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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.6 Resultados gerais dos cinco segmentos

A Tabela 83 apresenta um sumário dos resultados dos cinco segmentos analisados (vida e previdência, seguradoras, capitalização, EAPCs e resseguradoras), especialmente no tocante às respostas sobre a capacidade preditiva das variáveis em cada um dos oito modelos.

Nos modelos de 1 a 6, a Tabela 83 mostra qual variável foi significativa (S) ou não (N) e, com exceção do segmento das EAPCs, a maioria das variáveis são significativas em cada segmento. Nos modelos 7 e 8 é verificado se os accruals (ACTFCO e ACTMOD) incrementam a capacidade do FCO e do MOD na predição de FCO e MOD, respectivamente. Nas duas últimas linhas da Tabela é apresentado o preditor mais eficiente de FCO e MOD para cada segmento.

Tabela 83 - Resultados gerais dos cinco segmentos Hipó- teses Mo- delo Variável Depen- dente Variável (eis) Explicativa (s)

Houve previsão da (s) variável (is) explicativa (s) Vida e

Previdência Segurado-ras Capitaliza-ção EAPC Ressegu-radoras

1 1 FCO LLAJUSTt-1 S S S N S 2 2 MOD LLAJUSTt-1 S N S N N 3 3 FCO FCOt-1 S S N N S 4 4 MOD MODt-1 N S S N S 5 5 FCO ACTFCOt-1 S S N N N 6 6 MOD ACTMODt-1 N S S N N

7 7 FCO ACTFCOt-1 FCOt-1 e Incrementa incrementa Não (a) incrementa Não Incrementa 8 8 MOD ACTMODt-1 MODt-1 e (a) incrementa Não incrementa Não incrementa Não incrementa Não 9 Preditor de FCO mais eficiente ACTFCOt-1 ACTFCOt-1 LLAJUSTt-1 Nenhum LLAJUSTt-1 10 Preditor de MOD mais eficiente LLAJUSTt-1 MODt-1 ACTMODt-1 Nenhum MODt-1 (a) Não permite testar, em função da multicolinearidade.

Fonte: Cálculos do autor.

Conforme pode ser observado na Tabela 83, que resume os resultados de todos os segmentos, comparando os resultados das previsões do fluxo de caixa operacional e do fluxo de caixa operacional modificado, observa-se que os segmentos não são uniformes, conforme comentado anteriormente, e, por esse motivo, foram apurados resultados distintos, com impactos diferentes. Dessa forma não é possível afirmar com precisão que há melhoras quando da previsão de fluxos de caixa operacionais modificados em relação às previsões de fluxos de caixa operacionais.

Observa-se também que, conforme a Tabela 83, com a reclassificação das aplicações financeiras o fluxo de caixa operacional modificado foi o preditor mais eficiente em dois dos cinco segmentos analisados, na previsão de fluxos de caixa operacionais modificados, diferentemente da afirmação do FASB. Quanto à previsão do fluxo de caixa operacional, o resultado líquido contábil e os accruals foram os preditores mais eficientes em quatro dos cinco segmentos analisados.

No período analisado houve dois eventos que podem ter afetado o resultado das empresas do mercado segurador brasileiro. Os eventos ocorridos no período foram os seguintes: (a) início do Regime Tributário de Transição (RTT), a partir de 2008; e (b) aplicação de todas as normas (pronunciamentos, interpretações e orientações) do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), a partir de 2011. Estes eventos alteraram as práticas contábeis e fiscais aplicadas nas demonstrações contábeis individuais.

Foram feitos testes de média para verificar se o lucro líquido das empresas apresentou alterações após a aplicação de todas as normas do CPC. Os testes de média foram realizados para o ano de 2010, utilizando: (a) o lucro líquido sem a aplicação de todas as normas do CPC, ou seja, o lucro líquido publicado pelas empresas em suas demonstrações contábeis relativas ao exercício de 2010; e (b) o lucro líquido com a aplicação de todas as normas do CPC, ou seja, o lucro líquido publicado pelas empresas em suas demonstrações contábeis relativas ao exercício de 2011, com informações comparativas com o exercício de 2010.

As duas informações sobre o exercício de 2010 foram obtidas por meio das demonstrações contábeis publicadas. O lucro líquido de 2010 (comparado com 2009) foi publicado sem a aplicação de todos os CPCs. Já o lucro líquido de 2011 (comparado com 2010) foi publicado com a aplicação de todos os CPCs, por força dos requerimentos da Susep. Assim sendo, para haver comparabilidade entre os critérios contábeis de 2011 e 2010, as empresas refizeram as demonstrações contábeis de 2010, à luz dos novos critérios contábeis.

A Tabela 84 contém os resultados do teste de média apurados nos cinco segmentos das empresas do mercado segurador brasileiro para o ano de 2010.

Tabela 84 - Resultado do teste de média do lucro líquido de 2010 para os cinco segmentos Segmentos Observações Normalidade Teste de Normalidade Wilcoxon Teste Teste T

Empresas de Vida e Previdência 29 Shapiro-Wilk N 0,250 -

Seguradoras 84 Shapiro-Francia N 1,000 -

Sociedades de Capitalização 15 Shapiro-Wilk S - 0,883

EAPCs 25 Shapiro-Wilk N 1,000 -

Resseguradoras 7 Shapiro-Wilk N 0,500 -

Fonte: Cálculos do autor.

O resultado do teste de média apontou que os lucros líquidos ou prejuízos das empresas, divulgados para o exercício de 2010, em todos os segmentos e nos dois critérios contábeis, são estatisticamente iguais.

A não ocorrência de diferenças estatisticamente significativas no lucro líquido das empresas do mercado segurador brasileiro, antes e após aplicação de todos os CPCs, pode ter sido provocada, especialmente, pelos seguintes motivos:

 A prática contábil da marcação a mercado nas aplicações financeiras, novidade para as empresas brasileiras, já era utilizada pelas empresas do mercado segurador desde o exercício de 2002, conforme requerimentos da Susep.

 O pronunciamento contábil específico para seguros (CPC 11 – Contratos de Seguro) é uma norma temporária que não tratou de reconhecimento e mensuração das operações de seguros e permitiu que práticas contábeis utilizadas localmente continuassem a ser utilizadas, com algumas restrições.

Para o evento do RTT, de caráter transitório, a Lei nº 11.941/2009 (Brasil, 2009) dispôs sobre o tratamento tributário aplicável à parte do resultado das empresas que foi afetada pelas mudanças nos critérios contábeis. Como o RTT depende das mudanças nas práticas contábeis provenientes do CPC, não houve a necessidade de testar se o RTT afetou o resultado das empresas.

Adicionalmente, a intenção da referida Lei (Brasil, 2009) foi a de preservar a neutralidade tributária, ou seja, que as mudanças no lucro líquido provenientes dos novos critérios contábeis não afetassem a tributação das empresas.