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CAPÍTULO

2. MODELOS SHIFT AND SHARE ANALYSIS E COMPLEMENTOS DE ANÁLISES

2.2 DESCRIÇÕES DOS MODELOS

2.2.1 VERSÃO DE FAGERBERG

A primeira matriz de informações tem como variável base, a produtividade do

trabalho de atividades industriais no âmbito dos estados da região Nordeste. A

produtividade média do trabalho de cada atividade econômica e estado é representada pela letra Pij e a matriz de informações é formada em suas linhas pelas

diversos atividades econômicas ligadas as indústrias e, nas colunas, pelos estados

27

Denomina-se “atividade econômica” para se referir o conjunto das atividades industriais, extrativa e de transformação, e de seus correspondentes setores econômicos.

28 Classificação Nacional Agregada de Atividades Econômica (CNAE) / Pesquisa Industrial Anual (PIA) /

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)/SIDRA.

29

Classificação Nacional Agregada de Atividades Econômicas (CNAE)/Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)/Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

nordestinos. A leitura dessa matriz envolve as amplitudes que correspondem o conjunto de todas as atividades e estados Ptt (espacial), cada atividade e estado Pij

(local), o conjunto de todos os estados por atividades Pit (regional), e o conjunto de

todas as atividades por estados Ptj (setorial).

O modelo shift-share requer uma matriz de informações com as variáveis, valor da transformação industrial VTI e pessoal ocupado PO (esta, sendo proxy do emprego),30 obtendo-se a variável produtividade média do trabalho Pij por atividade e estado que é

simplesmente o resultado da divisão entre as variáveis VTIij e POij. O uso de Pij exige

que se faça algum tipo de ponderação, ou pelo VTI ou pela PO. Fagerberg (2000) e Rocha (2007) optaram pela ponderação com a variável PO. Adaptando-se nesta pesquisa a notação adotada em Fagerberg (2000), temos a formulação da matriz de produtividade média ponderada, sendo P a produtividade média ponderada total da região Nordeste ou produtividade agregada.

QUADRO 2.1

Matriz de Informações da Produtividade Média Ponderada da Região Nordeste Atividades Econômicas* Estados do Nordeste (j) j = t (i) PijSij PitSit i = t PtjStj P = PttStt = Ptt

Fonte: Elaborado pelo autor.

* Indústrias extrativa e de transformação e seus correspondentes setores econômicos. Sendo: Pij = Produtividade média do trabalho na atividade econômica i em cada estado

j do Nordeste;

Sij = Participação do emprego de cada atividade econômica i em cada estado j (amplitude local), no emprego total de todos as atividades econômicas i de cada estado j (amplitude setorial).

PijSij = Produtividade média ponderada do trabalho de cada atividade econômica i em cada estado j (amplitude local);

PitSit = Produtividade média ponderada do trabalho de cada atividade econômica i no total dos estados do Nordeste (amplitude regional);

PtjStj = Produtividade média ponderada do trabalho de cada estado j no total das atividades econômicas (amplitude setorial);

P = PttStt = Ptt = Produtividade média ponderada do trabalho da região Nordeste (amplitude espacial), produtividade agregada ou efeito total;31 i = Atividades econômicas (1 ... n)

j = Estados da região Nordeste (1 ... m); n = Número de atividades econômicas; m = Número estados do Nordeste.

t = Somatória das atividades econômicas ou estados da região Nordeste. A versão shift-share proposta por Fagerberg (2000) para estudar mudanças e perfis de produtividades do mix industrial entre regiões e setores de atividades é um modelo que decompõe a variação de uma variável base agregada em três componentes: 1) Alocação ou estático; 2) Estrutural ou dinâmico; 3) Tecnológico ou especialização. Esta versão se diferencia das várias formulações mais usuais em face de não considerar na análise as componentes globais e regionais, tratando-se apenas da componente mix de setores industriais.

