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2.4 O Delineamento do Percurso Teórico-Metodológico da Pesquisa

2.4.1 Levantamento e Seleção das Teses e Dissertações

2.4.1.2 Seleção das Teses e Dissertações

Por meio da análise breve dos (títulos, resumos e/ou palavras chaves), selecionamos as investigações que em, um ou todos, esses elementos, referem-se à articulação da “Formação de Professores de Ciências ao Pensamento Decolonial e/ou a ERER”, e encontramos 11 pesquisas, as quais estão apresentadas no quadro a seguir organizadas por ordem do ano de publicação. Sendo que, na construção desse quadro, nos restringimos ao uso do último sobrenome e ao primeiro nome de cada autor (a).

Quadro 4 – Dissertações e Teses selecionadas para investigação.

Cabe destacar que, com a finalização dessa etapa, em uma análise, crítica e otimista, do cenário de pesquisas explorado, concluímos que nem todos os trabalhos realizados puderam ser alcançados pela: especificidade dos nossos descritores de busca; a finitude do recorte temporal; bem como, pelo caráter pessoal que influi a determinação das palavras-chave, construção dos títulos e elaboração dos resumos pelos autores originais.

O Quadro 4 também nos revela a origem dos estudos, o que nos viabiliza identificar regiões que se constituem em expoentes ou presenças ausentes no campo de pesquisa, analisado, como podemos verificar no gráfico 1, no qual não encontramos representatividade das regiões Norte e Sul no que tange a ceara de pesquisa de interesse do presente estudo.

Gráfico 1: Regiões de Origem das Pesquisas

Fonte: elaborado pela autora da dissertação (janeiro-2020)

Outro dado que pudemos observar no quadro, foi quantidade de D e T por estado. Como apresentado na Tabela 1. O que nos revelou, por exemplo, que na Região Nordeste, esta seara de pesquisa ainda não encontrou um centro acadêmico que se possa identificar como referência ao nível de pesquisas de Pós-Graduação.

30%

40% 30%

Regiões de Origem das

Pesquisas

Norte Nordeste Sul Sudeste Centro-Oeste

Tabela1 – Número de Dissertações e Teses por Estado- Região

REGIÕES ESTADO

Nº de

Dissertações Nº de Teses TOTAL

Nordeste Pernambuco 1 1 Paraíba 1 1 Sergipe 1 1 Sudeste São Paulo 2 1 3 Espírito Santo 1 1 Centro-Oeste Goiás 3 1

Fonte: Elaborada pela autora da Dissertação (janeiro-2020)

A tabela nos mostra também, que as produções que têm origem nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, estão concentradas, respectivamente: no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de São Carlos; e, no Programa de Pós-Graduação em Química do Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás, que em particular, tem a Profa. Dra. Anna M. Canavarro Benite como orientadora das 3 pesquisas desenvolvidas no estado de Goiás. Para além, ao analisarmos as pesquisas por ano de publicação, identificamos um crescimento no número de defesas no período compreendido entre os anos de 2017-2019. O que consideramos está associado as novas alíneas e alterações nos documentos normativos e leis que regem Educação, em geral, e a Formação de Professores, ocorridos entre os anos de 2013-2016.

Tabela 2: – Número de Dissertações e Teses por Ano de Defesa

ANO DE

PUBLICAÇÃO Nº de Dissertações Nº de Teses TOTAL

2005 1 1 2009 1 1 2014 1 1 2017 3 3 2018 3 3 2019 1 1

Fonte: Elaborada pela autora da Dissertação (janeiro-2020)

Para avaliar a real pertinência/relevância destes estudos para pesquisa, realizamos fichamentos breves coletando as seguintes informações: referência completa, tema, palavras- chave, objetivos, método e resultados, seguindo o modelo do Anexo 1; e, analisamos criteriosamente as problematizações introdutórias e o corpo teórico de cada um deles, de modo a identificar os aportes teóricos que os sustentam.

Através dos fichamentos, já nos foi possível identificar as pesquisas que dialogam realmente com o objeto, tomando em consideração, principalmente: seus objetivos, referencial teórico, cenário da pesquisa e resultados. Para esse filtro o critério de eliminação utilizado foi o estudo ter como objeto a Formação de Professores de Ciências na perspectiva da ERER e/ou do pensamento decolonial. Desse processo de análise, foram filtradas as pesquisas com autoria de: Verrangia, D. (2009), Souza, E. (2014), Brito, C. (2017) e Loureiro, C. (2018). As demais pesquisas que foram cerceadas, o foram, pois, têm seu foco de investigação nas dimensões: Ensino (SILVA, 2005; FIGUEIREDO, 2017; SANTOS, V., 2018); e Currículo (ALVINO, 2018; SANTOS, F., 2018). E, no caso particular da pesquisa desenvolvida por Cruz (2019), apesar de ter aproximação teórica com esta investigação, o contexto da pesquisa não foi o brasileiro, não apresentando assim, relação intima com o objeto.

Após a construção e análise dos fichamentos, empreendemos uma leitura crítica, individual – das problematizações introdutórias e análises dos resultados – das pesquisas filtradas. Com esta, identificamos seus referenciais teóricos subsidiários.

