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Quanto aos métodos de avaliação utilizados pelos peritos, ao contrário do cenário encontrado no MSL, as técnicas mais difundidas são: a análise caso-a-caso, uma vez que os especialistas apontaram que primeiramente identificam as partes funcionais do corpo do usuário final, estudam a prescrição médica, e somente após refletem sobre

Tabela 16 –Perfil dos usuários finais

Deficiência Idade Sexo Ocupação

U1 Paralisia cerebral 46 M Professor

U2 Paralisia cerebral 37 M Editor gráfico

U3 Paralisia cerebral 45 M Advogado

U4 Paraplegia 28 M Editor autônomo (freelancer)

U5 Paraplegia 32 M Fotógrafo

U6 Paraplegia 35 M Desempregado

U7 Paralisia cerebral 19 M Estudante

U8 Paralisia cerebral 49 F Desempregado/Aposentado

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o método de avaliação a ser utilizado, ou seja, de acordo com os preceitos da TA, os aspectos humanos são a prioridade nas avaliações dos dispositivos (OLIVEIRA, 2015).

A técnica multi-métodos, uma combinação de métodos que poderia priorizar o bem-estar dos envolvidos, foi a resposta que todos os entrevistados deram sobre o método de avaliação que usam. O método mais citado foi o empírico, seguido por tentativa e erro (ver Figura 17).

Peritos citaram que cada avaliação é baseada em aprender com a experiência, uma vez que eles aprendem fatos através de experiências vividas e testemunhadas para então tirar conclusões. Isso parece ser especialmente importante quando se lida com a questão da deficiência. Um especialista citou: ”Realizamos avaliações basea- das em dados empíricos, em várias sessões. Nós coletamos relatórios de cuidadores, pais, parentes e terapeutas. Estudamos o relato clínico - para entender o que levou a pessoa a condição da deficiência e conhecer ou tentar estudar a evolução da defi- ciência (perspectivas futuras). Para considerar a aprendizagem e tempo da solução e da gravidade degenerativa que pode ter, não causa mais esperanças e frustrações em um produto que, a um determinado tempo, pode não atender às necessidades do usuário final”. O conhecimento empírico é sensível e subjetivo e, na opinião dos especialistas, as escalas de avaliação que possam ser usadas para apoiar esta prá- tica são objetivas, podem fornecer alguns indícios, mas requerem outras avaliações complementares.

Apenas dois especialistas citaram métodos de usabilidade, como funcionalidade do dispositivo, métricas de desempenho e questionários de satisfação do usuário. Mas apenas em situações em que a deficiência do usuário seja muito leve e exija poucas adaptações, segundo eles.

Figura 17 – Métodos de avaliação utilizados por especialistas em tecnologia assistiva. No entanto, nenhum especialista citou qualquer metodologia UX e isso está de alguma forma alinhado com os resultados encontrados no MSL: o tamanho da amostra

de peritos confere, no sentido de que apenas 1 dos 17 trabalhos encontrados realizou uma avaliação com base na metodologia UX.

Quanto às dimensões que são importantes considerar durante a avaliação, os es- pecialistas e usuários finais enfatizaram a importância de conhecer o histórico do usuário final: como mostrado na Figura 18, sete especialistas e sete usuários finais destacaram a unidade de registro relacionada a frustrações (várias tentativas de usar uma TA para o mesmo fim sem sucesso).

A fim de facilitar a visão geral e obter conhecimento sobre os principais problemas e objetivos no acesso ao computador pelas pessoas com deficiência, a codificação da entrevista, especialistas e usuários finais, procuraram identificar aspectos gerais que melhoria dos processos de avaliação mais inclusivos. Esta codificação resultou em uma categoria a priori, denominada barreiras, apresenta os resultados referen- tes às barreiras ao domínio de computador e acesso à televisão, e tem as seguintes subcategorias: barreiras econômicas, barreiras de conhecimento, barreiras técnicas e barreiras emocionais.

Figura 18 – Dimensões que usuários finais e peritos consideram mais importantes de serem consideradas nas avaliações.

