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A responsabilidade contratual pela obrigação de indemnizar danos, decorrentes de celebração de contrato de compra e venda de coisa alheia, que

2. Apreciação do mérito do recurso:

2.3. A reapreciação de direito:

2.3.2. Quanto à reapreciação de direito do dolo e dos limites da indemnização (pelos danos emergentes das obras e dos lucros cessantes da venda do

2.3.2.2. A responsabilidade contratual pela obrigação de indemnizar danos, decorrentes de celebração de contrato de compra e venda de coisa alheia, que

tenha sido declarada nulo nos termos do art.892º do C. Civil, encontra-se regulada nos arts.898º e 899º do C. Civil.

Como refere Menezes Cordeiro, em relação ao regime específico da venda de coisas alheias, este cumula distintos regimes, em matéria de responsabilidade pré-contratual e de responsabilidade contratual: «A venda, como próprios, de bens alheios, sem que as partes os tenham considerado futuros, é grave: estão em causa diversas regras, que vão, desde a culpa in contrahendo, ao

inadimplemento dos contratos e ao direito de propriedade. O legislador, em vez de remeter para as regras gerais da responsabilidade civil, contratual e, eventualmente, delitual, optou por fixar algumas normas, aparentemente restritivas.» (8).

A obrigação de indemnizar o comprador de boa-fé dos danos sofridos com a compra e venda de coisa alheia tem, todavia, finalidades e amplitudes

diferentes no regime legislativo vigente.

Neste regime, o legislador prevê dois tipos de consequências indemnizatórias de que pode beneficiar o comprador de boa-fé (9) pela compra e venda de coisa alheia, sujeita ao regime da nulidade do art.892º do C. Civil («É nula a venda de bens alheios sempre que o vendedor careça de legitimidade para a realizar; mas o vendedor não pode opor a nulidade ao comprador de boa fé, como não pode opô-la ao vendedor de boa fé o comprador doloso»), sem que o contrato tenha sido convalidado em satisfação da obrigação prevista no

art.897º do C. Civil («1. Em caso de boa fé do comprador, o vendedor é

obrigado a sanar a nulidade da venda, adquirindo a propriedade da coisa ou o direito vendido. 2. Quando exista uma tal obrigação, o comprador pode

subordinar ao não cumprimento dela, dentro do prazo que o tribunal fixar, o efeito previsto na alínea a) do n.º 1 do artigo anterior»).

a) A indemnização por danos decorrentes da venda de coisa alheia, com amplitudes distintas consoante seja feita ou não a imputação ao devedor: no art.898º, sob a epígrafe «Indemnização em caso de dolo», prevê-se que «Se um dos contraentes houver procedido de boa fé e o outro dolosamente, o primeiro tem direito a ser indemnizado, nos termos gerais, de todos os

prejuízos que não teria sofrido se o contrato fosse válido desde o começo, ou não houvesse sido celebrado, conforme venha ou não a ser sanada a

nulidade»; no art.899º, sob a epígrafe «Indemnização, não havendo dolo nem culpa», prevê-se que «O vendedor é obrigado a indemnizar o comprador de boa fé, ainda que tenha agido sem dolo nem culpa; mas, neste caso, a

indemnização compreende apenas os danos emergentes que não resultem de despesas voluptuárias.»

b) A indemnização por danos decorrentes da falta de cumprimento da

obrigação do vendedor sanar a nulidade da venda: no art.900º, sob a epígrafe

«Indemnização pela não convalidação da venda», prevê-se que «1. Se o vendedor for responsável pelo não cumprimento da obrigação de sanar a nulidade da venda ou pela mora no seu cumprimento, a respetiva

indemnização acresce à regulada nos artigos anteriores, exceto na parte em que o prejuízo seja comum. 2. Mas, no caso previsto no artigo 898.º, o

comprador escolherá entre a indemnização dos lucros cessantes pela celebração do contrato nulo e a dos lucros cessantes pela falta ou retardamento da convalidação.».

