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2.4 O Delineamento do Percurso Teórico-Metodológico da Pesquisa

2.4.1 Levantamento e Seleção das Teses e Dissertações

2.4.1.3 Resumos das Pesquisas Selecionadas

Em sua tese intitulada “A educação das relações étnico-raciais no ensino de Ciências: diálogos possíveis entre Brasil e Estados Unidos”, Verrangia (2009) buscou compreender a vivência de relações étnico-raciais no campo de trabalho de docentes brasileiras e professores/as estadunidenses no Ensino de Ciências. Tendo como objetivo estabelecer diálogo entre processos educativos vividos por esses (as) educadores (as) e o papel assumido por suas aulas na educação de Relações Étnico-Raciais junto aos alunos/as. Segundo o

pesquisador, a metodologia utilizada, inspirada na fenomenologia de Merleau-Ponty, contribuiu para identificar que os processos educativos são produzidos nas experiências e no pensar sobre o vivido, nas relações com a família, comunidade, prática docente e no contato com a mídia. Ele ainda conclui: que esses espaços são marcados pelas relações sociais – étnico-raciais, de gênero e de classe social –; que, aprendizagens construídas podem levar ao estabelecimento de relações pautadas em hierarquias raciais, e também, a procura por superar preconceitos, bem como, ao engajamento em lutas contra o racismo e discriminações, assim como na valorização da diversidade étnico-racial; que, é em decorrência desses processos formativos que a Educação das Relações Étnico-Raciais no Ensino de Ciências, toma corpo. Isto é, os (as) docentes, ao educarem-se para viver relações étnico-raciais, constroem orientações para o ensino de Ciências que vão desenvolver junto aos estudantes, as relações que nele procurarão estabelecer.

Souza (2014) desenvolveu um estudo dissertativo intitulado “Estudos sobre a Formação de Professores de Ciências no contexto da Lei N.º 10.639/03”. Neste, a pesquisadora teve por objetivo averiguar os saberes mobilizados pela tríade de professores (formador, em formação inicial e do ensino básico em formação continuada) no processo de produção e desenvolvimento de ações, que contribuam para a formação crítica de professores e alunos em relação à origem histórica da sociedade brasileira, trazendo reflexões no sentido de compreender como têm sido aplicadas as propostas da lei com a intenção de ampliar a veiculação de suas diretrizes, oportunizando acesso para futuras análises referentes à temática. Para tal, ela utilizou como instrumento de coleta de dados a entrevista semiestruturada, que fora realizada com alunos da graduação em licenciatura em química, professores formadores de cursos de licenciatura em ciências de Ensino Superior do estado de Goiás, professores formadores e coordenadores dos cursos de ciências de Ensino Superior do estado de Goiás e liderança de movimento social negro no Estado de Goiás. Sendo que, as entrevistas realizadas foram gravadas e transcritas, e os dados obtidos agrupados por unidades de significado, e analisados segundo a técnica de análise do discurso. Concluindo com esta, que: sua proposta investigativa é uma alternativa que cumpre seu papel formativo, pois viabilizou o diálogo com os pares, que ocorreram tanto no Coletivo Negro quanto no decorrer das entrevistas, e se constituiu numa estratégia para trazer a discussão da demanda da legislação (Lei N.º 10.639/2003) para dentro da Universidade nos cursos de licenciatura em Ciências e Matemática por meio das inferências sobre a relação entre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, e o Ensino de Ciências presentes no corpo teórico e nas discussões em torno do

discurso produzido pelos entrevistados. A investigação gerou como fruto o documentário “Princípio Ausente: Lei N.º 10.639/03 na Formação Docente”, que para pesquisadora se configura como um instrumento de divulgação científica.

Brito (2017) empreendeu a investigação intitulada “A educação das relações étnico-raciais: olhares na formação docente em ensino de ciências/química”. Com esta, a pesquisadora teve como objetivo investigar as conexões estabelecidas entre as trajetórias de vida de licenciadas em Química, de uma turma do Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática do ano de 2015, e suas opiniões acerca da inserção da Educação nas relações étnico- raciais nas práticas pedagógicas. E, como objetivos específicos: analisar as conexões entre a Educação das relações étnico-raciais e a trajetória acadêmica e profissional das mestrandas; analisar as visões das mestrandas acerca das orientações para a Educação das relações étnico- raciais; e, investigar as visões das mestrandas acerca dos limites e das possibilidades de inserção da Educação das Relações Étnico-raciais nas práticas pedagógicas no ensino de Química. Para consecução de tais objetivos, ela utilizou como abordagem metodológica a pesquisa qualitativa, tendo os dados sido coletados através de análise documental e questionário. No desenvolvimento do estudo, a pesquisadora teceu reflexões acerca da inserção da ERER nas instituições de ensino nas quais as mestrandas participantes fizeram o curso de licenciatura, bem como, se dedicou a construir uma linha de pensamento que parte das discussões da trajetória do movimento negro à constituição do conceito étnico-racial. Em seguida, analisou os documentos oficiais/legais que abordam a ERER e a inserção da temática nas Instituições de Ensino Superior. Como resultados, a pesquisadora verificou que, no que tange as análises dos Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) dos cursos de licenciatura das mestrandas, esses não contemplam a ERER. Além disso, a discussão das questões culturais é feita de maneira pouco problematizada, o que, na visão interpretativa dela, não possibilita a aproximação com a referida proposta de educação. Bem como, apontou a constatação nas narrativas das mestrandas e nos PPP, que os cursos de graduação não contemplaram questões como: racismo, preconceito e discriminação.

Já Loureiro (2018) desenvolveu o estudo intitulado “Relações Étnico-Raciais na Formação Inicial de Professores de Química no IFES”. Com este, a pesquisadora objetivou analisar as relações étnico-raciais na formação inicial de professores de Química em um Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Tendo como objetivos específicos: a) descrever os

conhecimentos produzidos relativos às questões étnico-raciais pelos licenciandos em Química; b) analisar como os licenciandos pensam sua formação quanto às relações étnico-raciais e como isso intervém em suas vidas como futuros docentes; e, c) compreender que estratégias são utilizadas na formação de professores de Química, sob a ótica dos estudantes, para lidar com as relações étnico-raciais. Quanto a natureza do estudo, este tem caráter qualitativo, e a investigadora buscou se embasar metodologicamente na pesquisa de intervenção. Utilizando como instrumentos de coleta de dados: visitas de campo, convivência com os participantes da pesquisa, diário de campo, entrevistas coletivas e individuais, levantamento de documentos institucionais e legais. Com o desenvolvimento do estudo, a pesquisadora concluiu que a formação inicial de professores de Química, se comprometida com as relações étnico-raciais, pode intervir no preconceito estrutural e produzir subjetividades cujas mudanças provocadas não se tem dimensão. Ao passo que, esta, se constitui em lugar privilegiado na luta antirracista e no debate fluído sobre a procrastinação do cumprimento da lei.

Situadas (os) do conteúdo que compõe as investigações metassintetizadas. Nas próximas linhas nos deteremos a tecer, de modo sucinto, algumas considerações acerca do ‘como?’ foi possível: compara-las, buscando aproximações, distanciamentos e/ou complementariedades entre elas; sintetiza-las, as enquadrando em unidades de significado; e, por fim, integra-las em uma interpretação-compreensiva a luz do referencial teórico que nos subsidia.