Buscando delimitar o foco de ação da MQ, realizamos outro filtro através do processo de arrazoado bibliográfico com foco em, respectivamente: levantar o número de vezes que cada referencial teórico aparece nas partes do texto analisadas, seja em citação direta e/ou indireta; identificar a obra a que cada uma dessas menções correspondem; e, por fim; organizar tais obras em uma tabela por autor, número de menções a ela atribuída e parte do texto em que foi citada. Este processo fora realizado com a finalidade de identificar a recorrência a aportes teóricos comuns a todas ou a maioria das pesquisas.

O Gráfico 2 apresenta o resultado desse cruzamento. Neste, podemos verificar: os referenciais mais citados, o número de menções por autor e a parte do texto em que estas se encontram. Aqui, cabe destacar que, apesar de alguns autores apresentarem um número maior de citações, estes não foram considerados na construção do gráfico por tratarem-se de referenciais base de apenas uma das pesquisas analisadas, a exemplo de: (FOUCALT, 1988; 1999; 2008) e (MISKOLCI, 2013), que tiveram, respectivamente, um total de 50 e 23 citações na pesquisa de Loureiro (2018); e, (DOMINGUES, 2007) citado 31 vezes no estudo desenvolvido por Brito (2017).

Gráfico 2 – Frequência de utilização do referencial teórico

Fonte: Elaborado pela autora da Dissertação (janeiro-2020)

0 10 20 30 40 Petronilha Beatriz G. e S. Kabengele Munanga Nilma Lino Gomes

Paulo Freire Vera Maria Candau

Stuart Hall

Recorrência ao Referencial Teórico

No gráfico acima, podemos verificar que os autores que apresentam maior número de citações são: a Profa. Dra. Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, e o Prof. Dr. Kabengele Munanga, seguidos da Profa. Dra. Nilma Lino Gomes, Freire, Candau e Hall. Uma importantíssima observação a se fazer acerca desses dados, é que as autoras e autor mais citados, são figuras emblemáticas na militância dos Movimentos Negro no país. Tendo tais dados, constatado a posição de expoentes ocupada por elas e por ele, na luta por uma Educação Antirracista.

Nessa esteira, a distribuição das citações dos referenciais, entre a tese e as dissertações, segue estratificada abaixo, em ordem decrescente:

i. Silva foi citada: quarenta e sete vezes na tese de autoria de Verrangia (2009), da qual a autora foi orientadora; sete vezes na dissertação de autoria de Souza (2014); e cinco vezes no texto dissertativo de Brito (2017). Sendo a autora, então, citada em três das quatro investigações selecionadas;

ii. Munanga foi citado: dezoito vezes no texto dissertativo de Brito (2017); onze vezes na investigação de Loureiro (2018); duas vezes na dissertação de Souza (2014); e, uma vez na tese de Verrangia (2009);

iii. Gomes foi citada: oito vezes na tese de Verrangia (2009); seis vezes em Souza (2014); e, seis vezes em Loureiro (2018);

iv. Freire foi citado: quinze vezes na tese de Verrangia (2009); e, uma vez na dissertação de Souza (2014);

v. Candau foi citada: onze vezes no texto dissertativo de Brito (2017); e três vezes na dissertação de Souza (2014);

vi. Hall foi citado: sete vezes na tese de Verrangia (2009); uma vez no texto de Souza (2014; e, uma vez na dissertação de Brito (2017).

Vale destacar da análise desse cenário que Douglas Verrangia Corrêa da Silva, autor da tese em investigação, constituiu-se em uma das principais referências da dissertação de Maria Camila de Lima Brito, que no que lhe concerne, tem também sua dissertação, sendo aqui investigada, tendo o autor sido citado catorze vezes na referida pesquisa.

A busca pelos referenciais teóricos comuns às pesquisas selecionadas fora operada a partir da leitura e concomitante contagem das citações destes ao longo dos textos dissertativo e da tese. Tal contagem se deu desde a problemática de cada um dos textos até a análise dos resultados e considerações finais. Dadas as características atribuídas a tal procedimento investigativo, este se constituiu em um arrazoado bibliográfico.

Dando seguimento as etapas da MQ, realizamos a leitura e releitura exaustiva das produções na íntegra. Buscando capturar os ditos e não ditos presentes nas interpretações dos autores originais, para assim empreendermos uma interpretação-compreensiva que nos permitiu refletir, sob novas perspectivas, sobre a necessidade dos processos de Formação, Inicial e Continuada, de Professores de Ciências Naturais, proporcionar reflexões – sobre a, e impulsionar a tomada de consciência da – igual magnitude, das potencialidades e limitações do trabalho docente para incidir sobre: a estrutura e o imaginário social ; e, as Relações Étnico- Raciais vividas por estes agentes sociais, em e a partir de, sua prática pedagógica.

Nessa perspectiva, na subseção seguinte apresentamos um breve resumo das quatro investigações selecionadas, com fins de possibilitar uma visão geral sobre elas. Em seguida, finalizamos o presente capítulo com a tessitura de algumas considerações a respeito do, processo e instrumento, de tratamento e análise dos dados.