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resíduos Sólidos

No documento Gestão Social de Bacias Hidrográficas (páginas 117-120)

Neste tópico, iremos abordar o a Lei 12.305/2010, regulamentada pelo Decreto 7.404/2010, que estabelece como deve ser feita a gestão inte- grada dos resíduos sólidos, atribuindo responsabilidades para o Poder Público, o setor empresarial e a sociedade.

A contaminação do ambiente e principalmente, das águas superficiais e subterrâneas por disposição incorreta dos resíduos sólidos urbanos é uma ação humana preocupante, pois somos a única espécie que causa e não trata corretamente o lixo (mistura de resíduos sólidos, orgânicos, rejeitos e resíduos perigosos). Este é um dos maiores problemas urba- nos da atualidade, juntamente com outros também relacionados com saneamento e saúde pública. a grande quantidade gerada e a falta de um plano de gestão faz com que cada vez mais o problema se agrave e fique mais urgente uma solução.

No Brasil, em 2011, segundo relatório da ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), foram geradas 61.936.368 toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos. Deste montante, foram coletadas 55.534.440 toneladas, tendo destino adequado so- mente 32.240.520 toneladas (58,06%). Ou seja, aproximadamente, a metade dos resíduos gerados no país teve destino final adequado e, o restante, pode ter tido como destino os corpos d’água.

Definição de Resíduos Sólidos segundo PNRS - material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. Portanto, fica proibido o lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos.

Os rios e demais corpos d’água das bacias hidrográficas têm papel importante no carreamento dos resíduos sólidos mal acondicionados para locais mais baixos e também para o mar. Quando em contato com a água, os resíduos causam diversos problemas, tanto materiais os se- cos quanto os orgânicos e perigosos. Este contato direto polui a água com diversas substâncias, tornando difícil a limpeza e total remoção destes materiais.

ANOTAÇÕES:

além da poluição dos corpos d’água por carreamento superficial de re- síduos, há a infiltração de toxinas por meio de percolação nas águas subterrâneas. Na maioria das cidades brasileiras, principalmente, nas de pequeno porte, ainda não se tem um destino final adequado para os resíduos sólidos, podendo causar esse tipo de contaminação. Nem todos os materiais gerados são depositados em aterros sanitários de maneira adequada, sendo uma grande quantidade destinada para depósitos a céu aberto (lixões), provocando danos ao ecossistema local e às populações que moram em áreas vizinhas.

Porém, depois da criação da Lei 12.305/2010, que institui a Política Na- cional de Resíduos Sólidos, fica proibido, a partir de quatro anos após a publicação da mesma, utilização de lixões para esse fim. Ou seja, terão de ser utilizados pelos municípios locais para disposição final ambiental- mente adequada dos rejeitos, excluindo a possibilidade de uso de lixões. Além disso, a Lei dispõe sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerencia- mento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. Entre os instrumentos criados pela PNRS, merecem destaque os planos de resíduos sólidos, a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramentas relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas e outras formas de associação de catadores de materiais recicláveis, o monitoramento e a fiscalização ambiental, a educação ambiental e os incentivos fiscais.

Tais iniciativas foram criadas para efetivar o cumprimento das diretrizes e dos princípios eleitos pela PNRS, enquanto valores a serem buscados pelos sistemas de gestão de resíduos, os quais incluem: uma visão sistê- mica da gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambien- tal, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; o de- senvolvimento sustentável; a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de traba- lho e de renda e promotor de cidadania; o respeito às diversidades locais e regionais; o direito da sociedade à informação e ao controle social.

Gestão integrada de resíduos Sólidos segundo a PNrS - conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável.

ANOTAÇÕES:

feita por meio do Plano Municipal de Gestão de Resíduos, o qual deve ter como base o diagnóstico da situação dos resíduos sólidos gerados no respectivo território, tendo nele detalhados a origem, o volume, a ca- racterização e as formas de destinação e disposição final adotadas. de- vem ser previstas metas de não geração, redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem, entre outras, visando reduzir a quantidade de re- jeitos a serem encaminhados para disposição final. Os planos municipais devem ser elaborados de forma participativa e transparente. Seus con- teúdos devem estar articulados com outras leis que tratam de resíduos. Ainda para garantir o acompanhamento, o monitoramento, o controle cidadão e a revisão periódica das metas contidas nesses planos, devem ser instituídos os indicadores de desempenho operacional e socioam- biental dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos; da coleta seletiva (incluindo os orgânicos); da implementação e operacionalização dos sistemas de logística reversa; e dos planos de ge- renciamento de resíduos sólidos industriais, minerários, da construção civil e de saúde.

Os municípios devem, por meio de seu Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS), estimular o fortalecimento institucional de cooperativas e associações, em prol da melhoria das condições de trabalho dos catadores de materiais recicláveis existentes hoje no Brasil.

Além da questão ambiental, a PNRS também inovou em relação ao social, envolvendo a cadeia de resíduos. No Brasil, segundo o Movimento Nacio- nal dos Catadores, são aproximadamente 500 mil trabalhadores que têm na coleta de resíduos sua fonte de renda. apesar de a profissão de catador já ter sido reconhecida pela Classificação Brasileira de ocupações (CBO), as condições em que esses trabalhadores atuam são bastante precárias, tanto no aspecto prático, do dia a dia, como em relação à exploração econômica que sofrem por parte de empresários que praticam um preço de compra de materiais até três vezes menor que o de revenda.

a falta de controle desse serviço - ainda existente em diversos muni- cípios - gera dificuldades em combater os problemas de saneamento básico e os próprios impactos provocados ao ambiente e à população. a relação gestão da água e gestão de resíduos sólidos tem muita impor- tância no que diz respeito à saúde, qualidade de vida e preservação. Mesmo sendo dois preceitos do saneamento, a falta de pertinência entre os planos de gestão faz com que, não tendo esse controle, muitas ações planejadas pelos municípios em relação a essas duas temáticas gere vazios, onde neles se encontram casos de indiferença e falta de acom- panhamento sobre problema em questão.

ANOTAÇÕES:

Para os planos conversarem entre si e poderem atuar em sinergia, há de se analisar qual a relação que as leis possuem para, então, as ações serem planejadas e realizadas com efetividade. a relação entre a PNRH e a PNRS, bem como a relação com outras leis inclusas no saneamento, deve ser estreita. Para isso, analisamo-as e criamos um quadro que mos- tra onde estas leis devem atuar em conjunto e quais os principais pontos da PNRS a se levar em consideração em relação à PNRH.

Segundo dados de 2012, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a coleta seletiva de materiais recicláveis no Brasil abrange apenas 18% dos municípios.

Dessa forma, podemos dizer que o principal avanço promovido pela PNRS foi o de propor uma visão sistêmica da coleta de resíduos, levan- do em consideração as variáveis ambiental, social, cultural, econômi- ca, tecnológica e de saúde pública. De acordo com ela, os municípios terão de estabelecer metas de redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem, entre outras, com vistas a reduzir a quantidade de rejeitos encaminhados para a disposição final ambientalmente adequado. Os municípios devem, ainda, por meio de seu Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS), estimular o fortalecimento institucional de cooperativas e associações, em prol da melhoria das condições de trabalho dos catadores, e a pesquisa voltada à integração das ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.

No documento Gestão Social de Bacias Hidrográficas (páginas 117-120)