Este regime tem sido amplamente discutido e criticado, nomeadamente, quer pelas desarmonias terminológicas manifestas (v.g., referenciação da

indemnização ao dolo do art.898º e da indemnização à falta de dolo ou culpa na sua epígrafe e à independência de dolo ou culpa no seu texto do art.899º;

previsão da proteção da parte de boa-fé sem prever literalmente a

responsabilidade da parte como má-fé), quer pela falta de harmonia das tutelas ou exclusões indemnizatórias (v.g. no grau de proteção da

indemnização do contrato convalidado face ao contrato nulo por falta de convalidação, nomeadamente quanto ao interesse contratual negativo e positivo) (10).

Numa primeira análise deste regime, na parte relevante para a decisão do recurso, importa clarificar o sentido do “dolo”, previsto como pressuposto de aplicação do art.898º do C. Civil, dolo este que a sentença referenciou ao disposto no art.253º do C. Civil (considerando existir pelo menos na

modalidade de negligência consciente do Banco sobre o lítio sobre o prédio e falta de informação da contraparte compradora), que o recorrente Banco X considera não se verificar (por ser uma entidade distinta do Banco X, que teve conhecimento do litigio) e que o recorrido entende verificar-se (por o Banco X lhe ter prestado garantia sobre a identificação do prédio, através de

funcionário que adviera do Banco X).

Uma parte da Doutrina, na qual se destaca, nomeadamente, Pires de Lima e Antunes Varela, Teles de Menezes Leitão e Jorge Morais Carvalho, tem referenciado o sentido deste dolo àquele dado no art.253º do C. Civil

(«sugestão ou artifício que alguém empregue com a intenção ou consciência de induzir ou manter em erro o autor da declaração, bem como a

dissimulação, pelo declaratário ou terceiro, do erro do declarante») (11), no âmbito dos vícios da vontade. Neste campo, Pires de Lima e Antunes Varela e Jorge Morais Carvalho excluem a aplicabilidade da norma em casos de

existência de culpa, que não seja dolosa, e Menezes Leitão considera que este dolo integra tanto o ilícito intencional como a negligência consciente.

Todavia, outra parte da doutrina tem considerado que o art.898º do C. Civil se aplica à responsabilidade culposa (por dolo ou mera culpa ou por má-fé) e o que art.899º do C. Civil se encontra reservado apenas para a responsabilidade objetiva. Neste campo, assinalam-se, nomeadamente, as posições de Carneiro da Frada e de Menezes Cordeiro.

Carneiro da Frada: no âmbito da apreciação geral do art.892º do C. Civil, refere que «A contraposição boa-fé/dolo levanta dúvidas hermenêuticas. O termo “dolo”, introduzido por razões de ordem histórica, deve aproximar-se da

“má-fé”. “Boa-fé” e “má-fé” hão- de além disso entender-se

predominantemente em sentido ético: há boa-fé quando se desconhece sem culpa a alienidade da coisa e má-fé quando essa circunstância seja conhecida ou então ignorada por negligência»; no âmbito da apreciação do art.898º do C.

Civil defende que «Assim, se uma das partes agiu de má-fé, a outra tem direito à indemnização dos prejuízos sofridos com a não-produção do efeito

translativo, ou com a sua não produção atempada, caso a venda se tenha convalidado, embora mais tarde (art.898º.º).», admitindo a inclusão nesta previsão da norma da mera culpa, ao anotar que «A responsabilidade do vendedor culposo está definida pelo art.898.º, apesar deste preceito,

confusamente, se referir apenas aos casos de dolo do alienante. Parece que o

“dolo” do art.898º abrange afinal a mera culpa, nesse sentido se devendo entender o termo do nosso instituto. A essa luz, a própria equiparação do dolo à má-fé não é isenta de dúvidas, ao menos para quem entenda não contemplar esta última hipóteses de negligência inconsciente. Caminho mais simples se poderia ter trilhado se se tivesse operado com a tradicional “culpa” da responsabilidade contratual.» (12).

