• Nenhum resultado encontrado

Resultados e análise dos relatórios de experimento produzidos por BC

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS

4.2. Nível psicológico: operações de textualização

4.2.1. Resultados e análise dos relatórios de experimento produzidos por BC

Relatório de experimento produzido sem intervenção do professor – r1

Relatório: Lab. 01B Medidas de tempo de reação & estímulos extremos Grupo: XX Turma: XX

BC XX Introdução:

Em nosso relatório vamos falar sobre a aula passada onde usamos um cronometro para investigar de forma direta o tempo de reação do grupo de 15 pessoas com essa podemos saber o P de uma media o tempo de reação de cada pessoa. Assim podemos aprender como funciona os pulsos nervosos em grupo e individualmente.

Objetivos:

Geral: Aprender a usar o cronometro e o P s calcular apartir de cronometro o tempo de reação das pessoas.

Específicos: saber quanto tempo leva para um estímulo ser percebido pelo cérebro e ser transmitido e quanto tempo ele leva para chegar a outra pessoa.

Procedimentos e Metodos:

Usamos um cronometro e 15 pessoas. Cada pessoa estava segurando na mão da outra e um estava com o cronometro na mão. Quando a pessoa acionou o cronometro imediatamente ela apertou a mão da pessoa ao lado e assim respectivamente até que chegasse ao ultimo da roda parando o cronometro, com isso sabemos quanto tempo foi a reação em grupo. É através de uma media conseguimos estipular o tempo de cada pessoa.

Questão 6: Sim. O tempo que a outra pessoa reagiria para acionar e parar o cronometro. Sim Questão 7: Não. Pois no caso o braço seria a metade do corpo enquanto o pé é o corpo todo tornando assim mais o estimulo no pé. Usar um aparelho no qual a pessoa por exemplo acenda uma luz e quando ela ver essa luz ela pisaria num pedal para testar o reflexo do pé e depois com o mesmo teste aperta com a mão.

Questão 8: a) 9,71--- 1 32 --- x

3,27 . 2 = 6,75 b) Não

Operações de ancoragem

• O aluno faz ancoragem enunciativa implicada? (O agente apresenta lugar e tempo da produção do experimento? O agente apresenta-se como sujeito dessa situação imediata?)

Sim: Na aula passada. Lugar social: aluno, que deixa implícito o lugar físico (sala de aula/laboratório) e tempo: passada (anterior ao tempo da enunciação).

• O aluno faz ancoragem enunciativa autônoma? (O agente faz apagamento do “eu”?) Sim. Precariamente. Usa a 1ª p/pl: nosso, usamos, podemos, sabemos. A 1ª pessoa sugere a participação do aluno no grupo: o experimento foi realizado por ele e seus colegas. Neste sentido, não ocorre necessariamente apagamento e sim uma informação sobre a forma como a atividade foi realizada.

• O aluno faz ancoragem de referencialidade? (O agente faz uso adequado dos recursos característicos de cada uma dessas ancoragens; interlocução, tempo e lugar da realização do experimento/produção do texto)

Sim. Parcialmente. Ocorre ruptura de tempo: verbos no passado em Introdução e Procedimentos e Métodos (podemos aprender, usamos, estava, apertou, acionou) e verbo no presente (sabemos). Lugar identificado por meio de implícitos (Introdução: aula passada, onde usamos = laboratório)

 Operações de planificação/adequação ao modelo de relatório

• O aluno faz a seção Introdução? (Resumo teórico com indicação do tema e sua importância, com consulta a livros e outros recursos)?

Sim. Precariamente. O tema fica implícito nas expressões: a aula passada, onde foi usado um cronômetro... medir o tempo de reação. Além disso, o conteúdo da seção não está inteiramente adequado, pois a medida de reação diz respeito aos seres humanos, a pessoas de um modo geral, não se restringindo ao número de pessoas do grupo classe (15), e a importância mencionada pode se referir tanto à aula quanto ao experimento realizado. Repare-se que o importante para BC é aprender (objetivo

claramente escolar) e não investigar um fenômeno, objetivo mais associado ao discurso científico.

• O agente apresenta a seção Objetivos? (Previsão de resultados a serem alcançados ou que deveriam alcançados? Menciona objetivo geral e específico?)

Sim. Precariamente. Cita um objetivo geral composto de duas ações (aprender a usar cronômetro e calcular o tempo de reação). A primeira é uma ação diretamente ligada à escolarização e à formação técnica. Esse objetivo não consta do roteiro do experimento, mas está implícito nas atividades realizadas na escola. O segundo é objetivo do experimento, entretanto, não fica claro de quais pessoas BC está falando.

