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Retomando o desenvolvimento do plano de aula simulado e convertendo a modalidade

2 FORMAÇÃO DOCENTE: UM APRENDIZADO NA RELAÇÃO TEORIA E

2.3 A interpretação de textos de história no ensino e na aprendizagem

2.4.8 A teoria de P Ya Galperin e a organização do processo de ensino

2.4.8.2 Retomando o desenvolvimento do plano de aula simulado e convertendo a modalidade

Encerrada a greve dos professores, retomamos os nossos encontros com a partícipe Dulce. Nesse dia, 1o de agosto de 2011, reiniciamos a construção do plano de aula simulado e fizemos uma mudança na forma da escrita das ações do mapa da atividade para se tornar mais compreensível para os alunos.

Antes de adentramos na discussão desses dois pontos, convém destacar que as primeiras associações profissionais de professores da educação básica no Brasil começam a surgir por volta da Segunda Guerra Mundial e só se transformaram em sindicatos no início da década de 1980 (ROSSO; LÚCIO, 2004).

Por meio dos sindicatos, os docentes defendem direitos e perpetuam princípios como o da liberdade, dignidade humana, valores sociais do trabalho e a importância do se associar para sua autodefesa e promoção do desenvolvimento humano.

A liberdade sindical, enquanto direito fundamental social, tem grande importância para a consolidação do direito coletivo e individual dos trabalhadores. Os direitos sindicais foram conquistados através de constantes lutas. Muitas das conquistas, como, por exemplo, o direito à greve, foram consideradas delitos no passado.

A noção de trabalho profissional, constituída de uma legitimidade própria, permite que os profissionais se organizem e defendam seus interesses. Problemas históricos da educação brasileira, como o da desvalorização da educação pelos governantes, levam frequentemente, a greves prolongadas de professores, abandono escolar, desvalorização do ensino de História que se reflete em aula de cinquenta minutos, apenas duas por semana, intensificação do trabalho docente, dentre outros aspectos.

Sem desenvolvimento humano não existe democracia. Os docentes se encontram diretamente envolvidos no trabalho intelectual. Quando não há uma valorização sintonizada com os direitos sociais, contextualizada com o meio, o tempo/espaço presente e a história de cada um – em seu processo de hominização – ficam limitadas as condições para o desenvolvimento de potencialidades humanas.

No âmbito dessa reflexão, introduzimos uma questão a ser resolvida com a partícipe de História. Com a greve, houve uma diminuição dos alunos do 9o ano, em virtude de alguns terem pedido transferência para outra escola.

Assim, falamos:

Da Paz: – E agora, Dulce, como faremos? Dulce: – Vamos pensar em outra turma?

Da Paz: – Dar certo ficarmos com o 8o ano, como eu tinha pensado anteriormente!

Dulce: – Sim... Então ficamos com o 8o ano do turno vespertino. Da Paz: – Combinado.

Da Paz: – Agora, vamos rever o que construímos do plano de aula simulado?!

Dulce: – É bom, para a gente se situar melhor.

Com a aceitação da partícipe fomos refletindo o que havíamos construído no plano até então. Trouxemos para o diálogo o porquê de havermos colocado, no diagnóstico do grau de desenvolvimento da interpretação, na parte referente à estrutura operacional, a interpretação de legendas (com auxílio de imagens) quando deveríamos ter colocado, somente, a interpretação da parte escrita (legenda).

Naquela ocasião, buscávamos algo que fosse pouco, por escrito, a ser lido e ao optarmos pelas legendas, estas ficavam mais esclarecedoras com as imagens – razão de assim termos procedido. Concordamos, todavia, que nos planos de aulas, para serem utilizados nas aulas, utilizaríamos, apenas, à interpretação de textos escritos sem recorrermos ao auxílio de imagens.

Ao chegarmos à etapa de formação da ação no plano materializado, perguntamos:

Da Paz: – Dulce, como você conhece seus alunos, pergunto: há uma probabilidade do aluno sentir muita dificuldade em operacionalizar esse mapa da atividade?

Dulce: – Eu penso que sim...

Da Paz: – Eu estive pensando em convertermos a escrita de algumas ações desse mapa em perguntas. Para vermos se fica mais compreensível para o aluno. O que você me diz?

Dulce: – Eu acho que sendo feito em forma de questões ficava mais fácil para os alunos irem buscando as respostas.