Menezes Cordeiro, por sua vez, por razões de coerência sistemática do regime da compra e venda de bens alheios, e em suprimento das dessintonias

terminológicas: identifica o dolo do regime da compra e venda de coisa alheia, nomeadamente no art.898º do C. Civil, com a “má-fé” (contraposta à boa-fé objetiva prevista no regime para a tutela da parte), considerando que há má-fé quando «o sujeito sabe que a coisa é alheia ou, dadas as condições

concretamente existentes, tinha o dever de saber»; considera, para este efeito, que «Não é necessário que tenha recorrido a artifícios ou que atente contra específicas normas jurídicas (…): requer-se, simples e decisivamente, que conheça ou deva conhecer estarem em jogo bens alheios», com o que afasta a definição do referido dolo do dolo no negócio (baseada no engano, com

prescrição no art.253º/1 do C. Civil) e do dolo culpabilidade daquele que

«direta, necessária ou eventualmente, atente contra uma regra jurídica»

(contraposto à mera culpa ou negligência); conclui «Dolo quer aqui, como foi visto, significar a má-fé: o contraente que conheça ou devesse conhecer a alienidade da coisa ou direito deve indemnizar o outro, caso este nem conheça nem deva conhecer o óbice. Acrescente-se que, pela natureza da situação, é, em regra, o vendedor que está de má-fé: sabe ou deve saber que vende o alheio.» (13).

Ora, esta interpretação-que reconduz o art.898º do C. Civil à previsão da responsabilidade por culpa e o art.899º à responsabilidade sem culpa- é aquela que, a nosso ver, logra uma maior harmonia sistemática do regime da venda de coisa alheia.

Chegados aqui, e ainda neste âmbito, importa definir o ónus da prova nesta matéria da imputação do ilícito.

No domínio da responsabilidade contratual o art.799º do C. Civil dispõe que

«1. Incumbe ao devedor provar que a falta de cumprimento ou o cumprimento defeituoso da obrigação não procede de culpa sua. 2. A culpa é apreciada nos termos aplicáveis à responsabilidade civil.».

Neste contexto, aplicado à compra a venda de coisa alheia, Menezes Cordeiro considera que «se alguém vende coisa alheia como própria, presume-se fazê-lo com culpa (799.º/1) e, logo, de má-fé: sabia ou devia saber que a coisa não era sua. Ilidida essa presunção o art.899.º fixa uma hipótese de responsabilidade objetiva ou pelo risco: excluem-se, todavia, os lucros cessantes (num novo argumento para incluir, no artigo 898.º, o interesse positivo) e as despesas desnecessárias (“voluptuárias”)» (14), posição também perfilhada por Menezes Leitão quando há garantia de legitimidade do vendedor, quando

defende «Quanto à questão de saber a quem deve competir o ónus da prova da culpa do vendedor, parece que, estando em causa o incumprimento de uma garantia, o vendedor se deve presumir culpado, nos termos do art.799º, pelo que a limitação da sua responsabilidade aos danos emergentes não resultantes de despesas voluptuárias dependerá de ter elidido a presunção que sobre ele recaía.» (15).

É esta a posição que se adota por se considerar ser, também, a mais coerente com a harmonia do sistema.

Numa segunda análise, na parte relevante para a decisão do recurso, importa apreciar qual o âmbito da indemnização tutelada no art.898º do C. Civil, norma que a sentença julgou indistintamente proteger danos emergentes e lucros cessantes e o interesse contratual positivo, amplitude indemnizatória que o recorrente contestou (embora o tenha feito por defender que agiu sem dolo e que o art.899º do C. Civil não permite responder pelo interesse

contratual positivo, que referencia aos danos emergentes e lucros cessantes, mas apenas pelo interesse contratual negativo).

Ora, examinando a norma do art.898º do C. Civil, verifica-se que esta (em contraposição aos efeitos mais restritos do art.899º do C. Civil, que indemniza apenas os «danos emergentes que não resultem de despesas voluptuárias»):

prevê dois tipos de indemnização- uma para o caso da nulidade do contrato ser sanada e outra para o caso de a nulidade não ser sanada; apesar de

referenciar ambas as indemnizações ao regime indemnizatório geral dos arts.562º ss do C. Civil (em que são indemnizáveis os danos emergentes e os lucros cessantes previstos no art.564º/1 do C. Civil- «O dever de indemnizar compreende não só o prejuízo causado, como os benefícios que o lesado deixou de obter em consequência da lesão»), assinala uma diferença de

finalidade de amplitude do ressarcimento entre as situações, prevendo que se for sanada a nulidade o comprador tem direito a ser indemnizado «de todos os prejuízos que não teria sofrido se o contrato fosse válido desde o começo» e prevendo que se não for sanada a nulidade o comprador tem direito a ser

indemnizado «de todos os prejuízos que não teria sofrido se o contrato (…) não houvesse sido celebrado».