• O agente apresenta Procedimentos e Métodos? (Descrição das ações realizadas para alcançar o objetivo)?

Sim. Precariamente. O agente menciona apenas os procedimentos de uma exploração. Ele cita parte dos objetivos apresentados.

• O agente faz Apresentação e Análise dos dados obtidos? (Os fenômenos ou conceitos, apresentados na Introdução, podem ser vistos através dos resultados?) Não. O agente apresenta respostas para as questões 6 e 7, apresentadas no roteiro, que sugerem ligação com resultados e análise.

• O agente apresenta Conclusão? (Retoma os objetivos do experimento? Analisa os resultados? Avalia a qualidade dos resultados? Aplica os resultados ao tema de estudo/lista ou conteúdo do roteiro de perguntas? Faz ligação do tema com a realidade cotidiana das pessoas?)

Não. O agente apresenta resposta para a questão 8, que seria relativa à Conclusão.

 Operações de constituição de estratégias linguísticas e discursivas

• Conexão (dêiticos espaciais e temporais; organizadores lógico-argumentativos): em nosso relatório, assim, quando, depois, e.

• Coesão nominal (anáforas): onde, essa, como, ele, a pessoa, cada pessoa, ela, com o mesmo pé.

• Coesão verbal (sujeito/ predicado; tempos do pretérito e do presente; elipse de sujeito, ausência de sujeito).

Elipse de sujeito: vamos falar, usamos, podemos, estava, apertou. Ausência de sujeito: aprender, saber (Objetivos)

Ruptura de tempo (pretérito perfeito e presente simples em Procedimentos e métodos (acionou, apertou, sabemos).

• Modalização: individualmente, imediatamente, em grupo, respectivamente, podemos saber, podemos aprender, mais difícil.

Relatório de experimento produzido com a 1a intervenção do professor – r2 13/03

Relatório: lab.02 Modos Normais de Vibração e Ressonancia em cordas Grupo: BC turma: XX

XX XX Introdução:

Em nosso relatório vamos falar sobre a aula passada onde

usamos uma corda e gerador de sinais ligado á um alto falante onde colocamos a corda para vibrar.Com esse experimento podemos

ver que a corda tem uma certa frequência para vibrar 1(um),

2(dois), 3(três), e etc.Com os valores obtidos de cada Experimento podemos ver que os valores vão se multiplicando

Objetivos:

Geral: Esticar um fio e esticá-lo Específico: Encontrando outros modos normais de vibração do fio

Procedimentos e Metodos:

Na primeira exploração colocamos um barbante acoplado ao um alto falante que estava ligado á um gerador de sinais. Esse gerador de sinais estava emitindo ondas continuas que

consecutivamente fazia o barbante abrindo um ventre á 12 Hz .

Na segunda exploração tivemos como base a primeira.Com base no valor obtido na primeira exploração fomos aumentando

os valores de modo proporcionalmente a frequência para achar o segundo, terceiro, quarto e quinto ventre.

 Operações de textualização: ancoragem

• O aluno faz ancoragem enunciativa implicada? (O agente apresenta lugar e tempo da produção do experimento? O agente apresenta-se como sujeito dessa situação imediata?)

Sim: Na aula passada. Lugar social: aluno, que deixa implícito o lugar físico (sala de aula/laboratório) e tempo: passado (anterior ao tempo da enunciação).

• O aluno faz ancoragem enunciativa autônoma? (O agente faz apagamento do “eu”?) Sim. Precariamente. Usa a 1ª p/pl: nosso, usamos, podemos, sabemos. A 1ª pessoa sugere a participação do aluno no grupo: o experimento foi realizado por ele e seus Apresentação e Analise dos resultados

Exploração 1 e 2: Nessas exploração encontramos as frequências necessárias para obter variados ventres.

1-12Hz 2-24Hz 3-36Hz 4-48Hz 5-60Hz

Com base nesses dados podemos fazer um gráfico. GRÁFICO

Assim podemos perceber que a frequência do primeiro ventre multiplicado pelo o numero de ventre desejado,achamos a frequência.

1)Hz Numeros de ventres = Frequencia 12 . 2 = 36 ventres

HZ Ventres Conclusão:

Diante dos dados e informações apresentados podemos concluir que o numero de ventres é proporcional á sua frequência, e que o barbante uma frequência especifica para oscilar.

colegas. Neste sentido, não ocorre necessariamente apagamento, seguindo o mesmo pensamento desenvolvido para o r1 de BC.

