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CAPÍTULO

2. MODELOS SHIFT AND SHARE ANALYSIS E COMPLEMENTOS DE ANÁLISES

2.1 REVISÃO DA LITERATURA

O acervo da literatura sobre o modelo shift-share envolve uma vasta produção científica publicada, especialmente em periódicos internacionais, além de nacional, em que não só se discute o seu alcance como instrumento de aferição de indicadores de crescimento regional e setorial, como também as várias formulações que têm sido usadas em análises empíricas. Em síntese, faz-se referência para alguns trabalhos considerados relevantes de seu acervo e disponível para a comunidade acadêmica. Entre as publicações seminais, considero como base, inicialmente a publicação de Cramer (1942) que focando a indústria de transformação do Reino Unido fez um estudo sobre mudanças locacionais, visando aferir tendências de taxas de crescimento entre a nação e suas regiões. Outras duas publicações, Dunn (1959) e Dunn (1960) apresentam uma primeira formulação matemática compondo componentes tautológicas, representativas de efeitos de mudanças entre períodos de tempo da nação, do mix industrial e de regiões, tendo como instrumento condutor para as interpretações uma variável base, a exemplo, o nível de emprego.26 Nestes papers as bases estruturais do modelo shift-share são postas, segundo as seguintes premissas: 1) análise sob estática comparativa entre os períodos de tempo; 2) inexistência de assimetrias em regiões e atividades econômicas no período base inicial; 3) o período base é referência de ponderação da estrutura econômica da região, inexistindo mudança estrutural da atividade econômica entre os períodos inicial e final; 4) a economia da região (localidade) é influenciada pela amplitude espacial (área global); 5) independência entre as componentes estrutural e regional ou diferencial. No âmbito das várias versões teóricas com fins de aprimoramento na apreensão mais consistente dos resultados, tem-se a publicação de Rosenfeld (1959), que iniciou uma vasta discussão prolongada por vários anos, sobre a questão da interdependência entre as componentes estrutural e regional. O paper de Esteban-Maquillas (1972), sugere uma solução através da introdução da variável homotética com fins de evitar a

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Trata-se de um modelo técnico para efeito de aplicação e análise de estudos cross-regions-time.

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O modelo permite o uso de outras variáveis base, a exemplo, do valor da produção, produtividade, PIB, etc.

contaminação da componente estrutural sobre a regional levantado por Rosenfeld, bem como acrescenta a análise de (des) vantagens competitivas de atividades econômicas através dos cálculos de graus de especialização e de indicadores de competitividade. O artigo de Stilwell (1969) contribuiu através de uma reformulação da versão de Dunn, visando identificar a existência ou não de mudanças nas estruturas da composição de atividades de produção da região entre os dois períodos em análise, propondo uma forma modificada de cálculo da componente estrutural. Outros trabalhos trataram também da questão de mudança estrutural, a exemplo de Ashby (1970), Chalmers (1971) e Edwards et alii (1978). O artigo de James e Hughes (1973) introduziu aperfeiçoamentos visando efetuar estimativas de projeções. O trabalho de Klaassen e Pealinek (1972) enfatizando as questões de diferenciais de assimetrias nas taxas de crescimento agregadas entre regiões. O trabalho de Arcelus (1984), que desagrega a componente regional da versão de Dunn e incorpora na análise as influências endógenas no crescimento em nível de região, segundo a análise de competitividade da versão de Esteban-Maquillas. Fagerberg (2000), que faz uso da variável produtividade para avaliar a capacidade competitiva de setores econômicos e regiões, resultante de sua capacidade de absorver mão de obra de melhor qualidade e/ou de atividades de melhores produtividades.

Publicações que refletem sobre a discussão a respeito de seu status quanto a ser uma simples técnica de pesos de taxas de crescimentos percentuais, com ou sem vinculação teórica, envolve publicações de Sakashita (1973) que se ancora teoricamente a partir de uma função Cobb-Douglas, tal que seja base teórica com a finalidade de identificação de fatores do crescimento multirregional; de Berzeg (1978) que propõe converter a identidade shift-share em uma função estocástica estimável; de Haynes e Machunda (1987), que testa as propriedades de simetria e assimetria das componentes da formulação de Arcelus; de Theil e Gosh (1980), em análises de indústrias e região, trata de uma avaliação sobre os modelos RAS e shift-share. Knudsen e Barff (1991), que discute sobre os argumentos entre as versões tradicionais fundada em identidades contábeis e o de base estocástica na linhagem sugerida por Arcelos.

Em relação a aplicação empírica têm-se uma gama variada de trabalhos que podem ser ilustrados através de algumas publicações.

No âmbito internacional, temos os artigos de: Ashby (1966) aplica para análise da variação do emprego entre 1940 e 1950 para indústrias de regiões dos United States of America; Paraskevopoulos (1971), Floyd (1973) e Floyd e Sirmans (1975), artigos que fazem uso do modelo shift-share para efeito de projeção ao tempo em que também trata da discussão sobre a instabilidade da Regional-share Component; Fothergill e Gudgin (1979), artigo em que refuta críticas sobre o modelo e enfatizam as relevâncias da técnica em distinguir níveis desagregações setoriais e sua extensão para análises de efeitos linkages e de multiplicadores; Barff e Knight (1988) que sugere a aplicação anual para efeito de análise dinâmica do modelo; ainda muitos papers mais recentes e referentes aos anos de 2000, como, por exemplo, de, Ballingall e Briggs (2001), Harris et al (2004), de Nazara e Hewings (2004), de Fernandez e Menendez (2005) Ramírez e Hernández (2011), além de muitas outras publicações.

Na literatura nacional temos os trabalhos de Carvalho (1979), que faz uso do modelo shift-share para identificar os setores que têm as vantagens comparativas na região Centro-Oeste do Brasil; de Wanderley (1999) que faz uso da versão shift-share de Arcelos para analisar as exportações nordestina para o Mercosul; de Andrade (1980), que apresenta uma resenha teórica de versões do modelo shift-share; de Haddad (1989), que relativiza o ritmo de crescimento de uma região quanto à amplitude espacial, ocasionado por fatores estruturais ou regionais; Pereira e Campanile (1999) abordam a economia do Rio de Janeiro através de análises de atividades econômicas do petróleo, indústria extrativa mineral, agricultura e seu efeito no nível de emprego. Galeano & Wanderley (2013) através de um estudo empírico da produtividade do trabalho na indústria de transformação por intensidade tecnológica nas região do Brasil. Galeano & Wanderley (2012), artigo que faz uma análise regional e setorial da produtividade industrial do trabalho nas regiões brasileiras no período 1996-2007, utilizando-se do método shift-share a fim de medir a contribuição de efeitos como alocação, mudança estrutural e especialização no crescimento da produtividade do trabalho. Wanderley (2014), este artigo aplicou a versão de Stilwell para analisar a economia de Angola com fins de identificar os setores e mesorregiões dinâmicos e a

integração regional; além de vários outros, como Kume & Piane (1998), Rocha (2007),

e tantos outras publicações.