CAPÍTULO 3. Metodologia
4.4 Representação conceitual das UTCs 24 [educação formal] 27 [educação não-formal]
Trilla (2008) apresenta, no livro “Educação formal e não-formal: pontos e contrapontos”, o arquitermo ‘ processos’ para compor o início da definição da UTC 27 [educação não-formal]:
nossa proposta é a seguinte: entendemos por educação não-formal o conjunto de processos (grifos nossos), meios e instituições específicas e diferencialmente concebida em função de objetivos explícitos de formação ou instrução não diretamente voltados à outorga dos graus próprios do sistema educacional regrado [...] de forma muito notável é composto por todas aquelas instituições e programas destinados a pessoas ou coletivos que se encontram em alguma situação de conflito social: centro de acolhida, centros abertos, educadores de rua, programas pedagógicos em centros penitenciários etc, (TRILLA, 2008, p. 42-42).
O hiperônimo ‘processos’ também encabeça as definições das UTCs 24 e 26:
Para nós, o que delimita com razoável precisão os diversos conteúdos que o uso costuma atribuir às expressões educação formal e não-formal, por um lado, e informal, por outro, é um critério de diferenciação e especificidade ou do processo educacional. Ou seja, estaríamos diante de um caso de
educação informal quando o processo educacional indiferenciada e
subordinadamente a outros processos sociais, quando aquele está indissociavelmente mesclado a outras realidades culturais, quando não emerge como algo diferente e predominante no curso da ação geral em que o
processo (grifos nossos) se verifica, quando é imanente a outros propósitos,
quando carece de um contorno nítido, quando se dá de maneira difusa (TRILLA, 2008, p. 37).
Nos dados, os processos formam um conjunto, e o verbo copulativo ‘ser’ não vem declarado, no entanto, pode ser inferido, como demonstram os quadros 37, 38 e 39:
Quadro 37
TERMO + É DEFINIÇÃO
Educação formal = Processos
Quadro 38
TERMO + É DEFINIÇÃO
Educação não-formal = Processos
Quadro 39
TERMO + É DEFINIÇÃO
Educação informal = Processos
Ao formalizarmos:
Termo [X] Proposição formal [Y] Educação formal Processos
Educação não-formal Processos Educação informal Processos
A partir das proposições postas em destaque, inferimos o verbo para indicar processo ‘serve’:
A educação formal [...] vai do ensino pré-escolar até os estudos
universitários, com seus diferentes níveis e variantes; ou, dito de outro
modo, a estrutura graduada e hierarquizada orientada à outorga de
títulos acadêmicos (TRILLA, 2008, p. 40).
Em outro trecho do livro, há indicação do objetivo da educação formal “uma das tarefas do sistema formal é precisamente credenciar conhecimentos e competências” (idem, p. 123). Essa tarefa é que confere certo caráter homogeneizador à educação formal, que deve ser reconhecida como um fato necessário e positivo:
é preciso admitir que certo caráter homogeneizador da educação escolar não é só um fato, mas deve ser reconhecido como necessário e positivo. A
educação formal [...] tem uma função socializadora indesculpável: deve tornar-nos todos iguais, mais homogêneos. Por um lado, deveria assegurar
a aquisição por parte de todos de alguns conteúdos (culturais,
procedimentais, atitudinais e valorativos) mínimos compartilhados. Isto é
necessário tanto do ponto de vista do indivíduo (para que o sujeito possa integrar-se satisfatoriamente na sociedade), como para própria sociedade (para que uma comunidade funcione, seus membros têm de
compartilhar uma série de coisas [...]; por outro lado, a socialização
também deve propiciar que todos sejam iguais em dignidade, direitos,
oportunidades (grifos nossos) etc) (TRILLA, 2008, p. 128-129).
Ao partirmos das proposições grifadas, podemos complementar a definição canônica do quadro 38 com a definição pragmática, o que gera o quadro 40:
Quadro 40
TERMO É DEFINIÇÃO
Educação formal = Processos que vão da pré-escola até a universidade, em seus diferentes níveis e variantes. Ver Educação escolar.
Resultado:
Termo [X] Proposição formal, resultativa e factitiva [Y]
Educação formal Processos que vão da pré-escola até a universidade, com seus diferentes níveis e variantes.
Colocado em conformidade com os quadros 27, 30, 33 e 36, resulta no quadro 41: Quadro 41
Nº UTC Definição Autor, ano, página. 24 Educação
formal
Processos que vão da pré-escola até a universidade, em seus diferentes níveis e variantes. Ver Educação escolar.
Nos dados coletados no livro “Educação formal e não-formal, a forma ‘educação escolar’ foi usada no mínimo 22 vezes em substituição à forma ‘educação formal’ (registro de 75 ocorrências), isso porque educação formal é educação escolar, como afirma Ghanem (2008, p. 122): “A educação formal, como educação escolar, para além de valorizar e reconhecer as aquisições que os indivíduos realizam”. Em outro trecho, o autor declara: “educação escolar não pode mais ficar limitada aos muros escolares” (idem, p. 13). Assim sendo, com base nos dados, apresentamos o quadro 42:
Nº UTC Definição Autor, ano, página. 23 24 Educação escolar Educação formal
Processos que vão da pré-escola até a universidade, em seus diferentes níveis e variantes.
Trilla, 2008, 37-129 Ghanem, 2008, 59-143
No quadro 42, a variação lexical, a exemplo do quadro 36, decorre também da substituição dos reoperadores B em relação à base sem que haja prejuízo conceitual, porque a comutação não modifica a representação conceitual, é isso que podemos ver nas figuras 12 e 13: [[Educação] formal ] A B Figura 12 [[Educação ] escolar] A B Figura 13
Já na figura 14
[[Educação ] não-formal] A B
Figura 14
Cuja representação conceitual segue expressa no quadro 43, a explicitação é outra: Quadro 43
Nº UTC Definição Autor, ano, página. 27 Educação
não-formal
Processos compostos por instituições e programas destinados a pessoas ou à coletividade que se encontram em alguma situação de conflito social. Nota: A educação não-formal é feita por centro de acolhida, centros abertos, educadores de rua e por programas pedagógicos em centros penitenciários.
Trilla, 2008, 42-44
Trilha (2008) apresenta um termo novo, pois o reoperador de significado “não-formal” produz uma nova representação conceitual. O mesmo fato ocorre com a forma “educação informal” representada na figura 15:
[[Educação] informal ] A B
Figura 15
Em que o reoperador de significado ‘informal’, no quadro 44, produz uma nova representação conceitual:
Quadro 44
Nº UTC Definição Autor, ano, página. 26 Educação
informal
Processos que se subordinam e se mesclam a várias realidades culturais, para a realização do processo de ensino e do processo de aprendizagem
por meio de objetivos não explícitos.
Assim, nas figuras 14 e 15 os reoperadores de significado ‘não-formal’ e ‘informal’ modificam a representação conceitual, provocando o surgimento de novos termos, cujos conceitos foram definidos de maneira adequada, atingindo, então, a exaustão semântica.
4.5 Representação conceitual das UTCs 6 [aprendizagem significativa] 44 [pedagogia