• O aluno faz ancoragem de referencialidade? (O agente faz uso adequado dos recursos característicos dessas ancoragens: interlocução, tempo e lugar da realização do experimento/produção do texto).

Sim. Parcialmente. O agente faz ruptura de tempo: verbos no passado em Introdução e Procedimentos e Métodos (podemos aprender, usamos, estava, apertou, acionou) e verbo no presente (sabemos). O lugar é identificável por meio de implícitos (Introdução: ... aula passada, onde usamos = laboratório). Além desses casos, o restante dessas operações está adequado.

 Operações de planificação/adequação ao modelo de relatório

• O aluno faz a seção Introdução? (Resumo teórico com indicação do tema e sua importância)

Não. Fala dos materiais necessários (corda, gerador de sinais, alto-falante) para a realização do experimento e menciona brevemente o que pôde ser observado: a frequência de vibração da corda.

• O aluno apresenta a seção Objetivos? (Previsão de resultados a serem alcançados ou que deveriam alcançados? Menciona objetivo geral e específico?)

Sim.

• O agente apresenta Procedimentos e Métodos? (Descrição das ações realizadas para alcançar o objetivo)?

Sim. Apresenta-os para as duas explorações.

• O agente faz Apresentação e Análise dos dados obtidos? (Os fenômenos ou conceitos, apresentados na Introdução, podem ser vistos através dos resultados?). Sim. Precariamente. Apresenta resultados, mas não distingue os resultados de acordo com as explorações. Apresenta um gráfico.

• O agente apresenta Conclusão? (Retoma os objetivos do experimento? Analisa os resultados? Avalia a qualidade dos resultados? Aplica os resultados ao tema de estudo/lista ou conteúdo do roteiro de perguntas? Faz ligação do tema com a realidade cotidiana das pessoas?)

Sim. Faz retomada do que citou em Introdução, mas não avalia a qualidade dos resultados nem aplica o tema com a realidade cotidiana das pessoas.

 Operações de constituição de estratégias linguísticas e discursivas

• Conexão (dêiticos espaciais e temporais; organizadores lógico-argumentativos): Em nosso relatório, com, para, na primeira exploração, na segunda exploração, diante dos dados, com os valores obtidos, com base, assim, proporcionalmente, e

• Coesão nominal (anáforas): onde, esse experimento, os valores obtidos (Introdução), o primeiro, o segundo, o terceiro ventre, esse gerador, sua frequência

• Coesão verbal (sujeito/ predicado; tempos do pretérito e do presente; elipse de sujeito, ausência de sujeito)

Elipse de sujeito: vamos, colocamos, podemos Ausência de sujeito: Esticar

Ruptura de tempo: Em nosso relatório vamos falar, Com esse experimento, podemos ver que (Introdução)

• Modalização: podemos ver, certa frequência

Relatório de experimento produzido com a 2ª intervenção do professor – r3

Relatório – LAB 04 – Sons complexos e suas características Nome: BC

Grupo: BC, XX, XX Turma: XX Objetivos:

-GERAL

Como produzir tons puros e complexos.

Análise espectral de som vocálico e suas diferenças. -ESPECÍFICOS

Primeiras observações dos gráficos produzidos por um simulador. Diferenciando sons complexos e tons puros.

Comparando os processos de análise e síntese de sons complexos.

Procedimentos e métodos: -Exploração 1:

Nessa usamos um osciloscópio de computador e um diapasão. Com um microfone ligado ao computador conseguimos coletar os resultados pedido na exploração que foi analisar os gráficos produzidos pelo diapasão a diferente distâncias do microfone e diferenças de uma o P sh ic de diferentes diapasões de outros grupos.

-Exploração 2:

Nessa exploração deixamos de usar o diapasão e passamos a emitir sons vocálicos e fomos ver a diferença entre os gráficos produzidos pelo diapasão e do som vocálico e tentamos produzir um gráfico com o P sh i o mais semelhante a do diapasão a partir de uma vogal ( a ) e a diferença entre os sons vocálicos da mesma vogal por pessoas diferentes.

-Exploração 3:

Nessa exploração mudamos a configuração para espectro de o P sh ic e duas pessoas do grupo produziram um som vocálico falando a vogal “a” em um mesmo tom. Apresentação e análise de resultados

-Exploração 1:

A partir dessa conseguimos inicialmente perceber que existe uma relação entre a amplitude da onda e a intensidade produzida, pois a intensidade dos sons produzidos pelo diapasão diminui de acordo com a amplitude. Em seguida podemos observar a diferença entre a distância do som produzido e vimos que quanto mais próximo do microfone maior é o volume e a mais distante menor o volume. E por fim a partir do diapasão do outro grupo que produzia diferentes o P sh ic do que a usada pelo nosso grupo, com isso, percebemos que o nosso é mais grave (F=320) e a do outro grupo é mais agudo (F=512) o gráfico passou a produzir ondas mais próximas e maiores.