O conteúdo desta norma, nomeadamente face à indistinção dos danos

realizada pelo Tribunal a quo e pelo próprio recorrente, exige a clarificação do que são danos emergentes e lucros cessantes e danos pelo interesse

contratual positivo e pelo interesse contratual negativo.

Mário Júlio Almeida Costa, refere: quanto aos danos emergentes e lucros cessantes, que «o dano emergente compreende a perda ou diminuição de valores já existentes no património do lesado; e o lucro cessante refere-se aos benefícios que ele deixou de obter em consequência da lesão, ou seja, o

acréscimo patrimonial frustrado (art. 564.º, n.º1).» (16); quanto à indemnização por interesse contratual positivo e negativo, que «A

indemnização por dano positivo destina-se a colocar o lesado na situação em que se encontraria se o contrato fosse exactamente cumprido. Reconduz-se, assim, aos prejuízos que decorrem do não cumprimento definitivo do contrato ou do seu cumprimento tardio ou defeituoso. Ao passo que a indemnização do dano negativo tende a repor o lesado na situação em que estaria se não

houvesse celebrado o contrato, ou mesmo iniciado as negociações com vista à respectiva conclusão. Por outras palavras, encara-se o prejuízo que o lesado evitaria se não tivesse, sem culpa sua, confiado em que, durante as

negociações, o responsável cumpriria os específicos deveres a elas inerentes e derivados da boa fé, «maxime» convencendo-se de que a manifestação da vontade deste entraria no mundo jurídico tal como esperava, ou que havia entrado correcta e validamente» (17).

Assim, como se depreende desta explicação, a classificação dos danos emergentes e dos lucros cessantes não coincide com danos do interesse

contratual negativo e do interesse contratual positivo, respetivamente, podendo haver indemnização por lucros cessantes decorrentes de um

interesse contratual negativo ou lucros cessantes decorrentes de um interesse contratual positivo, como bem explica o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 20.12.2017, proferido na 2ª secção no processo nº.

1299/11.2TBPVZ.P1.S1, relatado por Maria da Graça Trigo, para que se remete, que sumariou:

«II - Vem sendo reiteradamente aceite pela doutrina e pela jurisprudência que a classificação “danos emergentes” versus “lucros cessantes” não se confunde com a classificação “danos por interesse contratual positivo” versus “danos por interesse contratual negativo”, uma vez que tanto a indemnização por interesse contratual positivo como a indemnização por interesse contratual negativo podem incluir lucros cessantes, ainda que de índole distinta.

III - Na indemnização por interesse contratual positivo os lucros cessantes correspondem aos lucros que o lesado teria recebido se, tendo o contrato sido celebrado, viesse a ser pontualmente cumprido; já na indemnização por

interesse contratual negativo correspondem às oportunidades de lucro que o lesado perdeu por ter celebrado o contrato e que teria tido se não o tivesse celebrado.» (18).

Ora, o art.898º do C. Civil, de acordo com a disposição expressa e

entendimento maioritário, ainda que com críticas sérias da Doutrina: quando prevê a indemnização «de todos os prejuízos que não teria sofrido se o

contrato fosse válido desde o começo», nos contratos convalidados, prevê a indemnização pelo interesse contratual positivo, que não se encontra em causa neste processo; mas quando prevê a indemnização «de todos os prejuízos que não teria sofrido se o contrato (…) não houvesse sido celebrado», nos contratos nulos não convalidados, como o contrato em discussão nestes autos, contempla apenas a indemnização pelo interesse contratual negativo.

