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VII. Fichas de pesquisa

5. Representação em assembléia

Natureza do Caso: Assembléia – Representação em - Espólio Tribunal: Superior Tribunal de Justiça

Tipo e Número do Recurso: Recurso em Mandado de Segurança nº 739 Relator: Ministro Waldemar Zveiter

Data do Julgamento: 13.05.1991

Data de Publicação do Acórdão: 01.07.1991 Localização do Acórdão: 495, 496, 1572 CC Artigos da Lei nº 6.404/76 Mencionados:

Ementa: “PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO

JUDICIAL. 1. A jurisprudência firmou entendimento no sentido de que o mandado de segurança não é sucedâneo de recurso cabível contra decisão judicial. 2. Ainda que cabível fosse o mandamus, ante a peculiaridade do caso, não se poderia prover o recurso, eis que, adotados pelo juízo orfanológico medida cautelar no interesse da meeira e dos herdeiros desavindos em sociedade anônima de cunho familiar e, também, no sentido de preservação da continuidade da Empresa. 3. Recurso conhecido a que se nega provimento.

Sumário dos fatos: Sob a questão processual que aparece na ementa do acórdão,

vislumbra-se problema de direito material que demanda estudo. Aida Hasson Valoch é viuva meeira e inventariante dos bens deixados por Jacob Voloch, que tinha quatro filhos. Atendendo a requerimento dos filhos, o juiz autorizou que comparecessem à assembléia e votassem, diretamente, com as ações que lhes caberia na partilha, malgrado a mesma ainda não estivesse ultimada. Justificou o juiz sua decisão na necessidade de preservação da empresa (já que a viúva, ao contrário dos filhos, jamais participara da administração social) e nas peculiaridades do caso. O Tribunal Paulista confirmou a decisão, assim como o Superior Tribunal de Justiça. No entanto, nota-se que, no corpo do julgado, muito se destacou as peculiaridades do caso em exame, de sorte que não acreditamos se possa deduzir desse julgado a orientação jurisprudencial no sentido de que os herdeiros podem comparecer à assembléia e votar com as

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ações que lhes caberão na partilha.

Fundamento Principal: “O espólio é um conjunto de bens e a propriedade e a posse

dos bens da herança são transmitidos no momento da morte, não obstante a transitória indivisão”. Acima de tudo, a decisão procurou preservar a Empresa, evitando o afastamento dos administradores.

Questões Relevantes: Antes de ultimada a partilha, podem os herdeiros comparecer

à assembléia e votar? “É legítimo à viúva meeira, porque também inventariante, afastar herdeiros da administração de sociedade da qual o de cujus era sócio majoritário”?

Entendimento do Tribunal: Tendo em vista as particularidades do caso, foi

considerado legítimo que os herdeiros exercessem, diretamente, o direito de voto nas assembléias da sociedade, antes de ultimada a partilha. “O Inventariante representa o espólio, mas o espólio , como é lógico, não é senhor nem possuidor dos bens inventariados, e, por isso não vota nem pode ser votado. O inventariante, que não passa de mero administrador do espólio, não pode representar os interessados na sucessão, em assembléias gerais de acionistas, pois trata-se de mero administrador de bens”.

Voto Divergente: Não

Fundamento do Voto Divergente:

Doutrina Referida: Pontes de Miranda, Parágrafos 5.586 e 5.587 do Tratado de

Direito Privado, Tomo LV, da 2ª edição, Borsoi, de 1968; Theodor Kipp, Derecho de Sucessiones, 5º Tomo, vol. 1, Bosch, ps. 1 a 3; Massimo Biana , Diritto Civile, II, Edição Giuffrè, de 1981, p. 422, par. 267; Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, vol. VI, Forense, 1974, pág. 278; Orlando Gomes, Sucessões, Ed. Forense, 1970, pág. 295).

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Natureza do Caso: Assembléia Geral - Representação em – Espólio Tribunal: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

Tipo e Número do Recurso: Apelação nº 139.583-1/2 e respectivos

Embargos Infringentes

Relator: Desembargador Euclides de Oliveira (Apelação) e Luiz de Macedo

(Embargos)

Data do Julgamento: 20.08.1991 (Apelação) e 11.08.1992 (Embargos) Data de Publicação do Acórdão:

Localização do acórdão:

Legislação Mencionada: CC, artigos 150, 152, 1.579 e 1581, § 2º; CPC,

artigos 12, V, 986, 985 e 991

Artigos da Lei nº 6.404/76 Mencionados: 4º, 115, 121, 134, 135, 285 e 294 Ementa:

Sumário dos Fatos: Maria Elisabeth Ferreira Fontoura, acionista minoritária,

moveu ação ordinária visando anulação de assembléias gerais relativas a aumento de capital contra Instituto Medicamenta Fontoura S/A, alegando que não havia necessidade de tal aumento e que houvera irregularidades nas assembléias.