-Exploração 2:

Nessa vimos que o som produzido pelo diapasão (som puro) é diferente de um som vocálico apresentando assim gráficos diferentes, pois o do diapasão consegue manter sua o P sh ic ao contrário do som emitido pelas pessoas que possuem varias o P fica com diferentes comprimentos. Depois vimos que conseguimos através da

pronuncia de longas vogais produzir um o P sh razoavelmente estável com o som vocálico e com isso afirmamos que a onda sonora complexa que foi registrada pelo aparelho é periódica. E por ultimo observamos que som vocálicos produzidos a partir da vogal “a” por pessoas diferentes com o mesmo tom não produzem a mesma forma de onda, porque não é o P sh já que cada um tem algumas características diferentes. -Exploração 3:

Nessa podemos observar que o som vocálico de duas pessoas uma emitiu uma o P sh ic de 716 e a outra 735 produzindo a mesma vogal são diferentes devido a o P sh ic, ou seja, mesmo sendo a mesma vogal não são semelhantes.

 Operações de textualização: ancoragem

• O aluno faz ancoragem enunciativa implicada? (O agente apresenta lugar e tempo da produção do experimento? O agente apresenta-se como sujeito dessa situação imediata?)

Sim. Precariamente O agente usa a 1ª p. pl e indica tempo passado e presente Conclusão (conseguimos, vimos/podemos observar), provocando ruptura de tempo.

• O aluno faz ancoragem enunciativa autônoma? (O agente faz apagamento do “eu”?) Sim. Precariamente. BC registra a participação de outras pessoas na atividade em todas as seções.

• O aluno faz ancoragem de referencialidade conjunta/disjunta? (O agente faz uso adequado dos recursos característicos dessas ancoragens: interlocução, tempo e lugar da realização do experimento/produção do texto?).

Sim. Precariamente. Apresenta a realização em tempo passado e marca o tempo presente da produção do texto.

Operações de planificação/adequação ao modelo de relatório

• O aluno faz a seção Introdução? (Resumo teórico com indicação do tema e sua importância)?

• O agente apresenta a seção Objetivos? (Previsão de resultados a serem alcançados ou que deveriam alcançados? Menciona objetivo geral e específico?)

Sim: três gerais e três específicos.

• O agente apresenta Procedimentos e Métodos (Descrição das ações realizadas para alcançar o objetivo)?

Sim. Faz uma descrição para cada exploração.

• O agente faz Apresentação e Análise dos dados obtidos? (Os fenômenos ou conceitos, apresentados na Introdução, podem ser vistos através dos resultados?) Sim. Precariamente. Não. Não analisa os resultados e apresenta termos da Conclusão.

• O agente apresenta Conclusão? (Retoma os objetivos do experimento? Analisa os resultados? Avalia a qualidade dos resultados? Aplica os resultados ao tema de estudo/lista ou conteúdo do roteiro de perguntas? Faz ligação do tema com a realidade cotidiana das pessoas?)

Não.

 Operações de constituição de estratégias linguísticas e discursivas

• Conexão (dêiticos espaciais e temporais; organizadores lógico-argumentativos): a partir de, inicialmente, em seguida

• Coesão nominal (anáforas): Com isso, nosso, outro, pelas pessoas, várias pessoas, diferentes comprimentos, uma [pessoa] emitiu, outros grupos [de pessoas]

• Coesão verbal

Elipse de sujeito: usamos, conseguimos, vimos, percebemos, passamos a emitir, fomos

Ruptura de tempo verbal: pretérito perfeito do indicativo (aula passada, onde usamos) e presente do indicativo (assim podemos)

Ausência de sujeito: O agente não usa infinitivos em Objetivos.