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6.1.1 Barreiras

O objetivo desta seção foi identificar as barreiras ao acesso de computadores e TV por pessoas com deficiência, sob a perspectiva dos peritos e dos usuários finais, e discutir se os métodos de avaliação existentes poderiam transpor ou ajudar a reduzir tais barreiras.

Os resultados obtidos já são conhecidos, mas ainda não foram resolvidos, é impor- tante destacar as barreiras que ainda afetam as pessoas com deficiência. As barreiras identificadas foram Barreiras Econômicas, Barreiras de Conhecimento, Barreiras Téc- nicas e Barreiras Emocionais.

O primeiro grupo de unidades de registro representa as barreiras econômicas para o acesso ao computador e é apresentado na Figura 19. Os dispositivos de interação são, geralmente, produzidos em pequenas quantidades para mercados especializados e, portanto, tendem a ser caros (COOK; POLGAR, 2014).

Figura 19 – Barreiras Econômicas no Acesso ao Computador

Foram identificadas uma série de barreiras ao acesso ao computador e à televisão, incluindo a qualificação profissional dos trabalhadores, a divulgação sobre o que já existe em termos de acessibilidade de computadores e de TV. Unidades de registro coletadas da entrevista sobre este grupo relacionado ao acesso ao computador são apresentados na Figura 20.

Segundo os especialistas, há pouca evidência de que os profissionais da saúde recebam treinamento adequado em TA para prepará-los para prescrever tecnologia assistiva aos seus pacientes, conforme citado Exp3: "O conhecimento das pessoas da área da saúde, para as pessoas com deficiência, se restringe à terapia e fisioterapia,

mas eles não estão preparados para prescrever e sugerir equipamentos de TA - eles se preocupam com a saúde, mas os deixam fora da vida digital. Médicos e profissionais de saúde não têm esse treinamento.".

A fala dos usuários finais mostra que os profissionais com quem eles contatam, devem saber guiá-los melhor nas escolhas de TA, conforme citado pelo U3: "Profissi- onais frequentemente indicam equipamentos que são muito caros ou demoram muito para serem adquiridos com a ajuda do governo, e muitas vezes ocorre que eles nunca viram o equipamento sendo usado, estamos quase sempre desorientados".

As barreiras mais citadas pelos usuários finais referem-se às questões técnicas, mostradas na Figura 21. Essas barreiras podem ser mitigadas por métodos apropri- ados de avaliação de usabilidade, com as recomendações que serão apresentadas nesta tese.

Figura 20 – Unidades de registro obtidas do texto da entrevista relacionada às barrei- ras de qualificação sobre TA no acesso ao computador.

Outras barreiras identificadas nas entrevistas foram de aspectos emocionais, como citado pelo usuário U7: "Eu gosto de me comunicar com as pessoas, mas os teclados não são eficientes, eu os acho feios e muito cansativos, mesmo com os teclados virtuais, então eu prefiro ouvir música durante as horas laser em vez de falhar nas atividades".

Como (BRIGHT; COVENTRY, 2013) destaca, os requisitos de projeto psicológico e socio emocional são mais importantes ao criar nova TA, eles sugerem que a sensibi- lidade aos valores familiares e diferenças culturais deve ser incluída. As unidades de registro coletadas da entrevista sobre as barreiras emocionais relacionadas ao acesso ao computador são apresentadas na Figura 22.

Vale ressaltar que, como esses produtos destacam as deficiências dos usuários, eles podem, na opinião dos usuários finais, contribuir para o estigma social associ- ado à deficiência, dificultando a adoção desses dispositivos: como usuário U2 cita ".. geralmente esses dispositivos TA são muito feios e cansativos, eu sempre tento usar

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Figura 21 – Unidades de registro obtidas das entrevistas relacionadas às barreiras téc- nicas ao acesso a computadores.

Figura 22 – Unidades de registro obtidas a partir de texto de entrevista relacionado às barreiras emocionais no acesso ao computador.

o que todo mundo usa, mesmo que eu precise de muito tempo para me adaptar". Depois disso, cinco (5) usuários finais relataram que, mesmo com grandes e diversifi- cadas dificuldades, preferem se adaptar aos dispositivos tradicionais, que os usuários sem deficiência usam.