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Requisitos para o Método de Avaliação Ambiental de Conceitos de Produtos

Para a definição dos requisitos que iriam orientar o desenvolvimento do método, foi utilizada a ideia de Grubisic (2009). A autora desenvolveu os requisitos para seu método de gerenciamento de riscos por meio de analogia com os requisitos da metodologia de projeto de Pahl et al. (2007). O mesmo foi feito aqui e o resultado desse processo encontra-se descrito no quadro 5.1 a seguir.

Quadro 5.1 – Requisitos para o método de avaliação ambiental de conceitos de produtos

Requisitos para uma metodologia de projeto (Pahl

et al., 2007). Requisitos para o método de avaliação ambiental de conceitos de produtos (desenvolvidos por analogia) Permitir um procedimento orientado por

problemas, ou seja, deve ser aplicável a qualquer tipo de atividade de projeto, independentemente da especialidade envolvida.

Permitir um procedimento orientado por problemas, ou seja, deve ser aplicável a uma gama de produtos físicos. Orientar e facilitar a busca de soluções ótimas

para produtos técnicos, estimulando a criatividade e a compreensão do problema.

Facilitar a estruturação do problema e orientar o usuário, passo a passo, no processo de avaliação do conceito do produto que mais bem atenda aos critérios do DfE, dentro de um a perspectiva de ciclo de vida do produto.

Ser compatível com conceitos, métodos e

conhecimentos de outras disciplinas. Ser compatível com os conhecimentos consolidados das áreas de gerenciamento de projetos, gestão do PDP, DfE e do raciocínio de ciclo de vida.

Não gerar soluções por acaso. Ter precisão e não gerar soluções por acaso. Permitir a transferência de informações sobre o

desenvolvimento de produtos entre projetos similares.

Permitir a transferência de informações e conhecimento do DfE entre projetos similares, formalizando e explicitando o conhecimento tácito de seus usuários.

Ser de fácil implementação computacional. O método deve ser de fácil implementação computacional. Possibilitar o ensino e a aprendizagem da

metodologia. Oferecer uma forma sistemática de armazenar o conhecimento, facilitando o processo de ensino e aprendizagem do método.

Facilitar o trabalho, economizar tempo e evitar decisões erradas.

Organizar o trabalho, reduzir tempo e evitar decisões inapropriadas, de maneira a harmonizar as demandas ambientais com os demais requisitos do produto.

Facilitar o planejamento e gerenciamento do trabalho em equipe em um PDP integrado e multidisciplinar

Facilitar o trabalho da equipe em um ambiente de desenvolvimento de produto integrado e multidisciplinar Servir de orientação e diretriz para gerentes de

projetos de equipes de desenvolvimento de produtos.

Servir de orientação e diretriz para gerentes de projetos de produtos introduzirem os princípios do DfE no desenvolvimento de produtos.

(Fonte: Elaborado pelo autor)

O requisito 1 expressa que o método não deve ter um escopo muito restrito de aplicação, caso contrário seu potencial de contribuição é pequeno. Por outro lado, desenvolver algo muito genérico, além de desafiador devido à grande quantidade de variáveis envolvidas, é de pouco uso prático. Assim, faz-se necessário um recorte no objeto de estudo de forma a tornar o método operacional. Como esta tese se utiliza do modelo de gestão do PDP de

Rozenfeld et al. (2006), optou-se por focar o mesmo tipo de produto a que esse modelo se dirige: produtos físicos, principalmente bens de consumo duráveis e bens de capital.

O requisito 2 declara que o ponto de partida para desenvolver os critérios para a avaliação de conceitos são as estratégias do DfE descritas no capítulo 3 (a justificativa encontra-se abaixo nos requisitos 9 e 10). Adicionalmente, deve-se considerar todo o ciclo de vida do produto, evitando-se a soluções subótimas do ponto de vista ambiental. Além disso, deve facilitar a estruturação do problema e orientar o usuário, passo a passo, na sua solução. Por isso, optou-se por dividir a apresentação do método em duas partes. A primeira consistindo das bases e escolhas teóricas e a segunda consistindo da sua operacionalização. Em uma aplicação prática, o usuário pode ir recorrendo à primeira na medida em que essa for necessária. Isto tem cunho didático, facilitando o ensino e a aprendizagem do método, em consonância com o requisito de número 7.

No requisito 3 são expostas as áreas de conhecimento sobre as quais o método se baseia.

Do requisito 4 decorre uma das justificativa pela escolha do AHP como base para o método proposto: ele conjuga rigor matemático com um método intuitivo de estruturação e resolução de problemas com múltiplos critérios.

Os requisitos 5 e 6 exigem que o método torne explícito o conhecimento gerado e, dessa forma, possa ser armazenado computacionalmente e facilmente transferido e reaproveitado. Uma ferramenta computacional fácil, intuitiva e amplamente difundida é a planilha eletrônica. Assim, optou-se por implementar os cálculos do AHP no Microsoft Excel programando-se fórmulas na sua linguagem, o Visual Basic. Os algoritmos dessas fórmulas, na referida linguagem de programação, encontram-se no Apêndice C. Foi criado um protótipo de planilha para ser apresentado na ocasião da avaliação do método junto aos profissionais do PDP.

O requisito 8 exige que o método deva ser eficiente e que de alguma maneira seus resultados possam ser agregados a análises sobre o mérito dos conceitos relativamente a outros critérios tais como custo, qualidade etc.. Isso está de acordo com a preocupação do DfE, cujo objetivo é melhorar o desempenho ambiental dos produtos sem comprometer outros critérios fundamentais do produto.

Os requisitos 9 e 10 versam sobre o público-alvo do método. Eles são gerentes de projeto e profissionais de diversas funções ligados ao desenvolvimento de produtos. Isto tem uma implicação importante. O método deve ser expresso de maneira acessível às especialidades envolvida no desenvolvimento, proporcionando uma base comum para o

entendimento e modelagem do problema. Além disso, em sua aplicação, o método não deve exigir demasiada expertise ambiental, para que seja possível uma real integração da equipe de projeto em torno da questão ambiental. Portanto, ele deve estar ligado às variáveis sob o controle e o âmbito de atuação desses profissionais e que cuja manipulação seja justamente a solução do problema. Por essa razão, o método proposto nesta tese foi baseado nas Estratégias de DfE e não nas ACV Simplificadas, conforme exposto na seção 3.3.

Dados os requisitos que nortearam o desenvolvimento do método, o próximo passo consiste em combinar os conhecimentos adquiridos das estratégias de DfE com os conhecimentos do AHP. Esta união forma a base científica do método proposto.