dias e falou coisas que fizeram sentido. Falou de filosofia, do sentido da vida, de Deus, foi uma experiência muito forte e diferente. Ele fez um relaxamento e pude me abrir para outras sensações, para algo superior – Deus. Fiquei emocionada, comecei a sentir Deus. Estava

muito sensível, efeito de anestesia, dores musculares devido as incisões e manipulação dos músculos. Fiquei três semanas no hospital e pude entrar em contato com assuntos relacionados a Deus como nunca tive, pois era muito cética.

O enfrentamento através da tecnologia começou a coexistir com o enfrentamento através da religiosidade, ficando claro que a técnica é necessária, mas não suficiente, pois houve a necessidade da busca de um sentido, o fio condutor para que encontrasse Deus foi a tecnologia.

Atribuo o sucesso da cirurgia aos médicos capacitados e à tecnologia de ponta, pois morri com um coração e renasci com outro. Caso contrário morreria logo. Mas confesso que me abri para outros valores graças ao Padre Rafael que é carismático e me chacoalhou para minhas reflexões.

Renata-transplantada-guerreira-vitoriosa-religiosa internalizou novos valores transmitidos por padre Rafael. Apesar de cética teve capacidade de interagir intersubjetivamente com alguém que falava uma outra linguagem (a linguagem da fé), o que proporcionou uma mudança de valores, e a partir disso se permitiu externalizar os novos valores internalizados.

Sou muito grata a tudo que aconteceu comigo e grata ao coração novo, à família de quem o doou a mim.

Renata levou a sério a medicalização imposta para poder viver bem, porque ela é assim, acredita na preponderância da técnica científica, na razão.

O período pós-operatório foi delicado, mas consegui. Sou uma guerreira tinha que dar certo.Tem muitos cuidados como medir a temperatura, se tiver baixa (37 º) por mais de vinte e quatro horas é perigoso. A pressão sanguínea tem que medir sempre pela manhã e ao anoitecer. Tem que pesar, pois grande aumento de peso pode significar rejeição. E a medicação, os imunossupressores em doses altas geram um estado de fraqueza. A recuperação foi lenta. Depois de seis meses fiquei melhor. Entre dois e seis meses após a cirurgia podem acontecer infecções.As vacinas têm que ficar em dia. Tem que ter muita prevenção, dietas adequadas, fisioterapia, para reabilitação. As coisas foram se encaixando. O sentido de minha vida agora é outro.

Retomou sua vida profissional, social e afetiva. Casou-se novamente com o amigo que conheceu no hospital, o transplante proporcionou o encontro com o amor. A experiência de dor foi substituída pela alegria de viver.

Voltei a trabalhar. Não sinto cansaço. Aos poucos retomei minha vida social e afetiva. Lembra daquele médico amigo? Hoje estamos juntos. Casamos um ano depois do transplante. Já fazem sete anos que fiz o transplante e há seis estamos juntos, e ele me deu e dá muita força e eu a ele, nos relacionamos bem.

Desponta agora a Renata-missionária, que encontrou um meio de manifestar sua gratidão para um grupo de sofredores. Iniciou um novo projeto social aliado ao jornalismo, divulgando e participando de campanhas de doação de órgãos.

Hoje fazemos parte de um grupo que conheci através do padre Rafael e faço meu trabalho (...) dôo força, carinho aos doentes e necessitados e para pessoas que passaram pelo que eu passei. Dedico duas manhãs por semana a um trabalho de voluntariado para crianças e adultos que precisam fazer transplante (...) Vejo-me uma missionária, dando meu testemunho, minha força, meu conhecimento

Documentos relacionados