Neste sentido maioritário, registam-se, nomeadamente, as seguintes posições:

Almeida Costa refere «A propósito do interesse negativo, numa hipótese de invalidade do negócio, o art.908.º do Cód. Civ., em consonância, aliás, com o princípio geral do art.562.º, consagra a seguinte fórmula: do prejuízo que este não sofreria se a compra e venda não tivesse sido celebrada». Texto idêntico se encontra no art.898.º» (19).

Menezes Leitão considera, em relação ao art.898º do C. Civil, que «No segundo caso, a indemnização limita-se aos danos que não ocorreriam se o contrato não tivesse sido celebrado, ou seja, ao interesse contratual negativo, o que constitui uma situação típica da culpa in contrahendo (art.227º).

Efectivamente, sendo nulo o contrato não se justifica incluir o interesse de cumprimento no âmbito da indemnização. Tal pressupõe a constituição do direito de crédito, para o que se exige a convalidação do contrato.» (20).

Jorge Morais Carvalho refere «Se o contrato não for convalidado, os danos são avaliados tendo em conta o interesse contratual negativo, colocando-se o

lesado na situação em que estaria se não tivesse sido celebrado o contrato»

(21).

Carneiro da Frada, ainda que com críticas ao regime, refere:

«Não tendo ocorrido essa convalidação, a lei (cfr. art. citado), conferiu apenas o ressarcimento do chamado dano de confiança, normalmente inferior à

totalidade dos prejuízos sofridos. Esta solução é, no mínimo, discutível.

Concretamente, a não indemnizabilidade da frustração do interesse de cumprimento (interesse na produção do efeito translativo) favorece

injustamente a parte que actuou com dolo. Possivelmente, a opção legislativa terá obedecido a uma consideração de pura lógica formal: de um contrato nulo nunca poderia fazer-se derivar a indemnização de interesses positivos,

esquecendo-se assim a posição daquele que julgou justificadamente adquirir esse direito.

Já quando o vendedor actuou apenas culposamente, a solução legal terá, por si, uma ponderação equilibrada de interesses. É que, se, nesta circunstância, o comprador opta pela nulidade, ele retira à partida ao vendedor meramente negligente a possibilidade de sanar a venda. Nessa altura, é justo que a indemnização não abranja o interesse de cumprimento» (22).

Apesar da indemnização pela não convalidação do contrato nulo, prevista no art.900º do C. Civil (em relação à obrigação legal do art.897º do C. Civil), parecer poder abranger a possibilidade de indemnização de lucros cessantes pelo interesse contratual positivo, em face do art.900º/2 do C. Civil, de acordo com o que defendem Menezes Leitão e Carneiro da Frada (23), verifica-se que a indemnização com este fundamento não foi suscitada, de facto e de direito, junto do Tribunal a quo e deste Tribunal ad quem, independentemente dos pressupostos de que a mesma dependesse (Pires de Lima e Antunes Varela (24) e Menezes Leitão (25) fazem depender a mesma da verificação de mora, impossibilidade e incumprimento definitivo no cumprimento da obrigação do art.897º do C. Civil, de acordo com regime geral dos arts.804º, 801º e 798º ss do C. Civil, ao contrário de Carneiro da Frada, que faz depender a mesma da existência da violação da uma obrigação de resultado de sanação do vendedor de má-fé, independentemente da culpa no inadimplemento da obrigação de convalidação (26)), para que este Tribunal devesse apreciar esta questão.

A clara distinção pelo legislador da finalidade de cada uma das duas

indemnizações previstas no art.898º do C. Civil (no caso de contrato

convalidado e do contrato nulo e não convalidado), ainda que criticável por razões de justiça ou desarmonia com o alcance da indemnização pela não convalidação do art.900º do C. Civil, leva à adoção da tese interpretativa maioritária enunciada, de jure constituto, apesar da tese minoritária de Menezes Cordeiro, que defende uma interpretação com maior amplitude e abrangência indemnizatória de todos os danos (27) poder suportar uma solução mais ajustada de jure constituendo.

2.3.2.3. Importa, neste contexto, apreciar os fundamentos da sentença, do