Adaptando o modelo de Fagerberg para esta pesquisa, utiliza-se a expressão (4), desenvolvida, a seguir:

(1)

(2)

(3)

Substituindo (1) e (2) em (3), temos a expressão (4) da produtividade média ponderada da região Nordeste, produtividade agregada ou efeito total P:

(4)

ou

31

Ao longo da pesquisa são usadas essas expressões de acordo com a conveniência na redação das análises.

Adicionalmente, temos as variações entre os períodos o (ano base) e 1 (ano corrente): 1) da produtividade média ponderada da região Nordeste ou efeito total ΔP; 2) da participação de cada atividade econômica i de cada estado no emprego total de todas as atividades econômicas i por estado ΔSij; 3) da produtividade de cada atividade econômica i de cada estado j, ΔPij. A partir da equação (4) e das variações em (5), pode-se formular a expressão (6):

– – – (5)

(6)

Transformando a equação (6) em taxas de crescimento em relação à produtividade média ponderada (produtividade agregada ou efeito total) da região Nordeste, segundo as variações a preços constantes do ano base P0, temos:

(7)

Com base na expressão (7) obtêm-se as variações dos valores de cada atividade econômica (total da indústria e de cada setor econômico) ∆Pi, resultante da decomposição das componentes.

Para efeito de análise dessa pesquisa, faz-se uso das três componentes do lado direito da expressão (7), as quais são descritas como: I = Efeito alocação ou estático, II = Efeito estrutural ou dinâmico e III = Efeito tecnológico ou especialização. Dado que as atividades econômicas se referem as indústrias extrativas e de transformação e de seus respectivos setores econômicos da amostra em estudo, far-se-á uso dos termos indústrias, setores econômicos ou industriais, atividades setoriais, etc.

(I) Efeito alocação ou estático: dado a produtividade, varia a participação relativa da

alocação do trabalho. Identifica-se a qualidade da mão de obra absorvida pela atividade econômica. Sendo (+), atrai mão de obra de maior qualidade e se (-) atrai mão de obra de menor qualidade.

Mostra a contribuição no crescimento da produtividade agregada a partir das mudanças na alocação do trabalho ∆Sij entre atividades, pois pondera as variações na participação relativa do emprego segundo um padrão de qualidade do trabalho do ano base. Um sinal positivo, deve-se a ∆Sij > 0, resultante de maior quantidade de emprego relativo no ano final (Sij1 > Sij0 ), indicando que a atividade econômica aloca,

relativamente ao total, mais mão de obra para um dado padrão de produtividade. Isto reflete a habilidade de uma região mover recursos de atividades de baixa para a alta tecnologia, resultando no deslocamento de trabalhadores em direção a setores com níveis elevados de produtividade. Este efeito sendo negativo, deve-se a ∆Sij < 0,

resultante de menor quantidade de emprego relativo no ano final (Sij1 < Sij0),

indicando queda no emprego relativo e reduzindo o crescimento da produtividade agregada. Isto mostra que a mão de obra está se deslocando de atividades mais produtivas para atividades menos produtivas, caracterizando-se por uma redução nos padrões de eficiência da atividade econômica.

Este efeito capta a mobilidade da mão de obra entre industriais e setores, definindo o padrão de qualidade do nível de emprego.

(II) Efeito estrutural ou dinâmico: varia a produtividade e a participação relativa do

trabalho. Identifica-se a melhora ou piora na produtividade pela atividade econômica. Sendo (+) melhora a produtividade e atrai mão de obra de melhor qualidade, se (-) piora a produtividade e atrai mão de obra de menor qualidade.