A assembléia geral extraordinária de 19.09.1985 foi, conforme a autora, realizada sem quorum, pois estavam presentes apenas o procurador de Dirceu de Castro Fontoura, outro acionista sem direito a voto e um terceiro, cujo nome consta da lista, mas sem a respectiva assinatura. A assembléia de 21.10.1985, presidida por Auro Aluísio de Moura Andrade, que dizia ser representante do espólio de Dirceu de Castro Fontoura, sem o ser, tampouco teve quorum, não devendo ser aceita a homologação do aumento de capital decidido na anterior. A de 31.10.1985, irregularmente presidida por Auro, que subscreveu o remanescente do aumento de capital e elegeu-se presidente. A de 18.02.1986, instalada sem o devido quorum, presidida por Auro, que determinou novo aumento de capital e aprovou contas e honorários dos próprios interessados.

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A sentença do juiz singular deu provimento ao pedido. A ré, então, interpôs a presente apelação.

Fundamento Principal: Sendo limitados os poderes do inventariante aos atos

de conservação e mera administração da herança, igualmente ou mais restritos serão os do administrador provisório.

Pode haver aplicação extensiva ou analógica do artigo 285, parágrafo único, da Lei 6.404/76, para revalidar atos viciados relacionados com a atividade e o funcionamento da empresa, não se restringindo ao ato constitutivo (voto vencido).

Questões Relevantes: Há assembléia geral sem o quorum exigido?

Pode o administrador provisório de espólio do acionista atuar em assembléia geral?

Pode ser revalidada posteriormente assembléia geral à qual faltou quorum? (voto vencido)

Entendimento do Tribunal: O relator afirma, quanto à primeira assembléia,

que “as deliberações foram tomadas, então, unicamente pelo voto do procurador de Dirceu, (…) sen alcance do mínimo de 2/3 essencial para a formação de quorum. Nesse sentido o artigo 135 da Lei societária, cuja infringência importa em nulidade da reunião.”

Assevera o Desembargador Euclides de Oliveira que “[s]e ao inventariante a lei assim restringe, com maior razão deve o administrador provisório pautar sua conduta dentro dos mesmos limites, em vista do caráter provisório e passageiro de suas funções. Aplicados estes conceitos ao caso dos autos, forçoso concluir que o marido da herdeira Vera, Sr. Auro Aluísio de Moura Andrade, ainda que de posse da herança, não possuia poderes para atos de venda ou de aquisição de bens em nome do espólio. Não lhe era dado, pois, comparecer a Assembléia extraordinária da empresa, como representante do espólio, para o fim de homologar aumento de capital.”

Decisão em embargos infringentes consoante à do relator.

Voto divergente: voto vencido do Desembargador Barbosa Pereira.

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pois, sendo a sociedade familiar, muitas vezes acertos são feitos mesmo sem a necessidade das reuniões formais. Como o acionista ausente da primeira assembléia compareceu à segunda e concordou com a homologação do aumento do capital e com o deliberado na anterior. “Não se pode considerar como nulidade absoluta a omissão constante da assembléia anterior, face a manifesta concordância do acionista faltante e a ausência total de formalismo na sociedade em questão.”

Assim, “cabe, no caso, aplicação analógica, ou por extensão, do art. 285, parágrafo único, da Lei de Sociedades Anônimas, porque se esta lei admite que ainda depois de proposta para anular a constituição da companhia, por vício ou defeito, possa a assembléia geral saná-los, revalidando, assim, o próprio ato constitutivo da sociedade, não há razão para deixar-se de aplicar o mesmo princípio, quando se trata de ratificar ou revalidar atos posteriores relacionados com as atividades ou o funcionamento da empresa.”

Quanto à possibilidade de participação do administrador provisório representar acionista em assembléia geral, aponta o revisor que “[n]ão se pode negar ao inventariante, como administrador legal, a atividade de representar o espólio nas assembléias das sociedades anônimas, e, de fato, jamais se negou essa faculdade.”

Doutrina Referida: CARVALHOSA, Modesto. Comentários, Vol. 1. São

Paulo, Saraiva, 1977. MARTINS, Franº

MORAES E BARROS, Hamilton de. Comentários ao Código de Processo

Civil, Vol IX.

RODRIGUES PENTEADO, Mauro. Aumento de Capital das Sociedades

Anônimas. São Paulo, Saraiva.

PONTES DE MIRANDA. Comentários ao Código de Processo Civil. Rio de Janeiro, Forense, 1977.

Antecedentes Jurisprudenciais Referidos: JTACSP 91:346; RF, 1938:75-

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