Análise dos resultados apresentados por BC

Os resultados de BC mostram um aluno em processo de construção de sua identidade, um sujeito que se individualiza no nível sociológico (parte do folhado textual) de transformação do conhecimento científico em aprendizado, sendo este observável pela apropriação linguagem científica. As marcas capazes de revelar essa evolução apresentam-se no último relatório. Neste, também se encontram marcas de que o aluno está em fase de (re)conhecimento da sua formação técnica, conservando-se em posição de aprendiz, que tem a expectativa de estar se preparando para exercer a função de técnico. Em quatro das oito entrevistas realizadas, há referências claras de que um técnico de nível médio precisa saber produzir relatórios. O mesmo é encontrado nos dados retirados das entrevistas com os professores. Os resultados de BC do mesmo modo mostram que as intervenções do professor teriam influenciado as mudanças na estrutura composicional de r1 e r2, promovendo assimilação de um saber referente à estrutura composicional do gênero. Apesar disso, há problemas na seção Objetivos, que podem implicar em um problema conceitual. Tais características, originadas das condições de produção do texto, estão de acordo com os dados retirados das entrevistas nas quais todos os alunos revelam pouco conhecimento e pouco contato com gênero relatório de experimento além de dificuldades com a seção Objetivos. Tais dificuldades também são acusadas pelo professor, que revelou acentuada valorização da estrutura em seções do relatório. Porém, é possível perceber que o contexto de produção engendrado foi favorável a um aumento dos conhecimentos prévios de BC, o que é explicável a partir das interações entre o professor e o aluno no momento da elaboração dos relatório de experimento. Merece ser destacado neste momento o fato de a produção do gênero ser reconhecida em todos os relatórios analisados como uma atividade escolarizada cujos objetivos são fazer aprender ciências e atuar como técnico. Com base nessas avaliações, constata-se que, nas operações de textualização dos relatórios, encontram-se reflexos dos parâmetros da base de orientação para a adoção do gênero como mediador de aprendizagem, como analisado a seguir.

Considerando que o relatório é um gênero do discurso teórico e que este se caracteriza por ter relações de ancoragem autônoma e conjunta, a ocorrência de ancoragem implicada e disjunta pode ser associada ao fato de BC conservar seu lugar de estudante. Deve- se observar inclusive a existência de muitas marcas que possibilitam identificar o agente o tempo e o lugar. Além disso, essas marcas podem ser relacionadas ao fato de BC não

demonstrar ter o conhecimento prévio nem a capacidade/habilidade de abstrair das ações executadas os temas envolvidos no experimento, o que é necessário para produzir um relatório de experimento. O funcionamento desse gênero como um instrumento mediador de aprendizagem fica assim comprometido tanto no que se refere à abstração quanto no que se refere à capacidade de associação do experimento realizado com o conteúdo ministrado em sala de aula.

A significativa presença do pretérito perfeito do indicativo, separando o momento da execução do experimento do momento da produção do texto e de anáforas pronominais em associação a verbos em 1ª p./pl remetem diretamente aos interlocutores e ao espaço/tempo da produção do texto. Isto quer dizer que os mecanismos de conexão e coesão operam em direção contrária à tese do professor de que a construção do saber esteja representada na linguagem utilizada por BC. A 1ª pessoa do plural, que pressupõe um apagamento do eu, no caso do aluno adolescente, pode ser indicativo apenas do modo como foi realizada a atividade. Tanto que não há em nenhum dos relatórios produzidos a presença de vozes diferentes da voz do próprio aluno.

Deve-se considerar também, nesses relatórios, a presença de poucos organizadores textuais com valor lógico-argumentativo, ao contrário do discurso teórico que é marcado pela presença de múltiplos conectores. Também ocorre pouca exploração de procedimentos de focalização de certos segmentos de texto, assim como procedimentos de referência a outras partes do texto, ou ao intertexto científico acontecem um pouco mais em r3. Esses últimos resultados mostram que, de fato, as seções Introdução, que apresentou problemas, chegando a não ser feita em r3 e a seção Conclusão que é, em dois, precária, pois o aluno não fez avaliação da qualidade dos resultados obtidos nem aplicação ao cotidiano, representam problema para a textualização do gênero relatório de experimento como instrumento mediador de aprendizagem. Nesse sentido, vale destacar que a ocorrência de ancoragem disjunta em todos os três relatórios produzidos por BC revela-se uma das razões que podem ser apontadas para a dificuldade que alunos e professores entrevistados acusaram nas seções acima citadas. Ainda no que concerne às operações de ancoragem, presentes nos relatórios de BC, nota-se uma ligação com as operações de planificação. A maior facilidade encontrada na seção Procedimentos e Métodos, que deve ser realizada com verbos no passado, pode ser explicada pela conservação da ancoragem disjunta mesmo após as intervenções do professor. Deve-se pensar também na relação existente entre a maior facilidade na seção Procedimentos e a conservação do agente na posição de aluno relatando um fato acontecido na aula anterior. O que representa facilidade para a textualização de uma seção pode ser dificuldade para outras,

como é o caso da ancoragem conjunta/disjunta em relação às seções Introdução e Conclusão,