Mede a interação relativa entre mudanças na produtividade de atividades setoriais e industriais ∆Pij, e mudanças na alocação relativa de trabalho entre essas atividades

∆Sij. Este efeito provoca dinamismo na produtividade agregada da região, se positivo e

quando ∆Pij > 0 e ∆Sij > 0, tal que (Pij1 > Pij0 ) e (Sij1 > Sij0 ), significando que as

atividades com crescimento rápido em termos de produtividade também aumentam a sua participação no emprego total. Portanto, refletem a capacidade de uma região realocar seus recursos para as indústrias e setores com rápido crescimento de produtividade. Dessa forma, combinando-se a alta na participação relativa do trabalho com a expansão da produtividade do trabalho, tal que leve uma maior absorção de trabalhadores para setores industriais cuja produtividade esteja crescendo acima da média, deve-se gerar um efeito estrutural e dinâmico positivo. Quando este efeito é

negativo, atividades com crescimento elevado da produtividade do trabalho não são

capazes de manter sua participação no emprego total, provocando uma absorção de mão de obra inversa, ou seja, induz para uma maior absorção de trabalhadores para atividades de crescimento da produtividade abaixo da média.

Este efeito, sendo positivo (negativo) detecta mudança na produtividade associada às forças centrípetas das atividades econômicas de crescimento acima (abaixo) da média; definindo-se na região padrões estruturais da atividade produtiva.

(III) Efeito tecnológico ou especialização: dado a participação relativa da alocação do

trabalho, varia a produtividade. Identifica-se a adoção ou não adoção de inovação técnica e de gestão pela atividade econômica. Sendo (+), eleva a produtividade da atividade indicando existência de inovação e especialização técnica, se (-), piora a produtividade indicando inexistência de inovação e especialização.

Trata-se da contribuição do crescimento da produtividade ∆Pij, ponderada pela participação do emprego setorial e industrial no emprego total. Dessa forma, mede a contribuição do crescimento das atividades econômicas causado pelo crescimento da produtividade, supondo que não ocorra qualquer mudança na participação do emprego em cada setor, relativamente ao emprego total, ou seja: ∆S= 0. O sinal sendo

positivo, deve-se a ∆Pij > 0, resultante de maior especialização técnica no ano final

uma dada quantidade e qualidade de mão de obra. Sendo negativo, indica um decréscimo de produtividade ∆Pij < 0 na atividade específica resultante de pioras qualitativas na especialização técnicas (Pij1 < Pij0). Não ocorrendo efeitos alocação e

estrutural, em princípio, o efeito total ∆P deve ser igual ao efeito tecnológico. Este efeito identifica o padrão técnico e de especialização de intra-atividades em termos de variação na produtividade.

Este efeito identifica o padrão tecnológico e de especialização de setores industriais com base na variação da produtividade, resultante de inovações.

Diante dos resultados dos efeitos alocação, estrutural e tecnológico, esta versão shift- share permite efetuar análises de 14 simulações setoriais resultantes das combinações das três componentes que definem a variação da produtividade agregada, ∆P, dinâmica (expansão) ou não dinâmica (declínio), correspondendo às taxas de crescimento da produtividade industrial através dos respectivos valores positivos ou negativos. Esta análise apreende qual(is) componente(s) contribui(em) para que a produtividade agregada seja dinâmica ou não dinâmica. Os possíveis resultados das simulações setoriais da versão de Fagerberg estão descritos no Quadro 2.2, a seguir:

QUADRO 2.2

Simulações Setoriais por Combinações das Componentes do Modelo de Fagerberg Componentes do

Modelo (Efeito)

Simulações Setoriais das Componentes: S*

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12 S13 S14 ALOCAÇÃO + + + + + - - + + - - - - - ESTRUTURAL + + + - - + + - - + + - - - TECNOLÓGICO + - - + + + + - - - - + + - Valores: (+) > (-) Valores: (+) < (-) PRODUTIVIDADE AGREGADA: ∆P + + - + - + - + - + - + - - D D ND D ND D ND D ND D ND D ND ND

Fonte: Elaborado pelo autor.

* Se refere as atividades econômicas: indústrias e setores. D = Setor dinâmico, ND = Setor não dinâmico.

Outra análise pertinente trata de se avaliar a efetiva participação em termos percentuais de cada uma das três componentes na produtividade agregada, possibilitando fazer as devidas interpretações sobre a intensidade da influência dos efeitos alocação, estrutural e tecnológico.