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Requisitos do artigo 29 da Lei nº 12.101/2009

3. IMUNIDADE DE CONTRIBUIÇÕES PARA SEGURIDADE SOCIAL DAS

3.3. Espécie normativa adequada para ditar as exigências para fruição da imunidade

3.3.2. Segunda corrente: Lei Ordinária

3.3.2.3. Requisitos do artigo 29 da Lei nº 12.101/2009

Como dantes dito, além das exigências contidas no artigo 3º da Lei nº 12.101/2009 e àqueles atinentes à certificação a ser concedida pelo ministério responsável pela respectiva área de atuação das entidades, é certo que a Lei nº 12.101/2009 estabelece outros requisitos para fruição da imunidade de contribuições para a seguridade social, desta feita no seu artigo 29. Confira-se:

Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos:

I - não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos; II - aplique suas rendas, seus recursos e eventual superávit integralmente no território nacional, na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais;

III - apresente certidão negativa ou certidão positiva com efeito de negativa de débitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e certificado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS;

IV - mantenha escrituração contábil regular que registre as receitas e despesas, bem como a aplicação em gratuidade de forma segregada, em consonância com as normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade;

V - não distribua resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer forma ou pretexto;

VI - conserve em boa ordem, pelo prazo de 10 (dez) anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem e a aplicação de seus recursos e os relativos a atos ou operações realizados que impliquem modificação da situação patrimonial;

VII - cumpra as obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária; VIII - apresente as demonstrações contábeis e financeiras devidamente auditadas por auditor independente legalmente habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade quando a receita bruta anual auferida for superior ao limite fixado pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

O supra transcrito artigo 29 determina que, mesmo a entidade beneficente de assistência social sendo certificada na forma do Capítulo II da Lei nº 12.101/2009, apenas fará

jus à imunidade das contribuições para a seguridade social se cumprir tantos outros requisitos; quais sejam:

a) seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores não percebam remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos atos constitutivos da entidade;

b) suas rendas, recursos e eventual superávit sejam aplicados integralmente no território nacional, na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais;

c) apresente certidão negativa ou certidão positiva com efeito de negativa de débitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e certificado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS;

d) mantenha escrituração contábil regular que registre as receitas e despesas, bem como a aplicação em gratuidade de forma segregada, em consonância com as normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade;

e) não distribua resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer forma ou pretexto;

f) conserve em boa ordem, pelo prazo de dez anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem e a aplicação de seus recursos e os relativos a atos ou operações realizados que impliquem modificação da situação patrimonial; g) cumpra as obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária; e,

h) apresente as demonstrações contábeis e financeiras devidamente auditadas por auditor independente legalmente habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade quando a receita bruta anual auferida for superior ao limite fixado pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006152.

Como se percebe, alguns requisitos do artigo 29 da Lei nº 12.101 de 2009 equivalem- se. Vale dizer ainda que os incisos III e VII, do artigo 29, da citada Lei, possuem correspondência junto ao Código Tributário Nacional, mas não com seu artigo 14, e sim com os artigos 9º, parágrafo 1º, e 113, parágrafo 2º, respectivamente.

152 A Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 (DOU 15.12.2006, rep. DOU 31.01.2009 - Edição Extra) institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis nºs 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, da Lei nº 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar nº 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis nºs 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999.

A fim de facilitar a visualização dos requisitos comuns aos dois diplomas legais, organizamos o seguinte quadro:

C

CÓÓDDIIGGOOTTRRIIBBUUTTÁÁRRIIOONNAACCIIOONNAALL AARRTT..2299DDAALLEEIINNºº1122..110011DDEE22000099

Art. 14, I I - não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;

Incs. I e V I - não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos;

V - não distribua resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, sob qualquer forma ou pretexto;

Art. 14, II II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;

Inc. II II - aplique suas rendas, seus recursos e eventual superávit integralmente no território nacional, na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais;

Art. 14, III III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.

Incs. IV, VI e VIII

IV - mantenha escrituração contábil regular que registre as receitas e despesas, bem como a aplicação em gratuidade de forma segregada, em consonância com as normas emanadas do Conselho Federal de Contabilidade;

VI - conserve em boa ordem, pelo prazo de 10 (dez) anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem e a aplicação de seus recursos e os relativos a atos ou operações realizados que impliquem modificação da situação patrimonial;

VIII - apresente as demonstrações contábeis e financeiras devidamente auditadas por auditor independente legalmente habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade quando a receita bruta anual auferida for superior ao limite fixado pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Art. 9º, § 1º § 1º O disposto no inciso IV não exclui a

atribuição, por lei, às entidades nele

Inc. III III - apresente certidão negativa ou certidão positiva com efeito de negativa

referidas, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa da prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias por terceiros.

de débitos relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e certificado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS;

Art. 113, § 2º § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

Inc. VII VII - cumpra as obrigações acessórias estabelecidas na legislação tributária;

Conclusivamente, é possível afirmar que todas as exigências contidas no artigo 14 do Código Tributário Nacional estão contempladas na Lei nº 12.101 de 2009, mas o inverso não ocorre.

Deste modo, resta encerrada a análise das exigências para fruição da imunidade de contribuições para a seguridade social das entidades beneficentes de assistência social, segundo a corrente que entende bastar para tanto uma lei ordinária.