A partir desse momento, detivemo-nos (professora de História e pesquisadora) nessa tentativa de converter a modalidade da escrita, de algumas ações do mapa da atividade, em questionamentos. Reescrevemos, convertendo algumas das ações em perguntas e resolvemos mudar o modo da escrita, de outras ações, mesmo as mantendo sem o sinal de interrogação. Com essa reescrita do mapa tivemos o cuidado em conservar o sentido original, algo que podemos observar no quadro comparativo abaixo:

Quadro 8 – Mapa de ações

AÇÕES DO MAPA DA ATIVIDADE –

ORIGINAL AÇÕES DO MAPA DA ATIVIDADE QUE RECEBEU MUDANÇA NA FORMA DA ESCRITA

LEITURA DO TEXTO Primeira Leitura

• Reconhecer o conteúdo textual buscando:

- Dar uma atenção à data de elaboração do texto, dados sobre o autor e o título do texto.

- Ter uma visão global do todo.

1 FAÇA UMA PRIMEIRA LEITURA DO TEXTO, NO SEU TODO, E RECONHEÇA:

• A data de elaboração do texto.

• Informações sobre o (a/os/as) autor (a/es/as) que escreveu/escreveram o texto.

• Título do texto.

• Diga, por escrito, do que trata o texto. EXPLICITAÇÃO DO QUE SE ENCONTRA

MANIFESTO

Segunda leitura ou leituras posteriores • Reconhecer as ideias principais do

texto, por unidades delimitadas (uma seção, uma parte com pensamento completo) e a articulação existente entre elas.

• Situar o texto no contexto da cultura em que foi produzido do ponto de vista histórico.

• Situar o período histórico retratado pelo autor (a/os/as).

• Selecionar tudo que for julgado importante: os conceitos a serem definidos e as ideias a serem destacadas para posterior esclarecimento.

2 FAÇA UMA SEGUNDA LEITURA OU LEITURAS POSTERIORES E DIGA:

• Quais as ideias principais do texto? (pode observar isso por tópicos ou por partes do texto).

• Que relações têm essas ideias umas com as outras? Justifique!

• O texto retrata a cultura da época em que foi produzido? (costumes, modos como vivem as pessoas no período em que o texto foi escrito etc).

• Quando aconteceu esse fato ou acontecimento histórico e o que acontecia naquele período histórico? • Destaque o que você não entendeu do

texto (ideias, ou fatos, ou nomes, ou datas).

EXPLICITAÇÃO DO QUE SE ENCONTRA OBSCURO

• Esclarecer as ideias pouco claras, fatos, nomes, datas e os pontos considerados obscuros.

• Esclarecer conceitos-chave e termos específicos de teor histórico.

3 ESCLARECENDO AS DÚVIDAS:

• Esclareça o que não ficou compreendido no texto.

• Defina conceitos-chave e termos específicos de teor histórico, desconhecidos.

CRÍTICA

• Explicitar a posição do (a/os/as) autor (a/os/as).

• Posicionar-se, criticamente, a respeito das ideias enunciadas pelo autor (a/os/as), com declarações admissíveis. • Avaliar o conteúdo do texto enfocando,

na sua especificidade histórica, sua contribuição à vida estabelecendo relações de modo a evocar o passado para compreender o presente e presumir o futuro na perspectiva de mudanças e transformações.

4 CONSTRUINDO A CRÍTICA

• Qual é a posição do (a/os/as) autor (a/os/as) em relação ao conteúdo do texto?

• Dê a sua opinião sobre as ideias apresentadas pelo (a/os/as) autor (a/os/as) no texto.

• Para você, qual a contribuição desse fato ou acontecimento histórico para a vida?

Como observamos, com essa reescrita, as ações passaram a apresentar uma expressão mais direta quanto a requerer do aluno uma resposta como previa Dulce.

Nossa reflexão, considerada como crítica, desenvolveu-se ao atuarmos numa relação com a docente de forma não hierárquica, utilizando-nos do diálogo para partilhar experiências de ensino e de aprendizagem numa relação com o referencial adotado, ocasião em que convertemos a modalidade da escrita do mapa da atividade para melhor atender às necessidades de aprendizagem dos educandos.

Consideramos a docente como agente importante no processo de produção do conhecimento e responsável pela formação de alunos cidadãos. Terminado esse momento, retomamos o plano de aula simulado, para fazermos a etapa mental. Ocasião em que falamos:

Da Paz: – Nessa etapa, seria aconselhável fazermos uma observação dizendo o seguinte: Uma vez que os alunos estão iniciando o processo para interpretar texto de história, com o uso do mapa da atividade, não será requerido deles, por enquanto, que desenvolvam sozinhos o sistema de ações para realizar a interpretação do texto em estudo.

Assim procedemos, registrando essa observação no plano de aula justificando, desse modo, a não realização de ações por parte dos discentes nessa etapa.

Encerrando esse momento de formação, combinamos com Dulce a realização do encontro seguinte para estudarmos sobre consciência, temática também relevante, uma vez que o processo de interpretar textos de história (a ser desenvolvido com o aluno) teria um estreito elo com a possibilidade do desenvolvimento da consciência histórica crítica do educando.